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ESCRITORES
BOCAGE
• Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805), poeta português.
• Codinome pastoril: Elmano Sadino.
•Livro: Rimas
• Poesia do gênero alto: imagens líricas tradicionais.
•Poesia do gênero baixo: caráter obsceno.
Autorretrato
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno;
Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades,
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento.
Convite à Marília Ó Formosura!
Já se afastou de nós o Inverno agreste Piolhos cria o cabelo mais dourado;
Envolto nos seus úmidos vapores; Branca remela o olho mais vistoso;
A fértil Primavera, a mãe das flores Pelo nariz do rosto mais formoso
O prado ameno de boninas veste: O monco se divisa pendurado:
Varrendo os ares o sutil nordeste Pela boca do rosto mais corado
Os torna azuis; as aves de mil cores Hálito sai, às vezes bem asqueroso;
Adejam entre Zéfiros, e Amores, A mais nevada mão sempre é forçoso;
E toma o fresco Tejo a cor celeste: Que de sua dona o cu tenha tocado:
Ao pé dele a melhor natura mora,
Vem, ó Marília, vem lograr comigo Que deitando no mês pode gordura,
Destes alegres campos a beleza, Fétido mijo lança a qualquer hora:
Destas copadas árvores o abrigo:
Caga o cu mais alvo merda pura;
Deixa louvar da corte a vã grandeza: Pois se é isto o que tanto se namora,
Quanto me agrada mais estar contigo Em ti mijo, em ti cago, ó formosura!
Notando as perfeições da Natureza!
TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA
• Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)
•Maria Doroteia de Seixas Brandão
• Envolvimento com a Inconfidência Mineira, por isso foi exilado para Moçambique.
• Codinome pastoril: Dirceu
• A segunda parte da obra Marília de Dirceu foi publicada em 1799 e, segundo a tradição
historiográfica, composta enquanto o poeta estava preso. Os poemas afastam-se do padrão
de claridade e ternura e apresentam-se amargurados e lamentosos. O cenário deixa o padrão
arcádico e se torna verdadeiro locus horrendus, com a descrição de escuras masmorras.
Essas características permitem a classificação desses textos como pré-românticos.
Enquanto pois, Marília, a vária gente Morri, ó minha Bela:
Se deixa conduzir do próprio gosto, Não foi a Parca ímpia,
Passo as horas contente Que na tremenda roca,
Notando as graças do teu lindo rosto. Sem Ter descanso, fia;
Sem cansar-me a saber se o Sol se Não foi, digo, não foi a Morte feia
move; Quem o ferro moveu, e abriu no peito
Ou se a terra volteia, assim conheço A palpitante veia.
Aonde chega o poder do grande Jove.
Eu, Marília, respiro;
Noto, gentil Marília, os teus cabelos. Mas o mal, que suporto,
E noto as faces de jasmins, e rosas: É tão tirano, e forte,
Noto os teus olhos belos, Que já me dou por morto:
Os brancos dentes, e as feições A insolente calúnia depravada
mimosas: Ergueu-se contra mim, vibrou da língua
Quem faz uma obra tão perfeita, e linda, A venenosa espada.
Minha bela Marília, também pode
Fazer os Céus, e mais, se há mais ainda.
CARTAS CHILENAS
Em Vila Rica, no ano de 1787, quando a
Coroa portuguesa ameaçava decretar a
derrama, circularam anônimas algumas
cartas poéticas, em decassílabos brancos
(sem rima). Nelas eram satirizados e
denunciados os desmandos, a corrupção
e a prepotência de Fanfarrão Minésio,
administrador do Chile.
•Na verdade, o conteúdo das cartas não passava de uma alegoria. Foi fácil para os
habitantes de Vila Rica perceberem que as referências ao Chile eram, de fato,
relacionadas a Minas Gerais, que a cidade de Santiago era Vila Rica e que o
Fanfarrão Minésio representava Luís da Cunha Meneses, o administrador português
da cidade mineira. As Cartas certamente serviram para acirrar o descontentamento
dos colonos com a metrópole, preparando o terreno para a Inconfidência.
•A autoria das Cartas chilenas foi objeto de discussão durante muito tempo. Após
anos de estudos aprofundados, hoje se aceita que quem as produziu foi mesmo
Tomás Antônio Gonzaga
•Visão de um intelectual que se refugia no campo, o que provoca um choque entre sensibilidade X meio rústico.
• Antecipa o indianismo.
O URAGUAI (1769)
Para por fim às disputas territoriais no sul
do Brasil, em 1750 Portugal e Espanha
assinaram um acordo que definia as
fronteiras conhecido como Tratado de
Madri. Porém, esse ajuste teve de
enfrentar a oposição dos aldeamentos
jesuíticos conhecidos como os Sete
Povos das Missões. Para defender seu
território, os jesuítas armaram milhares
de indígenas guaranis, iniciando a Guerra
Guaranítica, em 1753. As tropas ibéricas
dizimaram boa parte dos indígenas e, em
1756, estabeleceram o domínio na região.
• O Uraguai, de 1769. No texto, os jesuítas aparecem como inimigos da Coroa, por
iludir e enganar os indígenas. Estes, por sua vez, embora seguissem os jesuítas, são
apresentados como verdadeiros heróis, corajosos e leais na guerra --- “bom selvagem”.
• Trata-se de um poema épico, mas não segue a estrutura de Camões, além disso, é
escrito em decassílabos brancos.
SILVA ALVARENGA
• Manuel Inácio da Silva Alvarenga (1749-1814), que na Arcádia se denominava
Alcindo Palmireno, foi um dos vários poetas que se engajaram no louvor ao governo
pombalino. No poema heroico-cômico O desertor das Letras, narrou as confusões e
agruras de um grupo de estudantes preguiçosos que foram obrigados a deixar a
Universidade de Coimbra depois que o Marquês acabara com a orientação jesuítica do
ensino.
•Contudo, o traço mais marcante da poesia de Silva Alvarenga está presente na sua
produção lírica, reunida na obra Glaura – poemas eróticos, de 1799. O poeta se valeu
do rondó, tipo de forma poética de origem francesa, que adaptou à sensibilidade
melodiosa e de ritmo fácil, bem ao gosto das modinhas brasileiras que faziam sucesso
na passagem do século XVIII para XIX.
Ao meio-dia Que cantou ao ver a aurora,
[...] Abre as asas, geme agora
Ferve a areia desta praia, Oprimida do calor.
Arde o musgo no rochedo, Glaura, as Ninfas te chamaram,
Esmorece o arvoredo, E buscaram doce abrigo:
E desmaia a tenra flor: Vem comigo, e nesta gruta
Todo o campo se desgosta, Branda escuta o meu amor.
Tudo... ah! tudo a calma sente:
Só a gélida serpente Fonte aqui não se despenha
Dorme exposta ao vivo ardor. Com ruído que entristece:
Gota a gota a linfa desce,
Glaura, as Ninfas te chamaram, Lava a penha sem rumor.
E buscaram doce abrigo: Aqui vive preciosa
Vem comigo, e nesta gruta Escondida amenidade,
Branda escuta o meu amor. O segredo e a saudade
E a chorosa minha dor.
Vês a plebe namorada
De volantes borboletas? Glaura, as Ninfas te chamaram,
Loiras são, e azuis e pretas, E buscaram doce abrigo:
De mesclada e vária cor. Vem comigo, e nesta gruta
Aquela ave enternecida, Branda escuta o meu amor
MÚSICAS - ATUAIS
https://www.youtube.com/watch?v=kgoleqMXB5A
http://www.letrasdemusicas.fm/elis-regina/casa-no-campo
https://www.youtube.com/watch?v=flls68Q4QA4
https://www.youtube.com/watch?v=r7qrFD19c_Y