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Resumo
Este artigo é fruto de um estudo realizado sobre a inserção das Geometrias não Euclidianas
nas aulas de Matemática das escolas públicas do Estado do Paraná, conforme orientação das
Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática (documento que contém toda a
opção de currículo do Paraná). Este documento divide os conteúdos a serem abordados nas
aulas em conteúdos estruturantes, que são os conhecimentos de grande amplitude, conceitos e
práticas que organizam as áreas de uma disciplina e considerados essenciais para a sua
compreensão. Nosso foco é o conteúdo estruturante Geometrias, que no Ensino Fundamental
contemplam: Geometria Plana, Geometria Espacial, Geometria Analítica e noções de
Geometrias não Euclidianas. Para se abordar este último conteúdo, consta que devem ser
trabalhados as Geometrias Projetiva, Topológica e Fractal. Sendo assim, fizemos um recorte e
nosso trabalho se refere à Geometria Projetiva, com os conceitos de ponto de fuga, linhas do
horizonte e perspectiva. O objetivo é discutir metodologias de ensino da Geometria Projetiva,
considerando seu aspecto visuo-espacial, associando, assim, a Expressão Gráfica como
participativa na interpretação e apropriação dos conceitos. De acordo com Franco e
Watermann (2009), as noções de Geometrias não Euclidianas estão sendo negligenciadas nas
aulas de Matemática, por inúmeros fatores, entre eles: os professores durante sua formação
não tiverem este conteúdo e os livros didáticos adotados também não o contemplam,
aumentando a crença de que a Geometria Euclidiana ainda é a única geometria existente.
Buscamos, desta forma, metodologias de ensino para tentar amenizar esta situação, usando a
Expressão Gráfica para esta abordagem, pois necessita de recursos visuais para a
compreensão dos seus conceitos e propriedades. De acordo com Kaleff (2004) existem vários
exemplos de modelos de Geometrias não Euclidianas que admitem a observação de aspectos
ligados tanto a concepção formalista quanto a imagística e este trabalho pretende explorar
estas concepções.
Introdução
Geometria Projetiva
Berlinghoff e Gouvêa (2010), o italiano Filippo Brunelleschi que viveu entre 1377 e 1446 fez
os primeiros estudos e logo outros seguiram seus passos.
De acordo com Auffinger e Valentin (2003), para que suas obras estivessem
representando melhor a realidade, muitos artistas introduziram os conceitos de ponto de fuga
e perspectividade, porém demorou aproximadamente dois séculos para que estas ideias
fossem formuladas matematicamente.
Berlinghoff e Gouvêa (2010) afirmam que foi Leone Battista Alberti (1404 – 1472) o
artista mais influente no estudo da perspectiva. Sua proposta foi de pintar aquilo que
realmente os olhos veem. Imaginou a superfície de uma pintura como uma janela ou tela que
se vê o objeto a ser pintado. Sabendo que as linhas de visão convergem ao ponto que os olhos
enxergam a cena, as pinturas do anteparo focalizam uma secção delas.
Muitos estudos foram realizados sobre esta nova Geometria, entre eles citamos os
estudos de Gerard Desargues (1593 – 1662), Gaspard Monge (1746 – 1818) e Lazare Nicolas
Marguerite Carnot (1753 – 1823), mas foi com Jean Victor Poncelet (1788 – 1867), no século
XIX, que o desenvolvimento da Geometria Projetiva começou. Poncelet publicou sua obra em
1822, intitulada “Tratado das propriedades projetivas das figuras”, escrito enquanto
prisioneiro de guerra dos russos, após a derrota de Napoleão em Moscou e, sem ter nenhum
livro de referência em mãos. Segundo Eves (2004) esta obra de Poncelet foi um marco da
Geometria, impulsionando o estudo da Geometria Projetiva e inaugurando o seu “grande
período”.
De acordo com Franco e Watermann (2009, p. 3) “a Geometria Projetiva fornece a
indispensável base teórica para o entendimento da perspectiva utilizada pelos renascentistas”.
Porém, o que importa não são as medidas reais e as propriedades métricas, mas as
propriedades visuais das imagens por se tratar de regras empíricas, e desta forma, esta nova
Geometria não considera as propriedades de Euclides.
A diferença crucial entre essas duas Geometrias está no Postulado das Paralelas.
Berlinghoff e Gouvêa (2010) citam como exemplo de desenho em perspectiva a imagem dos
trilhos de uma estação ferroviária, conforme mostrado na figura 1.
Os trilhos, apesar de serem paralelos, se encontram em algum ponto do horizonte.
Tomando como plano a tela do artista, estas linhas se encontram, confrontando assim com
Geometria de Euclides, cujas paralelas nunca se tocam. Na Geometria Projetiva, elas se
encontram no infinito. Berlinghoff e Gouvêa (2010, p. 207) explicam que,
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Figura 1: Trilhos
Fonte: Berlinghoff e Gouvêa (2010)
Podemos estabelecer uma comparação entre as duas Geometrias por meio do seguinte
esquema, dado pela figura 2, que mostra claramente a diferença entre elas:
A Expressão Gráfica
Lévy (1997) afirma que as pessoas precisam de exemplos ou metáforas para entender
um conceito abstrato, pois as definições não são suficientes por si só. E assim, as imagens
servem de apoio à compreensão, para facilitar sua apreensão.
Carvalho e Reis (2009) confirmam que foi a partir do Renascimento que os artistas
passaram a ter a preocupação com os registros das formas humanas e da natureza, como eram
realmente vistas. Uma das técnicas desenvolvidas para dar à pintura a ideia de profundidade e
proximidade adequadas é a perspectiva. Algumas regras matemáticas são seguidas para esta
técnica: as linhas paralelas que partem do observador são desenhadas como linhas que se
cruzam num ponto denominado ponto de fuga. O ponto de fuga se localiza em algum ponto
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sobre a linha do horizonte (uma linha imaginária à altura dos olhos do observador), conforme
indicado na figura 4.
representações das formas como elas eram vistas. Na figura 5, mostrada acima, o ponto de
fuga pode ser observado ao fundo da obra, no centro do arco. Na atividade a seguir ,figura 6, é
possível perceber novamente a preocupação em mostrar a aplicação destes conceitos, fazendo
uso de obras de arte.
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
IMENES, Luiz Marcio; LELLIS, Marcelo. Matemática - 8º Ano. São Paulo: Moderna, 2009.
KALEFF, Ana Maria. Sobre o Poder de Algumas Palavras e Imagens Quando se Busca
Avançar Além das Noções Euclidianas Mais Comuns. Boletim GEPEM, n. 45. Rio de
Janeiro, 26-42, 2004.
SANDRONI, Laura C.; MACHADO, Luiz Raul. A criança e o livro. São Paulo: Ática, 1987.