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Teoria das Representações sociais

Serge Moscovici

Psicólogo romeno naturalizado francês: revolucionário.

Rompeu com o reducionismo da Psicologia (anos 50).

Questionou as teses cognitivistas (individualismo) e o determinismo


sociológico (coletivismo). Espaço do “entre”.
A teoria das RS
Teoria elaborada final anos 50 início dos 60. Forte influência na
Psicologia e na Sociologia.

Objetivo: compreender como o conhecimento é produzido e


analisar seu impacto nas práticas sociais.

Representações: fenômeno das sociedades pensantes,


mutantes (ritmo acelerado). Mudanças x tradição.

Em suas palavras interessou-se:

“Pelo poder das idéias do senso comum,


comum no estudo de como
e por que as pessoas partilham o conhecimento e desse modo
constituem sua realidade comum, de como transformam
idéias em práticas”
práticas
Desacordos e influências teóricas

Retoma a tese de Durkheim de “representações coletivas”

Tese Durkheim: Há uma diferença entre representações


individuais “consciência individual” e representações
coletivas “consciência coletiva” (ideais, padrões). As RC
são permanentes, reguladoras: mantém a estabilidade, a
“harmonia”social.

Antítese Moscovici: Os atos psíquicos (individuais) têm


origens sociais: o pensamento, o senso comum e a ciência
se misturam a um só tempo (na história, na cultura). As RS
são dinâmicas, movimentos, interações entre o individual e
o social. Os atos individuais possuem uma dimensão social.
social
Bases teóricas

Para responder sua tese, retoma:

Durkheim e Piaget: há continuidade, evolução nas


formas de representação. Imprimem um “padrão de
comportamento” cultural (ideais).

Levy-Bruhl e Vygotsky: uma mesma cultura pode


elaborar distintas representações não havendo co-
relações entre elas, nem continuidade, mas rupturas.

Caráter evolucionista, universal x sociohistórico.


Tese de Moscovici

Há fraturas existentes nas forças coletivas.


Estas fraturas impactam diversamente o
cotidiano de grupos e indivíduos.

As idéias (o universo ideológico) exercem


impacto no comportamento social.
Representação social

É um processo interativo de produção de


conhecimento que atravessa estruturas
sociais e cognitivas sendo, portanto,
sociovariável.
sociovariável

Não deriva de uma sociedade, mas das


sociedades que existem na sociedade.

RS assume a natureza dos grupos sociais


que as criam: idiossincrática e polissêmica.
Representações sociais

Capacidade humana (cognitiva) de interpretar a


realidade.

São opiniões construídas em relação a um


determinado objeto social (história, modos de vida).

Conjuntos de conhecimentos que circulam e


atualizam o senso-comum.

Fixam sentidos sociais, crenças, valores e práticas.

Função social: Facilitar a comunicação e a orientação


no mundo social.
Conhecimento e aprendizagem

O conhecimento, a aprendizagem é social.

Dependem do contexto sociocultural, dos modos de


vida.

O conhecimento científico sofre “rupturas”, para ser


assimilado, compreendido.
(Tese: A psicanálise no contexto francês)

RS são historicamente localizáveis, mas podem


guardar um “sentido geral” que ultrapassa a
sociedade que as elaborou.
Processo de representar

OBJETIVAÇÃO: articular, acoplar imagens cotidianas,


compreensíveis na cultura ao novo esquema
conceitual.
Conceito: figura (som, palavra) sentido.
Materializa o abstrato: idéias em imagens.

ANCORAGEM: “amarrar um barco a um porto seguro”


tornar familiar um conceito novo, desconhecido.
Assimilar, compreender um conceito novo.
Objetivação e ancoragem

Hiper-representação:
As RS também podem ser
“ciladas”, gerar equívocos de
difícil correção.
Crítica
Embora cotidianas e sociovariáveis as RS também podem ser
“universais”. Moscovici não nega que as RS usam o referencial,
referencial
um pensamento pré-existente.

RS são autônomas, descoladas de uma estrutura social.


Constituem “generalidades flutuantes”.

Themata: o radical latino “thema” indica “o que está colocado,


o que é”. Temas gerais que conferem sentido à pluralidade
social.Existem conhecimentos “universais” que circulam nos
ambientes socioculturais.

Pesquisas: resultados difíceis de aplicar ao macro-social. Não


podem ser generalizadas constatações locais e particulares.
Interessante: ver se as RS elaboradas por grupos sociais
revelam ou não a presença de themata (geral x particular).

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