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Pr.

Sandro Pereira

1
CONTEXTO HISTÓRICO GERAL
1. Quem é o autor do texto?
2. Quem são os destinatários?
a. Qual o relacionamento entre ambos?
3. Quais são suas circunstâncias no momento?
4. Que situação histórica levou à composição do
documento?
5. Qual o propósito do autor?
6. Qual é o tema geral ou a preocupação do
autor?
7. O argumento ou a narrativa têm um esboço
facilmente discernível?
2
LEITURA DO TEXTO
1. Descobrir tudo o que pudermos sobre os destinatários.
2. Vamos acrescentar:
a. Observação de palavras e expressões repetidas;
b. Observar as pessoas e os lugares mencionados;
c. Observar os acontecimentos (ao menos os principais);
d. Observar ordens, pedidos, proibições;
e. Tentar determinar a atmosfera (louvor, gratidão,
urgência, preocupação, etc.)

3
DIVISÃO DE PARÁGRAFOS
1. Este exercício, na realidade, envolve a
leitura em devoção da Bíblia:
a. Já faz parte da agenda diária.
b. Mesmo assim ele não deve jamais
ser omitido.
2. Esta leitura está relacionada à
descoberta de “blocos de
pensamento” ou parágrafos de
pregação, e eles aparecem em todo o
texto.
3. Bíblia de Estudo Plenitude (ARC):
a. Atos 9.32-35: observe as inicias em
negrito nos versos 32 e 36. 4
DIVISÕES PRINCIPAIS DO LIVRO
1. Tente
Portanto,
Ora, seorganizar
E, sem
quanto
dúvida
às coisasos
já ressuscitastes
alguma,que parágrafos
com
grande Cristo,
me escrevestes,embom
buscai
é o mistério grupos
as
da coisas
piedade: conforme
seria que
que são
Aqueledeque
o homemcima,tema,
se
nãoonde
ideia principal,
manifestou carneetc.
em Cristo está
foi assentado
tocasse
justificado à destra
em mulher
em de visto
espírito,
(1 Cor Deus (Cl 3.1)
7.1)dos anjos, pregado aos
2. Como gentios, crido nodeterminar
é possível mundo e recebido umaacima,
divisãona glória
de uma(1Tm epístola
3.16) ou
livro?
a. Por meio de uma declaração do autor (Cl 3.1)
b. “Pistas” estruturais (Rm 12.1, 1 Cor 7.1,25, 8.1, 12.1)
c. Mudanças de gênero literário (1Tm 3.16)
d. Repetição e mudança de formas gramaticais (de indicativos,
imperativos, etc. (Ef 1-3, 4-6). 

5
CONFIRME OS LIMITES DA PASSAGEM
1. A passagem possui começo e fim reconhecíveis?
2. As edições da Bíblia já trazem os livros divididos em
perícopes, cada uma delas ostentando um título.
a. Não é bom confiar automaticamente nas divisões
tradicionais de capítulos e versículos que nossas traduções
trazem.
3. Delimitar um texto significa estabelecer os limites para cima e
para baixo, isto é, onde ele começa e onde ele termina.

6
CRITÉRIOS PARA A DELIMITAÇÃO DO TEXTO

1. Elementos que indicam um novo início.


2. Elementos que indicam o término.

7
ELEMENTOS QUE INDICAM UM NOVO INÍCIO
1. TempoEEeaconteceu que, tendo
espaçoEliseu
voltando decorrido
a Gilgal, um naquela
havia fome ano, no terra;
tempoeem os
que os reis
E,filhos dos saem
passado o para
profetas
sábado, a guerra,
estavam
Maria enviou Davi
assentados
Madalena, a Joabe,
na sua
Salomé e a mãe
epresença;
Maria, seus
e
2. Temposervos
e espaço são indícios importantes.
disse aocom
de Tiago,seu ele,
moço:e aPõe
compraram todoa opanela
aromasIsrael, para
grande
para que
irem ao destruíssem
lume(Mc
ungi-lo e faze os
um
16.1)
a. O tempo
filhos pode
dede
caldo Amom indicar
ervas epara o filhos
cercassem
os início,dosa profetas
Rabá; continuação,
porém Davi
(2Rsficou a conclusão
4.38)em
ou a repetição de um episódio.
Jerusalém (2Sm 11.1)
b. O espaço, por sua vez, localiza fisicamente a ação e dá a
noção de movimento.
c. 2 Sm 11.1; 2 Rs 4.38; Mt 2.1; Mc 16.1; Lc 1.5.

8
ELEMENTOS QUE INDICAM UM NOVO INÍCIO
1. Actantes ou personagens
2. Em textos narrativos, a nova ação pode se iniciar com a
chegada, a percepção ou a mera aparição de um novo
personagem, ou com a atividade de alguém que até agora
estava inativo
3. Ex 2.1; 2 Rs 4.42; Mc 7.1; Lc 1.26

E foi-se um varão da casa de Levi e casou


com uma filha de Levi (Ex 2.1)

9
ELEMENTOS QUE INDICAM UM NOVO INÍCIO
Ouvi
1. Vocativo isto, ónovos
Cingi-vos
e/ou esacerdotes, e escutai,
lamentai-vos, ó casa
sacerdotes;
destinatários de Israel,
gemei, e escutai,
ministros do
ó casa
altar; do rei,
entrai porquevestidos
e passai, a vós pertence
de panos este
dejuízo,
saco, visto quea
durante
2. Uma passagem
fostes um
profética,
laço para
também
Mispa e rede
chamada
estendida
oráculo
sobre
noite, ministros do meu Deus; porque a oferta de manjares o
profético,
Tabor
pode ser demarcada
e a libação cortadaspor
foramum
(Os vocativo
da5.1)
Casa de vosso(explicita a quem as
Deus. (Jl 1.13)
palavras são dirigidas).
a. Esses destinatários podem ser os mesmos com quem o texto
vinha tratando, ou pode ocorrer alguma mudança de
destinatário.
b. Esses indícios podem evidenciar uma nova fase da
argumentação.
c. Os 5.1. Jl 1.13; Gl 3.1; Ef 5.22, 25; 1 Jo 4.1, 7.

10
ELEMENTOS QUE INDICAM UM NOVO INÍCIO
1. Introdução ao discurso
2. Introduz a fala de um dos personagens.
3. Pode funcionar como separação entre algo ocorrido ou
contado pelo personagem e o comentário que este mesmo
personagem faz a respeito.
4. Jó 6.1; 8.1; Lc 15.7, 10.

Então, Jó respondeu e disse: (Jó 6.1)

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ELEMENTOS QUE INDICAM UM NOVO INÍCIO
1. Mudança de estilo
2. O texto pode sofrer uma ruptura quando o autor mescla
dois tipos diferentes de exposição.
3. É o que acontece quando se passa do discurso para a
1.narrativa, da prosa
Aqui encontramos umapara a errônea
divisão poesia, de
ouversículos:
da poesia para a
proza.
a. O início do versículo 3 deveria manter-se ao final do versículo
4.1 Jz 2. 5.31; Mt 10.4-5; Mt 11.1-2.
5.1;
E aconteceu que, acabando Jesus de dar instruções aos seus doze
b. Assim manteríamos a integridade da frase e teríamos 2uma
discípulos,
melhorpartiu dalientre
transição a ensinar e a pregar
narrativa nas cidades deles. E
e discurso.
João, ouvindo no cárcere falar dos feitos de Cristo, enviou dois dos
seus discípulos (Mt 11.1,2)
12
ELEMENTOS QUE INDICAM O TÉRMINO
1.E,Espaço
acenando-lhes ele commesma
E levantou-se aquela a mão noite,
para que se calassem,
e tomou as suas contou-
duas
a.lhes
A como
mulheres, narrativa
e as suaspode
o Senhor
duas ficardadesfocada
o tirara
servas, eprisão porfilhos,
e disse:
os seus onze causa
Anunciai de aum
isto
e passou o
Tiago“deslocamento dosaindo,
e aos irmãos.vau
E, tipo
de partida” ou32.22)
partiu(Gn
Jaboque. paradeoutro
uma lugar.
extensão.
(At 12.17)
b. 2 Sm 19.40; At 12.17.
2. Tempo
a. As informações temporais podem indicar que a ação
narrada está chegando ao seu término.
b. Pode acontecer a expansão do tempo, que dispersa nossa
atenção, bem como o chamado “tempo terminal”, com o
qual o autor dá a narrativa por concluída.
c. Nm 20.29; 1 Rs 10.25; Gn 32.22; Jo 13.30; At 4.3.
13
EXEMPLO COMPLETO – MARCOS 4.35-41
1) 4.33-34 sumário conclusivo;
2) 4.35 mudança de estilo – discurso x narrativa;
a) Indicação temporal – sendo já tarde;
b) Mudança espacial – outra margem;
c) Com isso a nova ação é desencadeada;
3) 4.41 ação terminal do tipo temor e questionamento;
4) 5.1 – novo espaço;
5) 5.2 – novo personagem.
FIGURAS DE PENSAMENTO, RETÓRICA, FIGURAS DE PALAVRA OU ESTILO

1.DeMacarismo
maispelas
disso,ou bem-aventurança.
Mas, entranhas
se
também
eu expulso
Manassés
da misericórdia
os demônios
derramou
do
pelo
nosso
muitíssimo
dedoDeus,
de sangue
2.inocente,
com
Deus,
atéque
que
certamente,
Antropomorfismo:oencheu
orienteado
aJerusalém
Lc 11.20 vós
altoé nos
chegado
de
visitou
umoaoReino
(Lcoutro
1.78)
deextremo,
afora o seu pecado, com
3. Antropopatismo: Lc 1.78 Deus.
que fez
(Lcpecar
11.20)a Judá, fazendo o que era
mal aos olhos do SENHOR. (2Rs 21.16)
4. Eufemismo: Jo 11.11
5. Hipérbole: 2Rs 21.16; Gl 1.8.

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FIGURAS DE PENSAMENTO, RETÓRICA, FIGURAS DE PALAVRA OU ESTILO
1. Paralelismo: Justaposição de palavras ou frases que se
equivalem sintática ou semanticamente. Há três tipos de
paralelismo:
a. Sinonímico (Lc 1.46-47);
b. Antitético (1 Cor 1.22);
c. Sintético (quando entre as ideias expressas há uma relação
de causa-efeito ou quando a segunda frase dá maior
precisão à primeira: 1 Cor 1.27-28).

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FIGURAS DE PENSAMENTO, RETÓRICA, FIGURAS DE PALAVRA OU
1. Comparação: SemelhançaESTILO
estabelecida com o uso da palavra
“como” dentro de uma frase. Se a comparação é
desenvolvida em uma descrição ou uma história, ela se
torna uma parábola (Mt 23.37).
2. Metáfora: Semelhança estabelecida sem o uso da partícula
“como” (Jo 14.6).

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GÊNEROS LITERÁRIOS - EVANGELHOS
1. A tradição da história: É o material narrativo, no qual
encontramos os feitos de Jesus.
2. Relatos de milagres: Provam a autoridade de Jesus como
Messias e, mais ainda, manifestam a sua divindade. No livro
de Atos, os milagres atestam que Jesus age por meio de seus
discípulos.
3. Podem ser divididos em quatro grupos:
a. Curas (Mc 1.29-31; 3.1-6);
b. Exorcismos (Mc 1.23-27; 5.1-20);
c. Ressuscitações (Mc 5.21-24; 5.35-43);
d. Milagres sobre a natureza (Mc 4.37-41; Lc 5.1-11).
18
GÊNEROS LITERÁRIOS - EVANGELHOS

1. A tradição da palavra: Nesse grupo encontramos as frases e


os ditos de Jesus: é o material discursivo.
2. Comparações, parábolas e alegorias: Os evangelistas usam o
termo “parábola” para designar as várias histórias que Jesus
contava ou as comparações que ele fazia.

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GÊNEROS MENORES, FORMAS E FÓRMULAS FORA DOS EVANGELHOS
1. Nas epístolas, que são gêneros literários maiores, encontramos
diversos tipos de materiais, tais como tradição litúrgica e
textos parenéticos.
a. Material litúrgico;
b. Hinos ou cânticos cultuais;
c. Confissão de Fé;
d. Materiais parenéticos;
e. Catálogo de vícios e virtudes;
f. Moral familiar;
g. Catálogo de deveres;
h. Apocalipse de João.
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ANÁLISE LINGUÍSTICO-SINTÁTICA
1. Buscar os diversos aspectos a partir dos quais possamos
avaliar uma linguagem empregada em um texto específico.
2. Observaremos os seguintes aspectos: 
a. Léxico: objetiva examinar a existência de vocábulos, expressões
ou frases de destaque no texto;
b. Categorias e formas gramaticais;
c. Conexão: podemos compreender como palavras, expressões e
frases relacionam-se entre si.
d. Estilo: observamos neste caso o emprego das formas de
expressão encontradas no texto;
e. Estrutura e disposição: queremos compreender as diversas
partes que compõem nosso texto. 21
CUIDADOS
1. Atomização: estudo isolado de diversos termos e dados
apresentados pelo texto.
2. Dependência abusiva de comentários bíblicos.

22
CUIDADOS
1. Análise de termos, seguida da interpretação do todo:
a. Selecionam os termos e expressões mais importantes,
apresentando o estudo do seu significado;
b. Procuram correlacionar o conteúdo das diversas partes num
todo coerente e orgânico.
2. Isto pode levar ao risco da atomização.

3. A análise deve ser feita de acordo com a estrutura dada pela


própria perícope. 23
ROTEIRO PARA O ESTUDO METÓDICO
Etapas Ações Ferramentas Principais Obras Auxiliares
1. Várias versões da 1. Concordância.
1. Leia o texto várias vezes.
Bíblia. 2. Dicionário da língua
Texto 2. Defina o gênero literário.
2. Material para portuguesa.
3. Anote tudo.
anotação. 3. Dicionário Bíblico.

1. Observe nomes de
1. Atlas bíblico.
lugares e pessoas.
2. Arqueologia.
2. Quem?
3. Obras sobre a vida,
3. Para quem? 1. Concordância bíblica.
costumes e cultura nos
Contexto 4. Quando? 2. Introduções dos
tempos bíblicos.
5. Onde? livros.
4. Informações sobre
6. Que?
pesos, distâncias,
7. Por quê?
valores, etc.
8. Anote tudo.
24
ROTEIRO PARA O ESTUDO METÓDICO
Etapas Ações Ferramentas Principais Obras Auxiliares

1. Anote quaisquer
palavras obscuras.
2. Verifique na 1. Concordância bíblica.
1. Dicionário bíblico
concordância 2. Léxicos bíblicos (línguas
Palavras e da língua
quantas vezes a originais).
portuguesa.
palavra aparece no 3. Traduções da Bíblia.
livro.
3. Anote tudo.

25
ROTEIRO PARA O ESTUDO METÓDICO
Etapas Ações Ferramentas Principais Obras Auxiliares

1. Concordância
1. Anote a ideia principal 1. Obras sobre a história
bíblica.
do texto. da igreja e das
2. Notas bíblicas de
2. Leia outras versões doutrinas “cristãs”,
rodapé.
para comparação. para avaliar
3. Dicionários bíblicos.
Ideias 3. Use outros livros e historicamente a
4. Comentários
comentários para interpretação das
bíblicos.
contrastar seu ideias bíblicas.
5. Artigos de revistas.
pensamento com de 2. Obras sobre a história
6. Monografias
outros intérpretes. da interpretação.
(Livros).
26
ROTEIRO PARA O ESTUDO METÓDICO
Ferramentas
Etapas Ações Obras Auxiliares
Principais

1. Escreva o texto nas


1. Livros sobre
suas próprias
comunicação oral e
palavras.
1. Livros de gramática escrita.
Paráfrase 2. Revise a ortografia.
e redação. 2. Livros sobre
3. Dê para alguém ler
hermenêutica
para você e dizer o
bíblica.
que entendeu.

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MÉTODO ANALÍTICO
1. Observação: leitura completa e minuciosa do texto.
2. Interpretação: tomar nota da interpretação do texto.
3. Correlação: anotar as demais passagens que se correlacionam com
o texto estudado.
4. Aplicação: qual aplicação cabe a passagem estudada.
5. Lembre-se: para chegar a este ponto o leitor deverá ter
consciência do “significado pretendido” e das regras de
interpretação apresentados anteriormente.

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ANÁLISE TEOLÓGICA
1. Como minha perícope trata:
a. Da pessoa de Deus;
b. Jesus Cristo;
c. Espírito Santo;
d. Homem;
e. Pecado;
f. Salvação;
g. Igreja;
h. Futuro.

29
APLICAÇÃO
1.Que mensagem o texto pode comunicar para mim
pessoalmente, para minha Igreja e para a sociedade em que
atuo?
2.Que ideias ou práticas o texto defende?
3.Quais ideias ou práticas o texto critica e por quê?
4.Que implicações traz a mensagem do texto para vivência de
minha:
a. Espiritualidade pessoal;
b. Eclesial;
c. Sociopolítica.

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