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Seminário de Práticas Educativas

Prof. ª Ma. Geslane Figueiredo da Silva Santana


Avaliação
Um diálogo
Diferença entre Exame e Avaliação
O exame possui 3 características:

a) Pontual;

b) Classificatória;

c) Seletiva.
PONTUAL
Apenas o momento do exame é importante, ou seja, não
importa o antes ou o depois.

Exemplo: Vestibular

Comentário: “O aluno acaba de fazer a prova e entrega ao professor. Quando


está saindo, se recorda que errou uma questão e pede ao professor para
corrigir. A resposta é NÃO!”. Ou seja, foi importante apenas o momento em
que ele estava fazendo a prova.
CLASSIFICATÓRIA
Para o sistema, só importa o valor numérico que indica se o aluno passou ou
reprovou. Toda sua vida escolar fica registrada, ou seja, o aluno fica marcado
para a vida toda.

Comentário: “ Um aluno tira 2. O professor o anima para estudar e


fazer outra prova para recuperar a nota. Então ele tira 10. Então o
professor faz a média e lhe dá nota 6! Porque não 10? Porque ele
apenas o classifica, não levando em conta o que o aluno aprendeu,
ficando ainda preso na primeira avaliação onde o aluno tirou 2!”.
SELETIVA
Exclui os alunos das escolas, através das reprovações.

Segundo a Revista Escola (edição 233 jun/jul 2010 – “Um erro que se
repete a cada ano”.) na década de 80, 36% dos aluno em média
repetiam de ano. Na década de 90, a média é de 30%.
AVALIAÇÃO
Segundo o autor, a avaliação tem caráter diagnóstico:

Um médico primeiro avalia o seu paciente. Após a avaliação, ele dá


um diagnóstico (resultado dessa avaliação) para então oferecer
opções para a cura do seu problema de saúde.
Em contraposição ao EXAME, são as características da avaliação:

Não Pontual;

Dinâmica (Não classifica);

Includente.
NÃO PONTUAL
Importa todo o processo de aprendizagem, ou seja, o antes, o agora e o que
pode vir depois.

O que o aluno não sabe, é o ponto de partida para ações pedagógicas (trabalho
educativo, nas palavras do autor) para que ele possa vir a saber.
DINÂMICA
Ela não classifica, mas diagnostica o que está ocorrendo para que haja
possibilidade de melhoria.

Segundo Cipriano, foram dados muitos nomes a avaliação:


Diagnóstica, formativa, dialética, dialógica, mediadora, etc.). Mas
são redundantes uma vez que, obrigatoriamente, a avaliação tem
que ser tudo isso...
INCLUDENTE/INCLUSIVA
 Traz o aluno para o aprendizado.

Do livro, Avaliação da Aprendizagem Escolar: Um ato amoroso. Não confundir


“um ato de amor” com pieguice ou paixão e sim no sentido de:

 Inclusão (acolhimento);
 Respeito aos limites;
 Suporte para o desenvolvimento do aluno – autonomia.
HISTORICAMENTE
Historicamente, o sistema de exame que temos hoje se originou no século XVI:

 Jesuítas: Ratio Studiorum (1599);

 Comenius: Didática Magna (1632).


JESUITAS - RATIO STUDIORUM
Baseava-se na:
 Unidade de matéria;
 Unidade de método;
 Unidade de professor.
Determinava:
 Disciplina rígida;
 Cultivo da atenção;
 Perseverança nos estudos
 Hierarquização do corpo discente baseada na obediência e meritocracia.
COMENIUS – DIDÁTICA MAGNA
O educador Juan Amós Komenský (1592 – 1670), mais conhecido por
Comenius é reconhecido como o pai da Didática Moderna.
Influenciado pelas ideias da Reforma Protestante, Comenius escreveu
o livro denominado Didática Magna, que defendia esta disciplina
como
“Arte de ensinar tudo a todos".
FINALIDADE DA AVALIAÇÃO
Verificar se houve a aprendizagem significativa de
conteúdos relevantes propostos pelo professor.

Avaliar o que foi discutido e trabalhado durante o


desenvolvimento dos conteúdos por meio das habilidades e
competências selecionadas.
CONSIDERAÇÕES NA ELABORAÇÃO DE TAREFAS AVALIATIVAS

 Uso de palavras sem sentido preciso no contexto:


Evitar expressões como: comente, dê sua opinião, o que você sabe sobre…
discorra, conceitue você, como você justifica…

Ex: Comente a frase de Sócrates: conhece-te a ti mesmo.


• “Acho uma frase muito profunda, tão profunda que nem consigo captar
seu real significado. Mas acho que Sócrates estava certo quando disse a
frase, pois sendo um sábio não teria dito besteira”
Falta de parâmetros para a correção
o Deixa o aluno nas “mãos do professor”:

“Professor o que o Sr. quer na questão x ?”

Ex: Como é a organização das abelhas numa colméia?


R: É jóia!

“(…) o aluno assistiu a minha aula e deve responder da forma que foi dado…”
Exploração exagerada da memorização
Relacione os nomes das aranhas venenosas:
(Ciências – 6ª Série)
1- Aranha marrom ( ) Latrodectes
2- Armadeira ( ) Lycosa
3- Tarântula ( ) Loxóceles
4- Viúva Negra ( ) Ortognata
5- Caranguejeira ( ) Phoneutria

Questões deste tipo apelam para a memorização pouco significativa, sem uma
análise ou explicação.
A prática da avaliação da aprendizagem, para manifestar-se
como tal, deve apontar para a busca do melhor de todos os
educandos, por isso é diagnóstica, e, não voltada para a
seleção de uns poucos. Por si, a avaliação é inclusiva é, por isso
mesmo democrática. Por ela, por onde quer que se passe, não
há exclusão, mas sim diagnóstico e construção. Não há
submissão, mas sim liberdade. Não há medo, mas sim
espontaneidade e busca, não há chegada definitiva, mas sim
travessia permanente, em busca do melhor. Sempre!
(Cipriano Carlos Luckesi)
Fontes:

Vídeos Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=JqSRs9Hqgtc
http://www.youtube.com/watch?v=NG4cd2CT0p8
Textos:
http://www.gestiopolis.com/Canales4/rrhh/aprendizagem.htm

http://www.google.com.br/ (texto no arquivo da Amazônia Fiocruz)


Por que avaliar?
• Acompanhar mudanças que os sistemas sofrem (e por outras razões);
• A sociedade, escola, pais, alunos e professores se interessem pela
avaliação da aprendizagem;
• Tarefa didática necessária e permanente;
• Acompanhar passo a passo o processo ensino aprendizagem;
• Comparar os resultados obtidos com os objetivos propostos;
• Constatar progressos, dificuldades e reorientações do trabalho.
O que avaliar ?
• Reflexão sobre o nível Critérios?
Instrumentos?
de qualidade do trabalho
Situação temporal?
sua finalidade é um
aspecto crucial;
• Atividade complexa, que não se resume à realização de provas e
atribuição de notas;
• Os tipos de avaliação usados e a natureza das decisões adotadas
dependem do referencial teórico do professor e do projeto político
pedagógico (ppp) da escola;
Avaliação e Abordagens Educacionais
Abordagem Avaliação
Tradicional Quantidade e exatidão na reprodução do
conteúdo comunicado nas aulas.
Comportamentalista Objetivos de mudança de comportamento.
Antes, durante e depois. Parte da
aprendizagem.
Humanista Auto-avaliação.
Cognitivista Qualitativa, sem pressão no sentido de
desempenhos padronizados.
Sócio-cultural Auto-avaliação e avaliação mútua da
prática educativa por prof. e alunos.
Uma definição de Avaliação Escolar
Apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo ensino-
aprendizagem
 Auxilia o professor e a escola a tomarem decisões sobre suas
práticas
 Auxilia o aluno e a família a refletirem sobre seu desenvolvimento
no processo

“A avaliação é da prática educativa e não um pedaço


dela”
Paulo Freire
Tipos de Avaliação
 DIAGNÓSTICA

 FORMATIVA

 SOMATIVA

Diagnóstica
Determinar Ponto de partida para
Capacidades organização e seqüenciação do
 Aptidões ensino.
Conhecimentos prévios Aplicada no início de uma
Potencial de aprendizagem unidade, bimestre ou ano letivo
Desejos, etc. Finalidade prognóstica.
Causas subjacentes a
dificuldades de
aprendizagem
Diagnóstica

Avalia

Diagnóstic
o

Estratégia
de
interação
http://isciweb.com.br/revista/15-numero-01-2015/100-entrelacamentos-teorico-pratico-da-avaliacao-diagnostica-no-contexto-escolar
http://isciweb.com.br/revista/15-numero-01-2015/100-entrelacamentos-teorico-pratico-da-avaliacao-diagnostica-no-contexto-escolar
EXEMPLO

Um pedaço de pão é comprimido por uma pessoa, entre suas mãos.


A massa (a grandeza física!) do pedaço de pão aumenta, diminui ou não varia?
E o volume do pão?
E a densidade do pão?

Explique suas respostas.


Formativa
 Fornecer ‘feedbacks’ para o professor e aluno;
 Localizar falhas e dificuldades;
 Aplicada durante a instrução;
 Comportamentos cognitivos X aprendizagem do conteúdo;
 Padrão individual de desempenho;

• Caracterização dinâmica da situação educativa


•  professor pesquisador e ‘tomador’ de decisões
• Dessa maneira, assegura-se a ‘recuperação’ do aluno durante o processo
Exemplo

A figura mostra um pedreiro jogando um tijolo


para um colega que se encontra um andar
acima. Represente e identifique a(s) força(s)
atuando sobre o tijolo quando ele se encontra no
meio da subida.
Exemplo

Um jogador de futebol chuta a bola.


Represente e identifique a(s) força(s)
atuando sobre a bola quando ela está
passando pelo ponto A de sua
trajetória.
Somativa
 Objetivo mais genérico que a formativa
 Determinar resultados alcançados ao final de uma unidade ou de um curso
 Atribuição de conceitos, notas, etc.
 Suas principais características são:

• Nem tanto sua periodicidade, mas sim estar no final de uma etapa sua maior
abrangência

 A maneira de entendê-la e colocá-la em prática depende do ppp e do marco


teórico do professor
Instrumentos de avaliação
As escolhas dependem dos objetivos a serem medidos e das condições
em que são usados, se o desempenho não for satisfatório, crie
motivações, exercícios e atividades que permitam o alcance dos objetivos

O professor pode ser “construtivista” e usar provas bem como ser


‘tradicional’ e usar auto-avaliação
Avaliação Dissertativa
Definição: série de perguntas que exijam capacidade de estabelecer
relações, resumir, analisar e julgar;
Função: verificar a capacidade de analisar o problema central, abstrair
fatos, formular ideias e redigi-las;
Vantagens: aluno tem liberdade para expor os pensamentos,
mostrando habilidades de organização, interpretação e expressão;
Análise: Defina o valor de cada pergunta e atribua pesos a clareza das
ideias, para a capacidade de argumentação e conclusão e a
apresentação da prova.
Resolução de Problemas
Definição: questões baseadas em situações reais ou idealizadas que exijam
aplicação formal do conteúdo.
Função: verificar a capacidade de aplicação de conceitos e leis científicas, seleção
das variáveis relevantes, abstrair fatos, interpretar e elaborar gráficos, discutir
relações de proporcionalidade.
Vantagens: facilita a atribuição de notas, elaboração relativamente fácil para o
professor. Possibilita ao aluno a formalização dos conhecimentos.
Análise: defina o valor de cada problema e atribua valores à conquista de cada
objetivo individualmente
Seminário
Definição: exposição oral para um público leigo, utilizando a fala e
materiais de apoio adequados ao assunto
Função: possibilitar a transmissão verbal das informações
pesquisadas de forma eficaz
Vantagens: contribui para a aprendizagem do ouvinte e do expositor,
exige pesquisa, planejamento e organização das informações;
desenvolve a oralidade em público
Análise: atribua pesos à abertura, ao desenvolvimento do tema, aos
materiais utilizados e à conclusão. Estimule a classe a fazer perguntas e
emitir opiniões, respeite as características individuais
Trabalho em Grupo
Definição: atividades de natureza diversa (escrita, oral, gráfica,
corporal etc) realizadas coletivamente
Função: Desenvolver o espírito colaborativo e a socialização
Vantagens: possibilita o trabalho organizado em classes numerosas e
a abrangência de diversos conteúdos em caso de escassez de tempo
Análise: observe se houve participação de todos e colaboração entre
os colegas, atribua valores às diversas etapas do processo e ao
produto final
Como utilizar: em caso de haver problemas de socialização, organize
jogos e atividades em que a colaboração seja o elemento principal.
Outros

• Debates
• Monografias
• Protótipos
• Maquetes
• Diários
• Blogs
• Teatro ...
• Jogos
• Observação do professor
• Pequenos projetos de pesquisa
Etapas da Avaliação
1. Formular os objetivos do ensino 3. Aferir os resultados de cada aluno
Especificar a situação que permite e interpretá-los
determinar se os objetivos foram • A atitude tomada pelo professor
atingidos depende da função atribuída à
 especificar um nível mínimo de avaliação em sua prática
desempenho pedagógica e do ppp
• avaliação normativa e criterial
2. Estabelecer os critérios de avaliação • compartilhar os resultados com
• As expectativas devem ser coerentes alunos, escola e família
com o desenvolvimento dos alunos
• estabelecer ‘graus’ de desempenho
(notas, conceitos, etc)
Considerações
Entendendo a avaliação como um recurso de aprimoramento de indivíduos em
diversos aspectos e da prática pedagógica, ela deixa de ser uma imposição e passa
a ser um ato compartilhado.
Por que avaliar? Estimular uma reflexão crítica, planejamento e correção de
rumos
Para quem avaliar? Para o próprio indivíduo (do ponto de vista pessoal, moral e
intelectual) e para a sociedade
O que avaliar? Competências, habilidades e conteúdos
Quem avalia? Todos
Como avaliar? Múltiplos instrumentos
Até aqui, tudo parece muito simples! Mas...
Por que a avaliação na escola ocupa tanto tempo das
reuniões pedagógicas, encontros de professores,
seminários, etc?
• Influências que a avaliação pode ter na vida da pessoa, dentro e fora da esfera
escolar e no processo educativo muitas vezes os professores sentem-se
frustrados com os resultados de suas avaliações. As explicações que encontram
vão desde “os alunos não querem nada com os estudos” até “a culpa é toda
minha, não consegui fazê-los aprender”
• A avaliação é parte de um processo amplo, que envolve responsabilidades de
todos os atores envolvidos
• Porque há muitas controvérsias sobre temas fundamentais como, por exemplo,
atribuição de notas, aprovação/retenção, inclusão/exclusão, progressão
continuada, e muito mais!
• Além disso, há muitas questões envolvidas no processo de
ensino/aprendizagem que estão além do alcance do professor como, por
exemplo, violência, desagregação familiar, pobreza, e muito mais!
• Apesar de todas as dificuldades, o professor tem que ser crítico e reflexivo
sobre sua prática e não aceitar passivamente nenhuma fórmula pronta.

As modas (e os problemas) mudam....


Bibliografia

• Coll, C. Palácios, J. Machesi, A. Desenvolvimento Psicológico e Educação. Psicologia da


Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. Vol2, cap. 22
• Mizukami, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.
• Parra, N. (org.). Didática para a escola de 1O e 2O graus. São Paulo: Pioneira, 1987. Cap.10.
• MELO, M. M. (org.) Avaliação na educação. São Paulo: Editora Melo, 2007.

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