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* Sistema Romano-Germânico:
- direito escrito, fonte principal de expressão;
- jurisprudência: não é fonte formal do direito;
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* No sistema anglo-americano (common law):
- o direito se revela pelos usos e costumes e pela jurisdição;
- é um direito misto: costumeiro e jurisprudencial.
- a jurisprudência tem força normativa;
- vigora esse sistema na Inglaterra e EUA (com algumas
diferenças).
> Conceito e formação da lei
* a lei é forma de produção do direito positivo; é ato do
poder legislativo, não expressão da vontade individual.
* Etimologia do vocábulo “lei”
- Verbos: legere (ler): reunião em praça pública para leitura de leis;
ligare (ligar): indicativo da bilateralidade; eligere (escolher): escolha
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dentre diversas proposições normativas, de uma para se tornar lei;
* Lei em sentido amplo:
- Lei, MP (art. 62, CF) e decreto legislativo. V. art. 59, CF.
- Decretos (atos do Chefe do Executivo): a) autônomos (rotina da
função administrativa); b) regulamentares (complementam as leis,
mas não podem introduzir novos direitos e deveres; devem se
limitar à prática de aplicação da lei).
* Lei em sentido estrito:
- Ato emanado do Poder Legislativo, no âmbito de sua competência.
Tem caracteres: formais (escrita, promulgada e publicada);
substanciais (generalidade, abstratividade, bilateralidade,
imperatividade, coercibilidade).
* Lei em sentido formal: atende apenas aos requisitos
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de forma (processo legislativo, poder competente)
* Lei em sentido material: além dos requisitos de forma
possui conteúdo próprio do direito.
* Leis de ordem pública: prevalece independentemente
da vontade das pessoas.
* Formação da lei – processo legislativo
1) Etapas (nas duas casas):
a) Iniciativa de lei (art. 61, CF)
b) Exame pelas comissões técnicas, discussões e
votação;
c) Revisão do Projeto: iniciado na Câmara, o Senado
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funciona como casa revisora e vice-versa.
d) Sanção: concordância do chefe do Executivo com o
projeto aprovado pelo Legislativo.
e) Promulgação: atestado de existência da lei
f) Publicação: indispensável para que a lei entre em
vigor.
Observações:
(1) Os projetos encaminhados pelo Presidente da
República, STF e Tribunais Superiores serão apreciados
primeiro na Câmara dos Deputados;
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(2) A sanção pode ser tácita (quando o Presidente não se
manifesta dentro do prazo de 15 dias) ou expressa (concordância
dentro do prazo).
(3) Na hipótese de veto, o Congresso Nacional – em reunião
unicameral – deve apreciá-lo dentro de trinta dias. Para rejeição
do veto é necessário o voto da maioria absoluta dos deputados e
senadores, em votação secreta.
> Obrigatoriedade da Lei
* é consequência natural da vigência. O art. 3º, da LICC,
estabelece a presunção de que: “Ninguém se escusa de cumprir a
lei, alegando que não a conhece.”
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> Aplicação da Lei – etapas
1) Diagnose do fato: estudos dos fatos para aplicação da
lei. Essa apreciação dos fatos é feita examinando-se o
conjunto das prova.
2) Diagnose do direito: constatação da lei que se aplica
aos fatos.
3) Crítica formal: cumpre a aplicador da lei verificar os
requisitos extrínsecos de validade formal da lei (se a lei
está autografada, se o texto aprovado corresponde ao
publicado, se o processo de formação foi regular).
4) Crítica substancial: o aplicador deve verificar os
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requisitos intrínsecos de validade e efetividade da lei (se
editada pelo poder competente, se a lei é constitucional
ou não, se a lei é taxativa ou dispositiva.
5) Interpretação da lei: conhecer o espírito da lei.
Interpretar o Direito consiste em revelar o sentido e o
alcance das normas jurídicas.
6) Aplicação da lei: ultrapassados esses estudos
preliminares, a autoridade judiciária ou administrativa
terá condições de aplicar a lei. É importante assinalar o
importante papel do juiz suas apreciações subjetivas
para que se possa fazer sua aplicação lógica.
Fontes do Direito: o costume
> Considerações gerais
* O costume tem importância secundária, supletiva.Não
atende mais os anseios de segurança jurídica
* No sistema anglo-americano o costume tem maior
importância.
* O costume foi a origem primária do Direito escrito.
> Conceito de Direito Consuetudinário (costumeiro)
“Conjunto de normas de conduta social, criadas
espontaneamente pelo povo, através do uso reiterado,
uniforme e que gera a certeza de obrigatoriedade,
reconhecidas e impostas pelo Estado.
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Cotejo entre a Lei e o Costume jurídico
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Referências Lei Costume
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Autor Poder Legislativo Povo
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Forma Escrita Oral
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Obrigatoriedade Início de vigência A partir da efetividade
________________________________________________________________
Criação Reflexiva Espontânea
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Positividade Validade que aspira Efetividade que aspira
à efetividade à validade
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Referências Lei Costume
________________________________________________________________
Condições de validade Respeito às formas e Ser admitido como fonte
à hierarquia das fontes e respeito à hierarquia
________________________________________________________________
Quanto à legitimidade Quando representa os Presumida
valores sociais
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> Elementos dos costumes
* Elemento objetivo (material) – consiste na repetição
constante e uniforme de uma prática social.
* Elemento subjetivo (psicológico) – é a convicção de
que a prática reiterada, constante e uniforme, é
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necessária e obrigatória.
> Espécies de costumes
a) Costume “Secundum Legem” – ocorre quando o
costume corresponde à Lei. Sendo assim a lei remete
seus destinatários aos costumes para seu efetivo
cumprimento.
b) Costume “Praeter Legem” – é o que aplica-se
supletivamente na hipótese de lacuna da lei.
c) Costume “Contra Legem” – caracteriza-se pela prática
social de contrariar a lei escrita.
> Valor dos costumes
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* O art. 126, do CPC: “... No julgamento da lide caber-
lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo,
recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios
gerais de direito.”
> Prova dos costumes
* As partes não precisam provar a existência do Direito
invocado: “os juízes conhecem o direito” (iura novit
curia). Mas isto não vale para os costumes, em face do
art. 337, do CPC, ficando a parte obrigada a provar sua
existência, bem como do direito municipal, estadual ou
estrangeiro.
Fontes do Direito – A
Jurisprudência
> A Jurisprudência – conceito
* “Jus + Prudentia” ou sabedoria
* Sentido amplo – é a coletânea de decisões judiciais
proferidas pelos tribunais sobre matéria jurídica. Divide-
se em a) jurisprudência uniforme: as decisões são
convergentes; e b) jurisprudência contraditória – são
decisões divergentes entre os aplicadores do direito no
que se refere à compreensão do Direito Positivo.
* Sentido estrito – “é a forma de revelação do direito
que se processa através do exercício da jurisdição, em
virtude de uma sucessão harmônica de decisões dos
tribunais” (Miguel Reale).
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> Considerações indispensáveis
* Pela sentença o juiz declara obrigatório aquilo que se
declara “ser de direito” no caso concreto.
* O juiz atualiza o “sentido possível” da lei, ajustando-a
às contingências do momento.
* O direito criado pela jurisdição se limita à esfera de
ação do juiz, não obrigando os demais juízes.
* Alterando-se a concepção de vida social o texto legal
passa a ser interpretado em sentido atualizado.
* Súmulas são enunciados normativos que resumem as
teses consagradas e reiteradas decisões. São ponto de
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de vista oficial dos tribunais. As súmulas podem ser
revistas pelo próprio tribunal; não tem força obrigatória
sobre os demais juízes e tribunais. Exceção: a súmula
vinculante (art. 103-A, da Constituição Federal).
> Formação da jurisprudência
* Forma-se a jurisprudência no caso de lacunas ou
obscuridades da lei.
* A jurisprudência pode ser:
A) Secundum legem – limita-se a interpretar as normas
jurídicas para delas extrair o real significado das
mesmas.
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B) Praeter legem – é desenvolvida no caso de omissão
ou falta das leis. Nesse caso, com base na analogia e
princípios gerais de Direito os juízes declaram o direito.
C) Contra legem – é a jurisprudência que se forma
contra as disposições da lei. Não é admitida no plano
teórico, mas surge no caso de leis anacrônicas ou
injustas.
> Comparação entre jurisprudência e costume
* Semelhanças: a) costume, é a repetição de um uso; b)
jurisprudência, requer uma série de decisões sobre uma
questão de direito.
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* Distinções:
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Costume Jurisprudência
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- é obra da coletividade - é produto de setor da organização
estatal (Poder Judiciário)
__________________________________________________________
- surge das relações humanas - forma-se, via de regra, diante de
conflitos
__________________________________________________________
- criação espontânea - elaboração intelectual
__________________________________________________________
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> Grau de liberdade dos juízes
* Roma: os pretores publicavam as regras (edicta) que
seriam aplicadas durante sua gestão, além das normas
existentes e dos costumes. As edictas eram obrigatórias
enquanto durasse o mandato do pretor. Muitas eram
adotadas pelos sucessores e se incorporavam ao Direito
em caráter permanente.
* Teorias sobre os graus de liberdade dos juízes:
A) A livre estimação do Direito – Esta corrente defendia
ampla liberdade para os juízes, que poderiam fazer uso
da equidade.
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Esta posição foi adotada mais tarde pela corrente do
direito livre (França) e do realismo jurídico (EUA), tendo
como ponto de convergência o reconhecimento da
necessidade de se atribuir ao Judiciário uma amplitude
de atribuições para solução de casos. Partem da
premissa de que “a rigidez do direito não atende aos
anseios do bem comum”.
Outras correntes surgiram no mesmo sentido
sustentando a liberdade dos juízes para realizarem a
justiça no caso concreto, independentemente de norma
legal. Ex.: o Direito alternativo, aplicado pelo juiz
reformador, consciente do seu papel social.
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Atualmente, os juízes tem se guiado pelos princípios
da razoabilidade e da proporcionalidade (hoje bastante
aplicados no direito administrativo), que limitam a ação
do legislador quando impõem sacrifícios injustificados a
seus destinatários.
B) Limitação à subsunção – Essa doutrina preconiza:
- que o juiz deve ater-se às fórmulas rígidas das normas
jurídicas.
- deve evitar o subjetivismo e o arbítrio nos julgamentos,
preservando a integridade dos códigos (Ex. o Código
Civil da Dinamarca proibia que os advogados invocassem
os precedentes judiciais).
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- Reforço do dogma da separação de poderes, para
impedir que o Judiciário formule o Direito.
- Sob o Código Civil francês (Código de Napoleão, séc.
XIX) a função do juiz ficou reduzida a de mero aplicador
de normas legais.
- Jurisprudência conceptualista – pretendia esquematizar
todos os fatos sociais, através de “método normativo
rigoroso (...) rechaçando ou limitando ao máximo o
arbítrio judicial”.
C) Doutrina da complementação coerente e dependente
de preceito legal
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* Esta posição é um ponto de equilíbrio entre as duas
correntes.
* é fato que o Direito codificado não é suficiente, daí
que o direito positivo não pode ser aplicado com
automatismo.
* Os juízes devem interpretar o direito vigente
evolutivamente. Nesse trabalho de atualização o juiz
deve aperfeiçoar a norma jurídica. Não cria ele a norma
jurídica, apenas faz adaptação da mesma à realidade.
> A jurisprudência cria o Direito?
*Não. A jurisprudência limita-se a revelar o direito
preexistente.
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* No exercício da jurisdição os tribunais não podem ir
além da interpretação ou da integração do direito.
* os juízes devem ser os guardiães da lei; por isso,
devem interpretar o direito, não criá-lo.
* Essa atividade de interpretar o direito é fecunda pois
revela as falhas e virtudes do ordenamento jurídico.
* Na prática, os juízes, a pretexto de interpretar,
introduzem novos preceitos no mundo jurídico
dissimuladamente. Isto decorre:
a) da legislação insuficiente e má; e
b) da inércia do legislador (que não atualiza a lei).
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> A jurisprudência vincula os tribunais?
* Na Inglaterra, a jurisprudência é obrigatória para
aclarar a fonte vigente, os costumes gerais do reino.
* Nos Estados de Direito codificado os juízes de 1º grau
não são obrigados a acompanhar a jurisprudência dos
tribunais.
* A interpretação é procedimento intelectual do juiz (o
juiz deve aplicar a norma conforme sua convicção).
> Processos de unificação da jurisprudência
* Questões de fato e questões de direito.
* A ordem jurídica deve oferecer certeza do direito
vigente, por isso, a jurisprudência divergente é um
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que reclama solução. V. art. 105, III, “c”, da
Constituição Federal.
Fontes do Direito – A Doutrina
Jurídica
> O Direito Científico (doutrina) e os Juristas
* É resultado da experiência de juízes e juristas.
* Qualidades do jurista para cumprir o seu papel perante
a Ciência do Direito:
a) Independência – imparcialidade nas conclusões de
seus estudos.
b) Autoridade científica – ter conhecimentos sólidos de
direito e possuir talento (poder de concepção e de
abstração; senso jurídico).
c) Responsabilidade – senso do dever a cumprir no
mundo científico.
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> As três funções da doutrina
a) Atividade criadora – contribuição para evolução do Direito.
b) Função prática – interpretação do direito positivo e
sistematização das regras vigentes para facilitar a pesquisa.
c) Atividade crítica – submete a legislação a um juízo de valor
para detectar falhas do ponto de vista lógico, ético, etc.
> A Influência da doutrina no mundo jurídico
* Enquanto a Ciência do Direito proporciona resultados
práticos na legislação, costumes, atividade judicial e ensino
do Direito, a Doutrina se desenvolve apenas no
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plano teórico:
a) oferecendo subsídios ao legislador para atualizar o
Direito Positivo;
b) beneficia o trabalho de advogados e juízes;
c) aprimora o ensino jurídico nas universidades.
* A doutrina não obriga os juízes. Não é fonte formal
porque não possui estrutura de poder.
* Argumento de autoridade
- Consiste na citação de opiniões doutrinárias para
fundamentar teses jurídicas perante a justiça.
- Citação doutrinária: deve vir em 2º plano, sem excesso
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e com oportunidade.
* Orientação prática sobre o uso do argumento de
autoridade:
- Não se deve abusar do argumento de autoridade;
deve-se ter opinião própria na interpretação do direito;
- não se pode atribuir ao argumento de autoridade valor
absoluto, pois sua eficácia nunca é garantida (o
magistrado pode ter convicção própria);
- quando maior for o consenso entre os doutrinadores
maior é o valor do argumento de autoridade;
- matéria controvertida: é fundamental o raciocínio
lógico e jurídico feito pelo profissional.
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> O valor da doutrina no passado
* Nos tempos mais recuados a doutrina possuía maior
importância, pois não sendo escrito o direito só era
acessível aos juristas – que eram os sacerdotes,
mandatários dos deuses.
* Passada essa época de monopólio, o direito progrediu
mediante a necessária interpretação da lei, pois esta
apresenta insuficiências e lacunas. Puderam então os
juristas suprir-lhes as lacunas.
* Roma antiga: a doutrina alcançou a condição de fonte
formal do direito, pois, sob o mando do Imperador
Tibério os juristas tinham autoridade para emitir
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pareceres por escrito.
* “Tribunal dos Mortos” (Gaio, Papiniano, Ulpiano, Paulo
e Modestino), criado pelo Imperador Teodósio (ano 426)
– seus escritos jurídicos deveriam ser consultados pelos
juízes (pretores) e, em caso de divergência, deveria
prevalecer a opinião de Ulpiano.
* Espanha: também possuía o “Tribunal dos Mortos”
(1499), cujas decisões possuíam força de lei.
* Escola dos Glosadores: fizeram comentários aos textos
romanos para adaptá-los ao direito dos povos invasores.
> A doutrina no presente
* Métodos de exposição doutrinária:
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a) Método alemão – comentários artigo por artigo
b) Método francês – exame dos institutos jurídicos (não
artigo por artigo).
* A exposição doutrinária no Brasil:
a) Análise do instituto jurídico – facilitação da visão de
conjunto;
b) Comentários a artigos – propiciam maior ilustração ao
dispositivo de lei estudado.
c) Verbetes – útil para consultas que exigem respostas
imediatas.
d) Comentários a acórdãos dos tribunais – revelam as
tendências dos tribunais e interpretam o direito.
A Fonte Negocial
> Considerações gerais
* Há uma esfera de ação privada, na qual se respeita o
poder de disposição de cada indivíduo.
* A autonomia da vontade é o poder de ser, de agir,
omitir-se, visando o interesse (bem jurídico) de natureza
econômica, estética, religiosa, recreativa, cultural etc.
* As convenções entre os homens são livres e dão
nascimento a módulos jurídicos de ação, que os
vinculam à prática de direitos e deveres estipulados.
* Os contratos, acordos, convênios etc, podem constituir
estruturas atípicas (não correspondentes aos modelos
elaborados pelo legislador).
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* O Poder negocial, contudo, sujeita-se aos limites da
lei.
> Fonte negocial – características
a) Manifestações de vontade de pessoas legitimadas
(das que tenham poder de negociar).
b) Forma de querer que não contrarie a prevista em lei
(observância da forma, quando prevista).
c) Objeto lícito (licitude do objetivo da relação jurídica).
d) Paridade na proporção entre os partícipes da relação
jurídica: ausência de desequilíbrio do negócio (negócio
potestativo ou abuso do poder negocial).