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Teorias Psicanalíticas III

TEXTO: QUINET, A. AS VERTENTES DO SINTOMA .IN:


QUINET, A. A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE. RIO DE
JANEIRO: ZAHAR, 2008
As vertentes do sintoma

Descoberta da Psicanálise: origem sexual e


determinação significante;
Sintoma: como cada um goza de seu inconsciente;
O sintoma e Pathos: como paixão e/ou como
padecimento;
Foucault e o nascimento da clínica; origem do saber
médico; exame clínico e “olhar médico” (ver e
saber); sintoma como signo de doença – equivalência
universal; produção de verdade da patologia; Bichat
e a anatomia patológica;
 Nosografia fundada na afecção
dos órgãos – sentido de real e
indubitável;
 Sintoma para a Psicanálise: não
revela uma doença orgânica;
refere-se a uma modalidade de
gozo: destino pulsional;
 Singularidade do sintoma:
nenhum caso é igual ao outro;
significado sempre particular;
enigma do desejo do outro e
identificação histérica;
 Verdade do sujeito.
O sintoma na Psicanálise e o sintoma na
contemporaneidade e na ciência

O sintoma na ciência e na
O sintoma na Psicanálise
contemporaneidade

Trata-se da verdade do Provas


ser sexuado; anatomopatológicas,
O corpo não está químicas e neuronais;
desvinculado do Remédios contra
inconsciente e da pulsão; depressões, pílulas para
Real não corresponde ao potência, hormônios
real da ciência; para sintomas;
Formação Significado único,
do
inconsciente como generalisável e universal,
linguagem. fórmula matemática =
Do trauma à fantasia. fórmula do real.
O sintoma-verdade

O sintoma fala a
verdade do sujeito;
Sintoma faz sofrer;
Satisfação sexual para
neurótico;
Dependendo da
interpretação busca-se
ajudas distintas;
 Sintoma exige decifração;
 Caso Jean-Louis; “retorno da
verdade em uma falha de um
saber”;
 Ciência e forclusão da verdade
do sujeito: multiplicação de
objetos fabricados =
candidatos a objetos de
desejo; verdade formalizada;
colonização do real pelo
simbólico;
 É no registro da verdade do
sujeito e da subjetivação da
verdade que se situa a ética
que se vincula à clínica
psicanalítica.
“O sintoma é o
significante de um
significado recalcado da
consciência do sujeito.
Símbolo escrito na areia
da carne e no véu de
Maia, ele participa da
linguagem pela
ambigüidade semântica
que já sublinhamos em
sua constituição.” (Lacan
em Escritos).
 Constituição metafórica;
 Ilusão, verdade
escamoteada e
equivocidade;
 De que verdade se trata?
 Intellectus divinus = Deus
seria o que garante a
relação de conhecimento
com a coisa.
 Psicanálise: “o verdadeiro
só depende de minha
enunciação, não é interno à
proposição” (Lacan). Não
há Outro que garanta coisa
alguma.
Alethéia = verdade e ocultamento;
“A verdade é o desvelamento do ente graças ao qual se
realiza uma abertura”. (Heidegger – Sobre a essência da
verdade).
O que sou?
Verdade e não-verdade; desvelamento e velamento;
Mistério e abertura à interrogação e ao enigma do desejo
do Outro;
O logos é nele mesmo simultaneamente desvelamento e
velamento.
A verdade é não-toda.
Elaboração de um saber para apreendê-la;
Conhecimento ≠ saber em Psicanálise: se situa no
registro simbólico e implica conceitos e matemas,
elaboração e construção;
Exatidão e imbecilidade realista, ex. carta roubada
de Lacan; Para apreender o enigma da verdade é
necessário tomar o que se diz ao pé da letra e seguir a
disciplina do significante.
O sintoma manifesta uma verdade que, apesar de
estar na cara, jamais pode ser inteiramente
apreendida.
 Psicanálise se diverge do método que pretenda uma
revelação final;
 Radicalidade da não-resposta à demanda e frustração;
 Impossibilidade de dizer toda a verdade =impossibilidade
estrutural;
 Ética = passar do semi-dizer do sintoma ao bem-dizer o
sintoma;
 Verdade = interseção entre simbólico e o real » Castração =
sujeito dividido; nada de complementaridade; ponto de
falta próprio à verdade do sujeito;
 Verdade incurável revelado pelo sintoma = castração.
O sintoma-mensagem

Sintoma = mensagem cifrada do Outro; significantes


originários do Outro; msg histórica da alienação do
sujeito aos significantes do Outro;
Ex: analisante que vivia pensando que alguém que
viajava podia morrer;
O sintoma-mensagem faz o sujeito crer que o Outro
não é barrado; Sintoma significado do Outros(A)
confere ao Outro um sentido sintomático; daí a
alteridade do sintoma que o sujeito experimenta.
O sentido do sintoma

O sintoma como metáfora; efeito de sentido que


atravessa a barra do recalque; não é sentido a priori,
mas é “o sentido emergente que ele toma em
análise”;
O sujeito está conectado com a cadeia significante
através do sintoma considerado como um
significante; falta-a-ser;
Ex. senhora que não consegue viajar – “sem saída”;
Sintoma faz função do Nome-do-Pai;
Sintoma como maneira de gozar.
Neurose Histérica Neurose obsessiva

Sintoma histérico está Assim como sintoma


para o desejo; obsessivo está para o
Insatisfação do desejo; gozo;
Sujeito dividido; Salienta o gozo e o
Encontro sexual impossível de suportar;
Marcado por um a-
conotado com menos
de gozo ao lado da falta mais de gozo, um
e do desejo. excesso.
O sintoma é o memorial desse desencontro sexual;
Se revela que não há relação sexual tenta fazer crer
que há;
Verdade da castração;
Sintoma vem suprir a relação sexual que não pode
ser escrita na estrutura:
1. O sentido significante;
2. O sentido de gozo.
O sintoma-compulsão
 Articulação do sintoma com a pulsão em sua vertente de gozo;
 Característica de ordem e comando – Zwang: exigência
coercitiva;
 Obsessão, neurose obsessiva, compulsão à repetição: em todas
trata-se de uma articulação entre o simbólico e o real, que faz
do significante não uma barreira ao gozo, mas seu porta-voz.
 Obsessão: sintoma de compromisso entre recriminação e
recordação. “As obsessões são invariavelmente recriminações
transformadas que retornam fora do recalque e se referem
sempre a uma ação sexual da infância efetuada com prazer”
(FREUD)
Obsessão como defesa fracassada;
Repetição e cerimoniais surgem para banir incerteza
quanto ao êxito da defesa contra ódio do Outro;
Pulsão escópica: essencial na ruminação mental; Gozar
do pensamento é a satisfação que está presente no
sintoma da ruminação;
Freud: “disposição à neurose obsessiva” – objetos da
demanda do Outro ao sujeito: temos a oblatividade;
tentativa de recobrir com os significantes da demanda,
sob a máscara da generosidade, o ódio pelo Outro.
 Supereu e imperativo de gozo;
 Trata-se da resistência do sintoma a curar, pois ele satisfaz
a pulsão de morte.
 Desdobrar da pulsão masoquista: oral, anal, escópica e
invocante;
 Ideal de “limpar” o simbólico de qualquer vestígio de gozo;
 Mandamentos ritualizados: condensam simultaneamente
lei e anulação, gozo e sua impossibilidade. No automatismo
da repetição há a insistência da cadeia significante
correlativa à ex-sistência do sujeito.
 Gozo, pensamento e ato.
Bem dizer o sintoma

O sintoma é um semi-dizer porque participa do


enigma da verdade – O bem dizer do sintoma é um
dizer de verdade que toca o real, é um dizer sobre o
núcleo irredutível do real do sintoma;
Conciliação com o sintoma e final de análise : a
conciliação com o sintoma no final da análise
implica, por um lado, em não recalcar a verdade do
sintoma, e sim bem dizê-la, e, por um lado, em se
habituar ao seu real, reduzido a um caroço ou núcleo
irredutível.
Savoir y faire;
Passagem do semi-dizer do
sintoma ao bem dizer o
sintoma: mudança na
economia do gozo;
Estilo: a enunciação é o
modo de dizer de cada um,
o modo de manejar os
enunciados e as
proposições.
Sintoma-verdade como
verdade ou como signo.
O sintoma-signo

O sintoma-signo como cifra de gozo;


Sintoma-letra como articulador do inconsciente com
o gozo; é aquilo que não cessando de se escrever
supre o que não cessa de não se escrever, ou seja, a
relação sexual.
Singularidade do sujeito em sua vertente de real;
O real: 1. é o que retorna sempre ao mesmo lugar; 2.
define-se a partir da modalidade lógica do
impossível; 3. sintoma cujo sentido é o real.
O sintoma-signo

Inicio de analise Final de analise

Sintoma-mensagem; Sintoma-signo;
Dar crédito ao sintoma; Descrédito do sintoma
Decifração e sentido do e redução do gozo do
sintoma; sintoma;
Sintoma corpo Sintoma-letra: para-
estranho: sujeito luta além do sentido;
para se desembaraçar Adoção do sintoma.
dele.

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