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Neuropsicologia

Aula 04

Professora: Josivete Ferreira (Josi)


Neuropsicologia das depressões

A depressão é um dos problemas atuais mais comuns encontrados


pelos profissionais de saúde mental (Barlow, 1999). Pode acarretar
alterações cognitivas como déficits de memória, de atenção, dentre
outros. Estes serão melhor avaliados por um especialista em
neuropsicologia.

Causa – Multifatorial (Dificilmente está ligado a um caso isolado).

Início e Evolução – Ligados a grandes números de variáveis


biológicas, históricas, ambientais e psicológicas. (Beck, Rush, Shaw e
Emery, 1997).
 
Neuropsicologia das depressões

Depressão – Classificada como síndrome depressiva.

• As síndromes são conjuntos de sinais e sintomas que se agrupam


de forma recorrente e são observadas na prática clínica diária.

• Do ponto de vista psicopatológico, as síndromes depressivas têm


como elementos mais salientes o humor triste e o desânimo.
(Del Pino, 2003). Entretanto, elas se caracterizam por uma
multiplicidade de sintomas afetivos, instintivos e
neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos à
autovaloração, à vontade e a psicomotricidade. Também podem
estar presentes, em formas graves de depressão, sintomas
psicóticos.
Neuropsicologia das depressões
As síndromes depressivas são atualmente reconhecidas como um
problema prioritário de saúde pública. Segundo o levantamento da
OMS, a depressão maior unipolar é considerada a primeira causa de
incapacidade entre todos os problemas de saúde.

A Neuropsicologia utiliza-se de baterias de testes específicos para a


avaliação de cada função cognitiva, além da anamnese e da avaliação
clínica. A Neuropsicologia aliada à medicina e à tecnologia médica,
pode ajudar o paciente deprimido, à medida que identifica áreas
cognitivas que estejam comprometidas.
Transtornos de humor
Depressão Mania
Baixa energia vital Aumento da energia vital
Elevação da auto-estima, euforia
Baixa auto-estima Sensação de “bem-estar”
Tristeza, irritação Idéias de grandeza (quebra
sentimentos de culpa ou freqüente do teste de realidade,
consciência do estado mórbido
desesperança prejudicada)
Idéias de ruína Diminuição da necessidade do
sono
Alterações no sono, apetite,
Idéias de suicídio

Hipotimia Hipertimia
Transtornos de humor

Depressivo (transtorno unipolar)

Maníaco-depressivo (transtorno bipolar)

Observações:
O transtorno depressivo é muito mais frequente, (15%) do
que o transtorno bipolar (2%)
O transtorno depressivo é mais comum em mulheres (5:1)
O transtorno depressivo tem melhor prognóstico do que o
transtorno bipolar, embora que, este quando bem assistido tem
prognóstico positivo.
Os quadros de transtornos de humor tendem serem fásicos,
podendo passar por longos períodos assintomático.
Vários tipos de sintomas
Afetivos:
Tristeza, sentimento de melancolia
Choro fácil ou frequente
Apatia (Indiferença afetiva)
Sentimento de falta de sentimento (“Não consigo sentir mais
nada”).
Sentimento de tédio, de aborrecimento crônico
Irritabilidade aumentada (a ruídos, pessoas, vozes, etc.)
Angústia ou ansiedade
Desespero
Desesperança
Vários tipos de sintomas
Alterações da esfera Instintiva e neurovegetativa:
Anedonia- (incapacidade de sentir prazer em várias esferas da vida)
Fadiga, cansaço fácil e constante (sente o corpo pesado)
Desânimo, diminuição da vontade (hipobulia; “Não tenho pique
para mais nada.”)
Insônia ou hipersomnia
Perda ou aumento do apetite
Constipação, palidez, pele fria com diminuição de turgor
Diminuição da libido (do desejo sexual)
Diminuição da resposta sexual (Disfunção erétil, orgasmo
retardado ou anorgasmia)- Inibição recorrente do orgasmo.
Vários tipos de sintomas
Alterações Ideativas:
Ideação negativa, pessimismo em relação a tudo
Ideias de arrependimento e de culpa
Ruminações com mágoas antigas
Visão de mundo marcada pelo tédio
Ideias de morte, desejo desaparecer, dormir para sempre
Ideação, planos ou atos suicidas

Alterações cognitivas:
Déficit de atenção e concentração
Déficit secundário de memória
Dificuldades de tomar decisões
Pseudodemência depressiva
Vários tipos de sintomas
Alterações da Autovaloração:
Sentimento de autoestima diminuída
Sentimento de insuficiência, de incapacidade
Sentimento de vergonha e autodepreciação
Alteração da Volição e da Psicomotricidade
Tendência a permanecer na cama por todo o dia( com o quarto escuro,
recusando visitas, etc.)
Lentificação psicomotora até o estupor
Diminuição da fala, redução da voz, fala muito lenta
Sintomas Psicóticos
Delírio de ruína ou miséria
Delírio de culpa
Delírio hipocondríaco
Alucinações (geralmente auditivas)
Perdas e Depressão
Do ponto de vista psicológico, as síndromes depressivas têm uma
relação fundamental com as experiências de perda (Hofer,
1996;Del Pino, 2003).

As síndromes e as reações depressivas surgem com muita


frequência após perdas significativas: de pessoa muito querida,
emprego, moradia, status socioeconômico, ou de algo puramente
simbólico.
Alguns tipos de depressão

Distimia
É uma depressão crônica, geralmente de intensidade leve, muito
duradoura. Começa no início da vida adulta e persiste por vários
anos.
Sintomas: Diminuição de autoestima, insônia, irritabilidade,
fadiga, “mau humor”, dores crônicas, dificuldades em tomar
decisões ou se concentrar, sentimento de desesperança.
Os sintomas devem estar presentes de forma ininterrupta por
pelo menos, dois anos.
Alguns tipos de depressão

Melancólica ou endógena
Predominam os sintomas classicamente endógenos. Ocorrem
lentificação psicomotora, anedonia (incapacidade de sentir
prazer em várias esferas da vida), alterações do sono e do apetite.
(Os sintomas pioram no período da manhã, melhorando no
período da tarde e noite) e ideias de culpa. Esse tipo de depressão
é de natureza mais neurobiológica.
Psicótica
É uma depressão grave, na qual ocorrem, associados aos sintomas
depressivos, um ou mais sintomas psicóticos, como delírio de
ruína ou culpa, delírio hipocondríaco ou de negação de órgãos, ou
alucinações com conteúdos depressivos.
Alguns tipos de depressão
Secundária ou orgânica
É uma síndrome depressiva causada ou fortemente associada a uma doença
ou um quadro clínico somático, seja ele primariamente cerebral ou
sistêmico, doença de Parkinson e acidentes vasculares cerebrais (AVCs)
apresentam, com significativa frequência, quadro depressivo que faz parte
da própria condição patológica. AVCs no hemisfério esquerdo e mais
próximo do polo frontal desencadeiam mais frequentemente depressões
secundárias (Cummings; Trimble,1995).

AVCs no hemisfério direito (não dominante), desencadeiam muito


frequentemente (anosognosia). Após a ocorrência de AVC nesse hemisfério
poderão estar presentes alguns déficits perceptivos. O seu tipo e extensão
vão depender do local da lesão. As lesões do hemisfério não dominante
produzem distúrbios da percepção. Os distúrbios podem ser ao nível da
figura de fundo, posição no espaço, constância da forma, percepção da
profundidade, relações espaciais e orientação topográfica (Desmond,
2004).
Aspectos neuropsicológicos da depressão
A neuropsicologia, pode ser definida como uma ciência aplicada que
visa estudar a repercussão de disfunções cerebrais sobre o
comportamento e a cognição, vem atualmente ganhando importante
lugar no estudo das desordens psiquiátricas.
As regiões mais estudadas têm sido as áreas frontais e suas conexões,
bem como as áreas temporais.

As áreas frontal têm como importante função a modulação das


estruturas límbicas e do tronco encefálico, que estão
fisiologicamente envolvidas na mediação do comportamento
emocional; sendo assim, disfunções nesses circuitos devem
participar na patogênese dos sintomas depressivos.
Depressão no idoso
Foram relatadas alterações anatômicas do córtex orbital bilateral em
pacientes deprimidos idosos com uso de ressonância magnética (RM)
cerebral, além de diminuição do fluxo sanguíneo e do metabolismo
no córtex pré-frontal em depressões uni- e bipolares.

Estudos com tomografia por emissão de pósitrons (PET scan)


referem semelhanças entre pacientes uni- e bipolares, sugerindo um
núcleo comum ligado ao componente emocional. Haveria uma
diminuição do metabolismo no córtex pré-frontal, ao longo da linha
média, a qual estaria relacionada a uma alteração da anatomia desta
região, com a redução do seu tamanho.
Depressão no idoso

Na depressão, parece haver uma redução global do metabolismo cerebral


anterior e um aumento do metabolismo de glicose em várias regiões
límbicas, com ênfase na amígdala. A melhor evidência desta
anormalidade vem de estudos de pacientes com depressões relativamente
graves e recorrentes e uma história familiar de transtorno do humor.
Kennedy, refere, em estudos com PET scan, anormalidades consistentes
nas regiões pré-frontais, cingulares e da amígdala.

Córtex temporal-Alterações específicas nas áreas temporais vêm sendo


estudadas tanto nas depressões unipolares quanto bipolares, em grande
parte pela correlação entre a depressão e a alteração na regulação do eixo
hipotálamo-hipófiseadrenal, levando a efeitos adversos de hormônios do
estresse sobre o hipocampo e a amígdala, regiões amplamente
relacionadas com a área pré-frontal, como visto anteriormente.
Achados neuropsicológicos
Várias são as queixas neurocognitivas presentes durante o estado
depressivo, incluindo redução das habilidades atentiva e mnêmica e
lentidão do pensamento.

Atenção:
Pacientes unipolares apresentariam alterações na capacidade de
sequenciação vísuo-espacial, memória imediata e atenção quando
comparados com indivíduos normais.
Pacientes bipolares sintomáticos teriam alterações da atenção
sustentada, do controle inibitório e da capacidade de alternância do
foco atentivo.
Memória
A alteração de memória estaria relacionada a uma desregulação do eixo
hipotálamohipófise-adrenal, levando a efeitos adversos de hormônios do
estresse sobre o hipocampo.
Memória de curto prazo: Pacientes deprimidos queixam-se de baixa
concentração e de dificuldade de memorizar.
Memória de longo prazo: A maioria dos estudos encontra evidências de
comprometimento da evocação e reconhecimento tanto de material
verbal quanto não verbal.
Memória episódica: Estudos descrevem alterações de memória
episódica durante as fases mistas ou maníacas e também nas depressões
uni- ou bipolares. Sweeney et al.
Memória semântica: pacientes deprimidos com psicose parecem
apresentar um comprometimento específico na evocação de informações
organizadas por seus significados em categorias semânticas, sendo esta
uma ponte entre a disfunção e a sintomatologia clínica, referindo-se às
falsas crenças (delírios ou idéias deliróides). McKena,
Memória
Memória episódica: Estudos descrevem alterações de memória episódica
durante as fases mistas ou maníacas e também nas depressões uni- ou
bipolares. Sweeney et al.

Memória semântica: Pacientes deprimidos com psicose parecem


apresentar um comprometimento específico na evocação de informações
organizadas por seus significados em categorias semânticas, sendo esta uma
ponte entre a disfunção e a sintomatologia clínica, referindo-se às falsas
crenças (delírios ou idéias deliróides). McKena.

Quanto a funções executivas:


No caso específico da depressão em pacientes idosos, mas também em
pacientes adultos, a alteração executiva pode ser significativa durante a
evolução, sendo que a presença desses déficits está correlacionada com
comprometimento funcional, pior resposta ao tratamento, recaídas e
recorrências.
Referências
Dalgalarrondo, Paulo – Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais -2ª
edição- Porto Alegre-Artmed - 2008

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