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Unificações da Itália e Alemanha

O desequilíbrio europeu, e o caminho para


a Grande Guerra de 1914
Significado histórico das
unificações
• Em suma a unificação dos dois países representou a vitória da
burguesia industrial e do discurso nacionalista conservador.

• Os processos de unificação na Itália e na Alemanha alteraram


profundamente o quadro político da Europa no século XIX,
rearticulando um equilíbrio de forças que resultaria na I Guerra
Mundial (1914/1918). Na base desses processos estavam os
movimentos liberais, acentuadamente nacionalistas nestes dois países.
Era napoleônica
A Europa do Congresso de Viena
Convocado para
refazer o mapa
político europeu em
decorrência da
queda de Napoleão,
o Congresso de
Viena não foi capaz
de impedir a ação de
movimentos liberais
e as aspirações
nacionalistas num
contexto onde se
expandia a indústria,
ao mesmo tempo
em que os
movimentos sociais
questionavam as
relações entre o
empresariado e o
operariado,
colocando risco o
mundo burguês.
As mudanças socioeconômicas que vários países
europeus experimentavam eram também
desejadas pela alta burguesia italiana, do Reino
do Piemonte, e pela burguesia da Prússia, um
dos principais estados germânicos. Elas
acreditavam que a unificação, através de um
governo forte e centralizado, aceleraria o
processo de desenvolvimento, equiparando-se
ao da França e ao da Inglaterra.
Uma antiga história um novo país
• Após o período
napoleônico e o Congresso
de Viena (1815), os Estados
da Península Itálica ficaram
sob forte influência do
Império Austro-Húngaro e
da Igreja Católica. A
Península estava dividida
em 7 Estados: Reino do
Piemonte-Sardenha,
Parma, Modena, Toscana,
Reino Lombardo-
Veneziano, Reino das Duas
Sicílias e Estados
Pontifícios.
Península Itálica pré-unificação
Diferentes projetos de
unificação
• Em 1848, movimentos
liberais surgiram em Grupos distintos buscaram a
diversas Estados. unificação da Itália a partir da
Aproveitando as agitações década de 1830:
o rei Carlos Alberto do Carbonários – movimento
Piemonte­Sardenha tentou heterogêneo organizado em
a unificação e declarando sociedades secretas que reunia
guerra à Áustria. várias tendências políticas
Derrotado pelos Republicanos – liderados por
austríacos, o rei foi Mazzini (projeto liberal) e
obrigado a abdicar o trono Garibaldi (popular)
em favor do seu filho Vítor Monarquistas – articulado por
Emanuel II. Entretanto, Camilo Benso
estava fortalecida a idéia  
da unificação.  
   
Lutas nacionalistas e populares

As revoluções ocorrida na Europa em 1830 e


1848 desencadearam diversos movimentos
nacionalistas na Itália, foram eles:
• Sociedade Carbonária (caráter popular)
• Movimento Jovem Itália (caráter republicano)
• Risorgimento (caráter liberal)  
Apesar do clima de grandes agitações populares,
esses movimentos não conseguiram êxito na
primeira metade do século XIX. Porém, uma nova
onda de protestos bem sucedidos ocorreria a
partir de 1860/1871.
Os fatos que levaram a unificação
• Em 1852, o ministro Cavour viu que sem ajuda não seria possível vencer a Áustria e
pensou em possíveis aliados. A oportunidade surge na, Guerra da Criméia que
opunha Rússia contra França e Inglaterra (1854/1856). Resolveu enviar tropas para
ajudar a França o que lhe rendeu uma grande aliada. Nesta época Napoleão III era
imperador.
• Em 1859, Cavour e Napoleão III se encontraram para fazer uma acordo: Napoleão
apóia o Piemonte contra a Áustria e receberia em troca os condados da Savóia e de
Nice; o Piemonte receberia a Lombardia-Veneza, que pertenciam à Áustria. As
campanhas militares de 1859 repercutiram em toda a Itália.
• Toscana, Parma, Modena e Romagna, Estados pertencentes ao papa, se revoltaram,
querendo unir-se ao Piemonte. Com a conivência de Cavour, Giuseppe Garibaldi e
seu Exército Popular dos Camisas Vermelhas conseguiram invadir o reino dos
Bourbons se apossando da Sicília e passaram por Nápoles e pondo em fuga o rei
Francisco II.
• As tropas do Piemonte invadiram os Estados papais, únicos ainda não integrados.  
Garibaldi opunha-se à casa de Savóia, pois daria ao país um regime monárquico.
Para não atrapalhar a unificação, afastou-se da vida pública temporariamente.
Quando Cavour morreu em 1861, o Piemonte já dominava quase toda a Itália.
A resistência de Roma
• Vítor Emanuel II declarou-se rei (1861) e transferiu a capital para
Florença. Para completar a unificação, faltava só a adesão dos Estados
restantes. O problema com os Estados papais era mais difícil: o papa
se recusava a entregar a cidade, pois considerava que era a garantia da
independência da Igreja Católica.
• Garibaldi tentou tomar Roma, mas Napoleão III enviou uma guarnição
para proteger o papa: tomar Roma pela força equivaleria a declarar
guerra à França. Em 1870, os prussianos invadiram e venceram a
França; os italianos aproveitaram o momento, tomaram Roma e
ocuparam o resto dos Estados.
• Em 1871, Vítor Emanuel ofereceu ao papa as leis de garantia, mas Pio
IX considerou-se prisioneiro no Vaticano e recusou qualquer
conciliação. A questão romana só se resolveu em 1929 pelo Tratado de
Latrão entre Mussolini e Pio XI, que criou o Estado do Vaticano.
A formação do Reich
Condições pré-unificação De 1850 a 1870, distritos
• Desenvolvimento industriais e centros urbanos
econômico e social no reino surgiram em várias regiões; as
da Prússia (norte estradas de ferro
da Alemanha) quintuplicaram; as minas de
• Forte controle político da carvão e ferro permitiram o
Áustria na região crescimento das indústrias
(Confederação Germânica). siderúrgicas, metalúrgicas e
A Áustria havia impedido a
tentativa de unificação pela mecânicas. Formava-se o
Prússia em 1850, mas não complexo industrial alemão sob
conseguiu impedir o a liderança da Prússia.
progresso de seus Estados.  Percebendo a ameaça ao seu
• Existência de uma união poder, a Áustria tentou em vão
aduaneira entre os estados fazer parte do Zollverein.
(Zollverein), adotada em
1834
A Prússia de Otto von Bismark
• Na Prússia, a burguesia tentou controlar as despesas reais,
criando um conflito político que durou até 1861, quando o
rei Guilherme I convidou Bismarck para ministro. Ele era
um político habilidoso,  antiliberal, pró-monarquia e contra
o poder da burguesia, mas devotado à causa da unificação,
representante da aristocracia (Junkers).
• Bismarck achava que a unidade alemã deveria ser obtida
pela força, através de uma luta contra a Áustria. Por isso,
organizou militarmente o Reino da Prússia. Os burgueses se
negaram a aprovar o aumento do tempo de serviço militar
obrigatório e a elevação dos impostos, para financiar mais
contingentes militares.
• Com aprovação apenas da Câmara dos Nobres, Bismarck
passou a governar despoticamente e transformou o
exército em instrumento da unificação alemã.
A visão de Bismarck:
• "Os grandes problemas
da época não se
resolvem com
discursos nem com
votação de maiorias,
mas a ferro e sangue. A
Alemanha não
deposita esperanças
no liberalismo da
Prússia e sim em seu
armamento".
Uma unificação construída por guerras
Guerra dos Ducados (1864)
• Os reinos ou ducados de Schleswig e Holstein, de população germânica,
viviam sob domínio da Dinamarca. Os príncipes dos dois ducados quiseram
tornar-se independentes quando o rei dinamarquês Cristiano IX morreu, em
1863. A Prússia, aliada à Áustria, apoiou os príncipes e venceu a Dinamarca.
Mas Bismarck adiou a entrega de um dos ducados à Áustria.
  Guerra das Sete Semanas (1866)
• Queria com isso provocá-la. Já tinha garantido a neutralidade da França e o
apoio da Itália. Venceu os austríacos facilmente na batalha de Sadowa, pois
eles tiveram de sustentar duas frentes de combate, uma na Itália e outra na
própria Áustria. Os austríacos assinaram a paz e aceitaram a dissolução da
Confederação Germânica e a passagem de Schleswig e Holstein para a
Prússia e de Veneza para a Itália.
Unificação em andamento
• O caminho para a centralização do norte alemão estava aberto. A Prússia
anexou outros territórios, e novos Estados germânicos se uniram a ela,
formando a Confederação Germânica do Norte (1867).
A guerra franco-prussiana
• Para Napoleão III a vitória prussiana foi desagradável,
pois a unificação da Alemanha constituía ameaça direta à
hegemonia da França na Europa.
• Napoleão III, com seu exército desorganizado por outras
batalhas, exigiu da Prússia que os Estados germânicos do
sul, de grande influência francesa, não se unissem aos do
norte. Bismarck usou a exigência para pôr os alemães
contra os franceses, que ele considerava inimigos de
longa data.
• Interesses geopolíticos envolviam Inglaterra, Aústria,
Itália e Espanha, além dos franceses e prussianos.
• Só faltava um incidente para começar a guerra. O
pretexto surgiu em 1870. Uma questão de sucessão do
trono espanhol iniciou o conflito.
A guerra e a unificação
• A sucessão foi oferecida ao príncipe parente do rei da Prússia.
Napoleão exigiu a retirada de tal candidatura e a promessa de
Guilherme I de que nenhum outro príncipe germânico ocuparia
o trono da Espanha. O rei passou a Bismarck um telegrama a
ser encaminhado a Napoleão III. Bismarck mudou o texto de
modo a parecer insultuoso ao povo francês.
• Os jornais alemães o publicaram. E a França declarou guerra à
Prússia. O exército alemão era mais numeroso e bem treinado.
A vitória prussiana foi fulminante. Seu exército cercou o
francês, comandado pelo general Bazaine, em Metz. Napoleão
III partiu em socorro e foi cercado em Sedan; preso, capitulou
em 1º de setembro de 1870.
• Pelo Tratado de Frankfurt, a França cedia a Alsácia e Lorena e
ainda se comprometia a pagar indenização de 5 bilhões de
francos. Os franceses não puderam evitar a humilhação de ver
o Império Alemão ser proclamado na Sala dos Espelhos do
Palácio de Versalhes, quando Guilherme I recebeu o título de
imperador pela aclamação dos príncipes alemães.
Desdobramentos da Unificação
• A unificação da Alemanha se completava, mas, ao
tripudiar sobre os vencidos, os vencedores de
então iriam alimentar no sentimento nacional
francês um forte espírito de revanche.
• A ruptura do equilíbrio europeu: no prazo de
algumas décadas, a Alemanha iria se transformar
na primeira potência econômica e militar da
Europa.
• Eclosão da Revolução Industrial no país:
provocando uma disputa tardia pelas regiões
coloniais. 
• Desenvolvimento da política de alianças: com uma
clara intenção de isolar a França, a Alemanha
selou uma aliança em 1882 com a Áustria.
Europa em 1914
Resumo da ópera
• Os europeus pouco pensavam que a realidade
até então construída por séculos de história
estava prestes a chegar ao fim.
• A I Guerra Mundial foi um divisor de águas,
que além de traumatizante para as gerações
que a presenciaram, marcou a progressiva
decadência da hegemonia européia e a
ascensão de uma nova potência:

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