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A CONDIÇÃO

FEMININA: O PAPEL
DA MULHER EM OS
MAIAS
Português 11º
Pedro Arez
A mulher do século XIX
■ Na sociedade oitocentista, a mulher recebia a sua conceção feminina pelo equilíbrio
entre e a educação recebida e as suas práticas quotidianas. O dever da mulher era''
primeiro ser bela, e depois ser estúpida...‘’;
■ Ancorada a princípios normativos e valores morais, eram obrigadas a deixar
transparecer nas suas condutas a sua generosidade, integridade e empenho familiar. ''A
mulher só devia ter duas prendas: cozinhar bem e amar bem.‘’
■ Na conceção da mulher angelicamente perfeita, a sua existência diminuía-se em função
do homem e da sociedade que a reprimia;
■ O seu papel restringia-se apenas à esposa, mãe ou filha, sem direitos políticos nem
estatuto económico.
■ Deste modo, o quotidiano feminino enquadrava-se nos limites normativos da sua
própria consciência fortemente inferiorizada pelas correntes ideológicas e legislativas.
A mulher em Os Maias
■ Da leitura desta obra constata-se que existe uma descrição pormenorizada e rigorosa do
universo feminino, têm-se um conhecimento real de como é vista a mulher nesta época;
■ A mulher é o motor de partida do enredo amoroso e trágico presente na obra Os Maias:
• Maria Eduarda Runa, com a educação perniciosa que ministrara ao filho;
• Maria Monforte, através da fuga com Tancredo;
• Maria Eduarda, a partir do regresso ao irmão, levando à consumação, embora
involuntária, do incesto
 É então a partir da figura feminina e da sua influência que a trama se desenrola e dá
lugar à tragédia;
 Eça escreveu poucas personagens femininas, sobre as quais lançou um olhar fortemente
negativo.
A mulher em Os Maias
■ A figura feminina de Eça é representada como sendo delirantemente romântica e
sentimentalista, fruto da sua educação, sendo fortemente criticada pelo autor;
■ No quadro de corrupção moral expresso em Os Maias, a mulher ocupa um lugar de
relevo. Todos os males que se abateram sobre a família Maia provêm da ligação dos
homens a mulheres de uma estirpe menos recomendável:
• Afonso da Maia une-se a Maria Eduarda Runa, uma mulher de carácter fraco,
saúde débil e de uma religiosidade excessiva.
• Pedro, desobedecendo a seu pai Afonso, casa com Maria Monforte, filha de um
escravista e que, mais tarde, se revela uma adúltera.
• Carlos, fatidicamente, envolve-se com a irmã, Maria Eduarda, desencadeando o
colapso final da ilustre família Maia, despoletando a terrível tragédia.
 Em Os Maias, a figura feminina representa o pecado da luxúria e da perdição. Mantém
relações amorosas fora do casamento, é fútil e demasiado influenciável pelo
Romantismo.
Personagens Femininas em Os Maias
■ Maria Eduarda Runa:
• Representa a típica mulher portuguesa de forma generalizada, passiva e medrosa,
envelhecida e honesta, supersticiosa com a religião, mulher triste e apavorada. Na obra
maria Eduarda encontra se muito doente e frágil, nervosa e muito devota, viveu muito
infeliz, especialmente em Inglaterra, recebeu uma educação tradicional, a mesma que
queria transmitir ao seu filho Pedro da Maia;
o ''Pobre senhora! A nostalgia do País, da parentela, das igrejas, ia-a minando.''
o ''(...) tinha vivido desde que chegara num ódio surdo àquela terra de hereges...''
o ''A alma do seu Pedrinho não abandonaria ela à heresia...''
Personagens Femininas em Os Maias
■ Maria Monforte:
• Representa o pecado da luxúria ,da perdição. É uma mulher com uma personalidade fútil
mas fria, é cruel e interesseira, leviana e sem preocupações culturais ou sociais. Filha do
Monforte, e é conhecida em Lisboa por “a negreira” porque o seu pai enriqueceu ao
transportar africanos

o ''(...) e com o seu perfil grave de estátua, o modelado nobre dos ombros e dos braços que o xale cingia -
pareceu a Pedro nesse instante alguma coisa de imortal e superior à Terra.‘’
o “Acabou perdida e sozinha, obrigada a entregar-se a uma vida infeliz da qual faziam parte ''muitos homens‘’”.
Personagens Femininas em Os Maias
■ Maria Eduarda:
• Representa a influência do meio e da educação nas personagens, pois esses dois aspetos
definiram-na como pessoa. É apresentada como uma deusa; a sua dignidade, a sensatez, o
equilíbrio e a santidade são características fundamentais da sua personagem, às quais se
juntam uma forte consciência moral e social;
• A sua apresentação cumpre os modelos realista e naturalista, pelo que coincidem no seu
carácter e no espaço físico que ela ocupa duas vertentes distintas da sua educação: a
dimensão culta e moral, construída aquando da sua estadia e educação num convento, e a
sua faceta demasiado vulgar, absorvida durante o convívio com sua mãe;
• Ela é o último elemento feminino da família Maia e simboliza, tal como as outras mulheres
da família, a desgraça e a fatalidade;

o ''(...) ela passou diante deles, com um passo soberano de deusa, maravilhosamente bem feita, deixando atrás de
si como uma claridade, um reflexo de cabelos de oiro, e um aroma no ar.”

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