Você está na página 1de 22

O USO DOS

PORQUÊS
Professora Rosangela do Nascimento Costa
Vamos pensar juntos
◦ Você já reparou que nem sempre um “porquê” dentro de um texto é escrito do mesmo
jeito?
◦ Por que será?
◦ Isso porque existem variações no uso de cada um dos porquês.
◦ No entanto, essa diferença não fica clara ao falarmos, mas na escrita, por quê?
◦ 1. Leia com atenção algumas observações que uma aluna do 5º ano fez enquanto assistia
ao documentário “Muito Além do Peso”.
◦MUITO ALÉM DO PESO

◦Por que é tão difícil mudar a alimentação?

◦A gente não sabe o que tem nos alimentos que estamos ingerindo, por quê?

◦A má alimentação causa mais morte que os homicídios. Precisamos entender o porquê


disso.

◦Precisamos fazer a campanha na escola, porque se a gente aprende a comer bem na


infância, tem menos chance de ser um adulto obeso.
Tipos de porquês
◦ porque (junto e sem acento)
porquê (junto e com acento)
por que (separado e sem acento)
◦ por quê (separado e com acento)
Por que (separado e sem acento)
Em frases interrogativas.
Ex.: Por que você me deixou esperando todo esse tempo?
Por que você não se habitua a ler jornais.
Em frases afirmativas, desde que no seu emprego esteja subtendida a ideia de motivo, causa,
razão, pelo qual, para que.
Ex.: Não sei por que (razão) esse aluno é tão rebelde;
O deputado explicou por que (motivo) precisa de mais tempo para apresentar seu relatório;
Era o apelido por que (pelo qual) era conhecido;
O assessor estava ansioso por que (para que) começasse a votação
Porque junto e sem acento
◦ Quando a pergunta é acompanhada de uma hipótese de resposta.
Ex.: Você não veio votar porque é contrário ao projeto?
Essa medida provisória merece prosseguimento na tramitação porque é urgente?

◦ Quando introduz uma explicação.


Ex.: O deputado disse que votou contra o projeto porque o considerou lesivo aos interesses do
país. (conjunção)
Por quê – separado e com acento
◦ Por quê
Quando colocado no final da frase ou antes de pausa, se tiver o sentido de motivo, razão pela
qual.
Ex.: O cantor estava inquieto, sem saber por quê;
Advertido pelo Presidente da Mesa, o deputado quis saber por quê;
Ninguém lhe dava atenção. Por quê?
Porque – junto e com acento
◦ Porquê
Quando não apenas o sentido, mas é usado em lugar de um desses substantivos (ou seja,
quando é substantivada): motivo, causa, pergunta, e forma, com a preposição por, uma só
palavra.
Ex.: Não entendo o porquê da sua revolta;
A mãe deixou de fazer o almoço e não explicou o porquê;
Há muitos porquês para a queda do edifício
Atenção
◦ Para usá-los corretamente, guarde esta manha:
Veja se cabe a palavra MOTIVO após o que. Se couber, será, com certeza absoluta, POR QUE
(separado).
◦ Se não couber, será, obviamente, PORQUE (junto e sem acento).

◦ Exemplos:
Por que o céu é azul - (Por que MOTIVO o céu é azul?);
Não sei por que eu errei - (Não sei por que MOTIVO eu errei);
Sabe por que sou feliz - (Sabe por que MOTIVO sou feliz?);
Porque vivo tranquilamente. - (Não coube MOTIVO após o que; em respostas ou explicações,
o porque será sempre junto e sem acento).
Atenção
◦ Outro detalhe que deve ser guardado:
◦ Em final de oração (antes de ponto, vírgula ou qualquer outro sinal de pontuação), o que sempre terá acento
circunflexo (QUÊ), independentemente de estar acompanhado do por:
◦ Ele bateu nela? Ah! eu já sei por quê.
◦ (... eu já sei por que MOTIVO; o que foi acentuado por estar no fim da oração, antes do ponto);
◦ Chegou e, sem saber por quê, começou a ser aplaudida.
◦ (Chegou e, sem saber por que MOTIVO; o que foi acentuado por estar no fim da oração, antes da vírgula)
◦ Quê! Ela fez isso?
◦ (o que foi acentuado por estar no fim da oração, antes do ponto de exclamação)
◦ Viu só? Basta conferir se cabe a palavra MOTIVO após o por que. Se couber, deve ser separado.
◦ Depois, observe se o que está no final de oração, antes de qualquer sinal (ponto, vírgula, ponto e vírgula, ponto de
exclamação, interrogação etc.). Se estiver, acento nele!
E o porquê (junto e com acento)?
◦ Nesse caso, será acompanhado, geralmente, de artigo (o, a, um, uma, que sempre
acompanham um substantivo) ou de outras palavras que também acompanhem e determinem
um nome (vários, muitos, esses, estes, aqueles, alguns etc.). Porquê será, portanto, um
substantivo, significando RAZÃO:
Qual é o porquê da sua tristeza
(Qual é a RAZÃO da sua tristeza?)?
Há vários porquês para a sua fúria.
(Há várias RAZÕES para a sua fúria).
OUTRAS
DIFICULDADES DA
LÍNGUA
PORTUGUESA
1. A / há
◦ Emprega-se a na indicação de tempo futuro; emprega-se há na indicação de tempo passado.

◦ Ex.: Eu não a vejo há muito tempo.


Ex.: Ela voltará daqui a um ano.
2. A fim de / afim
◦ A fim de é uma locução prepositiva, que indica finalidade; afim é adjetivo e
significa semelhante.
Ex.: Voltei a fim de resolver esse problema.
Ex.: Os dois tinham interesses afins.

3. Catorze / quatorze
As duas formas estão corretas.
4. À toa / À-toa
◦ À toa é uma locução adverbial de modo, significa “sem destino”, “a esmo”, “ao acaso”, “sem
fazer nada”, “sem rumo”; à-toa é um adjetivo invariável e significa “inútil”, “desprezível”.

◦ Ex.: Aquele advogado era um sujeitinho à-toa e precipitado.


Ex.: Todas as noites andava à toa pelas ruas da cidade.
5. Acerca de / há cerca de
◦ Acerca de é uma locução prepositiva e corresponde a “a respeito de”; há cerca de equivale a
“há aproximadamente”.
Ex.: Falou-me acerca de seus problemas.
Ex.: Há cerca de dois anos não o vejo em Campo Grande.

6. Ao invés de / em vez de
Ao invés de significa “ao contrário de”; em vez de equivale a “em lugar de”.
Ex.: Ao invés de baixar, a taxa de juros subiu neste mês.
Ex.: Em vez de nos ajudar, ele nos prejudicou bastante.
7. Aonde / onde
◦ Usa-se aonde com verbos dinâmicos, isto é que dão ideia de movimento, equivale
a “para onde”; usa-se onde, com verbos que não expressam a ideia de movimento.

◦ Ex.: Aonde ele vai assim tão cedo?


Ex.: Onde você nasceu?

8. Do ou de o? Dele ou de ele? Junto ou separado?


O sujeito não pode ser antecedido de preposição. Por isso o artigo que acompanha o mandachuva
da oração é proibido de se casar com o de e outras irmãzinhas.
Ex.: Este é o momento certo de o governador falar.
9. Mas / mais
◦ Mas é uma conjunção coordenativa adversativa (expressa uma idéia contrária,
oposta). Ex: Ele pretendia apoiá-la, mas desistiu.
Mais indica quantidade, é o contrário de menos.
Ex.: Converse menos e trabalhe mais.
10. Mal / mau
◦ A palavra mal classifica-se como:
advérbio de modo – contrário de bem, equivale a “incorretamente”.
Ex.: O contrato estava mal redigido.
substantivo – contrário de bem, pode vir antecedido de artigo, adjetivo ou pronome.
Ex.: O mal dele é acreditar em tudo que lhe falam.
 conjunção subordinativa adverbial temporal – equivale a “assim que”, “logo
que”.
Ex.: Mal cheguei, começaram as comemorações.
◦ prefixo – mal-educado, malcriado, mal-humorado, etc.
Observação: Há exigência do uso do hífen quando o prefixo mal for sucedido de
Uma palavra que se inicie com vogal ou com a letra h.
Mau é adjetivo e, portanto, modifica um substantivo.
Ex.: Ela está sempre de mau humor.
11. SENÃO E SE NÃO
◦ Use senão quando equivaler a:
“do contrário”, “de outro modo”, “mas sim”, “exceto”, “salvo se”, “a não ser”,
Ex: Luta, senão estás perdido
Ex: Não era ouro, nem prata, senão ferro.
Ex: Ninguém senão os irmãos dele, compareceram à festa.
defeito, falha
Ex: Não encontrei um senão em seu trabalho.
Se não
Use se não em frases que indicam condição, alternativa, incerteza, dúvida:
Ex: Se não for possível, me avise. (condição)
Havia dois jogadores, se não três. (incerteza)
12. Dia a dia / dia-a-dia
◦  "Dia a dia" (sem hífen) é advérbio, isto é, modifica um verbo; significa
"diariamente":

◦ Ex: Ele melhora dia a dia.


"Dia-a-dia" (com hífen) é substantivo; significa "cotidiano":
Ex: O meu dia-a-dia é muito estressante

Você também pode gostar