Você está na página 1de 26

MACROECONOMIA

ISCAL - IPL
Licenciatura em GESTÃO
2020/2021
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.1 O EQUILÍBRIO IS-LM

 Recupere-se as funções IS e LM:


C  I  G  cT  cTR  X  Z e 1M h h
Y  i Y   i
1  c( 1  t )  m 1  c( 1  t )  m k P k k

 Igualando as duas expressões, obtém-se o rendimento de equilíbrio:


C  cT  cTr  I  G  X  Z e /h M eh / h
Y   
1  c(1  t )  m  ek / h 1  c(1  t )  m  ek / h P 1  c(1  t )  m  ek / h

i
 A taxa de juro é a variável
que faz a ligação entre os LM
mercados real e monetário:
aparece, no mercado real,
como variável explicativa do
investimento e, no mercado ie
monetário, como a variável
explicativa da procura real
de moeda por motivo
especulação. IS

Ye Y
2
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.1 O EQUILÍBRIO IS-LM

 As alterações ao ponto de equilíbrio vão ser resultado da deslocação de


cada uma das curvas.

 Uma política orçamental expansionista vai deslocar a curva IS para a


direita o que, ceteris paribus, faz aumentar o rendimento de equilíbrio
levando também a uma variação positiva na taxa de juro de equilíbrio.
 Uma política orçamental contracionista terá o impacto contrário.

 No caso de uma política monetária expansionista, a curva LM desloca-se


para a direita o que, ceteris paribus, significa uma alteração do ponto de
equilíbrio que se traduz num aumento do rendimento e numa diminuição
da taxa de juro.
 Uma medida de política monetária contracionista provocará uma perturbação de
sentido contrário ao descrito nos valores de equilíbrio.
3
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.1 O EQUILÍBRIO IS-LM

 Considere-se uma variação positiva nos


gastos do Estado. Agora, o multiplicador i
LM
relevante é: G  0

Y 1

G 1  c(1  t )  m  ek / h IS’

IS
 Este multiplicador mede a distância
entre os pontos de equilíbrio pré e pós Y

perturbação.
 É, por isso, um valor inferior ao
multiplicador na presença só da IS, uma
vez que esse media e distância, em
termos de rendimento, entre as duas
funções IS.
4
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.1 O EQUILÍBRIO IS-LM

 O multiplicador dos gastos é também o multiplicador do investimento


autónomo e das exportações autónomas.
 Os multiplicadores dos valores autónomos de impostos, transferências e
importações serão, respetivamente,

Y c Y c Y 1
  
T 1  c(1  t )  m  ek / h TR 1  c(1  t )  m  ek / h  Z 1  c (1  t )  m  ek / h

 Multiplicador da massa monetária: Y e/h



 M 1  c(1  t )  m  ek / h

 Este é também um multiplicador de equilíbrio, portanto de valor inferior ao


multiplicador só da LM, o qual mede a distância, em termos de rendimento,
entre duas funções LM,
1 1

1  c(1  t )  m  h  k k
e
5
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.1 O EQUILÍBRIO IS-LM

i
 Política económica de acomodação: LM
LM’

ie
 Resposta do banco central a uma
IS’
política expansionista no mercado IS
real, de modo a manter a taxa de juro
no seu nível de equilíbrio inicial. Ye Y

6
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.2 EFICÁCIA DA POLÍTICA ECONÓMICA. ARMADILHA DA
LIQUIDEZ E EFEITO CROWDING-OUT

Uma política económica diz-se mais ou menos eficaz consoante o maior


ou menor impacto que tem sobre o nível de rendimento.

Aeficácia das políticas orçamental e monetária prende-se com a


configuração da LM. Existem 2 casos extremos:

 LM horizontal – caso Keynesiano ou armadilha da liquidez;


 LM vertical – caso neoclássico ou monetarista.

7
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.2 EFICÁCIA DA POLÍTICA ECONÓMICA. ARMADILHA DA
LIQUIDEZ E EFEITO CROWDING-OUT

 Armadilha da liquidez:
 refere-se a uma situação de fraco desempenho da economia (rendimento efetivo
afastado do pleno emprego), na qual a taxa de juro desce para valores muito baixos e
o motivo especulação para a procura de moeda deixa de fazer sentido (a taxa de juro
é de tal forma baixa que deixa de funcionar como critério de escolha de detenção de
diferentes tipos de ativos).
 Num período de recessão como o descrito, sendo a taxa de juro constante num
determinado valor reduzido, a LM assume uma posição horizontal, o que permite
perceber qual a eficácia de diferentes tipos de política, nomeadamente da política
orçamental.
i
 Na situação de armadilha
da liquidez:
LM
 Política orçamental é
totalmente eficaz; IS’
IS
 Política monetária é
totalmente ineficaz. Y
8
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.2 EFICÁCIA DA POLÍTICA ECONÓMICA. ARMADILHA DA
LIQUIDEZ E EFEITO CROWDING-OUT

 Caso neoclássico ou monetarista:


 O caso neoclássico corresponderá à situação de pleno emprego.
Neste caso, apenas os motivos transação e precaução para a procura
real de moeda são considerados (a taxa de juro não influencia a
procura real de moeda) e, em consequência, a LM é vertical.

 Neste caso, a política orçamental é completamente ineficaz (IS


desloca-se provocando variação na taxa de juro, mas rendimento
mantém-se). Este é o chamado efeito crowding out: trade-off entre
esferas pública e privada,
 quanto maior a intervenção do governo (através de políticas
orçamentais expansionistas), menor a intervenção das empresas
privadas (regista-se uma diminuição do investimento) – os gastos
públicos aumentam e o rendimento de equilíbrio não se altera.

 No caso neoclássico, temos um efeito crowding out total (aumento da


despesa é completamente anulado por redução do investimento –
política orçamental é totalmente ineficaz).
9
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.2 EFICÁCIA DA POLÍTICA ECONÓMICA. ARMADILHA DA
LIQUIDEZ E EFEITO CROWDING-OUT

 No caso neoclássico, a política monetária é


eficaz: uma política monetária expansionista
desloca a LM para a direita, gerando um
LM
aumento do rendimento de equilíbrio e uma i
diminuição da taxa de juro.

 Na prática, não existirá uma curva LM


horizontal, uma curva LM com declive positivo
e uma curva LM vertical; estas serão vários
IS’
segmentos de uma mesma curva LM que é, IS
numa primeira fase em que o rendimento é Y
baixo, horizontal, que entretanto se torna
positivamente inclinada, chegando à forma
vertical quando atingimos o nível de
rendimento de pleno emprego. A curva IS pode
intersectar a curva LM em qualquer uma destas
três zonas, dependendo do momento do ciclo
económico que está a ser considerado.
10
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.2 EFICÁCIA DA POLÍTICA ECONÓMICA. ARMADILHA DA
LIQUIDEZ E EFEITO CROWDING-OUT

 Em recessão, na zona da armadilha da liquidez, o efeito crowding-out é nulo e


portanto qualquer política orçamental produz o efeito pretendido sobre o
rendimento;
 Em pleno emprego, o efeito crowding-out é total, o que é o mesmo que dizer que
a política orçamental não produz resultados ao nível da expansão do produto.
 Se a LM tem declive positivo, teremos uma situação de crowding-out parcial que
será tanto mais acentuado quanto mais próximo da vertical estiver a LM.

 Os argumentos acima apresentados fornecem-nos um breve manual de como a


política económica deve ser gerida.
 Em particular, é importante compreender que a política orçamental pode ser um
instrumento fundamental para ajudar a economia a sair de situações de fraco crescimento,
mas que nenhum benefício macroeconómico trará, em princípio, para economias que se
encontrem próximas da situação de pleno emprego.
11
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.3 PROCURA AGREGADA

 O modelo Keynesiano concentra-se no lado da procura;


 os mercados real e monetário são mercados que permitem obter
o nível de rendimento que traduz a procura macroeconómica.

 Curva da procura agregada (AD):


 Para determinar a expressão da curva AD considera-se o resultado de
equilíbrio do modelo IS-LM, com preços flexíveis. Resulta daqui uma
relação de sinal contrário entre nível de preços e rendimento.

C  cT  cTr  I  G  X  Z e /h M eh / h
Y   
1  c(1  t )  m  ek / h 1  c(1  t )  m  ek / h P 1  c(1  t )  m  ek / h

 A curva AD é o lugar geométrico dos pares de valores rendimento e


índice de preços que equilibram, em simultâneo, os mercados real e
monetário.

12
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.3 PROCURA AGREGADA i LM’
LM

 A curva AD resulta da interseção, para i1


i0
cada nível de preços, dos valores de
equilíbrio do diagrama IS-LM. IS

Y1 Y0 Y
 O aumento dos preços provoca uma P
redução da oferta real de moeda e um
aumento da taxa de juro (curva LM
desloca-se para a esquerda)  menor
investimento  menor rendimento.
P1
AD
P0

 Justifica-se assim a relação de sinal Y1 Y0 Y


contrário entre rendimento e nível de
preços.

13
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.3 PROCURA AGREGADA

 A curva da procura agregada deslocar-se-á para a direita


em função de qualquer política orçamental ou monetária
de natureza expansionista (conforme se pode verificar por
observação da expressão analítica da curva AD);

 Quando a política, orçamental ou monetária, for


contracionista, a curva AD desloca-se para a esquerda.

14
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.4 MERCADO DE TRABALHO E OFERTA AGREGADA

 Oferta agregada (AS):

 Curva AS representa os pares de valores rendimento - nível de


preços que equilibram os mercados de fatores produtivos, isto
é, os mercados de trabalho, capital e tecnologia.
 Suponha-se que os níveis de capital e tecnologia são
constantes e centre-se atenção no mercado de trabalho.

 No mercado de trabalho transacionam-se horas de trabalho,


donde a oferta de trabalho é concretizada por aqueles que
podem fornecer horas ao processo produtivo: as famílias.
 Quanto à procura de trabalho, esta é realizada pelas empresas
que necessitarão de mão-de-obra para produzir.
15
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.4 MERCADO DE TRABALHO E OFERTA AGREGADA

 Procura de trabalho: empresas maximizam lucros (diferença


entre receitas e custos, incluindo custos salariais);
 Dada a propriedade de produtividade marginal decrescente, à medida que
se acrescentam trabalhadores, eles produzem marginalmente menos e,
consequentemente, o salário pago é menor.  curva de procura de trabalho
é negativamente inclinada.

 Oferta de trabalho: famílias maximizam utilidade (argumentos


da função de utilidade são consumo e lazer).
 Trabalhadores enfrentam trade-off trabalho-lazer; para consumir mais é
necessário mais rendimento do trabalho, mas mais trabalho significa menos
utilidade via lazer. Maior salário significa maior incentivo para trabalhar 
curva de oferta de trabalho é positivamente inclinada.

16
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.4 MERCADO DE TRABALHO E OFERTA AGREGADA

 O número de horas de
trabalho da economia (N) e w Ns
o salário médio (w) obtêm-
se por intersecção das
curvas de procura e oferta we
de trabalho que, como em
qualquer outro mercado,
são, respetivamente, Nd
negativa e positivamente
Ne N
inclinadas.

17
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.4 MERCADO DE TRABALHO E OFERTA AGREGADA

 Também no mercado de trabalho podemos distinguir entre as


interpretações neoclássica e Keynesiana da macroeconomia.

 Teoria neoclássica considera que trabalhadores oferecem


trabalho em função dos salários reais, não sofrendo de ilusão
monetária;

 Teoria Keynesiana considera que os trabalhadores sofrem de


ilusão monetária e oferecem trabalho em função dos salários
nominais.

18
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.4 MERCADO DE TRABALHO E OFERTA AGREGADA

 Caso neoclássico:
 perante um aumento do nível de preços, procura de trabalho aumenta porque
empresas podem vender mais caro e assim obter maior receita. Oferta de trabalho
diminui porque trabalhadores percebem que salário real é menor (e, portanto,
poder de compra diminui)  ausência de ilusão monetária leva à deslocação
simultânea das curvas de procura de trabalho (para a direita) e de oferta de
trabalho (para a esquerda): salário nominal aumenta, mas salário real mantém-se;
quantidade de trabalho de equilíbrio mantém-se.

Ns’
w
Ns

Nd’
Nd

Ne N
19
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.4 MERCADO DE TRABALHO E OFERTA AGREGADA

 Caso Keynesiano:

w
Ns
 perante um aumento do nível de preços, procura de
trabalho aumenta porque empresas podem vender mais
caro e assim obter maior receita. Oferta de trabalho não
se altera porque trabalhadores sofrem de ilusão
monetária e não se apercebem que salário real é menor
Nd’
(e, portanto, que poder de compra diminuiu) 
aumento de preços leva à deslocação da curva de Nd
procura de trabalho (para a direita) enquanto que a
curva da oferta de trabalho não se desloca (devido à N
ilusão monetária): salário de equilíbrio aumenta e
quantidade de trabalho de equilíbrio também aumenta.

 Havendo ilusão monetária, oferta de trabalho não se


altera com variação de preços, o que implica uma
alteração na quantidade de trabalho de equilíbrio.
20
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.4 MERCADO DE TRABALHO E OFERTA AGREGADA

 Função de oferta agregada: conjunto de pares (Y,P) que equilibra


o mercado de trabalho.

 Caso neoclássico: aumento de preços mantém inalterada


quantidade de trabalho de equilíbrio, e portanto também o
rendimento. Isto acontece na situação de pleno emprego, caso em
que a função oferta agregada é vertical.

 Caso Keynesiano: aumento de preços faz aumentar quantidade


de trabalho de equilíbrio (por via da ilusão monetária), e
portanto também o rendimento. Isto acontece quando o
rendimento se encontra abaixo do pleno emprego, caso em que a
função oferta agregada tem inclinação positiva.
21
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.4 MERCADO DE TRABALHO E OFERTA AGREGADA

 Conjugando as teorias Keynesiana e neoclássica obtém-se uma


função de oferta agregada com duas zonas:

 uma zona com inclinação positiva, para níveis de rendimento intermédios


(curto prazo) e outra correspondente ao rendimento de pleno emprego,
em que a AS é vertical (longo prazo).

P AS

Ype Y
22
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.4 MERCADO DE TRABALHO E OFERTA AGREGADA

P
 Determinantes da oferta agregada:
AS AS’

 Tecnologia;
 Custos de produção;
 Preferência dos trabalhadores entre
trabalho e lazer.
Ype Ype’ Y
 Alterações do nível tecnológico: com os mesmos
inputs produz-se mais – AS desloca-se para a
direita. Produto potencial também se desloca
P para a direita, uma vez que aumentam as
possibilidades de produção.
 Aumento dos custos de produção: rendimento
diminui mas produto potencial não sofre
alterações – AS desloca-se para a esquerda.
 Diminuição da preferência por lazer: produto
AS1 potencial não se altera, mas rendimento
aumenta (mais trabalho) – AS desloca-se para a
direita.
AS0
Y
Ype
23
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.5 O EQUILÍBRIO AD-AS. INFLAÇÃO PELA PROCURA E INFLAÇÃO
PELOS CUSTOS

 Equilíbrio do modelo AD-AS: par de valores rendimento - preços


que equilibra, em simultâneo, os mercados real, monetário e de
trabalho, mantendo constantes todas as variáveis estratégicas do
modelo.

P AS

AD

Ype Y
24
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.5 O EQUILÍBRIO AD-AS. INFLAÇÃO PELA PROCURA E INFLAÇÃO
PELOS CUSTOS
 O diagrama AD-AS permite abordar o
fenómeno da inflação. Nomeadamente, permite
constatar que existem dois possíveis tipos de
causas para a inflação: P AS

 Inflação pela procura;


 Inflação pelos custos.
AD’

 Inflação pela procura: AD

Y
 Resulta da deslocação da curva AD para a Ype
direita;
 Está associada a uma política expansionista;
 Ocorre em simultâneo com o aumento do
rendimento de equilíbrio.

25
5. EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO DE CURTO
PRAZO
5.5 O EQUILÍBRIO AD-AS. INFLAÇÃO PELA PROCURA E INFLAÇÃO
PELOS CUSTOS

 Inflação pela oferta / pelos custos resulta da deslocação da oferta


agregada para a esquerda.

 Retrocesso tecnológico, aumento dos custos de produção, aumento das preferências dos
trabalhadores por lazer.
 A inflação pelos custos resulta fundamentalmente do aumento dos custos de produção
(retrocessos tecnológicos são raros; preferências trabalho - lazer são valor estrutural).

P
 A inflação pelos custos está
associada à diminuição do
rendimento / aumento da
taxa de desemprego.
AS’ AD
AS
Y
Ype
26

Você também pode gostar