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Tema: Indústria da fofoca: entre invasão de privacidade e falta de ética

Texto 1: Não te abras com teu amigo / Que ele um outro


amigo tem. / E o amigo do teu amigo / Possui amigos
também... (“Da discrição”, Mário Quintana)

Texto 2: Caros leitores, a fofoca não tem compaixão. Ou


melhor, os fofoqueiros não têm piedade. Eles têm é inveja.
E ela não deixa espaço à razão, à compaixão pelo outro. A
fofoca mobiliza forças irracionais, geralmente está
acompanhada pela infelicidade, pela raiva ou angústia. Se
eu não estou feliz, a culpa é do outro, pensa o fofoqueiro.
Os indivíduos tomados pela fofoca ou inveja, perturbam a
vida e o trabalho dos colegas. Difamam, bisbilhotam outras
pessoas. Paradoxalmente, têm medo da responsabilidade e
da liberdade. (Luciana Andrade)

Texto 3: Entrevista com professor de Ética e Filosofia Política na Universidade de São Paulo, Renato Janine
Ribeiro tem há muitos anos contato frequente com jornalistas.
Logo no início do livro, o sr. escreve: “Não é fácil ser ético no jornalismo”. Por que isso acontece? O
jornalista perdeu uma certa “consciência cidadã”, ou foi pela fragilização como categoria?
São as condições de trabalho do jornalista que acabam colocando, a meu ver, duas questões muito
conflituosas entre si: por um lado, o jornalista está o tempo todo, ao narrar suas histórias, suas reportagens,
exprimindo valores. Sobretudo hoje no Brasil, quando é muito difícil os jornais separarem a parte de
cobertura das notícias e a parte de opinião editorial, o que é uma falha monumental do jornalismo. Mesmo
que a rigor seja impossível separar radicalmente juízo de valor e relato do que aconteceu, porque a própria
escolha do que você vai relatar já é um juízo de valor, apesar disso você tem de fazer o possível para
separar. Costumo dizer que o jornalismo é uma missão impossível: você não vai conseguir fazer separação
radical, mas tem de lutar com todas as forças para efetuá-la. E o jornalismo brasileiro não faz isso, mistura o
valor no relato dos fatos, mistura opinião nas notícias, e com isso foge à missão dele. Quando você é
jornalista, a sua ética se expressa nas minúcias do seu trabalho. Por outro lado, para esse jornalista que está
exprimindo juízo, você tem uma pressão muito forte das empresas, sobretudo quando no nosso país elas
decidiram tomar uma determinada posição política em relação ao próprio governo. Isso torna a questão da
cobertura jornalística muito delicada. (A jornalista) Barbara Gancia disse há poucos dias que na Band foi
proibida ou dissuadida de criticar o presidente da Câmara dos Deputados. Isso é algo incompatível com o
jornalismo. Passamos a ter agendas nos jornais que não são do bom jornalismo.
https://www.redebrasilatual.com.br/revistas/2016/05/e-fofoca-ou-informacao-2090/

Texto 4: Falar da vida alheia é tão antigo quanto a própria humanidade. Não por acaso. Precisamos de
informações detalhadas sobre as pessoas que conviverão conosco para saber com quem podemos contar.
“Fofocar também é um meio de fugir dos próprios problemas e da rotina. A vida do outro, às vezes, acaba
sendo mais interessante do que a nossa”, diz a psicóloga Camila Cardoso.
Dois estudos conduzidos na Universidade de Staffordshire, Inglaterra, revelam que fazer fofoca sem
maldade traz alguns benefícios. Nas pesquisas, depois de uma rodada de comentários sobre a vida alheia, as
emoções negativas dos voluntários diminuíram em 6% enquanto as positivas aumentaram 3% e a autoestima
cresceu em 5%. Até mesmo quando a fofoca tinha uma dose de veneno, ela foi boa aos voluntários, porque
os fazia sentir-se menos sozinhos.
https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2017/11/25/fofoca-nao-e-coisa-de-gente-rasa-e-uma-
habilidade-social.htm?cmpid=copiaecola

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