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SAÚDE MENTAL II

PROFª : MARISTHER

ACADÊMICAS: ALINE PORTER


EDILEUSA ROCHA
FABIOLA ROCIO
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DEFINIÇÃO

• As doenças psiquiátricas do puerpério foram descritas


inicialmente pelo médico francês Louis Marcé. Este,
percebendo a associação da alta prevalência de quadros
psicóticos e o fato de algumas dessas pacientes terem
apresentado efeitos da septicemia como trauma, dor e
perda de sangue e exaustão, propôs que tais quadros
teriam caráter orgânico.

• A partir do século XX, com a diminuição da incidência de


infecções puerperais, houve uma diminuição consequente
nos casos de quadros confusionais psicorgânicos. Isso,
juntamente à variabilidade de sintomas psiquiátricos, fez
com que esses quadros passassem a ser abordados com
uma nova visão.
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Conceito:
• A Depressão Pós-Parto (DPP) é uma condição séria e
comum que ocorre algumas semanas após o parto.
Esta condição afeta seriamente a mãe, o bebê e a
dinâmica familiar e a mãe torna-se incapaz de
reconhecer e responder às exigências do seu filho, com
prejuízo na relação mãe-bebê. Se não há o
reconhecimento precoce ou quando indevidamente
tratada, a DPP causa consequências negativas para
toda a família. (Para as mães, este transtorno pode
predispor futuros episódios depressivos e para a
criança, pode haver alterações cognitivas,
comportamentais, emocionais ou interpessoais mesmo
tardias (Robinson & Stewart, 2001).
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ETIOLOGIA
• A etiologia da depressão puerperal ainda não é
completamente conhecida, mas acredita-se que,
além dos fatores de risco anteriormente
mencionados, fatores hormonais e hereditários
também estejam envolvidos.
• Na gestação, os níveis de estrógeno e progesterona
são superiores àqueles vistos nas mulheres fora do
período gestacional e esse fator pode estar
envolvido nas alterações do humor que ocorrem
nessa fase. A queda brusca desses hormônios no
pós-parto estaria envolvida na etiologia da
depressão puerperal.
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Fatores de risco:

• Depressão ou ansiedade durante a gravidez,


história passada de doenças psiquiátricas,
histórico de DPP na família, eventos de vida
estressantes, suporte social problemático,
problemas conjugais e complicações durante a
gestação.
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Quadro clínico:
O quadro depressivo surge de forma insidiosa, e na
maioria das vezes, nas duas primeiras semanas após
o parto.
Principais Sintomas:

• Medo, labilidade emocional, sentimentos de culpa,


perda de apetite, alterações de sono, ou sensação de
incapacidade de lidar satisfatoriamente com o bebê,
• Dificuldades em memória e concentração, fadiga e
irritabilidade. Algumas mulheres podem se preocupar
excessivamente com a saúde dos seus bebês, ou se
perceberem como más, inadequadas ou mães pouco
amorosas.
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Prevenção:
•O conhecimento dos fatores de risco da depressão pós-parto são
extremamente importantes no planejamento e implementações de
ações preventivas (LABAD et al, 2005), aponta como medidas
preventivas dos transtornos depressivos puerperais o máximo de
apoio emocional e físico durante a gravidez, parto e puerpério
(obstetra, enfermagem e pediatra), o máximo de apoio emocional da
família, amigos e companheiro, discussão com risco elevado para a
depressão pós-parto para aconselhamento ou psicoterapia.

•Segundo Ribeiro (2001) é necessário a criação de programas


preventivos na rede pública voltados não só a saúde da gestante, mas
da mulher no geral, identificando assim, como já foi dito, os fatores de
risco. Cabe a equipe de saúde um preparo e percepção acerca dos
sinais iniciais da doença, intervindo de maneira competente.
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Tratamento:

• Medicação antidepressiva, que ajuda a restabelecer o


funcionamento do metabolismo cerebral, uma vez que a
depressão provoca um desequilíbrio na bioquímica do cérebro.

• Tratamento psicológico, para trabalhar as questões emocionais


da depressão e suas consequências. O tratamento conjunto é
fundamentado para melhorar a qualidade de vida da mãe, mas,
sobretudo, para prevenir distúrbios no desenvolvimento do
bebê e preservar um bom nível de relacionamento conjugal e
familiar.

• O tratamento médico da depressão pós-parto deve envolver, no


mínimo, três tipos de cuidados: ginecológico, psiquiátrico e
psicológico.
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Papel da Enfermagem
na prevenção e enfrentamento da DPP
A Enfermagem tem papel fundamental na prevenção, promoção
e manutenção da saúde. A partir disso, evidencia-se a
importância de uma assistência devida a essas puérperas, desde
a sua transição para a maternidade, ou seja, do início de sua
gestação até o puerpério, períodos estes, em que se apresentam
várias alterações e transformações na vida da mulher
Aplicação de escalas:
• A Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo (EPDS) é
um instrumento utilizado para o reconhecimento e diagnóstico
precoce da depressão pós-parto.
• A EPDS é composta de 10 itens que avaliam a presença ou a
intensidade dos sintomas depressivos, estes, podem ser
pontuadas de 0 a 3.
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• De acordo com Ferreira e Nakamura (2006), o enfermeiro


deve levar em consideração as transformações ocorridas
durante a gestação e a forma de readaptação após o
parto.

• Durante o pré-natal, faz-se necessário avaliar a auto-


estima, a rede de suporte social e a satisfação das futuras
mães, para que após o parto, estas tenham o suporte
necessário e disponível para enfrentar as mudanças e
necessidades em sua vida.
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• Para Machado e Zagonel (2004), a transição para a maternidade


deve ser antecipada e orientada pela enfermagem ainda no pré-
natal, como enfoque primordial, pois à medida que as transições
são antecipadas, a preparação para a mudança de papéis e
prevenção aos seus efeitos negativos bem como os transtornos
puerperais, pode ser empreendida desde os estágios iniciais da
maternidade.

• Para garantir qualidade na assistência prestada é fundamental a


prática de humanização. Conforme o Ministério da Saúde (2006)
é dever dos serviços e profissionais de saúde acolher com
dignidade a mulher e o recém-nascido, enfocando-os como
sujeitos de direitos. Considerar o outro como sujeito e não como
objeto passivo da nossa atenção é a base que sustenta o
processo de humanização.
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• Convém lembrar também, que um dos principais


instrumentos para proporcionar uma assistência digna e
de qualidade, é o acolhimento, sendo esse, um dos
métodos para a prática da humanização no cuidado
prestado.
• O acolhimento, aspecto essencial da política de
humanização, implica na recepção da mulher, desde sua
chegada na unidade de saúde, responsabilizando-se por
ela, ouvindo suas queixas, permitindo que ela expresse
suas preocupações, angústias, garantindo atenção
resolutiva e articulação com os outros serviços de saúde
para a continuidade da assistência, quando necessário
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
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• Diante disso, entende-se que é a partir das primeiras


consultas de enfermagem no pré-natal, que o enfermeiro
deve ter um olhar mais amplo e intuitivo, para pode
enxergar alterações que as vezes parecem estar
subentendidas. Segundo o Ministério da Saúde (2006,
p.32).
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• Desse modo, cabe ao profissional da saúde verificar as


mínimas alterações seja no humor ou na integridade
física das gestantes, para assim atentar à problemas
futuros e garantir a prevenção e detecção precoce de
transtornos psíquicos puerperais, neste caso a
Depressão pós-parto.
• Para Ferreira e Nakamura (2006) o apoio e a preparação
durante a gravidez, assim como as devidas informações,
contribuem para o aumento do bem estar da mulher no
final da gravidez, evidenciando-se menor ocorrência de
problemas psicológicos e de depressão no período pós-
parto.
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• Informações sobre as diferentes vivências devem ser


trocadas entre as mulheres e os profissionais de saúde.
Essa possibilidade de trocas de experiências e
conhecimentos é considerada a melhor forma de
promover a compreensão do processo de gestação
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).

• Durante o puerpério também é preciso atentar para


algumas condutas e cuidados, de atenção à mulher e ao
recém-nascido (RN) no pós-parto imediato e nas primeiras
semanas após o parto é fundamental para a saúde
materna e neonatal uma visita domiciliar na primeira
semana após a alta do bebê (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2006).
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• Na ausência da visita domiciliar ou em outras situações


que se façam necessárias, a unidade de saúde deve criar
mecanismos que permitam a comunicação com as
gestantes faltosas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998).

• Outro subsídio para tranquilizar e promover segurança e


bem-estar à paciente é a presença de um acompanhante
no parto, amenizando sua ansiedade, medos e angústias.
De acordo com 14 estudos científicos brasileiros e
internacionais realizados com mais de cinco mil mulheres,
as gestantes que contam com um acompanhante no
parto e no pós-parto ficam mais tranquilas e seguras
durante o processo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
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• A presença do acompanhante no parto e pós-parto nas


maternidades do Sistema Único de Saúde (SUS) é
garantida pela Lei 11.108, de abril de 2005. A permanência
de um acompanhante junto à mulher no parto e pós-parto
contribui ainda para reduzir a possibilidade da paciente
sofrer de transtornos puerperais bem como depressão pós-
parto, doença que hoje atinge cerca de 15% de todas as
mães do mundo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).

• A assistência ao pré-natal é o primeiro passo para o parto e


o nascimento humanizado. O conceito de humanização da
assistência ao parto pressupõe a relação de respeito que
os profissionais de saúde estabelecem com as mulheres
durante o processo de parturição (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 1998).
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DEPRESSÃO PÓS-PARTO - SOB UM OLHAR DE ENFERMAGEM

• A prática de enfermagem, desde os tempos históricos,


está intimamente relacionada ao cuidado e alivio do
sofrimento humano. Sabe-se que qualquer forma
patológica que venha a acometer a mulher, gera uma
série de transtornos, além de envolver
concomitantemente sentimentos de angustia, medo,
ansiedade, preconceito, descrença, pessimismo, entre
outros.
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• As doenças sem perspectiva científica de cura,


alicerçam tais sentimentos de maneira mais
severa e marcante, necessitando de alivio e
recursos capazes de promover a dignidade ao
longo do desenvolvimento patológico. A exemplo
disso e enfatizando a proposta desta revisão de
literatura, pode-se destacar os transtornos
mentais, em especial os quadros depressivos
que se apresentam na fase puerperal da mulher.
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• Compreende-se que os distúrbios depressivos


puerperais afetam não só a interação do binômio
mãe-filho, mas também um desgaste progressivo
na relação com os familiares e vida afetiva do
casal, além disso, aumentam as possibilidades
de auto e heteroagressões. Por sua vez, o
desequilíbrio gerado pela depressão pós-parto
repercute negativamente no perfil econômico e
social da mulher.
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• O cuidado como foco central da enfermagem, deverá


constituir-se na interação, no contato com o paciente, no
resgate do cuidado humano.
• Para resgatá-lo, a enfermagem precisará desenvolver
uma relação interdependente, recíproca com o ser
cuidado, propiciando condições de crescimento de
aprendizagem para o seu restabelecimento e também
poderá contribuir para a consolidação de novas
experiências enriquecendo a sua capacidade de cuidar.
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• Entretanto o cuidar como cuidado humano e, que


a situação de parto desperta as mais variadas
reações de ansiedade, observa-se que a equipe
de enfermagem precisa estar preparada e ciente
das complicações que sucedem cada reação.

• As orientações contínuas, por parte dos


profissionais de enfermagem, fornecendo
explicações sobre a evolução do parto são
estratégias apontadas para a superação das
dificuldades.
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Conclusão
•A depressão puerperal atinge cerca de 10 a 15% das
puérperas e em todo mundo não se sabe ao certo o que a
deflagra, várias hipóteses foram questionadas: disfunção dos
neurotransmissores e dos hormônios, ausência do apoio social
e familiar em especial o cônjuge e histórias pregressas.

•A mãe deprimida muitas vezes não pede socorro, por medo de


ser afastada do bebê, esconde os seus sentimentos para os
profissionais e família, não chegando a um diagnóstico exato.

•A interação mãe-bebê fica comprometida, porque a depressão


puerperal afeta o desenvolvimento emocional da mulher e o
desenvolvimento cognitivo da criança.
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• As formas de tratamento podem ser farmacológica e


psicoterápica, sendo a escolha feita pela mãe e médico.
Alguns trabalhos trouxeram divergências quanto ao uso
de fármacos e aleitamento materno.
• Consideramos de extrema importância o comportamento
dessa mulher que se encontra no puerpério, e o
enfermeiro sendo conhecedor desse transtorno, muito
pode fazer para se prevenir para que se estabeleça a
depressão pós-parto.
• Algo necessário seria orientar as famílias quando os
primeiros sintomas de uma possível evolução para a
Depressão Pós-parto (DPP). A inclusão da temática do
ensino formal e informal colaboraria no intuito de se fazer
promoção da saúde das mulheres.
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• Assim, durante o pré-natal, o enfermeiro necessita avaliar


a autoestima, a rede de suporte social e a satisfação das
futuras mães, para que após o parto, tenha o suporte
necessário e disponível para enfrentar as mudanças e
necessidades em sua vida .
• O enfermeiro deve ser competente em acessar e intervir
junto as famílias num relacionamento cooperativo,
profissional família, tendo como base uma
fundamentação teórica. Deve aliar os conhecimentos
científicos e tecnológicos as habilidades de observação,
comunicação e intuição.
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• Assim, é importante que os profissionais de saúde


desenvolvam ações preventivas na rede pública voltadas
não só a saúde da gestante, mas da mulher no geral.
• Além disso, estimular a compreensão da mulher e do
companheiro em relação as fases criticas do puerpério,
bem como emoções e sentimentos provenientes deste
período, ou seja, somando esforços na prevenção e
tratamento da depressão pós-parto irão traduzir no
exercício materno saudável e essencial ao
desenvolvimento humano.
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• O Sistema Único de Saúde (SUS) atualmente, preconiza


as unidades básicas como referencial ao primeiro
atendimento  de baixa complexidade e na maioria das
vezes, observa-se que apesar dos recursos limitados de
atenção básica, são os mesmos que acabam por
encaminhar a níveis secundários e de competência
adequada a demanda; portanto, os postos de
atendimento básico caracterizam a inserção do usuário
no sistema.
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•O enfermeiro é o profissional, conforme revela o


cotidiano dos serviços de saúde, que mantêm o primeiro
contato com o cliente. Por isso, seja na rede básica,
hospitalar ou ambulatorial, o enfermeiro deve estar
preparado para lidar e direcionar uma demanda
diversificada, principalmente quando se tratar de
questões de ordem psicológica capazes de se
camuflarem em intercorrências clínicas e dificultando
assim o diagnóstico e tratamento adequado.
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• Acreditamos que só a união de forças entre os


profissionais de saúde e familiares pode transformar este
momento em uma fase em que a paciente se sentirá mais
firme e confiante para expressar seus sentimentos,
sentindo-se acolhida e ajudada.
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REFERÊNCIAS
• BRANDEN, P.S. Enfermagem materno-infantil. 2ªed. Sã o Paulo: Reichanan e Affonso Editores, 2000

• BOTEGA, N.J. et al. - Prática psiquiátrica no hospital geral: interconsulta e emergência. 2.ed. Porto
Alegre: Artmed, pp. 341-354, 2006
• FERREIRA, M. J. P.; NAKAMURA E. K. Depressão pós-parto. Trabalho de Conclusã o deCurso. Centro
Universitá rio Campos de Andrade, 2006.

• MALDONADO, M. T. Psicologia da gravidez: parto e puerpério. 14. ed. Sã o Paulo: Saraiva, 1997

• MACHADO, M. V. P.; ZAGONEL, I. P. S. A transição do ser adolescente puérpera ao papel materno


sob o enfoque do cuidado de enfermagem. Curitiba, 2004.

• Ministério da Saú de, Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada – Manual técnico,
Secretaria de Atençã o à Saú de, Departamento de Açõ es Programá ticas Estratégicas – Brasília:
Ministério da Saú de, 2006

• JOSEFSSON, A. et al. - Transtornos psiquiá tricos na gestaçã o e no puerpé rio: classificaçã o, diagnó stico
e tratamento. Acta Obstet Gynecol Scand 80 (3): 251-255, 2001.
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Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo


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OBRIGADA!

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