Você está na página 1de 9

Grupo 5

Beatriz Martins dos Santos Matrícula: 2021.1.10.035


Gabrielle Andrade Costa Matrícula: 2020.1.10.014
Guilherme Bicelli Bombessi Matrícula: 2021.1.10.004

A arte de ensinar com matemática


Introdução
Despertar o interesse dos alunos pela matemática em sala de aula sempre foi
algo desafiador para a educação brasileira. Tradicionalmente, a educação é baseada em
modelos e memorização de fórmulas e conceitos, associando-os ao sofrimento e
repetição, sem espaço para a criação e imaginação. Muitas vezes, tal postura do sistema
educacional desenvolve apatia por parte de alguns alunos(as) e o que foi aprendido
acaba se perdendo com o passar do tempo. Percebe-se então, a necessidade de
professores(as) e educadores(as) de buscar novas técnicas para extrair a vontade de
aprender dos seus alunos(as) por meio da Matemática e Arte.

O livro “Fazendo Arte com Matemática”, de Estela Kaufman Fainguelernt e Katia


Regina Ashton Nunes (Penso, 2013) afirma que a matemática, em geral, é considerada
uma disciplina difícil, fechada, enigmática, destinada a poucos(as) que nasceram com
um talento especial para aprendê-la. Tendo em vista uma nova proposta para os
tradicionais ensinos matemáticos (nesse trabalho voltado para a área da geometria em
específico). O objetivo desse texto é destacar que é possível quebrar esse estigma com
o auxílio da arte e que os alunos(as) podem aprender matemática de uma forma mais
dinâmica e interativa, onde desenvolveriam além do conhecimento proposto da ciência
exata em si, criatividade, autonomia e interdisciplinaridade.
Desenvolvimento

Consideramos que a educação tradicional brasileira traz em sua bagagem um rico


conteúdo de décadas, com potencial de gerar grandes conhecimentos. Entretanto, os
conhecimentos matemáticos e também de outras ciências, são transmitidos às novas
gerações de forma rígida, imutável e principalmente unidisciplinar, indo contramão do
cotidiano atual e gerando uma frase muito frequente em salas de matemática: “O que
isso vai mudar na minha vida?”. Dessa forma é percebemos como os métodos de ensino
tradicionais muitas vezes podem funcionar de forma antiquada, não tendo
necessariamente um culpado (seja o aluno(a) ou seja o professor(a)), mas isso ocorre
principalmente por uma maneira padronizada de ensino que se manteve durante o
tempo, mesmo que já tenha se mostrado falha algumas vezes. A consequência dessa
situação é o desenvolvimento de um certo desinteresse pelo aprendizado nos alunos
por não conseguirem interligar o conteúdo transmitido pelo professor com o seu dia a
dia.

A atual conjuntura exige do corpo docente uma maneira de despertar o interesse


de não apenas uma parte, mas sim toda a classe de alunos. Para isso, é necessário
desenvolver novos meios de ensino, como trabalhar a interdisciplinaridade entre
matemática e arte por exemplo. Seria uma maneira de trazer para dentro de salas de
aula assuntos mais comuns que facilitariam a visualização do conceito teórico a ser
ensinado e um menor risco de que esse conhecimento se perca com o passar dos anos.
Foi pensando inicialmente quais seriam os possíveis benefícios dessa implementação,
chega-se à resposta que o aluno pode utilizar como apoio para a matéria que tem mais
dificuldade, uma matéria complementar. Isso vale não só para matemática e arte, como
explorado posteriormente no trabalho, mas também em outras matérias. Entretanto, o
maior desafio é como ensinar matemática através da arte ou vice-versa, visto que esse
ensinamento deve ser passado de forma clara e de fácil interpretação.

Segundo Carl Gustav Jung (JUNG , 1920,) “A arte é a expressão mais pura que há
para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão; é
sensibilidade, é criatividade, é vida”
A utilização de uma matéria que foge a noção de rigidez matemática a primeiro
momento é de alguma forma impactante quando pensamos em complexas equações e
grandes gráficos. Para que essa situação fosse subvertida e houvesse um início mais
simples foi inicialmente pensado por nós em encontrar a área da matemática que
tivesse metodologias e elementos que lembram minimamente a arte. Dentre os campos
da matemática, a geometria ganha destaque nesse contexto, por ser a área que estuda
as figuras geométricas, planos, espaços e nos permite com calma estudar também a
arte. Ela por sua vez, não possui um padrão. Passou ao longo da história por inúmeras
mudanças na sua forma de representação. As pinturas por exemplo, sofreram
influências da época em que criadas. A exemplo pode-se citar o cubismo.

Figura 1. Pablo Picasso – Les Demoiselles D’Avignon

Fonte: Disponível em <publicacao.uniasselvi.com.br/index.php/ART_EaD/article/view/1548/684>.


Acesso em 31 de agosto de 2021.

Segundo Baugmann (2011), o movimento Cubista teve início no século XX, em


Paris, por volta de 1907, e durou até 1914, sendo inaugurado por Pablo Picasso com a
obra “As Senhoritas de Avignon”. A obra por sua vez foi criticada a primeiro momento
não por se tratar da representação de cinco prostitutas e sim pelo estilo da pintura que
mescla figuras geométricas dos corpos e do fundo e sem a noção de profundidade e
espaço. O movimento depois de ganhar espaço entre os artistas, ficou famoso pela
decomposição das imagens em figuras geométricas e é com base nisso que
introduziremos a matemática na arte.
Figura 2. Piet Mondrian

Fonte: Disponível em <www.todamateria.com.br/piet-mondrian-obras-biografia/>. Acesso em 31 de


agosto de 2021.

Piet Mondrian (1872-1994) foi um artista muito influenciado pelo cubismo,


porém seu caminho era mais radical que no início do século XX. Suas obras eram
compostas meramente de simples composições de formas geométricas e algumas cores.
Após 1918, suas obras eram meramente resumidas em traços verticais e horizontais
precisos formando quadrados e retângulos e coloridos de azul, amarelo, preto e
vermelho.

Figura 3. Leonardo da Vinci – Homem Vitruviano

Fonte: Disponível em <www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/homem-vitruviano>. Acesso em 31 de


agosto de 2021.
Outra obra importante e de grande relevância para o ensino matemático, do
ensino médio principalmente, é a obra “Homem Vitruviano”1 de Leonardo da Vinci. Nela
o artista busca na anatomia humana, proporções ideais para que a arte se aproxime o
máximo possível da realidade a partir dos conceitos expostos na obra “De Architectura”
do arquiteto romano Marcus Virtruvius Pollio. Segundo Da Vinci, o homem
representado na obra é o ideal de beleza, harmonia e equilíbrio nas proporções. A
proporcionalidade é comparada a partir da proporção áurea, número de ouro ou
número áureo.

Baseado na proposta de atividade pedagógica interdisciplinar da professora


Maria Aparecida dos Santos de Souza para alunos do 8º ano do Ensino Fundamental do
Colégio Estadual Sílvio Vidal, em Paranavaí-PR para o primeiro semestre de 2017, citado
no livro “Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE”
(MARIA APARECIDA DOS SANTOS DE SOUZA, 2016) uma proposta de
interdisciplinaridade entre arte e matemática contaria com 04 momentos. O primeiro
com Atividades Diagnósticas, um segundo com Atividades Teóricas, terceiro com
Atividades Práticas e por fim um quarto com atividades de Verificação de Aprendizagem
e Exposição.

No primeiro momento, os alunos foram convidados a percorrer o ambiente


escolar, sem intervenção de professores, anotar e desenhar todas as figuras geométricas
que conseguirem identificar. Após isso, foi exposto o quanto a geometria está presente
na natureza e no cotidiano. Onde o professor comentou sobre as figuras anotadas pelos
alunos e se necessário, acrescentará figuras que possam ter passado despercebida.

Em um segundo momento, os alunos receberam pinturas clássicas do


movimento cubista e seriam encarregadas de identificar as figuras geométricas
presentes em cada uma e analisá-las, se atentando sempre para a sobreposição das
figuras para a composição da imagem. Feito isso, com o auxílio de réguas e
transferidores, os alunos foram convidados a identificar retas, arestas e ângulos
possíveis. Feito isso, com o auxílio de um quadro de Piet Mondrian, os alunos puderam

1
Para mais informações acesse: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/homem-vitruviano
identificar retas paralelas e retas perpendiculares, analisar suas medidas e se há
proporcionalidade.

O terceiro momento foi dedicado a figuras espaciais, podendo ser feito através
da planificação de sólidos e análise de como é constituído essa planificação. Após esse
momento, os alunos já tinham base para compreensão do conceito de volume, número
de faces, vértices e arestas e poderão calculá-las com mais tranquilidade.

O último momento foi dedicado a ‘colocar a mão na massa’. Os alunos criaram


suas próprias telas (essa criação pode ser feita por meio desenhos ou colagens) a partir
de figuras geométricas, respeitando sempre a definição de cada figura. Neste quarto
momento deve-se relembrar o primeiro, onde os alunos analisaram a sobreposição das
figuras para que a imagem pudesse ser formada.

Pensando em alunos de ensino-médio, idealizamos também uma proposta para


interdisciplinaridade entre matemática e arte focado naqueles alunos que realmente
não gostam e nem se quer dão chance para que os professores lhes mostrem um pouco
do mundo das exatas. Nessa segunda proposta, os alunos passariam por 03 etapas.
Tendo como referência o Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci.

Figura 4.

Fonte: Disponível em <www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/homem-vitruviano>. Acesso em 31 de


agosto de 2021.
Primeiramente os alunos seriam convidados a realizar um desenho de um ser
humano e esse desenho seria guardado. Feito isso, os alunos conheceriam um pouco
sobre proporcionalidade da obra e como tudo no corpo humano carrega consigo parte
dessa proporcionalidade. Os grupos, receberiam proporções referentes ao corpo
humano (como as apresentadas na obra original) e seriam encarregados de discutir a
proporcionalidade e descrever com quais regras os mesmos concordam. Por fim, os
alunos seriam desafiados a reproduzir o mesmo desenho feito inicialmente, porém
levando em consideração a obra de Leonardo Da Vinci. Desenho feito, é hora de analisar
se houve evolução e o quão importante a matemática é para a arte.

Idealizamos também outras possíveis formas de demonstrar aos alunos como a


interdisciplinaridade interfere diretamente nas matérias envolvidas, por exemplo nas
representações com perspectiva, que para serem realizadas de maneira realista são
necessárias técnicas que a primeira vista podem parecer simples, mas na verdade
funcionam de maneira eficaz devido a leis naturais da matemática, como nos casos de
desenhos com ponto de escape, técnica usada para dar perspectiva de profundidade em
desenhos2, e que só funciona devido à questões regras naturais da matemática que
fazem com que tal técnica seja eficaz.

Figura 5.

Fonte: Disponível em < http://www.sobrearte.com.br/desenho/perspectiva/index.php >. Acesso em 31


de agosto de 2021.

O melhor caminho para o ensino matemático por meio da arte deverá levar em
conta uma serie de fatores como idade, número de alunos, tempo de aplicação e grau
escolar.

2
Para mais informações sobre perspectiva em desenhos acesse:
http://www.sobrearte.com.br/desenho/perspectiva/index.php
Conclusão

A matemática desempenha um papel importe em toda sociedade, possuindo


participação em vários momentos do dia a dia, dentre eles, em especial, o do tema
principal desse texto, em como pode ser aproveitado dentro da sala de aula pelos
professores e educadores, por ser um tema que pode ser chamativa de diversas formas
diferentes, tanto que, como consequência, cada um dos integrantes teve a maior parte
do próprio interesse voltado à áreas diferentes, a integrante Gabrielle teve interesse
principalmente no “homem vitruviano”, apesar de considerar um tema delicado por ser
as proporções “perfeitas” do corpo humano; enquanto isso Beatriz teve preferência pela
proposta pratica dividida em quatro momentos, isso por ser uma maneira diferente e
mais interessante de encarar o aprendizado de matemática e arte; por fim Guilherme se
interessou pelo estudo das artes com ponto de escape, por ser um método que só é
funcional devido a regras naturais e preestabelecidas da matemática. Considerando a
situação como um todo, seria muito motivador essa aproximação maior entre
matemática e a arte no ensino de ambas as matérias para toda sociedade, pois além de
estar presente em praticamente tudo que vemos ou fazemos , é uma área com “muito
a se extrair”. Um conceito aberto e praticamente inexplorado está diante de nossos
olhos, cabe então fazer valer desse artifício e colocá-lo em prática para que assim
consiga um maior desempenho no nível da educação. Seja ele por meio de atividades
como aulas de desenho livre, pinturas ou exposições, ou até mesmo atividades
incrementadas na grade curricular como modelismo com argila , isso além de envolver,
acabaria por ainda mais , aumentar a interação entre alunos, e o principal, elevar ainda
mais o nível de interesse e importância da Matemática na Arte.
Referencias

• ROSA, JOSIANE. Homem vitruviano. Educa mais Brasil, 2019. Disponível em:
<https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/homem-vitruviano >,
Acesso em: 31 de agosto de 2021.

• PORTO, GABRIELA B; KREISCH CRISTIANE. Cubismo no ensino de artes. Maiêutica


– Arte e Cultura, 2016. Disponível em:
<https://publicacao.uniasselvi.com.br/index.php/ART_EaD/article/view/1548/6
84 > Acesso em: 31 de agosto de 2021.

• SOUZA, M,A,S. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do


professor PDE. 2016. Disponível em:
<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/produ
coes_pde/2016/2016_pdp_mat_unespar-
paranavai_mariaaparecidapereiradossantos.pdf > Acesso em: 31 de agosto de
2021.

• FAINGUELERNT, E, K; NUNES, K, R, A. Fazendo arte com a matemática, 2015.


Disponível em : <https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=nxyvCQAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA1&dq=matem%C3%A1tica+e+arte&
ots=gv17O5Nb0J&sig=Sa7Y0rAde6UwaZtReEfI6pDy-LA#v=onepage&q&f=false >

Você também pode gostar