O documento discute as variações linguísticas e o preconceito linguístico. Apresenta exemplos de como a língua portuguesa varia de acordo com fatores como região, época, classe social e nível de instrução do falante. Também aborda a diferença entre a língua oral e a língua escrita.
Descrição original:
Variação lingüística e preconceito lingüístico. (1)
Título original
Variação lingüística e preconceito lingüístico. (1)
O documento discute as variações linguísticas e o preconceito linguístico. Apresenta exemplos de como a língua portuguesa varia de acordo com fatores como região, época, classe social e nível de instrução do falante. Também aborda a diferença entre a língua oral e a língua escrita.
O documento discute as variações linguísticas e o preconceito linguístico. Apresenta exemplos de como a língua portuguesa varia de acordo com fatores como região, época, classe social e nível de instrução do falante. Também aborda a diferença entre a língua oral e a língua escrita.
Variação Linguística e Preconceito linguístico O texto que segue é de autoria de um cantor conhecido, leiam-no e tentem lembrar de quem se trata. ASA BRANCA Quando "oiei" a terra ardendo "Intonce" eu disse, adeus Rosinha Qual a fogueira de São João Guarda contigo meu coração Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação Hoje longe, muitas légua Numa triste solidão Eu perguntei a Deus do céu, ai Espero a chuva cair de novo Por que tamanha judiação Pra mim vortar pro meu sertão
Que braseiro, que fornaia
Espero a chuva cair de novo Nem um pé de "prantação“ Pra mim vortar pro meu sertão Por farta d'água, perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Quando o verde dos teus "óio“ Se "espaiar" na prantação Por farta d'água, perdi meu gado Eu te asseguro não chore não, viu Morreu de sede meu alazão Que eu vortarei, viu Meu coração Inté mesmo a asa branca Bateu asas do sertão Eu te asseguro não chore não, viu "Intonce" eu disse, adeus Rosinha Que eu vortarei, viu Guarda contigo meu coração Meu coração Acredito que vocês lembraram ser Luís Gonzaga, pernambucano de Exu, o autor dessa música, em parceria com o cearense Humberto Teixeira, e nós, como pernambucanos, que na maioria também o somos, poderíamos cantá-la juntos e observarmos como o uso especial que ele fez da língua portuguesa o tornou conhecido em todo o Brasil como o rei do baião. Vamos cantá-la?! http://www.youtube.com/watch?v=cWiJL0_yj9c Com base na música respondam: 1-Como o cenário do sertão é descrito na música?
2-Qual o tema tratado na música?
3- Poderíamos afirmar que o conteúdo expresso pelo compositor em décadas
passadas se faz “novo” nos dias atuais? Justifique.
4-Na sua opinião, qual o grau de escolaridade do eu-lírico? Explique.
5-Qual sua possível profissão?
6-Retire da canção expressões típicas da linguagem popular.
7-Você compreendeu o que quis dizer a canção, isto é,
houve comunicação, ou nela há expressões “erradas” que dificultam o entendimento?
8-Suponha que você seja oftalmologista e no
consultório lhe chegasse um paciente cujas palavras fossem: “Dotô, meus óio tão ardeno”, como você agiria diante de tal afirmação? Corrigia-o ou procedia o exame dos olhos do paciente? AS VARIANTES LINGUÍSTICAS O que devemos levar em conta no nosso estudo? Cada um de nós, quando nasce, começa a aprender a língua em casa, com os familiares. Ao ouvir as pessoas falando, nós também vamos, aos poucos, apropriando-nos do vocabulário e das leis combinatórias da língua.
Também treinamos nossa boca e nossas cordas
vocais para produzirem sons, que se transformam em palavras, em frases e em textos inteiros. Quando passamos a ter contato com outras pessoas na rua, na escola, na cidade e nos sítios, percebemos que nem todos falam como nós e nossos parentes mais diretos, mas nem por isso deixamos de compreendê-las.
Existem pessoas que falam diferente por serem de
outras famílias, de outras cidades ou de outras regiões do país, ou até mesmo por serem mais idosas / jovens que nós. Assim, a língua sofre variações conforme os aspectos:
Regional Exemplo: Um falante
Conforme a nordestino, ao chegar numa feira livre no Rio de Janeiro, região do falante, o uso da diz ao vendedor: língua varia, pois este tem -Quero um quilo de macaxeira. vocabulário e pronúncia E o vendedor responde: próprios de sua região. O que -Caramba, não tenho. Tenho não significa dizer que região X mandioca, serve? fala “melhor” ou mais “bonito” O falante nordestino examina o do que região Y. Quem assim produto e diz: - Vou levar, é a pensa comete preconceito mesma coisa! linguístico. Época Exemplo: É comum as pessoas de Num consultório entram o avô (65 diferentes épocas utilizarem anos) e o neto (10 anos). O avô olha um vocabulário diferente, e, para o médico e fala: na maioria das vezes, também escreverem de -Doutor, quero que o senhor me modo diferenciado devido às receite um remédio para meu neto variações da língua no que está com difruço. tempo, as quais atingem a O médico, meio que aturdido, porém faixa etária dos falantes. Um compreende a fala do senhor e exemplo vivo para nós é a começa a prescrever a medicação. reforma ortográfica, a qual Eis que o neto interrompe: muda o jeito de escrever algumas palavras. -Vovô, eu não tenho essa doença aí não, tenho apenas um leve resfriado. Classe social Exemplo: Conversa entre três jovens de Pessoas que têm maior diferentes classes sociais acesso a leituras Jovem da classe alta: - Li ontem vários artigos variadas, escolas, filmes, sobre variação linguística na biblioteca virtual e internet etc apresentam tive aulas com meu pai. uma variedade da língua, Jovem da classe média: -Foi mesmo, cara? Eu digamos, mais próxima tenho internet, livros, Tv a cabo, mas não li do falar exigido pela nada. Convidei um antigo colega para ir lá em sociedade letrada. Não casa, ele também utilizou minhas mídias e fez essa leitura que você aí fala. se trata de mais pobres Jovem da classe baixa: - O convidado fui eu! Não ou menos pobres, trata- tenho esses recursos, apenas as xérox das se apenas das aulas, por isso aproveitei a oportunidade dada oportunidades de leitura pelo colega, a fim de também me sentir desses falantes. incluído e li tudo que pude. Resultado: Hoje entendo as variações e sei me defender diante do preconceito linguístico! Nível de instrução Exemplo: Conversa entre um agricultor (analfabeto) e um metereologista: O nível de instrução do Agricultor:- Sinhô, hoje chove de todo jeito! falante também faz com Metereologista: -Não, as previsões só anunciam que a língua sofra chuvas para o final do mês. variações. Isso quer dizer Agricultor: -Num concordo, não sinhô e até que falantes com maior pruque o mei miô, o mei findô e hoje já é 15. escolarização tendem a Assim, tá no miado e vai chuver. usar a língua de modo mais formal que os Metereologista: - Mas e as previsões? O senhor não entende de nada, nem falar sabe... falantes de menor Agricultor: - Me disculpe, falá bunito como o escolaridade. Fato que, em sinhô eu possa num sabê, mas se o sinhô tem muitos casos, provoca o istudo num parece pruque num sabe nem surgimento do preconceito arrespeitar or mai véi. E se eu num sei falá linguístico. como dixe, como é que eu tenho 65 ano e nunca deixei de falá com o povo daqui e nunca errei um paipite de chuva?! Situação de Comunicação (registros)
Conforme a situação Exemplo: A mãe com o filho, em casa, e na
escola, na qualidade de sua educadora. comunicativa em que se encontra o falante, ele faz Maria (mãe): -Filho, vá estudar variação a língua variar. Isso quer linguística. A avaliação é hoje, te dou uma bola se tirar 80. Não vai me envergonhar, dizer que, em ambientes hein? mais formais, a opção José (filho): - Mamãe, eu já sei que a língua pelo uso formal da língua varia conforme a região, o tempo, o grau de é mais conveniente. Já instrução e um bocado de coisas mais. Me com os familiares e dê, mamãe, a bola. colegas, o uso da Maria (na escola): - José, estude variação informalidade é mais linguística que a avaliação será hoje e eu usual. O interessante é darei à turma um livro a quem tirar 80. saber fazer essas trocas. José (na escola)- Professora, sei de todas as variações, inclusive como banir o preconceito linguístico existente na nossa sociedade. E agora, mereço o 80 e o livro?! Linguagens Língua oral e língua escrita expressões de apoio, como né?, tá?, A língua oral, entendem?, etc. (falada) também é Em outras palavras, poderíamos resumir que a diferente da língua escrita. escrita é planejada, enquanto a fala não, é Assim, quando espontânea. Aquilo que escrevemos, temos escrevemos podemos rever, revisar, ao passo condições de escrever bem que aquilo que falamos, não temos mais como as palavras, de corrigir o voltar atrás. Nesse caso, sendo uma ofensa ao texto e melhorá-lo até transmitir exatamente o outro, somente um pedido de desculpa poderá que desejamos. Na fala isso “sanar”o dito. Aproveitem essa aula e, a partir não é possível, ela de agora, não menosprezem seus colegas se normalmente apresenta estes falarem arrastado, com gírias, ou repetições, quebras de mesmo se usarem palavras desconhecidas sequência lógica, para vocês. Saibam que todo falante nativo problemas de conhece muito bem a sua língua materna. concordância e várias Língua Formal: também chamada A língua culta ou padrão é veiculada nos de culta ou padrão. Ao dicionários, nas gramáticas, nos textos falarmos em público ou ao conversarmos com pessoas literários, técnico-científicos e jornalísticos e mais instruídas do que nós, nas redações oficiais do país. ou ainda com pessoas que ocupam cargo ou posição elevada, passamos a Informal: ao contrário, se a conversa empregar a língua formal, for com pessoas conhecidas, com as quais isto é, falamos de modo mais temos intimidade ou mesmo familiaridade, cuidadoso. Evitamos tanto as gírias e expressões grosseiras podemos falar de modo informal, mais quanto aquelas que popular e menos policiado, pois nosso demonstrem muita interlocutor não se chocará com a nossa intimidade (caramba, linguagem. fofinha, bicho etc). (1) Gírias, jargões e calão
Gíria e jargão: são os Calão (ou baixo calão): é uma
códigos linguísticos próprios realização linguística caracterizada pelo uso de um grupo sociocultural de termos baixos, grosseiros ou obscenos, com vocabulário especial, que, dependendo do contexto, muitas incompreensível para quem vezes chocam pela falta de decoro e dele não fizer parte. Os desvalorizam socialmente aqueles que os médicos usam uma linguagem típica da empregam. medicina, por exemplo, para explicar um Vale ressaltar que, no ato comunicativo, o procedimento cirúrgico falante deverá primar por ser bem (jargão); já os surfistas compreendido linguisticamente, suas empregam gírias entre eles. escolhas deverão estar adequadas à situação comunicativa vivenciada por ele, bem como a seu interlocutor imediato. A gíria, como a moda, passa.
Vocês lembram de gírias antigas?
Deem alguns exemplos de gírias
usadas na nossa região. A língua portuguesa tem muitas expressões interessantes. Muitas delas se constituem como gírias, as quais são usadas pelos falantes de várias idades, inclusive por vocês. Expliquem, pois, o que significam e em que situações cotidianas são usadas as expressões seguintes: a)Está com a pulga atrás da orelha.
b)Comer o pão que o diabo amassou.
c)Procurar sarna para se coçar.
d)Prometer mundos e fundos.
e)Lutar com unhas e dentes.
f)Ser mão de vaca.
g)Pisar em ovos.
i)Aquele homem é pirangueiro pra chuchu.
Ninguém deve menosprezar os usos da língua escolhidos pelo falante. Este, por sua vez, deve fazer uso adequado dela, para evitar situações de incompreensões e para participar ativamente da sociedade da qual faz parte, por exemplo:
É ADEQUADO: usar a linguagem formal em ambientes
e eventos públicos como numa formatura, numa palestra, na igreja etc.
É INADEQUADO: usar uma linguagem extremamente
formal, muito trabalhada, pomposa em casa com os familiares ou com pessoas da intimidade. Nossa próxima atividade será uma produção escrita, na qual vocês me ditarão o texto. O enfoque será dado às variações da língua e ao preconceito existente na sociedade quanto às diferenças no seu uso . Vocês, a partir dessa criação, serão os multiplicadores dos conhecimentos aqui construídos. Para isso, observem uma simples definição do que seja essa barreira que tanto afastou e ainda afasta os falantes da língua devido aos mitos que lhes foram impostos ao longo dos tempos. Preconceito linguístico
Quando se afirma que alguém não sabe falar
corretamente porque não utiliza a variedade de maior prestígio social, ou seja, a culta, ou mesmo quando não se aceita uma diferença na pronúncia e no léxico de uma pessoa, comete-se o preconceito linguístico. Ele também se mascara em afirmações como: “o certo é falar assim, porque se escreve assim”; “brasileiro não sabe português”; “nordestino fala tudo errado“ ;“pessoas sem instrução falam tudo errado” etc. Sejamos criativos em ambas as produções, não nos esqueçamos de sempre atribuirmos valores aos diversos usos da língua, desmistificando assim esse preconceito que tanto tem afastado os falantes do convívio social. Podemos começar?! 1º comando
Suponha que você, sendo nordestino, 18 anos,
com Ensino Médio incompleto, morador da zona rural, pleiteia uma vaga numa empresa de cosméticos em São Paulo. Como se expressaria diante do entrevistador, por sinal, muito exigente com o uso formal da língua. Elabore um diálogo entre ambos. Aproveite para deixar claras as noções de variação e do preconceito linguístico. Espaço para a 1ª produção 2º comando
Como se expressaria um paciente idoso,
analfabeto com dores nas costas diante de um médico ortopedista? Elabore a consulta num grau de aceitação por parte do médico tendo em vista as expressões usadas pelo seu paciente. Espaço para a 2ª produção Vocês, em grupos, farão duas atividades avaliativas. Na primeira, com base no sorteio dos tipos de variações da língua, façam um resumo através de diálogos daquilo que aprenderam sobre a variação sorteada para o grupo. Para isso, usem a cartolina e os pincéis. Na segunda, os mesmos grupos irão produzir um texto teatral com a mesma temática e, em seguida, irão encená-lo para os outros colegas usando os fantoches e o lençol. Para organizarem essa atividade, usem o papel ofício. Boa sorte e mãos à obra!