Você está na página 1de 74

ORIGEM E FINALIDADE DO DIREITO

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO


 É matéria de iniciação, fornece ao estudante as noções
fundamentais para a compreensão do fenômeno jurídico.

 Determina os conceitos gerais do direito; fatos jurídicos; lei;


justiça; relação jurídica, segurança jurídica, que serão aplicados
a todos os ramos do direito.
ORIGEM


O direito nasceu junto com a civilização, sob a forma de costumes
que se tornaram obrigatórios.

Sua história é a história da própria vida. Por mais que


mergulhemos no passado iremos encontrar o direito, ainda que
em estágio rudimentar, a regular as relações humanas.

O Direito tem várias denominações em cada língua. Em espanhol,


fala-se derecho. Em Italiano, diritto. Em francês, droit. Em inglês,
law. Em alemão, Recht. Os Romanos denominavam-no de jus,
diverso de justitia, que corresponde ao nosso sentido de justiça,
ou seja, qualidade do direito.
ORIGEM


Sabe-se que o vocábulo DIREITO vem do latim DIRECTUM,
RETO. DEFINIÇÃO NOMINAL. “QUALIDADE DAQUILO
QUE É CONFORME A REGRA”. DIREITO PASSOU A SER
SINÔNIMO DE REGRA, DE NORMA QUE ORIENTA O
HOMEM QUE VIVE EM SOCIEDADE.
FIM DO DIREITO


O fim do direito está na LIBERDADE, na JUSTIÇA, na HUMANIZAÇÃO
crescente dos processos sociais.

A justiça gera a grandeza dos povos; a injustiça a sua decadência.

De que forma se alcança a justiça? Através da transformação social...

Ninguém ignora que a grandeza do direito esta na PAZ, na ORDEM


SOCIAL, na HARMONIA das CLASSES, na TRANQUILIDADE do
POVO, no BEM-ESTAR da HUMANIDADE, para atender a esses
anseios, exige procedimentos sempre novos. Se o direito envelhece, deixa
de ser um processo de adaptação, pois passa a não exercer a função para a
qual foi criado.

E tal grandeza constitui a aspiração máxima de todo jurista. Ela tem, aliás,
rigorosas bases científicas e filosóficas.
REGRA – NORMA - PRINCÍPIO



Norma é uma regra de conduta, podendo ser:
 jurídica,
 moral,
 técnica, etc.
 Norma jurídica é uma regra de conduta imposta, admitida ou
reconhecida pelo ordenamento jurídico. A norma impõe,
permite ou proíbe que se faça algo.

 O Direito se expressa por meio de normas jurídicas.

 As normas positivas (Lei) se exprimem por meio de regras ou


princípios.
PRINCÍPIOS


 Alguns doutrinadores dizem que os princípios correspondem
as normas do direito natural, verdades jurídicas universais e
imutáveis, inspiradas no sentido de equidade (Bom Senso).

 Equidade para Aristóteles traz o conceito de em sua obra Ética a Nicômaco


“uma correção da lei quando ela é deficiente em razão de sua universalidade”
e comparou-a com a “régua de Lesbos” que, por ser de chumbo, se ajustava à
diferentes superfícies: “a régua adapta-se à forma da pedra e não é rígida,
exatamente como o decreto se adapta aos fatos.” (NADER, 2008, p.113).

 Paulo de Barros Carvalho acentua que os princípios “são


máximas que se alojam na Constituição ou que se despregam
das regras do ordenamento positivo, derramando-se por todo
ele. Conhecê-las é pressuposto indeclinável para a compreensão
de qualquer subdomínio normativo”
PRINCÍPIOS


 Maria Helena Diniz diz que os princípios Geais do Direito são
decorrentes de normas do ordenamento jurídico, ou seja, dos
subsistemas normativos, e derivadas de ideias políticas, sociais
e jurídicas.

 O Direito é um sistema formado por regras (preceitos) e


princípios. Ambos são normas. A diferença entre regra e
princípio é que este esta contido naquela, atravessando-a,
resgatando o mundo prático. A regra não subsiste sem a
princípio. O princípio é a enunciação do que está enunciado.
(Streck, p. 170)
SÍMBOLO DO DIREITO


"A Luta pelo Direito" do tão sábio jurista alemão Rudolf Von Ihering:

A justiça segura, numa das mãos a BALANÇA, com a qual pesa o


direito, e na outra a ESPADA, com a qual o defende.

A espada SEM a balança é a força bruta, a balança SEM a espada é a


fraqueza do direito.

Ambas se completam e o verdadeiro estado de direito só existe onde a


força, com a qual a Justiça empunha a espada, usa a mesma
destreza com que maneja a balança.
O QUE É DIREITO?


Nos outorga a noção do que é certo, correto, justo, equânime (igualdade).

O termo direito é palavra que possui diversos significados, ainda que


ligados e entrelaçados, com sentido analógico.

O Direito é um dado histórico; não existe Direito desligado de um contexto


histórico e desgarrado da experiência.

O Direito disciplina condutas, impondo princípios à vida em sociedade.

Direito sob o prisma do fenômeno social e político, este deverá ser visto
como uma ciência social que procura compreender as revoluções, a
criminalidade, a inflação, etc.
O QUE É DIREITO?


“...o Direito não é uma criação espontânea e audaciosa do legislador,
mas possui uma raiz muito mais profunda: a consciência do
povo...O Direito nasce da vida social, se transforma com a vida
social e deve se adaptar à vida social” (Francesco Cosentini).

As normas de direito são obrigatórias;


obrigatórias elas determinam o que cada um
pode ou deve fazer e o que não pode ou não deve fazer.

“...o Direito é uma ciência NORMATIVA HUMANA, MORAL; sua


finalidade específica é ordenar a conduta social dos homens, no
sentido da justiça”. André Franco Montouro.
SENTIDOS DIFERENTES


Como norma (teoria da norma jurídica) – direito norma agendi. Ex.: o
Direito proíbe duelo.

Como faculdade (teoria dos direitos subjetivos) – direito facultas agendi.


Ex.: O Estado tem o direito de cobrar impostos.

Como acepção do justo (Axiologia jurídica)– direito justo (independe de


lei). Ex.: o salário é direito do trabalhador.

Como ciência (epistemologia jurídica) – direito ciência (sistema


ordenado de conhecimentos sobre determinado objeto). Ex.: o estudo
do direito requer método próprio.

Como fenômeno social (Sociologia do Direito) – direito fato social. Ex.: o


direito é um setor da realidade social.
NORMA DISCIPLINADORA


As regras disciplinadoras da vida em sociedade recebem o nome de
Direito.
Onde esta o homem esta o direito. UBI HOMO, IBI JUS.
Onde esta a sociedade esta o direito. Ubi societas, ibi jus.

Não EXISTE direito sem sociedade. Só produzem “direito” as


sociedades que tenham institucionalizado o poder, as sanções,
como reação face aos comportamentos desviantes.

ORDENAMENTO JURÍDICO É UM CONJUNTO DE NORMAS que


deve conter: UNIDADE (hierarquia); SISTEMATIZAÇÃO
(sistema ordenativo não ter contradições, ter coerência);
PRETENSÃO DE COMPLETUDE (a norma tem que solucionar o
caso concreto)
FINALIDADE DO DIREITO


Segundo Kelsen, onde não há conflito de interesses, não há
necessidade de JUSTIÇA.

Kelsen maior jurista do século XX (1881-1973) em sua obra “A Teoria


Pura do Direito” que é o ápice do desenvolvimento do positivismo
jurídico. Para essa doutrina, o conhecimento é restrito aos fatos e às
leis que os regem, isto é, nada de apelar para a metafísica, a razão
ou à religião. “Pretende libertar a ciência jurídica de todos os
elementos que lhes são estranhos.” (Kelsen, 2015, p.1)

Portanto, a FINALIDADE do direito se resume em regular as relações


humanas, a fim de que haja PAZ e PROSPERIDADE no seio social,
impedindo a desordem ou o crime. Sem o Direito estaria a
sociedade em constante processo de contestação, onde a lei do mais
forte imperaria sempre, num verdadeiro caos.
CONCEITO DE DIREITO


“O DIREITO É A PROPORÇÃO REAL E PESSOAL DO HOMEM PARA O
HOMEM QUE, CONSERVADA CONSERVA A SOCIEDADE E QUE,
DESTRUÍDA, A DESTRÓI”. (O POETA DANTE ALIGHIERI).

"DIREITO É O CONJUNTO DE NORMAS OU REGRAS JURÍDICAS QUE


REGEM A CONDUTA HUMANA, PREVENDO SANÇÕES PARA CASOS DE
DESCUMPRIMENTO”. (VICTOR EMANUEL CHRISTOFARI).

"DIREITO É O QUE SE REFERE A OUTREM, SEGUNDO UMA IGUALDADE”.


(TOMAS DE AQUINO).

"DIREITO É O CONJUNTO DAS CONDIÇÕES SEGUNDO AS QUAIS O


ARBÍTRIO DE CADA UM PODE COEXISTIR COM O ARBÍTRIO DE
OUTROS, DE ACORDO COM UMA LEI GERAL DE LIBERDADE."
(EMMANUEL KANT).
DIFERENTES FORMAS DE ENTENDER O DIREITO


O Direito é uma técnica de organização social.

O Direito é um instrumento de resolução dos conflitos.

O Direito é dos muitos instrumentos de controle social.

O Direito é fato que só existe na sociedade, que é fato social.


RELAÇÃO DO DIREITO COM O AMOR


Carlos Frederico Goschel, uma das figuras mais interessantes de juiz
do século passado, entendia que: NÃO EXITE DIREITO SEM
AMOR, apoiado na ideologia da TRINDADE. Deus está sobre
nós, conosco e dentro de nós, o caminho do Direito é:
OBEDIÊNCIA – LIBERDADE – AMOR.

Precisamos AMAR o DIREITO para praticar a JUSTIÇA.

Francesco Carnelutti: Jurista Italiano: “Enquanto os homens não


saibam AMAR necessitarão de juiz e polícia para tê-los unidos”.
DIREITO COMO CIÊNCIA JURÍDICA


 Ciência do Direito tb. chamada Dogmática Jurídica, esta
disciplina aborda o Direito vigente em determinada sociedade e
as questões relativas à sua interpretação e aplicação.

 Ciência do Direito, define e sistematiza o conjunto de normas


que o Estado impõe à sociedade.

 A analise do homem e da sociedade deve ser uma tarefa


permanente a ser desenvolvida pelo estudioso do Direito. "A
Luta pelo Direito“:  [...]a vida do direito é a luta, a luta de
governos, de classes, de indivíduos e a luta de povos”.  Rudolf
Von Ihering
AS DIVERSAS CIÊNCIAS JURÍDICAS


Tomando a expressão “ciência do direito” em sua acepção mais ampla
(incluindo os aspectos teóricos e práticos, filosóficos, sociológicos e
técnicos), indica-se o seguinte quadro das principais disciplinas
jurídicas:

Epistemologia Jurídica (estudo das ciências. Episteme=ciência e


logo=estudo)
Axiologia Jurídica (teoria dos valores jurídicos. Axiós do
grego=apreciação, estimativa)
Dogmática Jurídica estudo do sistema das normas jurídicas,
vigentes em determinada época e local.
A sociologia jurídica (estuda o Direito e a sociedade. Estudo do
fato social)
CIÊNCIAS JURÍDICAS COM OUTRAS CIÊNCIAS


 Filosofia "é uma palavra de origem grega, de philos (amizade, amor) e
sophia (ciência, sabedoria).
 Filosofia do Direito, seria uma perquirição permanente e
desinteressada das condições morais, lógicas e históricas do fenômeno
jurídico e da Ciência do Direito.
 Filosofia do Direito. Eqto. a Ciência do Direito se limita a descrever e
sistematizar o Direito vigente, a Filosofia transcende o plano
meramente normativo, para questionar o critério de justiça adotado
nas normas jurídicas. De um lado a Ciência do Direito responde a
indagação: Quid juris? (o que é de direito?). De outro lado, a Filosofia
Jurídica atende à pergunta: Quid jus? (o que é o Direito?)
 O filósofo do Direito indaga dos princípios lógicos, éticos e
histórico-culturais do Direito.
 A epistemologia jurídica e a axiologia jurídica pertencem ao campo da
filosofia do direito.
CIÊNCIA JURÍDICA COM OUTRAS CIÊNCIAS


 Sociologia do Direito busca a mútua convergência entre o
Direito e a sociedade. É o fenômeno jurídico do ponto de vista social,
a fim de observar a adequação da ordem jurídica aos FATOS
SOCIAIS.

As relações entre a sociedade e o Direito, que formam o núcleo de


seus estudos, podem ser investigadas sob o seguintes aspectos
principais:
a)Adaptação do Direito à vontade social;
b)Cumprimento pelo povo das leis vigentes e aplicação pelas
autoridades;
c)Correspondências entre os objetivos visados pelo legislador e os
efeitos sociais provocados pelas leis.
REALIDADE JURÍDICO SOCIAL


EPISTEMOLOGIA JURÍDICA AXIOLOGIA JURÍDICA

FILOSOFIA DO DIREITO

TEORIA DA NORMA JURÍDICA T. DOS DTOS. SUBJETIVOS

CIÊNCIA DO DIREITO

SOCIOLOGIA JURÍDICA ou SOCIOLOGIA DO DIREITO


TEORIA DO DIREITO


 A teoria do Direito é conhecer o OBJETO. A teoria explica a
pratica. O objeto de estudo da ciência jurídica (do direito)
seriam as normas jurídicas. As condutas humanas, por sua vez,
serão objeto de estudo desta ciência na medida em que
constituem o conteúdo das normas jurídicas.

 Teoria do Direito é o conjunto de proposições científicas sobre o


Direito.

 O Direito é a garantia que a ordem jurídica estabelece para


proteger o SUJEITO DE DIREITO e seu OBJETO.
TEORIA DO DIREITO


 A teoria do Direito é estudada sob dois ângulos:

 TEORIA DO DOGMATISMO – DOKEIN = ensinar,


doutrinar. Disciplinas: Direito Constitucional; Direito
Administrativo; Direito Civil; Direito Penal; etc.

 TEORIA ZETÉTICA – ZETEIN = Investigar,


perquirir. Disciplinas: Filosofia; Sociologia;
Antropologia; Metodologia, etc.
CIÊNCIA DO DIREITO


TEORIA DO DIREITO
É para aplicar a realidade jurídica

ZETÉTICA DOGMÁTICA
Zetein=perquirir; investigar Dokein=ensinar;doutrinar
É a base para a dogmática Parte da Certeza; são prontas e acabadas
Filosofia Direito Constitucional
Sociologia Direito Civil
Metodologia da pesquisa Científica Direito Processual
Psicologia Direito Penal
Antropologia Direito Tributário
BUSCA A RESPOSTA: BUSCA A RESPOSTA:
O QUE É O DIREITO? O QUE É DE DIREITO?
A TEORIA TRIDIMENSIONALISTA DE MIGUEL REALE


 Por essa teoria Reale teria superado o mero normativismo jurídico que
prevalecia nos meios acadêmicos e jurisprudenciais de sua época,
demonstrando que o fenômeno jurídico decorre de um fato social,
recebe inevitavelmente uma carga de valoração humana, antes de
tornar-se norma. Assim, Fato, Valor e Norma em seus diferentes
momentos, mas interligados entre si, explicariam a essência do
fenômeno jurídico.

 Fato social – existe como realidade social e cultural.


 Valores – é sempre o reflexo dos valores adotados pela sociedade
 Norma – uma norma, ordenação que é criada para prevenir ou conter
uma conduta desviante.
A TEORIA TRIDIMENSIONALISTA DE MIGUEL REALE


 A norma jurídica não vem da cabeça do legislador ele tem que extrair
do fato social e dos valores. O fenômeno jurídico se apresenta como um
fenômeno cultural.

 Direito é uma ciência humana, Miguel NÃO reduz o direito ao


NORMATIVISMO.
A análise do esquema abaixo vem reafirmar o que foi dito anteriormente,
vejamos:

a) Se F (fato) é, deve ser P (prestação).


b) Se não for P (prestação), deverá ser S (sanção).
Assim : Sendo F o (fato social histórico e social), P prestação(valor) e S
sanção(norma).
A TEORIA TRIDIMENSIONALISTA DE MIGUEL REALE


 Exemplificando a Teoria Tridimensional do Direito de maneira
simplória, seria assim:

Dois automóveis da Ford, um Fiesta e uma Ecosport. A Ecosport é


montada com toda tecnologia de última geração e o velho Fiesta cheio de
defeitos, comprometendo a segurança dos passageiros, então a fábrica tem
que chamar os clientes que compraram o Fiesta para fazer um recall e
adaptar o carro de acordo com as normas de segurança do trânsito,
segundo o código de defesa do consumidor. Para a Teoria o Fato seria a
fabricação e a venda dos carros, o Valor seria a existência de um carro
bom e outro desatualizado e a norma seria o código de defesa do
consumidor.
TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO


 O DIREITO parte de uma FATO para atingir um
VALOR e culmina em uma NORMA LEGAL.

 A SOCIOLOGIA DO DIREITO que parte da


NORMA para avaliar o seu VALOR SOCIAL e
posteriormente se chegar a análise do FATO.

 A FILOSOFIA DO DIREITO que vai a partir de


determinado FATO JURÍDICO e de sua relação com
determinada NORMA avaliar o seu VALOR dentro
do grupo social.
DIREITO E A VIDA


A vida jurídica é uma parte da vida humana.

A vida sem o direito perde o caráter humano. Por isso o direito protege
a vida nas suas manifestações elevadas de família, sociabilidade,
organização e cultura.
CONCEITO DE ESTADO


É a pessoa jurídica soberana. Constituída por um povo politicamente
organizado, sob um território e um governo soberano, reconhecido
interna e externamente, sendo responsável pela organização e
controle social, pois detém o monopólio legítimo do uso da força e
da coerção, com a finalidade de realizar os fins previstos na
Constituição.

É a pessoa jurídica formada por uma sociedade que vive num


determinado território e subordinada a uma autoridade soberana.
(MILARÉ, Édis et al. Manual do Direito Público e Privado, 18ª.
Edição, revista atualizada, p. 65)
ELEMENTOS DO ESTADO


 População: conjunto de todos os habitantes do território do
Estado.
 Povo: conjunto dos cidadãos que mantém vínculos políticos e
jurídicos com o Estado.
 Território: É o espaço para o qual, segundo o Direito
Internacional geral, apenas uma determinada ordem jurídica
está autorizada a prescrever atos coercitivos e onde podem ser
executados (H. Kelsen).
 Governo: refere-se ao exercício do poder do Estado ou à
condução política geral. Seria apenas uma das instituições
(escolas, as prisões, os hospitais públicos, o exército, dentre
outras), que compõem o Estado, com a função de administrá-lo.
DIREITO E ESTADO


Relação do Direito e Estado, existe três explicações:

O ESTADO é anterior e superior ao DIREITO, tese do jurista britânico


John Austin, tido como criador da moderna teoria jurídica da
SOBERANIA – o direito não é outra causa que o MANDATO DO
SOBERANO.

O DIREITO é anterior e superior ao ESTADO, ponto de vista das


doutrinas do DIREITO NATURAL desde Grocio, Pufendorf, Locke e
Wof até Krabvel e Dugut – O Estado está sujeito à AUTORIDADE
DO DIREITO.

O ESTADO e o DIREITO são idênticos. Kelsen, o fundador da escola


do DIREITO PURO. Para ele nem o Estado é anterior ao Direito,
nem o Direito é anterior ao Estado, porque ambos se confundem e
são sinônimos. Distingue o Direito Público e Direito Privado.
DIFERENÇA ENTRE ESTADO DO PODER E ESTADO DE DIREITO

ESTADO DO PODER
 – quando nesses
Estados nenhum Direito existe.

ESTADO DE DIREITO – quando o Estado se submete as normas que


ele cria, podemos então dizer que nesse Estado particular o PODER
SOBERANO ESTA SUBMETIDO AO DIREITO.

ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO – DEMOS=POVO;


KRACIA=GOVERNO. Em sua origem GREGA, democratia quer
dizer "governo do povo". Os atos de governo são exercidos por
membros do povo ditos "politicamente constituídos", que são
aqueles nomeados para cargos públicos através de ELEIÇÃO.
DIREITO E POLÍTICA


O Direito como instrumento da política e a política como meio do
Direito.

O Direito é um fenômeno da cultura, fenômeno da razão, da


inteligência, um fenômeno ESPIRITUAL.

O Direito não se confunde com o poder e a força, com violência e o


temor, ele tem sentido racional, baseia-se nas exigências da vida, nas
necessidades sociais e humanas, e inspira-se na JUSTIÇA.

O Direito desenvolve-se pelos valores culturais, mas, por sua vez,


protege a cultura e garante a civilização.

Relacionar o direito com a vida e a cultura é elevá-lo a uma concepção superior,


ligando-o com valores mais significativos, tais como: a liberdade, o
humanismo, a personalidade e a dignidade humana, sabendo distingui-lo
do Estado, do poder, da força e da violência.
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO


Segundo Sérgio Pinto Martins entende que princípio é:

Os princípios podem ser considerados como fora do ordenamento


jurídico, pertencendo à ÉTICA. Seriam regras morais, regras de
conduta que informariam e orientam o comportamento das
pessoas. Entretanto, os princípios do Direito têm características
jurídicas, pois se inserem no ordenamento jurídico, inspiram e
orientam o legislador e o aplicador do Direito. Os princípios podem
originar-se da ética ou da política, mas integrando-se e tendo
aplicação no Direito. (MARTINS, 2004, p. 47).
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO


Outra Corrente entende que os princípios estão no âmbito do Direito
Natural, do jusnaturalismo. Seriam idéias fundantes do Direito,
que estariam acima do ordenamento jurídico positivo. Seriam
regras oriundas do Direito Natural. Os princípios estariam acima
do direito positivo, sendo metajurídicos (condições jurídicas
excepcionais que dificilmente se podem analisar com os recursos
convencionais da jurisprudência). Prevaleceriam sobre as leis que
os contrariassem. Expressam valores que não podem ser
contrariados pelas leis. (MARTINS, 2004, p. 47).
JUSTIÇA


Paulo Nader comenta: “A palavra JUSTO, vinculada à justiça, revela
aquilo que está conforme, que está adequado. A parcela de ações
justas que o Direito considera é a que se refere às riquezas e ao
mínimo ético necessário ao bem-estar da coletividade” (NADER,
2000, p.102).

A JUSTIÇA é importante não apenas para o Direito, mas em todos os


fatos sociais por ela alcançados. Seria insuportável viver numa
sociedade INJUSTA.

“Teu dever é lutar pelo direito, mas, no dia em que encontrares o


direito em conflito com a justiça, luta pela justiça!” Eduardo
Couture.
“Todo direito deve ser uma tentativa de um direito justo” Stammler.
JUSTIÇA E DIREITO


A justiça NÃO é COERCÍVEL (poder de força para o seu
cumprimento), enquanto o direito É;

A justiça é AUTÔNOMA (querer espontâneo), pois não é


imposta à nossa consciência, brotando nela como os demais
ideais de valores, sendo assim, valor moral, enquanto o direito
é HETERÔNOMO (sujeição ao querer alheio), por termos a
consciência de nos ser ele imposto pela sociedade (costumes)
ou pelo poder público (legislação).

A justiça é a meta a ser atingida pelo direito e, desta forma,


distingui-se deste como o “meio” da “finalidade”. É critério
das leis, das condutas e das sentenças judiciais.
JUSTIÇA E DIREITO

• O que é justiça?

R: Justiça é síntese dos valores éticos, é uma das primeiras verdades que
afloram o espírito. A semente do justo se acha presente na consciência dos
homens.

• A justiça possui um caráter absoluto?


R: Os autores positivistas admitem apenas a justiça relativa (a justiça é algo
inteiramente subjetivo, a medida do justo seria variável de grupo para
grupo ou até mesmo de pessoa para pessoa). A corrente jusnaturalista,
coerente com sua linha de pensamento, sustenta a tese do caráter absoluto
da justiça com valor. Se as medidas do justo derivam do Direito Natural,
que é eterno, imutável e universal, devem possuir igualmente esses
caracteres.
•  
JUSTIÇA E DIREITO


• Qual a importância da justiça para o Direito?
R: A ideia de justiça faz parte da essência do Direito. Para que a ordem jurídica seja
legítima, é indispensável que seja a expressão da justiça. Se o ordenamento
jurídico se afasta dos princípios do direito natural, prevalecem as leis injustas.
A justiça é importante não apenas no campo do direito, mas em todos os fatos
sociais por ela alcançados. A vida em sociedade, sem ela, seria insuportável. Ao
referir-se à justiça, o filósofo Kant declarou: “Se esta pudesse perecer, não teria
sentido e nenhum valor que os homens vivessem sobre a terra”.

• Quais são os critérios para avaliação da justiça?


R: A noção de justiça pressupõe uma avalição de certos critérios, que dispomos em
duas ordens:
critérios formais da justiça: igualdade – exige tratamento igual (princípio da
isonomia) para todas as situações; proporcionalidade – é indispensável se
socorrer deste tipo de critério, diante de situações desiguais.
Critérios materiais de justiça – o que deverá ser levado em consideração ao julgar:
o mérito, a capacidade ou a necessidade?
JUSTIÇA E DIREITO


• Qual a diferença de Justiça Convencional e Justiça Substancial?
Justiça convencional é a que decorre da simples aplicação das normas aos
casos previstos por lei. Convencional porque é fruto apenas de uma
convenção social, sem qualquer outro fundamento.

Justiça substancial se fundamenta, nos princípios do direito natural. Não


se contenta com a simples aplicação da lei.
JUSTIÇA E DIREITO


• De que forma acontece a classificação da justiça?
Decorre da distinção Aristotélica entre justiça distributiva e corretiva, Santo Tomas
acrescentou a justiça geral.
Justiça distributiva – apresenta o Estado como agente, a quem compete a repartição
dos bens e dos encargos aos membros da sociedade. Ex.: ao ministrar o ensino
gratuito, prestar assistência médico-hospitalar, efetuar doação ao entidade cultural
ou beneficente, o Estado desenvolve a justiça distributiva.
Justiça Comutativa – é a forma de justiça que preside às relações de troca entre os
particulares. O critério que adota é o da igualdade quantitativa, para que haja
correspondência entre o quinhão que uma parte dá e o que recebe. Ex.: manifesta-se
principalmente nos contratos de compra e venda, em que o comprador paga o preço
equivalente ao objeto recebido.
Justiça Geral – consiste na contribuição dos membros da comunidade para o bem
comum. Os indivíduos colaboram na medida de suas possibilidades, pagando
impostos, prestando o serviço militar etc. É chamada legal por alguns, pois
geralmente vem expressa em lei.
Justiça Social – consiste a sua finalidade na proteção aos mais pobres e aos
desemparados.
LEIS INJUSTAS

• O que são leis injustas?



Lei injusta é a que nega ao homem o que lhe é devido, ou que lhe confere
o indevido, quer pela simples condição de pessoa humana, por seu
mérito, capacidade ou necessidade.
• Quais são as espécies de leis injustas?
Existe uma divisão tricotômica: Injustas por destinação; causais e
eventuais.
a)As injustas por destinação são aquelas que vão cumprir uma finalidade
já prevista pelo legislador. Ex.: são as leis que já nascem com o pecado
original e levam consigo o selo da imoralidade.
b)As causais são as que surgem em decorrência de uma falha de política
jurídica. Ocorre o desvio de finalidade.
c)As eventuais do mesmo modo que as causais, não tem por base a má-fé
do legislador. Surgem por incompetência de técnica legislativa. Ao ser
aplicada no caso concreto se torna injusta.
EQUIDADE

• O significa equidade?

R: Aristóteles traço com precisão o conceito de equidade considerando-a
“uma correção da lei quando ela é deficiente em razão da sua
universalidade” e comparou-a com a “régua de Lesbos” que, por ser de
chumbo, se ajustava às diferentes superfícies: “a régua adapta-se a forma
da pedra e não é rígida, exatamente com o decreto se adapta aos fatos”.

Equidade é a justiça ao caso concreto. Ex.: art. 6 e 25 da Lei do Juizado


Especial, que permite ao juiz “adotar em cada caso a solução reputar
mais conveniente ou oportuna”.
LEIS DA NATUREZA


A natureza é um corpo vivo, que se mantém em permanente movimento e
transformação, em decorrência da existência de numerosas leis que regem
o mundo. A lei natural definida por Montesquie: “a relação necessária
derivada da natureza das coisas”, possui caracteres particulares, entre os
quais se destacam: universalidade, imutabilidade, inviolabilidade e
isonomia.
•Universais: são iguais em todos os lugares.
•Imutáveis: não sofrem variações. Não evoluem. Não perdem e nem
recebem novas dimensões.
•Invioláveis: aquilo que não se pode violar, infringir.
•Isonomia: é o princípio da igualdade de todos perante a natureza.

Princípio da Causalidade. No reino da natureza, nada acontece por acaso. Cada


fenômeno tem a sua explicação em uma causa determinante. Corresponde este
princípio ao nexo existente entre a causa e o efeito de um fenômeno.
DIREITO NATURAL


O Direito natural NÃO são normas elaboradas pelo homem, emanam de uma
vontade superior porque pertencem à própria natureza humana, como por
exemplo: O direito de reproduzir, o direito de constituir família, o direito
de viver, o direito de liberdade.
Fontes do direito natural:
 natureza (leis naturais são anteriores ao próprio Estado);
 vontade de Deus (em sendo a natureza obra de Deus as normas de Direito
Natural correspondem as regras criadas por ele para reger o
funcionamento da natureza);
 racionalidade dos seres humanos. (os filósofos Iluministas entendem que
a natureza organiza-se RACIONALMENTE. A Razão está por detrás da
natureza).

É atemporal (universal e imutável) é válido para todos os tempos. Chama-se


JUSNATURALISMO a corrente de pensamento que reúne todas as ideias
que surgiram, no decorrer da história, em torno do direito natural.
DIREITO POSITIVO


É a ORDENAÇÃO JURÍDICA da sociedade política.

O DIREITO POSITIVO depende da vontade humana.

É temporal válido por determinado (mutável) tempo e base territorial.

O Direito Positivo se funda num princípio dominante, inscrito na


Constituição Federal, art 5º, II, “ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei” (princípio da
legalidade).

O Direito Positivo em todos os sistemas jurídicos compõe-se de


normas jurídicas, que são padrões de conduta social impostos pelo
Estado, para que seja possível a convivência dos homens em
sociedade.
DIREITO OBJETIVO


Direito Objetivo – é o mesmo que o Direito Positivo, ou seja, direito
posto ou imposto pelo Estado e dirigido a todos, como norma geral
de agir NORMA AGENDI (norma de agir). JUS EST NORMA
AGENDI.

Por ser formado de normas jurídicas, o Direito Positivo é sempre


Objetivo, mas nem todo Direito Objetivo é Positivo.

As normas de direito POSITIVO recebem o nome técnico de LEIS.


DIREITO OBJETIVO


As normas do Direito Objetivo nascem de sete fontes distintas.
Conseqüentemente, ordena-se em sete categorias diferenciadas.
Classificação estabelecida por Goffredo Telles Junior em Iniciação na Ciência
do Direito, 2a. ed. 2002, p.105/109.

 PRIMEIRA FONTE dessas normas é o Poder Constituinte que é o Poder do


Povo de ditar a Constituição fundamental do Estado;
 SEGUNDA FONTE é o Poder Legislativo, em suas três esferas: federal,
estadual e municipal;
 TERCEIRA FONTE é o Poder do Chefe do Governo (Presidente da
República, Governadores e Prefeitos). Suas normas são os decretos,
regulamentos, portarias, instruções, avisos, circulares, etc.;
 QUARTA FONTE é o Poder Judiciário, todas as normas emanadas do Poder
Judiciário (Poder dos Juízes e dos Tribunais) formam a categoria das normas
do Direito Objetivo;
DIREITO OBJETIVO



QUINTA FONTE são os usos e costumes, nos casos em que a lei e os
Tribunais assim o admitem e o consideram. O art. 4º da Lei de Introdução
ao Código Civil dispõe: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito”.

 SEXTA FONTE são os princípios gerais do direito, nos casos em que forem
tidos como fundamentos ou manancial de inspiração de decisões judiciais;

 SÉTIMA FONTE é a vontade autônoma das pessoas: provêm dos


contratos de todo o gênero e os convênios; as normas estatutárias,
institucionais ou corporativas de todas as associações, como contratos
sociais de sociedades e empresas, estatutos, regimentos e regulamentos de
instituições, as normas resultantes de convenções coletivas de trabalho.
DIREITO SUBJETIVO


Indica-se a faculdade individual de agir de acordo com o direito
(FACULTAS AGENDI), isto é, a faculdade que cada um tem de agir
dentro da regra da lei e de invocar a sua proteção na defesa de seus
legítimos interesses. JUS EST FACULTAS AGENDI.

Não cumprindo espontaneamente o dever jurídico, o titular do direito lesado


tem reconhecido constitucionalmente a possibilidade de exigir do Estado
que intervenha para assegurar o cumprimento da norma, com a entrega da
prestação. Trata-se do direito de ação, previsto no art. 5º, XXXV da
Constituição, em dispositivo assim redigido: “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
DIREITO SUBJETIVO


Conceito de Direito Subjetivo segundo Clóvis Bevilacqua:
“O direito subjetivamente considerado é um poder de
ação assegurado pela ordem jurídica. COMPREENDE: 1 -
sujeito; 2 - um objeto; 3 - relação que os liga”.

O Direito Subjetivo é garantido pelos princípios de:


 Contraditório;
 Ampla Defesa;
 O devido processo legal.
SISTEMA DE NORMAS


NORMA – é uma espécie de princípio, de preceito, de regra. A
norma é um mandamento, nela se insere um comando
imperativo.

NORMA NÃO-ESCRITA – sua origem é na prática usual


(costumes), DIREITO CONSUETUDINÁRIO.

NORMA ESCRITA – é elaborada pelos órgãos do Estado


(NORMAS JURÍDICAS).
NORMAS JURÍDICAS


NORMAS JURÍDICAS – é a regra social garantida pelo PODER DE
COERÇÃO do estado, tendo como objetivo básico e teórico a
PROMOÇÃO DA JUSTIÇA.

Muitas são as espécies de normas jurídicas. As leis formam uma


dessas espécies. Todas as leis são normas jurídicas. Mas muitas
normas jurídicas NÃO são leis.

Somente são leis as normas elaboradas pelo Poder Constituinte e pelo


Poder Legislativo, confeccionadas com obediência a ritos
próprios, que são chamados processo constituinte e processo
legislativo.
CARACTERISTICAS DA NORMA JURÍDICA


Coercibilidade possibilidade de uso da coação, que é o poder de força,
tem dois elementos: psicológico intimidação na violação da norma
e o material é a força acionada quando o destinatário da regra não
a cumpre espontaneamente. Ex.: quando o juiz determina a
condução de uma testemunha ou ordena leilão dos bens do
executado ele esta acionando a força estatal a serviço do direito);

Sanção (medida punitiva para a hipótese da violação da norma –


resposta a violação. Ex.: quando condena o acusado a uma pena
privativa de liberdade ou pecuniária, aplica a sanção penal);

Bilateralidade sistema imperativo (impor dever) e autorizante (conferir


direitos);

Geral e Abstrata – não regula um caso concreto, isolado estabelece um


princípio aplicável a todos;

Promoção da Justiça.
DIFERENÇA ENTRE COERÇÃO E COAÇÃO


 COERÇÃO – é o efeito psicológico da sanção e que tem a
função preventiva. Age sobre o destinatário como um aviso: se
ele não cumprir a norma jurídica, poderá sofrer os efeitos
concretos da sanção.

 COAÇÃO – é o último estágio da aplicação da sanção. É a sua


aplicação forçada, contra a vontade do agente que descumpriu
a norma.
ABSTRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA


Abstratividade: a norma não foi criada para regular uma situação
concreta ocorrida, mas para regular, de forma abstrata, abrangendo o
maior número possível de casos semelhantes, que, normalmente,
ocorrem de uma forma. A norma não pode disciplinar situações concretas,
mas tão somente formular os modelos de situação, com as características
fundamentais, sem mencionar as particularidades de cada situação, pois é
impossível ao legislador prevê todas as possibilidades que podem ocorrer
nas relações sociais. 

Ex.: o art. 129 do CP: “Ofender a integridade corporal ou a saúde de alguém. Pena: detenção, de 3 (três) meses
a 1 (um) ano.
A norma supracitada descreve a conduta de “ofender a integridade ou a saúde de alguém”. Por ser norma
abstrata, não descreve a conduta como ocorre singularmente, ou seja, não diz de que forma se dá à ofensa, se
com ou sem a utilização de algum objeto, se com objeto, com que tipo de objeto etc. A lei se limita a
descrever apenas o denominador comum, que vem a ser a ofensa à integridade corporal ou à saúde de
outrem. 
CARACTERISTICAS DA NORMA JURÍDICA

• O que significa coercibilidade?



R: Coercibilidade é a possibilidade do uso da coação. Coação é uma
reserva de força a serviço do direito. Sanção medida punitiva para a
hipótese de violação das normas.

Numa acepção genérica, a palavra coação é sinônima de violência


praticada contra alguém. Se a pressão for irresistível e impedir a livre
manifestação da vontade, tal vício contrapõe-se ao Direito e torna
anulável o ato jurídico.
Mas num segundo sentido, a coação é força organizada do poder e
interfere para que haja exato cumprimento obrigatório do Direito pelo
obrigado. Tem-se aqui o próprio Direito armado da força para garantir o
seu cumprimento.
CARACTERISTICAS DA NORMA JURÍDICA

• Diferença de coação e sanção?



R: coação é uma reserva de força a serviço do direito quando destinatário
não cumpre espontaneamente a norma. Sanção medida punitiva para a
hipótese de violação da norma. Ex.: coação quando o juiz determina a
condução da testemunha ou ordena o leilão de bens do executado.
Sanção Ex.: quando o juiz condena o acusado a uma pena privativa de
liberdade ou pecuniária, aplica a sanção legal.

Alguns doutrinadores entendem que o Direito sem a coação “é um fogo


que não queima”.

Coação é a aplicação forçada da sanção. Por exemplo, não cumprido um


contrato, a sanção pode ser uma multa. Se não paga, pode o devedor ser
compelido a quitá-la pelo Poder Judiciário, por meio da penhora dos
bens dele. É uma das maneiras que se opera a coação.
CARACTERISTICA DA NORMA JURÍDICA


• O que significa generalidade da norma jurídica?
GENERALIDADE – A norma jurídica não tem caráter personalíssimo, é
preceito de ordem geral dirigida indistintamente a todos os indivíduos
que se encontram na mesma situação jurídica.

• O que significa bilateralidade da norma jurídica?


O Direito existe sempre vinculando duas ou mais pessoas, atribuindo
poder a uma parte e impondo deve à outra. Bilateralidade significa, pois,
que a norma jurídica possui dois lados: um representado pelo direito
subjetivo e outro pelo dever jurídico, de tal sorte que um não pode
existir sem o outro. Em toda relação jurídica há sempre um sujeito ativo,
portador do direito subjetivo e um sujeito passivo, que possui o dever
jurídico.
HIERARQUIA DAS NORMAS JURÍDICAS


NORMAS CONSTITUCIONAIS – tem conteúdo na constituição, ocupam o
grau mais elevado da hierarquia das normas.

NORMAS COMPLEMENTARES – são as leis que complementam o texto


constitucional.

NORMAS ORDINÁRIAS – são as matérias que disciplinam as demais


matérias, exceto a constitucional, cujo processo de formação é disciplinado
pela constituição. Ex. leis federais, estaduais e municipais, as medidas
provisórias e decretos federais, estaduais e municipais.

NORMAS REGULAMENTARES – são os regulamentos estabelecidos pelas


autoridades administrativas do Executivo em desenvolvimento da lei. Ex.:
decretos e portarias.

NORMAS INDIVIDUAIS – são as normas que representam a aplicação


concreta das demais normas do Direito à conduta social das pessoas. Ex.:
sentenças judiciais, contratos, etc.
DIVERSAS REGRAS DE CONTROLE SOCIAL


O Direito NÃO é o único instrumento responsável pela
harmonia da vida social.
 A moral,
 A religião e
 regras de trato social,

são outros processos normativos que condicionam a vivência


do homem na sociedade.
DIREITO E RELIGIÃO


• A falta de conhecimento científico era suprida pela fé. As crenças
religiosas formulavam as explicações necessárias. O Direito era
considerado como uma expressão divina. Ex.: o Código de Hamurabi
(2000 A.C).
• O movimento de separação entre o Direito e a Religião cresceu ao longo
do século XVIII, especialmente na França antes da Revolução Francesas
(1.789).
• Alguns países do mundo mulçumano restabeleceram a vigência do
Alcorão, livro da seita Islâmica, para disciplinar a vida de seu povo.
• O maior ponto convergente entre eles diz respeito à vivência do bem.

A sanção jurídica, em sua generalidade, atinge a liberdade ou o


patrimônio, enquanto que a religião limita-se ao plano espiritual.
DIREITO E RELIGIÃO

DIREITO
 RELIGIÃO

Bilateral Unilateral
Coercível Incoercível
Heterônomo Autônomo
Exterior Interior
Sanção Prefixada Geralmente é prefixada

Obs.: O descumprimento da norma tem como consequência a sanção.


Ex.: de sanção religiosa é a proibição de novo casamento. Sanção no cível
são nulos os atos praticados que tenham objeto ilícito.
DIREITO E RELIGIÃO


Ponto de convergência. O Direito se interessa pela realização da justiça
apenas dentro de uma equação social, na qual participa a ideia do bem
comum. A religião analisa a justiça em âmbito maior, na qual participa a
ideia do bem comum.

Ponto de divergência. O Direito tem por meta a segurança, enquanto que a


Religião parte da premissa de que esta é inatingível. A segurança
procurada pelo Direito nada tem a ver com a segurança questionada pela
Religião. A segurança jurídica se alcança a partir da certeza ordenadora,
enquanto que a religiosa se refere a questões transcendentais.

O que é Laicização?
R: Toda sociedade Laica é aquela que não possui religião e afasta de si os
preceitos religiosos. A Laicização é o processo pelo qual a sociedade torna-
se laica sem incentivos religiosos ou o pragmatismo natural das religiões.
DIREITO E MORAL


• Direito e Moral são instrumentos de controle social que não se excluem,
antes, se completam e mutuamente se influenciam.
Distinções quanto ao conteúdo:

a)O significado de ordem do Direito e o Sentido de Aperfeiçoamento da


Moral.
A função primordial do Direito é de caráter estrutural: o sistema de
legalidade oferece consistência ao edifício social.
A Moral visa ao aperfeiçoamento do ser humano e por isso é absorvente,
estabelecendo deveres do homem em relação ao próximo, a si mesmo e,
segundo a Ética superior, para com Deus. O bem deve ser vivido em
todas as direções.
DIREITO E MORAL


b) Teoria dos Círculos e o “Mínimo Ético”
•Teoria dos círculos concêntricos – Jeremy Bentham (1748 – 1832),
jurisconsulto e filósofo Inglês, concebeu a relação entre o Direito e a
Moral, recorrendo à figura geométrica dos círculos. A ordem jurídica esta
totalmente incluída no campo da moral.

•A teoria dos círculos secantes – para Du Pasquier. Direito e Moral


possuiriam uma faixa de competência comum e, ao mesmo tempo, uma
área particular independente.

•A visão Kelsiana – Kelsen concebeu os dois sistemas como esferas


independentes.
DIREITO E MORAL


• A teoria do “mínimo ético” – desenvolvida por Jellinek, consiste na
ideia de que o Direito representa o mínimo de preceitos morais
necessários ao bem-estar da coletividade. Para o jurista alemão toda
sociedade converte em Direito os axiomas morais estritamente essenciais
à garantia e preservação de suas instituições.

• A prevalecer essa concepção o Direito estaria implantando, por inteiro,


os domínios da Moral, configurando, assim, a hipótese dos círculos
concêntricos.
DIREITO E MORAL

DIREITO
 MORAL
Bilateral Unilateral
Heterônomo Autônoma

Exterior Interior
Coercível Incoercível
Sanção Prefixada Sanção Difusa

Obs.: Tendo em vista o fim a que se destina, a moral só comporta sanções


internas (remorso, arrependimento, desgosto íntimo, sentimento de
reprovação geral). A regra de Direito, ao inverso, conta com a coação para
coagir os homens. Conta, ainda, com a coerção. Se não existissem esses
elementos coativo e coercitivo, não haveria segurança nem justiça para a
humanidade.
DIREITO E NORMAS DE TRATO SOCIAL


 As regras de trato social são padrões de conduta social, elaboradas
pela sociedade e que, não resguardando os interesses de segurança do
homem, visam a tornar o ambiente social mais ameno, sob pressão da
própria sociedade.

 São regras de cortesia, etiqueta, protocolo, cerimonial, moda,


linguagem, educação, decoro, companheirismo, amizade, etc.

 As regras de trato social são padrões de conduta social elaboradas pela


sociedade e que, visam a tornar o ambiente social mais ameno, sob
pressão da própria sociedade.
REGRAS DE TRATO SOCIAL

DIREITO
 TRATO SOCIAL
Bilateral Unilateral
Coercível Incoercível
Heterônomo Heterônomo
Exterior Exterior
Sanção Prefixada Sanção Difusa
Sanção difusa. Incerta e consiste na reprovação, na censura, crítica, rompimento de
relações sociais e até expulsão do grupo.. Ex.: indivíduo que nega ajuda ao amigo,
viola preceitos de companheirismo.
Heteronomia. Os padrões de conduta não nascem na consciência de cada indivíduo.
A sociedade cria essas regras de forma espontânea, natural e, por considerá-las úteis
ao bem-estar, passa a impor o seu cumprimento.
Exterior. Visam apenas à superficialidade, às aparências, ao exterior. Ex.: quando se
deseja um bom dia a alguém, cumpre-se um dever social, que não requer
intencionalidade. O querer do indivíduo não é necessário.
CARACTERISTICAS DIVERSAS REGRAS DE CONTROLE
SOCIAL


DIREITO é: BILATERAL – HETERÔNOMO – EXTERIOR - COERCÍVEL
– SANÇÃO PREFIXADA

MORAL é: UNILATERAL – AUTÔNOMO – INTERIOR –


INCOERCÍVEL – SANÇÃO DIFUSA

REGRAS DE TRATO SOCIAL é: UNILATERAL – HETERÔNOMO –


EXTERIOR – INCOERCÍVEL – SANÇÃO DIFUSA

PRECEITOS RELIGIOSOS é: UNILATERAL – AUTÔNOMO –


INTERIOR – INCOERCÍVEL – SANÇÃO GERALMENTE
PREFIXADA

Obs. Heterônomo – Sujeição ao querer alheio. As regras jurídicas são impostas


independentemente da vontade dos destinatários. Autônomo – querer
espontâneo. Não nos são impostas. Interior – está na consciência de cada
indivíduo. Exterior – as ações humanas é que determinam.
MENSAGEM


 “A justiça gera a grandeza dos povos; a injustiça, a sua
decadência e morte”. (Humberto Grande).

 “A humanidade para desenvolver-se precisa de justiça. Assim


esta é a solução dos problemas mundiais” (Humberto Grande).

 “O direito, tanto na esfera nacional como mundial, é uma forma


de humanização do homem, para que refreie os instintos
primitivos, discipline as suas normas de conduta, organize
socialmente a sua vida e estabeleça um sistema de direitos e
deveres, direitos e garantias, direitos e sociabilidade, onde as
demandas são resolvidas pacificamente pelos tribunais, sem luta
sangrenta, bárbara e primitiva” (Humberto Grande).

 “Dura lex sede lex – A lei é dura, mas é lei”.

Você também pode gostar