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METODOLOGIA

DO ENSINO
DE ARTES

Cléa Coitinho
Escosteguy
Romualdo Corrêa
Revisão técnica:
Marcia Paul Waquil
Assistente Social (PUCRS)
Mestre em Educação (PUCRS)
Doutora em Educação (UFRGS)

E74m Escosteguy, Cléa Coitinho.


Metodologia do ensino de artes / Cléa Coitinho
Escosteguy, Romualdo Corrêa. – Porto Alegre : SAGAH,
2017.
236 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-112-9

1. Metodologia de ensino - Artes. I. Corrêa, Romualdo.


II. Título.
CDU 37.022:74

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094

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UNIDADE 2
Situações didáticas para
o ensino das artes: uma
questão metodológica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir didática no ensino de artes.


 Conhecer metodologias aplicáveis no ensino de artes.
 Analisar experiências realizadas na prática de sala de aula.

Introdução
A didática é a área de estudo comum a todas as áreas do conhecimento,
é ela que propõe respeito às formas, métodos e diretrizes do ensino em
geral. Além disso, a didática se propõe a compreender a relação que se
estabelece entre três elementos: o professor, o aluno e a matéria a ser
ensinada.
Neste capítulo, você irá conhecer técnicas para aplicação em aulas
de artes e também vai estudar metodologias contemporâneas que irão
contribuir para a sua prática de ensino.

A didática no ensino de artes


Durante muitos anos, o ensino de artes se resumiu a tarefas pouco criativas
e repetitivas. Essa matéria era muito desvalorizada na grade curricular, e as
aulas dificilmente seguiam uma lógica ou estratégia de ensino ao longo do
ano letivo. As atividades realizadas variavam entre ligar pontos para formar
desenhos e copiar formas geométricas. Dessa forma, o aluno não era entendido

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como alguém que poderia desenvolver habilidades artísticas, e, por isso, cabia
ao professor dirigir seu trabalho e demonstrar o que deveria ser feito.
A partir de 1960, com o surgimento do movimento da Escola Nova, as
aulas de artes passaram a ser influenciadas por ideias modernizadoras. Na
época, a proposta era romper totalmente com o formato tradicional. Nesse
modelo, chamado escola espontaneísta (ou livre expressão), os professores
são vistos como mediadores do conhecimento, ou seja, os professores dire-
cionam atividades ao fornecer materiais, espaço e estrutura para os alunos
desenvolverem atividades artísticas, porém sem interferir na produção dos
estudantes. O modelo defende que sem a interferência direta do professor, a
arte surge naturalmente, de dentro para fora e sem orientações que pudessem
atrapalhar o processo.
Com o passar dos anos, surgiram novas concepções, abrindo espaço para
a perspectiva sociointeracionista, hoje a mais indicada pelos especialistas. A
partir dessa perspectiva, o ensino deve permitir que os alunos não só apren-
dam sobre manifestações artísticas cultural e socialmente reconhecidas, mas
também estimular os alunos à criação de suas próprias artes, desenvolvendo
habilidades artísticas e utilizando equipamentos e ferramentas à sua disposição.
Mais tarde, na década de 1990, duas importantes inovações direcionaram
o ensino de artes para o modelo atual. Na Espanha, Hernández e Ventura
(1998) defenderam o estudo da chamada cultura visual. Para os autores, muito
além das artes visuais clássicas, era necessário, trabalhar com os recursos
tecnológicos, como videoclipes, internet, histórias em quadrinhos, objetos
populares e da cultura de massa, rótulos e outdoors, de maneira que esses
recursos contemporâneos possam ser explorados nas aulas de artes.
No Brasil, Barbosa (1975) apresentou a metodologia da proposta triangular
(inspirada em ideias norte-americanas e inglesas) e recuperou conteúdos e
objetivos que tinham sido abandonados pela escola espontaneísta. Ela mostrou
que o professor deveria usar como referência o tripé que consiste: o fazer
artístico, a história da arte e a leitura de obras.
Esse tripé é considerado a base predominante para o ensino de artes atu-
almente, que tem como estrutura:

1. a produção;
2. a apreciação artística;
3. a reflexão;

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Hoje, a tendência que guia o ensino de artes é a chamada sociointeracionista, que


defende a mistura de produção, reflexão e apreciação de obras artísticas. Esse modelo
favorece a formação do aluno por quatro linguagens artísticas: dança, artes visuais,
música e teatro.

Ateliê de sala de aula.


Fonte: s_oleg/Shutterstock.com.

O “novo” tripé ajuda a desmanchar alguns dos mitos que circundam as


aulas de artes nas escolas.
As situações didáticas trazem ações que buscam possibilitar um maior
rendimento nas aulas de artes, bem como um desenvolvimento artístico vol-
tado à criação e liberdade de expressão. Veja alguns exemplos importantes:

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Produção
Nas aulas de artes, é importante a realização de atividades em que o aluno seja esti-
mulado a criar/produzir algum trabalho artístico; nesse sentido pode-se citar desenho,
pintura, fotografias ou modelagens. As atividades de produção podem partir de
propostas elaboradas pelo professor e podem se articular com a leitura de imagens.
Ao usar imagens, é importante que o professor escolha aquelas que possuem
características que despertem percepções específicas sobre algum aspecto visual ou
simbólico que se deseja trabalhar com os alunos. O educando aprende a reconhecer
conteúdos e conceitos relacionados à arte.
Percurso de criação pessoal
É preciso proporcionar espaço e tempo de experimentação e criação. Para isso, devem
ser deixados à disposição diversos materiais (pincéis, tintas, lápis, giz de cera, papéis,
argila). Cada aluno pode escolher o modo como vai utilizá-los e se produzirá sozinho
ou em grupo.
O educador orienta os alunos a partir de interferências pontuais, e observa no
trabalho pronto as singularidades da produção e a familiaridade com o universo da
arte. Quanto menor a autonomia da turma, maior a participação do professor no
direcionamento das tarefas.
Dessa forma, o aluno aprende a fazer um trabalho de autoria, imprimindo suas
marcas subjetivas e expressando ideias e percepções.
Interpretação de imagens
Leitura de reproduções levadas para a sala de aula e de originais em exposições. É
necessário criar situações de contato com a arte indicando o significado da pintura
ou do desenho no contexto em que foram produzidos e incentivando a busca do
sentido deles nos dias de hoje.
As poéticas visuais devem ser colocadas como uma situação de aprendizagem por
meio da resolução de problemas e da descoberta ao mesmo tempo, explica Iavelberg
(2003). Isso significa promover uma leitura criativa, dando informações sobre as imagens
sem se antecipar às colocações da garotada – esse é o momento de pensar e sentir.
O educando aprende a interpretar as obras conforme sua sensibilidade e seu conhe-
cimento do assunto, percebendo que significados assumem para si e em diferentes
culturas.
Fala, leitura e escrita sobre Arte
Expressão de ideias diante de criações artísticas e com intermediação do educador por
meio de discussões, leitura e produção escrita. Vale estimular o contato com textos
de diversos gêneros, como biografias de artistas, críticas de arte e entrevistas com
profissionais – o que pode ser feito em parceria com a disciplina de Língua Portuguesa.
Nas séries iniciais, a intenção é desenvolver a capacidade de escrita e leitura dos que
começam a se alfabetizar e expandir o universo de interpretação de todos.
O aluno aprende a expressar ideias sobre a leitura da arte por escrito ou oralmente
e, com isso, avaliar o que está produzindo.
Fonte: nova escola (2017).

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Metodologias aplicáveis no ensino de artes


Você sabe o que é metodologia? Para ir a diante neste estudo, é necessário
primeiramente conceituá-la: a metodologia estuda os métodos de ensino,
com foco na busca pela transmissão adequada dos conteúdos curriculares e
alcançar os objetivos propostos.

Significado etimológico da palavra metodologia: refere-se ao caminho a seguir para


alcançar algum fim (PILETTI, 1995).

Ao contrário da teoria, a metodologia, não procura dar validade ao conteúdo,


está mais ligada à capacidade de fornecer certos conhecimentos. Neste con-
texto, é possível destacar vários elementos, tais como os instrumentos (métodos
e técnicas), os objetos (materiais) e as referências teóricas. A harmonização e
a integração balanceada desses elementos definem a metodologia.
Sendo assim, a metodologia será o estudo dos instrumentos de montagem
de uma teoria ou o estudo dos teóricos para atender a certas necessidades, ou
seja, um caminho a ser construído para atingir os objetivos propostos.
Há dois conceitos nessas considerações: o de método que significa o cami-
nho a seguir mediante uma série de operações e regras prefixadas de antemão,
aptas para alcançar o resultado proposto; e o de técnica que não é o caminho
como o método, mas sim a arte ou maneira de percorrer esse caminho.
O método se faz acompanhar da técnica, que é o instrumento que o auxilia
na procura de determinado resultado: informação, invenção, tecnologia etc.

É preciso distinguir método de técnica: o método é o procedimento que permite es-


tabelecer conclusões de forma objetiva, enquanto a técnica é um sistema de princípios
e normas que auxiliam na aplicação dos métodos, justificando-se por sua utilidade.

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A metodologia de ensino procura apresentar roteiros para diferentes situ-


ações didáticas, conforme a tendência ou corrente pedagógica adotada pelo
professor, de forma que o aluno se aproprie dos conhecimentos propostos ou
apresente suas pesquisas e demais atividades pedagógicas.

Veja algumas dicas importantes:


 O aluno deve desenvolver as capacidades de observar; analisar; teorizar; sintetizar;
aplicar; e transferir o que foi aprendido.
 As atividades metodológicas desenvolvidas devem ser combinadas de forma
simultânea ou sequencial, oferecendo ao aluno a oportunidade de perceber e
analisar o assunto sob diversos ângulos.
 Deve-se lembrar que o conteúdo de artes é dividido em quatro linguagens – arte
visual, música, dança e teatro, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacio-
nais – e que a metodologia deve ser pensada de acordo com as linguagens e suas
necessidades.
 Deve-se variar as maneiras de estudar os conteúdos e programar as atividades ao
longo do ano. Assim como na prática artística, “há um pensar fazendo e um fazer
pensando”.
 Quando o educador ensina, a ação mobiliza para a reflexão e a reflexão transforma
a ação.

Como você pôde ver no estudo anterior, o ensino de artes passou por muitas
transformações ao longo da história. Veja as principais características de cada
movimento até chegarmos no sociointeracionismo, principal base metodológica
utilizada nos dias de hoje.
O ensino tradicional, apesar de ser o método de ensino mais antigo, ainda
está presente em muitas escolas. Veja algumas características da corrente
tradicional:

 O foco do ensino está no aprendizado de técnicas e desenvolvimento


de habilidades manuais, coordenação motora e precisão de movimentos
para o preparo de um produto final.
 Os alunos aprendiam a partir da repetição de atividades, cópia de
modelos e memorização.
 O professor adotava a postura de transmissor do conhecimento. Ao
aluno, bastava absorver o que é ensinado sem espaço para a contestação.

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 A avaliação estava relacionada a quanto o aluno conseguia reproduzir


com rigor as obras de artistas consagrados.

Para o ensino baseado na livre expressão, corrente metodológica fortemente


influenciada pelas ideias do movimento da Escola Nova, o foco está mais para
o processo do que o produto final, ou seja, a experimentação artística é mais
importante do que a arte final. Veja as características:

 Havia a valorização do desenvolvimento criador e da iniciativa do aluno


durante as atividades em classe.
 As atividades realizadas eram basicamente o desenho livre e uso variado
de materiais.
 Não havia certo ou errado, o aluno tem a liberdade para criar.
 Ao professor, não cabia corrigir ou orientar os trabalhos, nem mesmo
utilizar outras produções artísticas para direcionar a turma.
 A ideia principal do método de ensino é que o aluno expresse na arte
as suas relações internas.

A metodologia sociointeracionista, tendência atual para o ensino da dis-


ciplina, é focada nas relações entre cultura, conhecimentos prévios do aluno
e as produções artísticas. Veja as características:

 O método favorece a formação do aluno por meio do ensino das quatro


linguagens da arte: dança, artes visuais, música e teatro.
 São valorizas as experiências e saberes do aluno trazidos de fora da
escola.
 O professor deve fazer a intermediação entre a arte o conhecimento e
as experiências dos alunos para estimular as manifestações artísticas.
 O ensino é baseado em três eixos interligados: 1) produção (fazer e
desenvolver um percurso de criação); 2) apreciação (interpretar obras
artísticas); e 3) reflexão sobre a arte (contextualizar e pesquisar).
 Apesar dessa divisão citada acima, não deve haver uma ordem rígida
ou uma priorização desses elementos ao longo do ano letivo.

As artes na sala de aula


Como você já estudou, a tendência que guia a área de artes é a sociointeracio-
nista. Como defendem os próprios PCNs, é papel da escola ensinar a produção

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histórica e social da arte e, ao mesmo tempo, garantir ao aluno a liberdade


de imaginar e edificar propostas artísticas pessoais ou grupais com base em
intenções próprias. Veja, agora com mais detalhes, os três eixos que guiam o
método sociointeracionista:
O fazer artístico (produção) permite que o aluno exercite e explore diversas
formas de expressão.
A análise das produções (apreciação) é o caminho para estabelecer ligações
com o que já sabe.
O pensar sobre a história do objeto de estudo (reflexão) é a forma de
compreender os períodos e modelos produtivos.
A formulação de uma proposta de trabalhar a arte na escola exige que se
esclareçam quais posicionamentos sobre arte e sobre educação escolar estão
sendo assumidos. Por sua vez, tais posicionamentos implicam, também, a
seleção de linhas teórico-metodológicas.
Com relação à arte, existem teorias que podem contribuir para o desen-
volvimento estético e crítico dos alunos, principalmente no que se refere aos
processos de apreciação artística. São teorias que incorporam o relacionamento
com as práticas e o acesso ao conhecimento da arte, mas sem a pretensão
de atingir uma verdade única. O próprio conceito de arte tem sido objeto
de diferentes interpretações: arte como técnica, materiais artísticos, lazer,
processo intuitivo, liberação de impulsos reprimidos, expressão, linguagem,
comunicação e outros.
Sobretudo, a concepção de arte que pode auxiliar na fundamentação de
uma proposta de ensino e aprendizagem artísticos, estéticos, e atende a essa
mobilidade conceitual é a que aponta para uma articulação do fazer, do co-
nhecer e do exprimir.
Partindo desses pressupostos, pode-se trabalhar com as crianças de forma
bastante variada, dinâmica e criativa, explorando todas as habilidades do
educando e proporcionando liberdade de criação.
Veja um exemplo de atividade:

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A história da arte: sua origem com os povos primitivos


Na aula de informática, os alunos interagem com imagens reais de obras e ferramentas
confeccionadas e utilizadas na Idade da Pedra.
Com o objetivo de valorizar as diversas manifestações artísticas, podem-se trabalhar
a vida e a obra de grandes mestres da arte mundial, como: Pablo Picasso, Wolfgang
Amadeus Mozart, Michelangelo Buonarroti, Ludwig van Beethoven, Vincent van Gogh e
Peter Tchaikovsky. Dando maior importância às obras mais conhecidas desses mestres,
enfatizando o significado de cada uma. Este trabalho pode ser desenvolvido para-
lelamente ao de artes plásticas, aguçando ainda mais a percepção visual, auditiva e
compreendendo a música como produto cultural histórico em diferentes evoluções.
 Pelo computador os alunos têm a oportunidade de conhecer a história e as prin-
cipais obras de Picasso. Com seu estilo divertido e colorido, de formas planas e
arredondadas, Picasso desperta o interesse e a imaginação das crianças.
 Pela história do artista Michelangelo, fica muito presente a beleza da sua obra
na Capela Sistina, onde utilizou a técnica do Afresco. Os alunos necessitam do
momento de expressar esse trabalho utilizando a mesma técnica, participando
desde o preparo do gesso até a fase final: a pintura.
 Com Van Gogh, as crianças descobrirão que, em suas primeiras pinturas, ele utili-
zava cores tristes e sombrias, pois queria mostrar a todo mundo como era a dura
vida dos pobres, o que ficou explícito na obra “Os comedores de batata”. Poderá
ser proposto aos alunos que levem batata: doce, salsa e batata inglesa. Trabalhe
os tipos de batatas existentes e de que modo são plantadas. Arrume a sala como
o ambiente retratado na pintura (escura, iluminada apenas pela luz da vela). Cada
aluno deverá, então, receber um pouco de cada tipo de batata para perceber a
diferença de cada uma. Em seguida, pode ser proposta uma atividade de pintura
utilizando as batatas como carimbo.

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 Ao conhecerem a vida de Tchaikovsky, os alunos geralmente demonstram muito


interesse, pois ele foi compositor de três grandes obras bastante conhecidas que
se tornaram tema de balés: “O Quebra-Nozes”, “A Bela Adormecida” e o “Lago dos
Cisnes”. Esses devem ser trabalhados com os alunos da seguinte maneira: cada
turma pesquisa uma das obras em livros e filmes e, depois, apresenta para as
demais classes com um teatro.

Apresentação teatral em sala de aula.


Fonte: Lorelyn Medina/Shutterstock.com.

A Expressão Musical também está presente no interior da sala de aula e


assenta em um trabalho de exploração de sons e ritmos, os quais a criança
produz e explora espontaneamente e que vai aprendendo a identificar e a pro-
duzir com base em um trabalho sobre os diversos aspectos que caracterizam
os sons: intensidade (fortes e fracos), altura (graves e agudos), timbre (modo
de produção) e duração (sons longos e curtos), chegando, depois, à audição
interior, ou seja, a capacidade de reproduzir mentalmente fragmentos sonoros.
Sendo assim, o educador deve oportunizar atividades que descompliquem
a musicalização, desenvolvendo aulas práticas e priorizando o fazer em sala
de aula com materiais diferenciados e variados.

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Situações didáticas para o ensino das artes: uma questão metodológica 67

A música, quando inserida na rotina da criança, contribui muito para seu desenvolvi-
mento neurológico, afetivo e motor, além de ser uma fonte de estímulos, equilíbrio e
felicidade. Por seu poder criador e libertador, a música se torna um poderoso recurso
pedagógico a ser utilizado pelos educadores de artes.

Com a prática em sala de aula, o aluno tem a oportunidade, pelas linguagens


da arte, de se expressar e de construir. A arte torna-se símbolo de uma relação
privilegiada que se estabelece entre a criança e o mundo que ela percebe.

Cabe ao professor, portanto, no uso de sua inventividade, tornar suas aulas dinâmicas
e atrativas, a despeito, por vezes, dos poucos recursos disponíveis. Fazer uso de ins-
trumentos alternativos, por exemplo, faz parte de uma das estratégias de ensino, mas
não deveria ser prática constante decorrente das más condições de ensino. Entretanto,
são eles que possibilitam a criação de uma verdadeira orquestra, experimentação de
sonoridades diversas, criação de temas musicais, arranjos, entre outras possibilidades
musicais. Também o uso da voz e do corpo são possibilidades sonoras das mais ricas.

Por trás das sensações, percepções e lembranças despertadas por um fazer


artístico, há uma história pessoal, experiências e conhecimentos anteriores.
Ela entende a arte como a criação de algo novo, a representação simbólica de
objetos e ideias visuais, plásticos, sonoros, gestuais, corporais, sob diversas
realidades. As produções artísticas são ficções reveladoras, criadas pelos
sentidos, imaginação, percepção, sentimento, pensamento e a memória sim-
bólica do indivíduo.
Portanto, é necessário que a educação seja simbólica, isto é, centrada em
levar o educando a ter prazer e contentamento nas suas ações.

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Acesse o link ou utilize o código a seguir para ver


mais exemplos de atividades.

https://goo.gl/vYSLrx

1. Em 1960, surge a Escola Nova, que, trabalha exclusivamente


apresentavam um modelo em com as dinâmicas do
que o professor deve: educador, seu planejamento
a) promover ideias modernizadoras e atividades diversificadas.
e influenciar as aulas de b) A didática, enquanto campo de
artes, bem como romper estudo, visa propor princípios,
com alguns tópicos do jeito formas e diretrizes que são
anterior de trabalhar. comuns ao ensino de todas
b) desenvolver e trabalhar com o as áreas de conhecimento. Ela
fazer artístico e a História da Arte. não se restringe a uma prática
c) firmar uma proposta que de ensino, mas se propõe
visava à renovação da a compreender a relação
mentalidade dos educadores que se estabelece entre três
e das práticas pedagógicas. elementos: o professor, o aluno
d) propor, pela primeira vez, que e a matéria a ser ensinada.
a educação fosse não focada c) A didática compreende a relação
na mudança social, mas na que se estabelece entre dois
liberdade de expressão. elementos imprescindíveis:
e) promover o pensamento professor e aluno, bem
pedagógico, mas em como suas problemáticas.
consonância ao pensamento d) A didática compreende a relação
religioso medieval. entre o aluno, que é instrumento
2. Escolha o conceito de didática que primordial para a aprendizagem,
mais encaixa nos conhecimentos e o conteúdo a ser ministrado.
adquiridos neste capítulo. e) A didática traz a reflexão sobre
a) Didática é o campo que conhecimentos e técnicas de

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Situações didáticas para o ensino das artes: uma questão metodológica 69

ensino oriundos desse campo e a aprendizagem e a etnia


de estudo e tem por objetivo que prevalece na turma.
tornar a prática docente menos b) O grau de interesse dos
reflexiva e mais prática. educandos, bem como o
3. A partir das leituras sobre rendimento de cada um.
didática e metodologia, escolha c) Exclusivamente a natureza do
a afirmação que se apresenta de conteúdo a ser ensinado e o tipo
forma completa e clara. de aprendizagem a se efetivar.
a) No processo educacional, o d) As condições estruturais da sala
aluno é visto como principal de aula e o tempo disponível.
pivô para a construção do e) As características dos
cognitivo, e não apenas como alunos, como, por exemplo,
um receptor de conteúdos. sua faixa etária, o nível de
b) O professor tem como papel desenvolvimento mental
principal garantir uma relação e as condições físicas e
didática entre o ensino, levando o tempo disponível.
em conta o processo. 5. A teoria sociointeracionista:
c) O bom professor é o que a) Considera o conhecimento
consegue, enquanto fala, real da criança um dos
trazer o aluno até a intimidade pontos de partida para o
do movimento do seu conhecimento potencial.
pensamento, como se fosse b) Acredita que a vivência em
uma cantiga de ninar. sociedade não é essencial
d) A relação entre professor e aluno para a transformação da
depende, exclusivamente, do criança, pois a criança pode
clima estabelecido pelo professor viver sem essa relação.
e de sua capacidade de ouvir. c) Acredita que o professor age
e) A teoria e a prática podem como alguém que treina a
ser vistas de forma separadas criança ao aprendizado.
na formação do professor. d) Foca a interação. Segundo
4. Ao escolher um procedimento ela, a aprendizagem acontece
de ensino, quais são os em contextos históricos,
critérios de seleção que o sociais e culturais.
professor deve utilizar? e) Foca a curiosidade e a
a) Adequação aos objetivos vontade de aprender como
estabelecidos para o ensino seus principais desafios.

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70 Metodologia do ensino de artes

BARBOSA, A. M. Teoria e prática da educação artística. São Paulo, Cultrix, 1975.


HERNÁNDEZ, F.; VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de trabalho. 5.
ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
IAVELBERG, R. Para gostar de aprender arte: sala de aula e formação de professores,
Porto Alegre: Artmed, 2003.
PILETTI, C. Didática geral. 18. ed. São Paulo: Ática, 1995.
RATIER, R.; SANTOMAURO, B.; POLATO, A. As situações didáticas de arte. Nova Escola,
01 jun., 2008. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/1020/as-situacoes-
-didaticas-de-arte>. Acesso em: 05 jul. 2017.

Leituras recomendadas
ORIENTAÇÕES didáticas. [Porto Alegre: UFRGS, 2000?]. Disponível em: <http://penta3.
ufrgs.br/CAEF/PCNArte/orientacaodidatica.html>. Acesso em: 01 jul. 2017.
PROJETOS PEFAGÓGICOS DINÂMICOS. Site. [S.l.] PPD, 2017. Disponível em: <http://
www.projetospedagogicosdinamicos.com/artes.html>. Acesso em: 01 jul. 2017. http://
penta3.ufrgs.br/CAEF/PCNArte/orientacaodidatica.html

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da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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