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Universidade Federal de São Carlos

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde


Departamento de Fisioterapia

REPRODUTIBILIDADE INTER E INTRA AVALIADOR DA


PALPAÇÃO VAGINAL UNIDIGITAL POR MEIO DO ESQUEMA
PERFECT

Bruna Raquel Caracciolo


Orientadora: Profª Drª Patricia Driusso
Co-orientadora: Mestranda Jordana Barbosa da Silva

DEZEMBRO/2019
Introdução

MUSCULATURA DO ASSOALHO PÉLVICO (MAP)

Suporte Função na
para órgãos manutenção da
pélvicos continência
urinária e fecal

Auxílio no
trabalho de
parto e função
sexual

(Chermansky et al, 2015; Oversand, 2015; Lowenstein et al, 2010)


Introdução
Introdução
✔ Palpação vaginal:

Auxílio no ensino e aprendizado das contrações;

Recurso de fácil aplicação, rápido e barato;

Informação ao fisioterapeuta quanto a avaliação e


a evolução do tratamento.

(Bø et al, 2005)


ADICIONAR
Capacidades contrateis do musculo;
Fibra tônicas/rápidas Power
Diferencial do estudo

ESCALA Esquema
MODIFICADA Endurance
PERFECT
Repetitions
DE OXFORD

Esquema PERFECT Descrição


Fast
P Deixar aqui ou nos metodos

ECT
(Laycock e Jerwood, 2001)
Reprodutibilidade
• Inter-reprodutibilidade
• Intra-reprodutibilidade

• Qual a reprodutibilidade de outros estudos?


Objetivo

Avaliar a reprodutibilidade inter e intra-avaliador da


palpação vaginal unidigital na avaliação da MAP de
mulheres jovens, por meio da aplicação completa do
Esquema PERFECT.
Materiais e métodos
✔ Estudo de confiabilidade teste-reteste;
✔ COSMIN: Consensus-based Standards for the
selection of health Measurement Instruments
✔ Aprovado pelo Comitê de Ética da UFSCar
(CAAE: 51999415.9.0000.5504)
✔ Conduzido na UFSCar, no Laboratório de
Pesquisa em Saúde da Mulher (LAMU),
departamento de Fisioterapia.
Materiais e métodos
✔ Participantes recrutadas principalmente por
meio de postagens em rede social e panfletos
colados em locais estratégicos da universidade;
✔ Todas as mulheres assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido antes do
início dos procedimentos.
Participantes

✔ 40 Mulheres de 18 a 35 anos;
✔ Com vida sexual já iniciada;
✔ Nulíparas;
✔ Não gestantes.
Critérios de não inclusão

➔ Presença de complicações clínicas;


➔ Infecção vaginal/infecção urinária;
➔ Presença de doença neurológica;
➔ Virgindade;
➔ Realização de procedimento cirúrgico em região pélvica ou abdominal no período
de seis meses anteriores ao dia da avaliação;
➔ Prolapso de órgãos pélvicos que ultrapassassem o intróito vaginal;
➔ Intolerância à palpação vaginal ou materiais utilizados na avaliação;
➔ Incapacidade de compreensão dos métodos e testes propostos (déficit cognitivo);
➔ Tratamento fisioterapêutico em andamento.
Anamnese
Vida sexual/
Disfunções

Orientação
Escolaridade
sexual

IUE/IUU Estado civil

Atividade
física
Inspeção e palpação
✔ As voluntárias foram posicionadas em decúbito dorsal, com flexão de quadris e
joelhos. Após inspeção, o avaliador introduziu um dedo na vagina da voluntária até a
segunda falange, para realizar a palpação vaginal. Em seguida, foi avaliada a função
muscular segundo o Esquema PERFECT proposto por Laycock e Jerwood (2001).
Esquema PERFECT
Escala Modificada de Oxford
Avaliação da função da MAP
✔ Duas avaliadoras realizaram o exame físico da MAP, com
intervalo de 5 minutos entre cada avaliação;
✔ Randomização: programa “randomizer”
✔ Ambas avaliadoras participaram de treinamento antes do
início da coleta;
✔ Não tinham acesso aos resultados obtidos na avaliação
uma da outra;
✔ Uma das avaliadoras repetiu a avaliação de 7 a 10 dias
ao primeiro encontro
Avaliação da função da MAP

✔ Foto dos comandos verbais na parede ou


descrição das frases
Análise estatística

✔ Software SPSS 21.0;


✔ Análise do item “P”: teste de coeficiente kappa
0,20=fraco
0,21–0,40=regular
0,41– 0,60=moderado
0,61–0,80=substancial
0,81–1,00=excelente

(Brubaker e Norton, 1996)


Análise estatística
✔ Análise dos itens “E”, “R” e “F”: Coeficiente de
Correlação Intraclasse (ICC)

0,50 =baixo
0,50-0,75=moderado
0,75-0,90 = bom
>0,90 = excelente

(Koo e Li, 2016)


Cálculo amostral
 Software “R”, utilizando o comando
“N2.cohen.kappa” do pacote irr

 alfa=0.05
 beta=0.20 (poder=80%).
 O valor mínimo estimado de kappa para determinar
o tamanho amostral foi de k=0.7, totalizando 40
participantes.

(Cantor, 1996)
Resultados
✔ 40 mulheres participaram do estudo; Média de idade: 24,55 anos;
Média de IMC: 23,11 kg/m²
  Frequência Porcentagem
IMC
Magro/baixo peso 3 7,5
Eutrófico 26 65
Sobrepeso 9 22,5
Obeso 2 5
Escolaridade    
Ensino médio completo 1 2,5
Ensino superior incompleto 21 52,5
Ensino superior completo 18 45
Estado civil    
Sem vida conjugal 37 92,5
Com vida conjugal 3 7,5
Atividade física 27 67,5
Resultados
  Frequência Porcentagem
IUE 8 20
IUU 5 12,5
Orientação sexual    
Heterossexual 24 60
Bissexual 15 37,5
Outro (qual foi esse outro?) 1 2,5
Vida sexual ativa 34 85
Disfunção do desejo 4 10
Disfunção da excitação 4 10
Disfunção da lubrificação 4 10
Disfunção do orgasmo 6 15
Vaginismo 1 2,5
Dispareunia 1 2,5
Resultados

Frequência da pontuação do Item P

21
17

12
9 8
7
2
01
3

00
0 1 2 3 4 5

Avaliador 1 Avaliador 2
Resultados
Frequência da pontuação do Item E
7 7 7

6
5 5 5 5
4 4 4 4
3 3 3

2 2 2 2

00 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Avaliador 1 Avaliador 2
Resultados
Frequência da pontuação do Item R
14

9
10

7
6
5 5
6
5

2 2
1 11 1
2 2

00
1
0 0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Avaliador 1 Avaliador 2
Resultados
Frequência da pontuação do Item F
19

15

4 5 4 5
2 2 3 3 4

2 2 2

0 0 0 1
0 00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Avaliador 1 Avaliador 2
Resultados
Análise da reprodutibilidade inter- e intra-
avaliadores

Variáveis Inter- K Intra- K


reprodutibilidad reprodutibilidade
e
P 0,34 Regular 0,73 Substancial
E 0,25 Baixo 0,36 Baixo
R 0,13 Baixo 0,47 Baixo
F 0,39 Baixo 0,63 Moderado

¹ k=coeficiente de kappa
² ICC=coeficiente de correlação intraclasse
Discussão
➢ O esquema PERFECT propõe a realização de uma avaliação que contemple os
diferentes componentes da MAP, direcionando a elaboração de um plano de
tratamento específico para cada paciente;
➢ A observação da função da MAP é dificultada devido sua localização dentro da pelve.
Deste modo, a palpação vaginal figura como uma importante ferramenta para a
avaliação dessa musculatura;
➢ Este teste é dependente da experiência do avaliador.

(De Oliveira Camargo et al., 2009; Da Roza et al., 2013; Sartori et al.,
2015)
➢ No estudo de Barnhart et al. (2006), os autores realizaram a mensuração das
dimensões basais da vagina de mulheres em idade reprodutiva e encontraram
valores variáveis entre as voluntárias;
➢ A palpação unidigital pode desfavorecer a sensibilidade dos avaliadores ao
graduarem a força da MAP, nos casos em que um dedo não é capaz de preencher
adequadamente o lúmen vaginal, de modo a ter todo o perímetro da porção
introduzida em contato rente com os tecidos.
(Barnhart et al. ,2006; Frawley et al., 2006)
Discussão
➢ BØ e Finckenhagen (2001) realizaram estudo de reprodutibilidade inter-
avaliadores da Escala Modificada de Oxford com mulheres jovens. O valor de
Kappa para a inter-reprodutibilidade da palpação vaginal foi regular. As autoras
ponderaram que até mesmo avaliadores experientes podem apresentar
resultados divergentes;
➢ A palpação vaginal é de considerável relevância para a prática clínica, uma vez
que não requer equipamento especial, é barato e por meio dela é possível
oferecer feedback e observar se a contração está sendo feita de maneira correta.
➢ No presente trabalho, encontramos reprodutibilidade regular na análise da inter-
reprodutibilidade do item P, indo ao encontro do resultado encontrado por BØ e
Finckenhagen (2001).
➢ Porém, para os demais itens avaliados (resistência, repetições e contrações
rápidas), o valor de concordância de mostrou-se inferior - variação da percepção e
sensibilidade entre as avaliadoras; resposta muscular de cada voluntária avaliada
(BØ e Finckenhagen, 2001; Da Roza et al. 2013)
(resistência muscular à fadiga).
Discussão
➢ A aplicação dos itens E e R - mais complexa;
➢ O item F - aplicação e mensuração mais simples;
➢ O resultado da intra-reprodutibilidade do item P - compatível com o
encontrado no estudo de reprodutibilidade intra-avaliador da palpação
vaginal de Frawley et al. (2006);
➢ Subjetividade + variabilidade anatômica da vagina + diferença no tempo
de experiência dos avaliadores = entraves na busca por pareceres
equivalentes;
➢ Avaliadora 1 citou, em diversas situações, dificuldade para classificar a
contração percebida
➢ Escalas que categorizam resultados em apenas três ou cinco pontos
podem não oferecer opções precisas para a graduação da força muscular.
➢ Vieses de aprendizado da contração;
(Sartori et al., 2015; Frawley et al., 2006; BØ e Finckenhagen, 2001)
Discussão
➢ Elevado número de mulheres que não sabiam contrair corretamente a
MAP e prevalência de resultados considerando a força de contração
avaliada como baixa/moderada;
➢ Importância da elaboração de políticas de prevenção do desenvolvimento
de disfunções do assoalho pélvico, por meio de maior capacitação de
profissionais da área da saúde, além de informativos, palestras e aulas
para a educação da população.

(BØ e Finckenhagen, 2001; Da Roza et al. 2013; Ferreira et al. 2011)


Conclusão

A palpação vaginal é uma ferramenta importante para a


prática clínica, por não requerer equipamentos de alto custo e
oferecer feedback, tanto para a terapeuta quanto para a
paciente, entretanto sua utilização para fins cientÍficos deve ser
ponderada, considerando sua natureza subjetiva.
Conclusão

Os resultados obtidos na avaliação da MAP por meio


do esquema PERFECT foram considerados de regular a
baixos quando a avaliação foi realizada por dois
examinadores (inter-reprodutibilidade) e apresentaram
resultados que variaram de substancial a moderado e
baixos na avaliação conduzida por um mesmo avaliador
(intra-reprodutibilidade).
Referências
Obrigada.

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