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CURATIVOS

Enf. Ágda Andres

Aula elaborada a partir do curso de curativos com a


enfermeira Enfª. Maria Terezinha Honório
Maior sistema orgânico do corpo,
participa de muitas funções vitais
do organismo.

mede +- 2 m² 16% do peso corpóreo 1 a 4 mm de espessura


Constituída de:

• Epiderme
• Derme

Seguida de:
• Tecido subcutâneo ou hipoderme;
• Fáscia
• Músculo
• órgãos e ou ossos.
Epiderme

Principal função:

• Manter a pele hidratada;


e
• Proteger de agressores
externos.

.
Derme

Principal função: elasticidade e


regulação.

Constituída de:
• Tecido conjuntivo rico em colágeno e
elastina;
• capilares;
• Glândulas sebáceas;
• Folículos pilo-sebáceos;
• Glândulas sudoríparas;
• Terminações nervosas;

Figura: www.forp.usp.br/mef/embriologia/pele_anexos.htm
Hipoderme ou tecido subcutâneo
• Constituída sobretudo por tecido
conjuntivo frouxo ou adiposo.

Principais funções:

•- Proteção contra traumatismo;

•-Isolamento térmico – a gordura


é má condutora de calor;

•- Delimita os contornos;

• - Preenchimento de espaços entre


os órgãos viscerais;

• -Reserva energética.
Síntese de
Vitamina D: essencial
para o metabolismo do
Cálcio.
Proteção contra
agentes externos: forças mecânicas,
químicas, térmica, irradiação,
Comunicação: Expressão
facial; afago, toque...
microrganismos....
Equilíbrio hídrico:
regula a evaporação de
Regulação
Líquidos.
da temperatura: glândulas Barreira hídrica: envoltório
sudoríparas e piloereção; celular glicolipídico.
vasoconstrição e
vasodilatação.

Resposta Imune:
Percepção Sensorial: • Alberga leucócitos, linfócitos que regulam
tato, dor, calor. resposta imunitária.
Solução de continuidade de qualquer tecido mole, com ou sem
perda de substâncias, a qual o organismo reage através de
alterações biológicas locais e sistêmicas.
Pode atingir a epiderme,derme, tecido subcutâneo, fáscia
músculos chegando a expor estruturas profundas.
No processo de cicatrização o corpo mobiliza
esforços
no sentido de:

• Estancar a perda sanguínea;

• Remover patógenos e restos celulares da ferida;

• Reparar o tecido mais profundo danificado;

• Promover a reepitelização;

• Remodelar o tecido cicatricial.


Independente da etiologia do trauma, a
cicatrização tende a seguir um curso
previsível e continuo que poderá sofrer
interferências interna e externa ao
organismo.
pode se dar por:

1ª intenção: junção dos bordos - sutura – perda tecidual mínima;

2ª intenção: aberta – certo grau de perda tecidual;

3ª intenção: fechada por 1ªintenção e reaberta intencionalmente.


FASES DA CICATRIZAÇÃO
Fases da cicatrização
1ª Fase: Hemostasica e Inflamatória- 1-4 DIAS

Ativação do sistema de Ativação do mecanismo de defesa


coagulação: vasoconstrição – imunológica: acionado sistema cinina-
tampão plaquetário – conversão de liberação substancias vasoativas- aumento
protrombina em trombinna que permeabilidade capilar – atração de agentes
transforma o fibrinogenio em fibrina de defesa – aparecimento dos sinais
insolúve que se adere ao vaso – flogísticos:
formando do coagulo rubor, calor, dor, edema.

2ª Fase: Proliferativa - 5 a 20 dias


Tem a mitose como atividade dominante

Macrófagos liberam fatores de crescimento


Neoangiogenese – liberação de fatores
da epiderme - proliferação de células epiteliais
de crescimento de fibroblastos
a partirda borda da ferida Epitelização
– síntese ativa de colágeno Granulação
simultaneamente á granulação

3ª Fase: Maturação – 21 dias a meses

-Reorganização das fibras de colágeno


- Regeneração dos vasos linfáticos e redução da capilarização
Retração da ferida e aumento da força tensil que pode atingir
até 80% da força natural.
Elementos indispensáveis para a
cicatrização:

• Eliminação do agente agressor;


• Irrigação sanguínea;
• Nutrição e oxigenação adequada.
Fatores que interferem no processo de
cicatrização 
 Locais: Gerais:
• Infecção local • idade;
•suprimento sanguíneo • estado nutricional
• região do corpo • queda da defesa imunológica;
• extensão da lesão • distúrbios da coagulação;
• desvitalização tecidual • drogas medicamentosas:
• corpos estranhos antiinflamátório, quimioterápicos
• edema corticóides (inibem cel. defesa)
• Ressecamento • ingesta de álcool;
• hipotermia e hipertermia
Fatores mecânicos : • status psicológico;
• pressão, cisalhamento e fricção; • status neurológico;
• mobilização local (tensões); • doenças associadas: vasculares,
• curativos repetidos; Diabetes, obesidade,
• tipo de coberturas; hepatopatias....
• fumo- vasoconstrição
• Insônia.
Inicia com:

Objetivos
 Conhecer o cliente de forma integral: aspectos
sócio-econômico, psicológico e de saúde;

 Planejar o cuidado de forma realista,


compartilhando este planejamento com equipe e o
cliente;

 Implementar condutas adequadas buscando a


otimização do processo de cicatrização;

 Avaliar os efeitos do cuidado e comparar


resultados.
ASPECTOS A SEREM AVALIADOS
Orientar cliente
1-Conhecer e equipe.
o cliente.
Avaliação
Eliminar/amenizar
2-Classificar a fatores de risco
ferida. para a
cicatrização.

Conhecer o
3-Conhecer a material
ferida: instrumento disponível.
de avaliação

Técnica Material
CLASSIFICAÇÃO DA FERIDA

CLASSIFICAÇÃO
CIRÚRGICAS
TRAUMÁTICAS
ULCERATIVAS
CIRÚRGICAS:

Provocadas por instrumentos cirúrgicos, com


finalidade terapêutica .

 incisivas- perda mínima de tecido.

 excessivas- remoção de áreas de pele


p. ex.: área doadora de enxerto, retirada
cirúrgica extensa de tecido necrótico.
CIRÚRGICAS:

FATORES DE RISCO PARA INFECÇÃO DO


SITIO CIRURGICO (ISC):

• Relacionados ao paciente:

• Relacionados ao procedimento cirúrgico:


- Trauma tecidual;
- Duração do procedimento;
- Potencial de contaminação.
CIRÚRGICAS:

 Fatores de risco para ISC relacionados a -


classificação
da cirurgia de acordo com o potencial de contaminação:

• Limpas;

• Potencialmente contaminadas;

• Contaminadas;

• Infectadas.
CIRÚRGICAS:

Limpas: risco de infecção 1a 2%

- Eletivas, fechadas por primeira intenção e sem drenos;

- Sem sinais de inflamação;

- Órgãos isentos de flora bacteriana;

- Não há quebra de técnica asséptica;

- Não há abordagem de vísceras ocas;

Ex.: herniorrafia, safenectomia, cirurgias neurológicas.


CIRÚRGICAS:

 Potencialmente contaminadas:

- risco de infecção 7 a 8%;

- Cirurgias do trato digestivo, respiratório;

genitourinário, orofaringe sem sinais de inflamação;

- Com população bacteriana nativa;

- Em condições assépticas ou pequena quebra


asséptica

ou com implantação de dreno.

Ex.:, gastrectomia, colpoperineoplastia,


colecistectomia com vesicula não inflamada.
CIRÚRGICAS:
 Contaminadas:
- risco de infecção 15 a 20%;

- Grande desvio da técnica estéril;

- Derrame de líquidos gastro -intestinal;

- inflamação não purulenta p.ex.: colecistectomia

inflamada;

- lesões traumáticas exposta a menos de 4 hs,

- Feridas abertas crônicas.

Ex.: colecistectomia com inflamação. com bile infectada


ou genitourinária com urina infectada.
CIRÚRGICAS:

 Infectadas:
- risco de infecção 50%

- Tecido desvitalizado

- Corpo estranho;

- Contaminação fecal;

- Exsudato purulento, infecção pré existente;


- Trauma penetrante a mais de 4 hs.
Ex.: ceco perfurado.
TRAUMÁTICAS
Provocadas acidentalmente por:
 Agentes Mecânicos:

Perfurante
Perfurante contusa

Cortantes

Contundentes:
- escoriações ou abrasão
- laceração
- hematoma;
- entorse;
- rotura de órgãos internos
TRAUMÁTICAS

 Agentes Químicos: - coagulantes e liquefacientes : sais


metálico cáusticos (nítrato de prata) e
ácidos.

 Agentes Físicos: - temperatura;


- pressão;
– eletricidade, e
- radioatividade.

 Agentes Biológicos: - contato: vegetais, animais...


- inoculação de veneno: picadas de
animais peçonhentos.
- penetração: parasitas- microorganismos.
Dealey (2002)
AVALIAÇÃO DA FERIDA Conhecer a ferida:

Epitelização
Tamanho Localização

Tipo de
Profundidade
granulação

Bordas Tipo e
quantidade
de tecido necrótico
Descolamento Tipo e quantidade
de exsudato

Sinais de infecção
(instrumento de avaliação do estado da úlcera de pressão
– Bárbara Bates- Jensen, 1990 – adaptado)
AVALIAÇÃO DA FERIDA

Estando alerta
para sinais de
Infecção.

• Halo de hiperemia
• Edema
• Exsudato purulento,
fétido e necrose
• Palidez do tecido
• Dor
• Mal estar
• Atraso na cicatrização
Indicativos de risco para a
ferida Sinais de infecção:
 locais : calor, eritema
ou hiperemia, exsudato,
Probabilidade ou processo infeccioso
odor.
já instalado.  sistêmico: hipertermia
 Extensão
(febre).
 Localização
Presença de necrose
Condições fisica e psicológica0
Infecção

Os microorganismos chegam até as feridas

Auto
contaminação

Pele
Trato gastrintestinal
Dispersão das Direto para o leito da ferida
bactérias no ar Cliente e
Profissional

objetos
• as bactérias são capazes de :

Penetrar
644
64
camadas
de gaze

• ficar suspensas no ar até 30 minutos

• secretar enzimas e toxinas que interferem na


cicatrização.

Laurence J. C. et al 2004
( Wound dressing)
As bactérias

Nas feridas contaminada:


• ficam na superfície da ferida e não
se proliferam;

Nas feridas colonizadas:


• se proliferam só na superfície, não
retardando a reparação tecidual;

Nas feridas com colonização crítica:

• já retardam a cicatrização.
Nas feridas infectadas:

• estão no interior dos tecidos, nas


camadas mais profundas e retardam
a cicatrização.
o cuidado realizado a uma área do
corpo que apresente ruptura
da integridade
ETAPAS DA TERAPIA TÓPICA

• REMOVER O CURATIVO ANTIGO;


• AVALIAR A LESÃO;
• REALIZAR O PROCESSO DE LIMPEZA;
• SELECIONAR A COBERTURA ADEQUADA.
Normas técnicas para realização da
terapia tópica

Técnica estéril – pacote de curativo


estéril ou luva, solução para a limpeza
e cobertura estéreis.

Técnica limpa – material limpo, a


limpeza
da lesão pode ser com água corrente,
cobertura limpa.
Limpeza: se refere ao uso de fluidos para,
suavemente, remover bactérias, fragmentos,
exsudatos, corpos estranhos, resíduos de
agentes tópicos e outros.
TERAPIA TÓPICA

Engloba
A Limpeza das lesões deve ser feita
com soluções biocompatíveis .
- Soro fisiológico à 0,9%
- água

Anti-sépticos – são substâncias providas de


ação bactericida e bacteriostáticas indicados
para pele e mucosas
INTEGRAS (Ministério da Saúde)
Limpeza :
Lesões fechadas: técnica tradicional

 Lesões abertas: irrigação com solução fisiológica a


0,9%, morna
(em torno de 37°C), com seringa de 20 ml e agulha
calibrosa
40X12 ou 30 X 10 = 9 psi.

EUA BRASIL
Seriga 30 ml Seringa de 20 ml
Agulha 19 G = 8 psi Agulha 40 x 12 =9,5 psi
25 x 8 = 13,5 psi

Tecido com granulação favorável a pressão não deve passar


de 15 psi – o ideal é 8 psi - recomendação da Agency for
Health Care Policy and Research (AHCPR)
Limpeza :

Lesão aberta com tec. Granulação:


evitar trauma mecânico e químico.
Limpeza :

Limpeza de ferida fechada: incisão cirúrgica


Desbridamento: é a remoção de tecidos
necrosados
aderidos, ou de corpos/partículas estranhas
do leito
da ferida, através de instrumental cirúrgico,
mecânico,
químico, autolítico, e biológico.
Desbridamento
instrumental
Biológico

Phormia regina
(blackbottle blowfly = mosca varejeira).

São larvas estéreis de moscas  preparadas em laboratório.


Se alimentam do tecido necrótico-fibrinoso.
Agora já posso decidir com mais
segurança!!!!

Que cobertura utilizar


AS COBERTURAS PODEM SER:

colocadas em contato direto com o leito da lesão


- absorve
- controlar colonização
- preservar umidade adequada
- proteger tecido neoformado,..

colocadas sobre a cobertura primária:


- absorve o excesso de drenagem
- comprimi
- promover barreira protetora,...

engloba as propriedades da primária e


secundária em um único curativo.
HIDROCOLÓIDES
 Mecanismo de ação:

O hidrocolóide interage com o exsudato da ferida


formando um GEL ,promovendo a umidade ideal
na interface ferida/cobertura
HIDROCOLÓIDES

 PLACA DE HIDROCOLÓIDE extra fina


COM E SEM PRATA grossa

 PASTA HIDROCOLÓIDE

 GEL HIDROCOLÓIDE
Placa fina
 feridas superficiais com
mínima exsudação
 proteção de pele em
prematuros para fixar
tubos e cateteres

Placa grossa:
 feridas abertas, planas;

 feridas com pouca exsudação;

 feridas não infectadas;


CARVÃO ATIVADO
Composição:

 tecido de carvão ativado puro


impregnado com prata a 0,15%.

Mecanismo de ação

 o carvão ativado neutraliza o odores desagradáveis da ferida;


 a prata combate os microorganismos;
 absorve exsudato.
CARVÃO ATIVADO
Indicação:
 feridas fétidas;

 feridas infectadas;

 feridas exsudativas.

 Feridas planas ou com cavidades.


CARVÃO ATIVADO
Aplicação:
 Cuidado especial: a embalagem não
pode ser recortada.

 colocar a cobertura diretamente


sobre a ferida.

 utilizar uma cobertura secundária.

 Em cavidades
pode ser moldado
para preenche-la;
PAPAÍNA
Composição:
- enzima proteolítica
- são encontradas nas folhas, caules e frutos da planta

Carica Papaya
Apresentação:
• pó, gel e pasta;
• tem boa estabilidade em misturas secas, na ausência de
umidade, agentes oxidantes e metais pesados.
• deve ser evitado temperaturas acima de 25°Celsius.
• soluções aquosas são estáveis por período limitado.

Mecanismo de ação:

- desbridante (enzimático) não traumática


- provoca dissociação das moléculas de proteínas;
- proporciona alinhamento das fibras de colágeno
- anti-inflamatória;
- bactericida;
- estimula a força tensil das cicatrizes;
- atua apenas em tecidos lesados, devido a anti-protease
plasmática (alfa anti-tripsina).
Troca:
• entre 12 a 24 horas

Concentrações:
• 10% para necrose coagulativa (escara);
• 4 a 6% para exsudato purulento, necrose umida;e
• 2% para uso em tecido de granulação.

Cuidados no armazenamento:
• fotossensíbilidade;
• contato com substancias oxidantes (ferro/iodo/oxigênio),
• manter em geladeira ou em temperatura inferior a 25 °
Composição:

POLISSACARÍDIOS
DERIVADOS DE
ALGAS MARINHAS
MARRONS (ácidos gulurônicos
e manurônico + ions cálcio).
mecanismo de ação:
 o sódio presente no exsudato e no sangue,
interage com o cálcio presente nas fibras de
alginato, formando um gel meio úmido ideal para a
cicatrização.

É totalmente
absorvido pelo organismo.
Ferida plana (absorção vertical) Indicação:

Feridas abertas:
 altamente exsudativas - a alta
capacidade de absorção diminui
a necessidades de trocas;

Ferida com cavidade  sangrantes - induz a hemostasia.

 com ou sem infecção,


até a redução do exsudato.
Auxilia no desbridamento

autolítico. 20 vezes o seu peso em fluidos,


autolítico.e
enquanto a gaze absorve apenas 3 a 4 vezes
o seu peso.
Quando trocar:
 feridas limpas altamente exsudativas: quando saturar;

 feridas limpas com sangramento:


a cada 48hs ou antes deste
prazo quando saturado;

 feridas com necrose: no máximo


até 72 hs.
 feridas infectadas: no máximo 24hs.

 trocar a cobertura secundária


sempre que o exsudato entrar
em contato com a parte externa
do curativo.
ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS

Apresentação comercial AGE


ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS

Conceito:

São triglicerídeos de
cadeia média capazes de
alterar
as funções leucocitárias
modificando reações
inflamatórias
e imunológicas.

Composição:
Óleo vegetal composto por: ácido caprílico, cáprico, laurico, linoleico, lecitina de soja, vitamina A e vitamina E.
ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS

 tratamento de feridas abertas,


com ou sem infecção.

 uso preferencial em feridas


limpas, sem necrose, com
tecido de granulação.
ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS

Tipos de coberturas primária

Poliéster
viscose Melolin
Cobertura Primária Ideal

• Ao ser retirada não


apresenta-se aderida ao
leito da ferida.

• Evita o trauma e preserva


o tecido recém-formado.

Foto Prospecto
JOHNSON & JOHNSON
Coberturas inadequadas

• tramas mais aberta facilitam a


penetração dos arcos capilares e
rede de fibrina, proporcionando maior
trauma no momento da retirada.

• Ao realizar um curativo onde


a cobertura apresente-se
aderida ao leito da ferida, deve-se
irrigá-la abundantemente
com solução fisiológica antes de tentar
remove-la.
Estudo de Caso

Quais as características da
ferida, o que usar.

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