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Interpretação de Exames:

Colpocitopatológico &
Mamografia

Educação Permanente – Alfredo Chaves, 2021


Colpocitopalógico
Rastreio do Câncer do Colo do Útero

• O rastreamento do câncer do colo do útero se baseia no


reconhecimento de que o câncer invasivo evolui a partir de lesões
precursoras (lesões intraepiteliais escamosas de alto grau e
adenocarcinoma in situ), que podem ser detectadas e tratadas
adequadamente, impedindo a progressão para o câncer.
O Exame

• O método principal e mais amplamente utilizado para rastreamento


do câncer do colo do útero é exame citopatológico esfoliativo do
colo do útero (Papanicolau / Preventivo) . Segundo a OMS, com
uma cobertura da população-alvo e a garantia de diagnóstico e
tratamento adequados dos casos alterados, é possível reduzir, em
média, de 60 a 90% a incidência do câncer cervical invasivo.
O Exame

• O exame deve ser oferecido às mulheres ou qualquer pessoa com


colo do útero, na faixa etária de 25 a 64 anos e que já tiveram
atividade sexual. Isso pode incluir homens trans e pessoas não
binárias designadas mulher ao nascer.  
O Exame

• A rotina recomendada para o rastreamento no Brasil é a repetição do


exame Papanicolau a cada três anos, após dois exames normais
consecutivos realizados com um intervalo de um ano. A repetição
em um ano após o primeiro teste tem como objetivo reduzir a
possibilidade de um resultado falso-negativo na primeira rodada do
rastreamento.
O Exame

• O rastreamento de mulheres portadoras do vírus HIV ou imunodeprimidas


constitui uma situação especial, pois, em função da maior vulnerabilidade
para as lesões precursoras do câncer do colo do útero, o exame deve ser
realizado logo após o início da atividade sexual, com periodicidade anual
após dois exames normais consecutivos realizados com intervalo semestral.
• Por outro lado, não devem ser incluídas no rastreamento mulheres sem
história de atividade sexual ou submetidas a histerectomia total por outras
razões que não o câncer do colo do útero.
O Exame Adequado Deve:

• Ter amostra satisfatória para avaliação pelo citologista. Se o resultado vier apontando uma
amostra insatisfatória, a coleta de um novo material deve ser realizada.
• O laudo deve indicar que tipos de tecido deram origem às células captadas, como por
exemplo, células da JEC, células da zona de transformação (ZT), ectocérvice ou endocérvice.
Se não houver na amostra, pelo menos, células da JEC ou da ZT, a qualidade do exame fica
muito comprometida, já que são essas as regiões mais atacadas pelo vírus HPV.
• O exame pode ainda descrever a flora microbiológica da vagina e se houver alguma infecção
ginecológica em curso, o laudo pode indicar a presença de leucócitos e o nome do germe
invasor.
ASC-US ou ASCUS

• O acrônimo ASCUS significa células escamosas atípicas de significado indeterminado. De


todas os resultados anormais encontrados no Papanicolau, o ASCUS é o mais comum. Ele
ocorre em cerca de 2 a 3% dos exames. O ASCUS indica uma atipia, mas sem apresentar
qualquer sinal claro de que possam haver alterações pré-malígnas. O ASCUS pode ser
provocado, por exemplo, por inflamações, infecções ou atrofia vaginal durante a
menopausa.
• Na grande maioria dos casos, o ASCUS é um achado benigno que desaparece sozinho com
o tempo. É preciso salientar, porém, que a presença de ASCUS não elimina totalmente o
risco dessas células virem a ser uma lesão pré-maligna; ele significa apenas que o risco é
muito baixo.
ASC-H ou ASCH

• Quando o citologista descreve no laudo a presença de ASCH, significa


que ele viu células escamosas atípicas, com características mistas, não
sendo possível descartar a presença de atipias malignas. É um resultado
indeterminado, mas com elevado risco de existirem lesões epiteliais de
alto grau (NIC 2 ou NIC 3). A presença de ASCH indica a realização da
colposcopia e da biópsia do colo do útero.
• LESÕES PRÉ- MALIGNAS – LSIL e HSIL/NIC 1, NIC 2 e NIC 3.
Lesão Intraepitelial Escamosa de Baixo Grau
(LSIL)

• A LSIL indica uma displasia branda, uma lesão pré-maligna com baixo risco de ser câncer. A
LSIL pode ser causada por qualquer tipo de HPV, seja ele agressivo ou não, e tende a
desaparecer após 1 ou 2 anos, conforme o organismo da mulher consegue eliminar o HPV do
seu corpo.
• Se o exame repetido com intervalo de 6 meses mantiver LSIL, o recomendado é que a
paciente deva ser submetida a colposcopia.
• A paciente com LSIL no preventivo costuma ter NIC 1 (lesão pré-maligna de baixo risco) na
biópsia. Porem, cerca de 16% das pacientes tem NIC 2 (lesão pré-maligna moderada) e 5%
tem NIC 3 (lesão pré-maligna avançada). As estatísticas mostram que os riscos de um
resultado LSIL indicar um câncer é de apenas 0,1% dos casos.
Lesão Intraepitelial Escamosa de Alto Grau
(HSIL)

• O HSIL indica que as células anormais têm grande alteração no seu


tamanho e formato é um achado que indica grande risco de existirem
lesões pré-malignas moderadas/avançadas (NIC 2 e 3) ou mesmo câncer já
estabelecido. O risco de um resultado HSIL ser NIC 3 na biópsia é de 50%.
Estatisticamente, o risco de um HSIL ser um câncer é de 7%.
• A recomendação para estes casos é que toda paciente com resultado HSIL
no Papanicolau precisa ser investigada com colposcopia e biópsia.
Mamografia
O Exame

• A mamografia de rastreamento – exame de rotina em mulheres sem sinais e sintomas de


câncer de mama – é recomendada na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada dois anos. Fora dessa
faixa etária e dessa periodicidade, os riscos aumentam e existe maior incerteza sobre
benefícios.
• O Ministério da Saúde recomenda contra o rastreamento com mamografia em mulheres com
menos de 50 anos (recomendação contrária forte: os possíveis danos claramente superam os
possíveis benefícios). Por isso, também as principais diretrizes e programas de rastreamento
do mundo não recomendam o rastreamento de mulheres abaixo desta idade.
• Já entre aquelas que se enquadram no grupo de risco, a recomendação é de realização anual da
mamografia de rastreamento, em geral, a partir dos 35 anos ou menos.
O Exame

• A mamografia permite identificar melhor as lesões mamárias em


mulheres após a menopausa. Antes desse período, as mamas são mais
densas e a sensibilidade da mamografia é reduzida, gerando maior
número de resultados falso-negativos (resultado negativo para câncer
em pacientes com câncer) e também de falsos-positivos (resultado
positivo para câncer em pacientes sem câncer), o que gera exposição
desnecessária à radiação e a necessidade de realização de mais exames.
BI-RADS

• A sigla BI-RADS, que significa Breast Imaging and Reporting Data


System, remete a um sistema criado pelo Colégio Americano de
Radiologia, e adotado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e
Diagnóstico por Imagem (CBR).
• Ele é utilizado para padronizar os laudos de mamografias.
• Atualmente, o BI-RADS atribui sete categorias, que vão de 0 a 6,
para os resultados e interpretação da mamografia.
BI-RADS 0

• Significa que a radiografia das mamas foi inconclusiva e, portanto, necessita de


avaliação adicional através de outros exames.
• Essa classificação é usada apenas para mamografias de rastreamento, considerando casos
que precisam ser esclarecidos.
• Por exemplo, se houver um nódulo ou cisto, uma ultrassonografia poderá diferenciar esses
achados.
• Conduta em BI-RADS 0
• A conduta padrão orienta para que seja realizado outro exame, como a ultrassonografia
das mamas.
BI-RADS 1

• Esta categoria corresponde a um exame de mamografia com resultados normais.


• Interpretação da Mamografia em BI-RADS 1
• Ao atribuir BI-RADS 1, o radiologista atesta que não foi encontrado nada
anormal durante a radiografia das mamas.
• Ou seja, o exame deu negativo: a paciente não possui doença, nem alterações no
tecido mamário.
• Conduta em BI-RADS 1
• Mamografia de rotina.
BI-RADS 2

• A categoria 2 diz respeito a um achado tipicamente benigno.


• Interpretação da Mamografia em BI-RADS 2
• Quando são encontrados cistos, calcificações, alterações relacionadas a implantes ou
após cirurgia e tratamentos, como radioterapia, é utilizada a categoria 2.
• Apesar de serem benignos, ou seja, não apresentarem risco de se tornar cancerígenos,
esses achados devem ser mencionados no histórico da paciente, para acompanhamento.
• Conduta em BI-RADS 2
• A conduta nesses casos é a realização de mamografia de rotina.
BI-RADS 3

• Significa que há algum achado com grande probabilidade de ser benigno, ou seja, de não se tornar um tumor.
• Em geral, a probabilidade é maior que 98%.
• Interpretação da Mamografia em BI-RADS 3
• Nódulo não palpável, microcalcificações redondas ou ovais e alguns tipos de lesão podem se enquadrar na
categoria 3.
• Apesar de esses achados serem normalmente benignos, o médico não pode assegurar se podem ou não
evoluir para câncer.
• Conduta em BI-RADS 3
• A alteração observada na mamografia deve ser acompanhada em intervalo menor do que nos exames de
rotina. Ou seja, a cada seis meses.
BI-RADS 4

• Nesta classificação, estão os achados suspeitos, ou seja, aqueles que apresentam risco maior de evoluir para câncer.
Eles têm características típicas de tumor, como limites pouco definidos, microcalcificações irregulares e densidade
assimétrica.
• A categoria 4 é ampla, pois abrange achados com risco entre 2% e 95% de se tornarem cancerígenos.
• Assim, foram estabelecidas três subcategorias para a interpretação da mamografia, com o objetivo de delimitar melhor
as considerações do laudo.
• Na subcategoria 4A, estão as lesões com baixa suspeita de malignidade, entre 2 e 10% de risco de se tornarem câncer.
• Na subcategoria 4B, são enquadrados os achados com suspeita moderada de câncer, que vai de 11 a 50%.
• Quando as lesões têm maiores chances de serem malignas, de 51% a 95%, são classificadas como 4C.
• Conduta em BI-RADS 4
• É recomendada a realização de biópsia para achados de qualquer das três subcategorias.
BI-RADS 5

• Essa classificação reúne as lesões altamente suspeitas, quando existe probabilidade maior
que 95% de o achado ser cancerígeno.
• Interpretação da Mamografia em BI-RADS 5
• Na interpretação da mamografia de categoria 5, o achado tem características de malignidade,
como nódulo denso e espiculado ou microcalcificações ramificadas.
• No entanto, ainda existe chance, embora pequena, de a lesão ser benigna.
• Conduta em BI-RADS 5
• Para confirmar a suspeita de tumor maligno, a conduta nesses casos também inclui a
realização de biópsia.
BI-RADS 6

• Essa categoria foi criada para marcar os casos de acompanhamento do tratamento de


câncer de mama.
• A marcação é muito importante, pois, assim, um mesmo caso de tumor maligno não é
contabilizado duas vezes, por exemplo, nas estatísticas do Ministério da Saúde.
• Interpretação da Mamografia em BI-RADS 6
• Essa nova radiografia das mamas pode ser realizada para analisar respostas a
tratamentos, como quimioterapia, e possível indicação de cirurgia para retirada do
tumor.
Referências

• INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER (IARC). Cancer today. Lyon: WHO, 2020. Disponível em: 
https://gco.iarc.fr/today/home Acesso em: 03 maio 2021.
• INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA (INCA). Estimativa 2020: incidência do Câncer no Brasil. Rio
de Janeiro: INCA, 2019. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//... Acesso em: 12 maio 2021.
• INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA (INCA). Detecção precoce do câncer. – Rio de Janeiro : INCA,
2021a.
• INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA (INCA). Atlas da mortalidade. Rio de Janeiro: INCA, 2021b.
1 base de dados. Disponível em: https://www.inca.gov.br/app/mortalidade Acesso em: 18 jan 2021.
• INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Estimativa 2020: incidência do Câncer no Brasil. Rio de
Janeiro: INCA, 2019. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//... Acesso em: 12 maio 2021.
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