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Sugestões de utilização

Esta apresentação permite uma análise coletiva dos poemas do


manual, pois poderá escrever sobre os diapositivos para destacar, por
exemplo, palavras ou partes dos poemas, salientar recursos estilísticos,
assinalar o esquema rimático...
Como? É muito simples: em modo de apresentação, selecione, no
canto inferior esquerdo do diapositivo, a caneta ou o marcador e escolha
uma cor. Poderá recorrer a cores diferentes para salientar aspetos
distintos. Basta clicar novamente na caneta ou no marcador e escolher
uma nova cor.
No final, pode guardar a apresentação com ou sem as anotações.
O menino da sua mãe

No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
– Duas, de lado a lado –,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.


De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! que jovem era!


(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
“O menino da sua mãe”.
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada


Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:


“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.
[1926]

Fernando Pessoa, in Poesias Ortónimo,


Porto Editora, 2007
Se estou só, quero não ‘star

Se estou só, quero não ‘star,


Se não ‘stou, quero ‘star só.
Enfim, quero sempre estar
Da maneira que não estou.

Ser feliz é ser aquele.


E aquele não é feliz
Porque pensa dentro dele
E não dentro do que eu fiz.

A gente faz o que quer


Daquilo que não é nada,
Mas também se o não fizer
Fica perdido na estrada.

2-7-1931

Fernando Pessoa, Poesia (1931-


1935 e não datada),
Ed. Assírio & Alvim, 2006

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