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Graduação em

Direito &
Relações Internacionais

Direito Internacional Público

Tratados Internacionais

A Convenção de Viena 1986

Especificidades

Novidades
VII e VIII: As Convenções de Viena sobre Tratados

AS CONVENÇÕES
SOBRE TRATADOS
INTERNACIONAIS
VII e VIII: As Convenções de Viena sobre Tratados

Há 114 Estados parte que ratificaram a convenção.


Veja a lista em http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_parties_to_the_Vienna_Convention_on_the_Law_of_Treaties .
Os Estados signatários, que não concluíram o processo de ratificação são: Afeganistão, Bolívia, Cambdja, Costa do Marfim, El
Salvador, Estados Unidos da América, Etiópia, Gana, Irã, Kênia, Madagascar, Nepal, Paquistão, Trinidad e Tobago, e Zâmbia.

VCLT (1969)
EM VIGOR DESDE 27 DE JANEIRO DE 1980
VII e VIII: As Convenções de Viena sobre Tratados
Há 31 Estados parte que ratificaram a convenção: México, Colômbia, Argentina, Uruguai, Senegal, Libéria, Gabão, Austrália,
Reino Unido, Dinamarca, Suécia, Estônia, Bielorrússia, Moldávia, Bulgária, Chipre, Grécia, Espanha, Alemanha , Holanda,
Bélgica, Suíça, Liechtenstein, Itália, Áustria, Croácia, Hungria, República Checa, Eslováquia, Malta e Albânia. Além disso,
existem 12 organizações internacionais que emitiram confirmações formais da convenção: AIEA, ICAO, Interpol, OIT, IMO,
OPAQ, Comissão Preparatória da CTBTO, ONU, UNIDO, UPU, OMS, WIPO.
Os Estados signatários, que não concluíram o processo de ratificação são: Costa do Marfim, República Democrática do
Congo, Estados Unidos, Brasil, Bósnia e Herzegovina, Coréia do Sul, Japão, Sérvia, Montenegro, Marrocos, Egito, Sudão,
Burkina Faso, Benin, Zâmbia, e Malawi. Além disso, existem organizações internacionais que assinaram, mas não concluíram
os procedimentos de confirmação formal: CoE, FAO, ITU, UNESCO e WMO.

VCLTIO (1986)
PENDENTE DE RATIFICAÇÕES MÍNIMAS
VIII. A CVDTOI

AS REGRAS SOBRE AS
ORGANIZAÇÕES
INTERNACIONAI
S
VIII. A CVDTOI

A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre


Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações
Internacionais (conhecida por seu acrônimo em inglês VCLTIO, Vienna Convention on
the Law of Treaties between States and International Organizations or Between
International Organizations) foi um tratado assinado em 21 de Março de
1986, redigido para complementar a Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados, de 1969, que lidava somente com o tratado
entre os Estados.
A VCLTIO deixou claro que a faculdade de celebrar tratados
internacionais não era mais exclusividade dos Estados.
VIII. A CVDTOI

ATENÇÃO!
O artigo 85 da Convenção estabelece que ela entrará
em vigor depois que seja ratificada por 35 Estados
(organizações internacionais podem ratificá-la, mas tais ratificações não
entram na totalização do número necessário para entrada em vigor).
Em 08 de maio de 2014, o banco de dados da ONU listava a ratificação de
apenas 31 Estados (última ratificação pela Albânia nesta data).
Como consequência, a Convenção ainda não se encontra em vigor.
https://treaties.un.org/Pages/ViewDetails.aspx?src=TREATY&mtdsg_no=XXIII-3&chapter=23&lang=en

Brasil assinou a Convenção em 21 de março de 1986,


mas ainda não foi aprovado no Congresso Nacional e,
por isso, não apresentou o instrumento de ratificação.
O Artigo 86 confirma autenticidade do texto original nas linguas
árabe, chines, espanhol, francês, inglês e russo a serem
depositados junto ao Secretário Geral da ONU.
(previsão semelhante no artigo 84 prevê sobre o depósito das adesões).
VIII. A CVDTOI

Os tratados nascem tipicamente a partir de negociações formais


entre Estados. Os tratados multilaterais tem suas negociações
realizadas por meio de comissões mistas que representam seus
respectivos Estados através da atuação de diplomatas, técnicos,
dentre outros.
No caso de tratados provenientes de Organizações
Internacionais, as negociações tem origem por meio de um
colegiado que possui plenos poderes de decisão em nome de
um ou mais Estados. Normalmente, as negociações ocorrem
na própria sede da Organização.
VIII. A CVDTOI

É importante destacar dois termos que se confundem com


facilidade: treaty-making capacity e treaty-making power.
Enquanto o primeiro se refere à capacidade dos Estados de
celebrar tratados, o segundo diz respeito à competência dos
poderes para celebrar tratados.
A distinção entre as duas expressões foi bem colocada por Henry
Wheaton. Para ele:
(a) A capacidade significa que o poder de negociar ou ajustar os
tratados públicos de nação a nação vigora plenamente em todo
Estado soberano que não cedeu essa porção de sua soberania por
meio de convenções com outros Estados
(b) A competência teria com base a Constituição ou lei fundamental de
todo Estado individual deve determinar em quem repousa o poder de
negociar e de ajustar os tratados.
(WHEATON, Henry. Elements of International Law. Londres, S. Low, Son and Company, 1886. p. 148.)
VIII. A CVDTOI

Conceitualmente, alguns estudos afirmam não existir uma noção


unanimemente aceita sobre o que se deve entender por
Organização Internacional.
As características comuns das Organizações Internacionais
permitem chegar a uma definição de que elas são uma
associação de sujeitos de Direito Internacional, constituída
basicamente por Estados, nascidas por um ato de vontade
coletivo com objetivo principal de atender algumas necessidades
da Comunidade Internacional.
Mesmo antes de serem reconhecidas como importante elemento
na ordem jurídica internacional, as Organizações Internacionais já
eram tidas como um fenômeno econômico, político e social.
VIII. A CVDTOI

Cachapuz de Medeiros faz uma importante consideração no que


diz respeito à importância delas:
[…] parece óbvia a interferência das organizações na estrutura e na dinâmica da
sociedade internacional contemporânea. Nascidas para atender a certas
necessidades comunitárias, as organizações provocaram acentuada
modificação no regime clássico das relações internacionais, dando origem à
“diplomacia parlamentar” e ensejando a passagem de uma sociedade
interestadual fechada para uma sociedade aberta. Isso não significa, porém,
que o desenvolvimento das organizações internacionais deva ser interpretado
como expressão de um processo acelerado rumo à integração terminantemente
orgânica e unitária de gênero humano em um “Estado Mundial” mas apenas que,
tanto em seus elementos componentes (estrutura) como em suas formas de
relacionamento (dinâmica), a sociedade internacional, basicamente
interestatal, precisou retificar seu perfil clássico e ajustar-se […] a uma nova
realidade […]
(CACHAPUZ DE MEDEIROS, Antônio Paulo. O Poder Legislativo e os Tratados Internacionais.
São Paulo, 1983. p. 351)
VIII. A CVDTOI

ATENÇÃO!
Em termos gerais os Estados criam organizações para
desempenharem tarefas que não podem realizar sozinhos.
O Conjunto das organizações internacionais foram hoje uma
forte instituição mundial que permite com que os Estados
institucionalizem suas relações e alcancem objetivos
que não podem ser atingidos de forma isolada.
A função de uma organização internacional é a de promover,
de maneira institucionalizada e permanente,
a cooperação internacional nos termos estabelecidos
pelo seu tratado constitutivo.
VIII. A CVDTOI

O Tratado constitutivo de uma organização confere a ela um


caráter de norma constitucional tendo como finalidade
primordial atender os objetivos comuns dos Estados-membros
que, por sua vez, formam o pilar financeiro das organizações.
Do ponto de vista geográfico elas podem
(a) ter caráter universal (significa que não há limitação geográfica
para ser membro da organização) ou
(b) ter caráter regional (quando o tratado limita o âmbito
geográfico de sua atuação e participação).
Sob a perspectiva de seus fins elas podem
(a) ter fins gerais ou
(b) ter fins específicos.
VIII. A CVDTOI

As organizações internacionais gozam de privilégios e


imunidades, bem como os seus funcionários, a serem definidos
em suas respectivas cartas com disposições que definem o
alcance das imunidades que seus membros lhes atribuírem.
Por exemplo, assim prescreve a Carta das Nações Unidas:
Artigo 105
A organização gozará, no território de cada um de seus
membros, dos privilégios e imunidades necessários à realização
de seus propósitos. Os representantes dos membros das Nações
Unidas e os funcionários da Organização gozarão, igualmente,
dos privilégios e imunidades necessários ao exercício
independente as suas funções relacionadas à organização
VIII. A CVDTOI

Conforme argumenta Michael Akenhurst (1985) quando os


Estados criam uma organização internacional estabelecem-na
para fins específicos e dão-lhe poderes limitados. Por essa razão,
a noção de personalidade jurídica internacional deve ser
considerada como um conceito relativo e não absoluto nas mãos
dos Estados da sociedade internacional.
A Carta das Nações Unidades estabelece em seu artigo 104 que
os Estados-membros devem outorgar à Organização das
Nações Unidas, dentro de sua área de atuação, a capacidade
jurídica necessária para o exercício de suas funções.

Identifique os três elementos


da personalidade jurídica da ONU
VIII. A CVDTOI

O fato de as OIs exercerem poderes próprios e possuírem


personalidade jurídica própria faz com que elas disponham do
direito de convenção, isto é, do direito de celebrar tratados
internacionais e manter relações diplomáticas.
A capacidade das OIs de celebrar trados pode ser discutida a
partir de duas doutrinas
(a) dos “poderes inerentes”: seriam decorrentes e diretamente
expressos em seu documento constitutivo que define e limita a
sua atuação
(b) dos “poderes implícitos”: por serem entidades distintas de
seus constituidores ela precisa de alguma liberdade para
exercer seus propósitos e, portanto, não pode estar atrelado
exclusivamente ao que foi expresso no documento constitutivo
VIII. A CVDTOI

Em 1986 com a assinatura da VCLTIO fez com que a celebração


de tratados alcançace novos rumos.
Esta convenção reconhece às organizações internacionais o
direito de celebrar tratados, conforme recomendação da
Assembléia Geral das Nações Unidas desde 1969.
A diferença básica existente entre a celebração de tratados pelos
Estados e pelas organizações internacionais começam pelo
simples fato de que um sujeito não pode ser comparado ao outro.
Os Estados estão balizados de acordo com sua soberania,
portanto, iguais em essência. Já as organizações são
diversificadas, nenhuma é idêntica a outra em razão da
diversidade de suas funções.
VIII. A CVDTOI

Distintamente dos Estados, todos iguais ante o direito


internacional, as organizações internacionais resultam de
instrumentos constitutivos que a elas atribuem características
jurídicas próprias: tem competência mais limitada que a dos
Estados e, não raro, não claramente definida (particularmente
no tocante às relações exteriores).
Apresentam as organizações variações entre si, no que concerne
a suas funções, poderes e estrutura, afetando, sobretudo, sua
competência para concluir tratados.
Se as organizações não possuem a mesma capacidade foi preciso
determinar ao menos uma capacidade mínima exigível a todas.
VIII.1. Definições e Inovações

CVDTOI
VIII.1. Definições e Inovações

A primeira parte da Convenção, denominada de introdução, possui


cinco artigos.
O Artigo 1 menciona que a Convenção aplica-se aos tratados
celebrados entre uma Organização Internacional e um ou vários
Estados, ou entre várias Organizações.
O Artigo 2 trata de algumas expressões utilizadas pela Convenção.
Dentre essas expressões destacam-se aquelas que definem:
- Estado ou Organização Negociador: aquele que participou da elaboração e na adoção
- Estado ou Organização Contratante: aquele que consente, posteriormente a elaboração, em
obrigar-se pelo tratado, independente de sua entrada em vigor
- Regras da Organização: os instrumentos constitutivos, as suas decisões e resoluções que
forem adotadas respeitando a Convenção ou com as práticas internacionais.
VIII.1. Definições e Inovações

O Artigo 6 fixou que a competência de cada organização rege-se


pelas regras da própria organização.
O Artigo 7, parágrafo 3 firma obrigação de qualquer
representante da organização precisar apresentar plenos poderes
adequados ou então possível deduzir essa representação legítima
pelas circunstâncias das partes a aceitarem como representante
sem a apresentação de plenos poderes.
Já no Artigo 11, parágrafo 2 estabeleceu-se que o consentimento
de uma organização pode manifestar-se pela assinatura, pela
troca de instrumentos constitutivos ou de um ato de confirmação
formal (aceitação, aprovação ou adesão; ou até mesmo outro
meio convencionado).
VIII.1. Definições e Inovações

Assim como a vincluação de um Estado a um tratado é processo


complexo, o Artigo 14 estabelece tais etapas complexas também
as organizações. Aos Estados exige-se a ratificação. Às
organizações exige-se um ato de confirmação formal.
Muita atenção à previsão específica do Artigo 20, parágrafo 3.
No que diz respeito às reservas, caso elas sejam possíveis em um
tratado constitutivo de organização internacional, a oposição por
parte de um Estado-membro só terá efeito se aceita
posteriormente pelo órgão competente dessa organização.
VIII.1. Definições e Inovações

O Artigo 26 reafirma a vinculação das partes ao texto de um


tratado, devendo cumpri-lo de boa-fé.
O Artigo 27 ratifica o entendimento predominante da sociedade
internacional a respeito da adesão ao Monismo uma vez que nem
os Estados podem alegar regras de direito nacional para
descumprir obrigação estipulada no tratados, nem tampouco as
organizações podem invocar regras da própria organiazação para
deixar de cumprir os termos de um tratado firmado.
Abre-se exceção para as hipóteses de reconhecimento da nulidade
do tratado nas circunstâncias previstas no Artigo 46.
VIII.1. Definições e Inovações

Quanto as terceiras partes prevê a CVDTOI que o consentimento é


elemento essencial tanto para o nascimento de obrigações ou
direitos (Artigo 34), entretanto:
- no caso das obrigações exige-se consentimento expresso e por
escrito (Artigo 35)
- no caso dos direitos o consentimento dos Estados presume-se
pela não oposição (Artigo 36,1) e das Organizações
Internacionais nos termos de suas regras internas (Artigo 36, 2)
Mesmo quando as negociações resultem em adoção de tratado
que fixe depositário diferente do Secretário Geral da ONU,
diversos artigos asseguram que o tratado ainda assim deverá ser
registrado junto a ele: Artigo 78, g;Artigo 80, 5; Artigo 81, 1.
VIII.1. Definições e Inovações

O Artigo 64 reafirma que a convenção é hierarquicamente inferior


ao jus cogens e pode, portanto, ser revogada por ele.
O Artigo 66 e o Anexo da Convenção estipulam que deve as
Nações Unidas manter Tribunal Arbitral e Comissão de Conciliação
para gerir eventuais conflitos a respeito da convenção.
O Artigo 82 estabeleceu prazo até 31 de dezembro de 1986 para
aceitação de novas assinaturas e, o Artigo 84 assegura que futuras
adesões podem acontecer a qualquer momento, sem prazo.

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