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Perícia Contábil

CONCEITO
• Perícia advém do latim peritia, conhecimento proveniente da
experiência; habilidade, talento.
• Espécie de prova consistente no parecer técnico de pessoa
habilitada a formulá-lo.
• A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos
técnicos e científicos destinado a levar à instância decisória
elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução
do litígio, mediante laudo pericial contábil, e ou parecer
pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas
e profissionais, e a legislação específica no que for
pertinente. (NBC TP 01 – NORMA TÉCNICA DE PERÍCIA
CONTÁBIL).
• Portanto, a perícia contábil tem sua amplitude relacionada á
causa que a deu origem. Assim, uma perícia que envolva
questões tributárias levará em conta não somente a
contabilidade em si, como também a legislação fiscal que
rege a matéria relacionada aos exames.
PERÍCIA CONTÁBIL X AUDITORIA
• Perícia não se confunde com auditoria.
• A Perícia serve a um questionamento, a uma necessidade, é
uma tarefa requerida, que se destina a produzir uma prova
técnica a fim de suprir uma eventualidade, com objetivo
determinado.
• Já a auditoria tem objetivos mais amplos, de forma a
evidenciar (ou não) a adequação de procedimentos técnicos
e operacionais de determinada entidade.
• A principal diferença entre auditoria e perícia é que a auditoria
opera através de um processo de amostragem, e a perícia
sobre um determinado ato, ligado ao patrimônio das
entidades físicas ou jurídicas, buscando a apresentação de
uma opinião através do laudo pericial.
PERÍCIA CONTÁBIL X AUDITORIA
• Podemos resumir algumas diferenças entre perícia e
auditoria como segue:
Diferença quanto ao: PERÍCIA AUDITORIA
Propósito Específico: “prova técnica” Genérico – adequação de
procedimentos
Exame Literal, concreto, sem Amostragem
amostragem
Documento Final Laudo Relatório ou Parecer
Duração Determinado (temporário) Determinado ou
Indeterminado
Público Específico e restrito ás Específico ou Amplo
partes
OBJETIVOS
• Art. 212 do Código Civil Brasileiro:
• Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser
provado mediante:
I - confissão;
II - documento;
III - testemunha;
IV - presunção;
V - perícia.
• Desta forma, pode-se resumir que a perícia contábil tem 2 objetivos
primordiais:
1. Levantar elementos de prova.
2. Subsidiar a emissão de laudo ou parecer.
Exemplo:
• Numa demanda societária, o perito é chamado para levantar a apuração
de haveres de cada sócio. Este perito irá levantar elementos fáticos na
contabilidade (mensuração dos valores de cada sócio) e, com base em
tais fatos, emitir laudo ou parecer com a demonstração dos haveres dos
sócios.
COMPETÊNCIA
• O Decreto Lei nº 9.295/46 e as Normas Brasileiras de
Contabilidade consideram leigo ou profissional não-habilitado
para a elaboração de laudos periciais contábeis e pareceres
periciais contábeis, qualquer profissional que não seja
Contador, habilitado perante Conselho Regional de
Contabilidade.
• A perícia contábil, tanto a judicial, como a extrajudicial e a
arbitral, é de competência exclusiva de Contador registrado
em Conselho Regional de Contabilidade.
• Obviamente, isto não significa que somente o profissional de
contabilidade irá participar de uma perícia, em que várias
áreas de conhecimento são necessárias.
• Assim, uma perícia que exija conhecimentos da área contábil
e de matemática financeira (por exemplo), pode ser
executada, concomitantemente, pelo Contador e por um
Economista, cada um em sua área de especialização.
COMPETÊNCIA
• Competência profissional pressupõe ao perito-contador e ao
perito-contador-assistente demonstrar capacidade para
pesquisar, examinar, analisar, sintetizar e fundamentar a
prova no laudo pericial e no parecer pericial contábil.
• Cabe à Fiscalização do CRC verificar se os Contadores estão
procedendo regularmente conforme os preceitos das Normas
de Auditoria e Perícia (técnicas e profissionais) na elaboração
de seus laudos e, também, coibir atuação de leigos e
Técnicos em Contabilidade neste segmento específico da
profissão contábil.
COMPETÊNCIA - RENÚNCIA AOS SERVIÇOS
• O contador só deverá aceitar o encargo de perícia se
reconhecer estar capacitado com conhecimento técnico
suficiente, discernimento e irrestrita independência para a
realização do trabalho.
• Desta forma, o contador deve escusar ou renunciar os
serviços sempre que reconhecer não ter competência ou não
dispor de estrutura profissional para desenvolvê-los,
contemplada a utilização do serviço de especialistas de
outras áreas, quando parte do objeto da perícia assim o
requerer.
TIPOS DE PERÍCIA
• Podemos resumir os diferentes tipos de perícia em:
• JUDICIAL – feita a comando do juiz, visando esclarecer fatos ou
produzir provas sobre a questão. Exemplo: O juiz solicita ao perito
contábil o cálculo da apuração de haveres de sócio excluído em
sociedade limitada, em demanda pleiteada pelos demais sócios.
• ARBITRAL – feita a comando do árbitro ou da parte que a solicitou,
visando subsidiar elementos para a arbitragem. Como exemplo de
perícia arbitral, aquela em que 2 empresas solicitam ao árbitro
nomeado de comum acordo entre as partes a determinação de
haveres numa rescisão de contrato, cuja cláusula previa arbitragem
com base na Lei 9.307/1996.
• ADMINISTRATIVA (também chamada extrajudicial) – feita a
comando de uma ou mais partes interessadas, visando produzir as
constatações necessárias. Como exemplo de perícia
administrativa, aquela em que um sócio solicita ao perito que
levante o fundo de comércio da empresa, para basear uma
proposta de aquisição de quotas de capital de outro sócio.
PROVA PERICIAL
• Prova é o elemento material para
demonstração de uma verdade.
• Desta forma, prova pericial corresponde a
prova (seja na forma de laudo ou parecer)
oriunda de uma perícia.
LAUDO PERICIAL
• Laudo é o documento, elaborado por um ou mais
peritos, onde se apresentam conclusões do exame
pericial.
• No laudo, responde-se aos quesitos (perguntas) que
foram propostos pelo juiz ou pelas partes interessadas.
• Laudo Pericial Contábil (LPC) é uma peça escrita, na
qual o perito-contador deve visualizar, de forma
abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os
aspectos e as minudências que envolvam a demanda.
• O LPC efetuado em matéria contábil somente seja
executado por contador habilitado e devidamente
registrado em Conselho Regional de Contabilidade.
LAUDO - REGISTROS
• O perito-contador deve registrar no LPC os estudos, as
pesquisas, as diligências ou as buscas de elementos de
provas necessárias para a conclusão dos seus trabalhos.
• No encerramento, o LPC deve ser apresentado, de forma
clara e precisa, as suas conclusões.
• O LPC deve ser uma peça técnica elaborada de forma
seqüencial e lógica, para que o trabalho do perito-
contador seja reconhecido também pela padronização
estrutural.
• Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o
laudo dentro do prazo, o juiz conceder-lhe-á, por uma
vez, prorrogação, segundo o seu prudente arbítrio.
Observe que esta hipótese implica em justificativa,
portanto o perito só poderá utilizá-la mediante argumento
real.
LAUDO - APRESENTAÇÃO
• A escrita do LPC sempre será conduzida pelo perito-contador,
que adotará um padrão próprio, como o descrito no item
Estrutura.
• Não pode o perito-contador deixar nenhum espaço em branco no
corpo do Laudo Pericial Contábil, bem como adotar entrelinhas,
emendas ou rasuras, pois não será aceita a figura da ressalva,
especialmente quando se tratar de respostas aos quesitos.
• A linguagem adotada pelo perito-contador deve ser acessível aos
interlocutores, possibilitando aos julgadores e às partes da
demanda, conhecimento e interpretação dos resultados dos
trabalhos periciais contábeis.
• Em se tratando de termos técnicos, devem os mesmos, caso
necessário, ser acrescidos de esclarecimentos adicionais, sendo
recomendados à utilização daqueles de maior domínio público.
• O Laudo Pericial Contábil deve expressar o resultado final de
todo e qualquer trabalho de busca de prova que o contador tenha
efetuado por intermédio de peças contábeis e outros documentos,
sob quaisquer tipos e formas documentais.
LAUDO - DUPLA INTERPRETAÇÃO
• O LPC não deve conter elementos e/ou informações que
conduzam a interpretação confusa, para que não induza os
julgadores a erro.
• Exemplo de frase que pode dificultar a interpretação dos fatos:
• “Verificou-se que a empresa deixou de escriturar as notas fiscais
1588 e 1599, porém no Livro de Entradas de Mercadorias as
referidas notas estavam registradas”.
• Ora, para ser mais claro, e evitar confusão, a frase precisa ser
mais explícita (em que livro as notas fiscais não haviam sido
escrituradas?), para não induzir a qualquer interpretação
equivocada.
• Uma redação mais específica seria: “Constatou-se que não há
registro das notas fiscais 1588 e 1599 no Livro Diário e no Livro
Razão. Porém, as referidas notas fiscais estavam devidamente
registradas em outro livro, o Livro de Entradas de Mercadorias.”
• Pela redação acima, ficou bem mais claro que as notas fiscais
foram registradas em um livro (Entradas de Mercadorias), e não
foram escrituradas em dois outros (Diário e Razão).
LAUDO - ESTRUTURA
• O Laudo Pericial Contábil deve conter, no mínimo, os
seguintes itens:
a) identificação do processo e das partes;
b) síntese do objeto da perícia;
c) metodologia adotada para os trabalhos periciais;
d) identificação das diligências realizadas;
e) transcrição dos quesitos;
f) respostas aos quesitos;
g) conclusão;
h) outras informações, a critério do perito-contador, entendidas
como importantes para melhor esclarecer ou apresentar o
laudo pericial;
i) rubrica e assinatura do perito-contador, que nele fará constar
sua categoria profissional de Contador e o seu número de
registro em Conselho Regional de Contabilidade.
LAUDO - VEDAÇÃO À OMISSÃO
DE FATOS

• O perito-contador não pode omitir nenhum fato


relevante encontrado no decorrer de suas
pesquisas ou diligências, mesmo que não tenha
sido objeto de quesitação e desde que esteja
relacionado ao objeto da perícia.
LAUDO - CONCLUSÃO
• A conclusão é a quantificação, quando possível, do
valor da demanda, podendo reportar-se a
demonstrativos apresentados no corpo do laudo ou em
documentos auxiliares.
• Trata-se de um componente indispensável no LPC.
• O perito-contador deve, na conclusão do Laudo Pericial
Contábil, considerar as formas de conclusão seguintes:
• a) a conclusão com quantificação de valores é viável
em casos de: apuração de haveres; liquidação de
sentença, inclusive em processos trabalhistas;
dissoluções societárias; avaliação patrimonial, entre
outros;
LAUDO - CONCLUSÃO
• b) pode ocorrer que na conclusão seja necessária a
apresentação de alternativas, condicionada às teses
apresentadas pelas partes, casos em que cada parte
apresentou uma versão para a causa, e o perito deverá
apresentar ao juiz as alternativas condicionadas às teses
apresentadas, devendo, necessariamente, ser identificados
os critérios técnicos que lhes dêem respaldo. Tal situação
deve ser apresentada de forma a não representar a opinião
pessoal do perito, consignando os resultados obtidos, caso
venha a ser aceita a tese de um ou de outro demandante,
como no caso de discussão de índices de atualização e
taxas;
• c) a conclusão pode ainda reportar-se às respostas
apresentadas nos quesitos;
• d) a conclusão pode ser, simplesmente, elucidativa quanto ao
objeto da perícia, não envolvendo, necessariamente,
quantificação de valores.
PARECER PERICIAL - OPÇÃO
• A opção por apresentar Parecer Pericial Contábil em
separado do Laudo Pericial é de exclusiva responsabilidade
do perito-contador assistente, tomada em conjunto com a
parte que o contratou, não devendo entender o perito-
contador que tal atitude constitua descrédito ao trabalho
realizado ou ao profissional que o apresentou.
• O perito-contador assistente emitirá parecer pericial contábil
em separado que assim entender cabível, tendo em vista a
comprovação, de forma técnica, das teses levantadas pela
parte que o contratou.
• Também emitirá parecer pericial contábil em separado que,
uma vez analisadas as conclusões trazidas pelo laudo pericial
contábil, não concordar total ou parcialmente com elas ou
discordar da forma como foram transmitidos os
procedimentos utilizados para fundamentá-lo.
O PERITO ASSISTENTE
• A contratação do perito-contador é de iniciativa da parte interessada e
indicá-lo como seu assistente técnico é facultativo. Desta forma, por
exemplo, numa demanda fiscal, sujeita à perícia, poderá haver:
• O perito-contador, nomeado pelo juiz.
• Um perito assistente, nomeado livremente pelo fisco.
• Um perito assistente, nomeado livremente pelo contribuinte.
• Os peritos assistentes, também chamados assistentes técnicos, são de
confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição (art. 422
CPC). A intervenção legal do Perito-Contador assistente no processo se
dá nos termos do parágrafo único do artigo 433 do Código do Processo
Civil, quando apresentar o seu parecer técnico sobre o Laudo Pericial e
encaminhado por meio de petição da parte:
• Art. 433 - O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo
juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e
julgamento.
• Parágrafo único - Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no
prazo comum de 10 (dez) dias, após intimadas as partes da apresentação
do laudo. (redação dada pela Lei 10.358/2001).
PARECER PERICIAL - CARACTERÍSTICAS
• O Parecer Pericial Contábil deve ser uma peça
escrita, na qual o perito-contador assistente deve
visualizar, de forma abrangente, o conteúdo da
perícia e particularizar os aspectos e as
minudências que envolvam a demanda.
• Sempre que o parecer contábil for contrário às
posições do laudo o perito-contador assistente
deve fundamentar suas manifestações.
• O perito-contador assistente deve registrar no
Parecer Pericial Contábil os estudos, as
pesquisas, as diligências ou as buscas de
elementos de provas necessárias para a
conclusão dos seus trabalhos.
PARECER PERICIAL - OBJETIVOS
• O Parecer Pericial Contábil, na esfera judicial, serve
para subsidiar o juiz e as partes, bem como para
analisar de forma técnica e científica o laudo pericial
contábil.
• O Parecer Pericial Contábil, na esfera extrajudicial,
serve para subsidiar as partes nas suas tomadas de
decisão.
• O Parecer Pericial Contábil, na esfera arbitral, serve
para subsidiar o árbitro e as partes nas suas
tomadas de decisão.
• As normas do Parecer Pericial Contábil estão
disciplinadas pela NBC T 13.7.
PARECER PERICIAL - ESTRUTURA
• Omissão de Fatos - o perito-contador
assistente, ao efetuar suas manifestações no
Parecer Pericial Contábil, não pode omitir
nenhum fato relevante encontrado no decorrer de
suas pesquisas ou diligências.
• Emissão de Opinião - ao concluir o Parecer
Pericial Contábil, não deve o perito-contador
assistente emitir qualquer opinião pessoal a
respeito das respostas oferecidas aos
questionamentos, bem como na conclusão dos
trabalhos, que contrarie o Código de Ética do
Contabilista.
PARECER PERICIAL - ITENS OBRIGATÓRIOS
• O Parecer Pericial Contábil deve conter, no mínimo, os
seguintes itens:
a) identificação do processo e das partes;
b) síntese do objeto da perícia;
c) metodologia adotada para os trabalhos periciais;
d) identificação das diligências realizadas;
e) transcrição dos quesitos, no todo ou naqueles em discordância;
f) respostas aos quesitos;
g) conclusão;
h) identificação do perito-contador assistente nos termos do item 13.5.3
dessa Norma; e
i) outras informações, a critério do perito-contador assistente, entendida
como importantes para melhor esclarecer ou apresentar o Parecer
Pericial Contábil.
PARECER PERICIAL - ESCLARECIMENTOS
ADICIONAIS
• Conclusão - o Perito-contador assistente deve, na
conclusão do Parecer Pericial Contábil, considerar as
formas seguintes:
a) a conclusão com quantificação de valores é viável em casos de:
apuração de haveres, liquidação de sentença, inclusive em
processos trabalhistas, dissolução societária, avaliação
patrimonial, entre outros.
b) a conclusão pode, ainda, reportar-se às respostas apresentadas
nos quesitos.
c) a conclusão pode ser, simplesmente, elucidativa quanto ao
objeto da perícia, não envolvendo, necessariamente,
quantificação de valores.
IMPEDIMENTO - INDEPENDÊNCIA
• Impedimento são situações fáticas ou circunstanciais que
impossibilitam o perito-contador e o perito-contador
assistente de exercerem, regularmente, suas funções ou
realizar atividade pericial em processo judicial, extrajudicial e
arbitral.
• O perito-contador, nomeado, contratado ou escolhido deve se
declarar impedido quando não puder exercer suas atividades
com imparcialidade e sem qualquer interferência de terceiros,
ocorrendo pelo menos uma das seguintes situações:
– a) for parte do processo;
– b) tiver atuado como perito-contador assistente ou prestado
depoimento como testemunha no processo;
– c) tiver cônjuge ou parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta
ou em linha colateral até o terceiro grau, postulando no processo;
– d) tiver interesse, direto ou indireto, mediato ou imediato, por si, por
seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou em
linha colateral até o terceiro grau, no resultado do trabalho pericial;
– f) receber dádivas de interessados no processo;
IMPEDIMENTO - INDEPENDÊNCIA
– e) exercer cargo ou função incompatível com a atividade de perito-
contador, em função de impedimentos legais ou estatutários;
– g) subministrar meios para atender às despesas do litígio; e
– h) receber quaisquer valores e benefícios, bens ou coisas sem
autorização ou conhecimento do juízo.
• Quando nomeado em juízo, o perito-contador deve dirigir-lhe
petição, no prazo legal, justificando a escusa e o motivo do
impedimento.
• Quando indicado pela parte contratante, não aceitando o
encargo, o perito-contador assistente deve comunicar ao
juízo e à parte, por escrito, a recusa, devidamente justificada.
PLANEJAMENTO
• O planejamento da perícia é a etapa do trabalho pericial na
qual o Perito-Contador ou o Perito-Contador Assistente
estabelecem os procedimentos gerais dos exames a serem
executados no Processo Judicial, Extrajudicial ou Arbitral
para o qual foi nomeado, indicado ou contratado pelas
Partes, elaborando-o a partir do exame do objeto da Perícia.
• O planejamento das atividades da perícia a ser efetuada é
essencial para a coordenação de trabalhos entre os peritos.
• A NBC T 13.2 dispõe sobre o planejamento da contábil
judicial, extrajudicial e arbitral.
• O planejamento deve ser realizado pelo Perito-Contador,
ainda que o trabalho venha a ser realizado de forma conjunta
com o Perito-Contador Assistente podendo este orientar-se
com base no mesmo.
PLANEJAMENTO - OBJETIVOS
• Os objetivos do planejamento da perícia são:
– a) conhecer o objeto da perícia, a fim de permitir a adoção de
procedimentos que conduzam à revelação da verdade, a qual subsidiará o
Juízo, o Árbitro ou o Contratante a tomar a correta decisão a respeito da
lide;
– b) Oferecer condições para que o trabalho seja cumprido no prazo
estabelecido;
– c) Prever potenciais problemas e riscos que possam vir a ocorrer no
andamento da perícia;
– d) Antever fatos que possam vir a ser importantes para a solução do
problema de forma que não passem despercebidos ou não recebam a
atenção necessária ao seu devido exame;
– e) identificar a legislação aplicável ao objeto da perícia;
– f) definir a natureza, a oportunidade e a extensão dos exames a serem
realizados, em consonância com os termos constantes na proposta de
honorários;
– g) estabelecer como se dará a divisão das tarefas entre os membros da
equipe de trabalho, sempre que o Perito-Contador ou o Perito-Contador
Assistente necessitar de auxiliares;
– h) facilitar a execução e a revisão dos trabalhos.
PLANEJAMENTO - SERVIÇOS DE TERCEIROS
• Quando a perícia exigir a necessidade de utilização de
trabalho de terceiros (equipe técnica ou trabalho de
especialistas), o planejamento deve prever a orientação e a
supervisão do Perito, que assumirá total responsabilidade
pelos trabalhos a serem executados.
• Quando a perícia exigir a utilização de perícias
interprofissionais, o planejamento deve contemplar tal
necessidade.
• Entretanto, mesmo que a perícia seja executada somente por
uma pessoa, esta deve fazer o planejamento, visando
otimizar seu tempo e buscar adequadamente as formas de
trabalho mais indicadas para que a perícia seja executada no
prazo determinado pelo juiz ou pelo cliente/contratante.
PLANEJAMENTO - SERVIÇOS DE TERCEIROS
• São exemplos de trabalho de especialista: programador de computador
para desenvolvimento de programas para perícias, inclusive para
liquidação de sentenças em ações trabalhistas, apuração de haveres,
aferição de diferenças do Sistema Financeiro de Habitação; atuários;
especialista contábil em partes específicas da perícia, entre outros.
• O perito-contador e o perito-contador assistente ao contratarem os
serviços de profissionais de outras profissões regulamentadas, devem
certificar-se de que os mesmos se encontram em situação regular no
seu conselho profissional. São exemplos de laudos interprofissionais
para subsidiar a perícia contábil:
– a) de engenharia para avaliação de bens do ativo imobilizado;
– b) de medicina para subsidiar a perícia contábil em cálculo de indenização
de perdas e danos causado por acidente do trabalho ou para apuração de
danos emergentes ou lucros cessantes;
– c) de perito criminal em documentos copia para reconhecer a autenticidade
ou a falsidade de documentos;
– d) de gemologia para avaliação de jóias, pedras preciosas, semi-preciosas
com o fim de apurar valores para avaliação patrimonial;
– e) de especialista em obras de artes com o fim de apurar valores para
avaliação patrimonial
PLANEJAMENTO - EXEMPLO
• Em perícia judicial, o juiz determina o levantamento de balanço
patrimonial de uma das partes envolvidas (pessoa jurídica), em
data de 31.12.2008. O perito indicado deverá organizar, no
mínimo, o seguinte planejamento:
1. Solicitação à parte envolvida dos livros diário e razão do ano de 2004,
bem como da documentação contábil relacionada.
2. Estimar, com base no porte da pessoa jurídica e suas atividades, o
número de horas necessárias aos procedimentos de levantamento do
balanço, para que o cumprimento do prazo fixado pelo juiz seja
executado a contento.
3. Verificar, nos autos, a causa que deu origem ao pedido do juiz, para
conhecer os detalhes.
4. Se as atividades da pessoa jurídica envolverem alguma especialidade
técnica no ramo contábil (como, por exemplo, se a parte for uma
cooperativa), o perito deve ter os conhecimentos pertinentes à
legislação específica da matéria.
5. Verificar no próprio local da perícia (contabilidade da empresa), se
esta possui estrutura adequada para atendimento e execução dos
procedimentos, disponibilidade de acesso aos arquivos, etc.
PLANEJAMENTO - CUMPRIMENTO DE PRAZOS
• Para cumprir o prazo determinado ou contratado para
realização dos trabalhos de perícia, o Perito-Contador e o
Perito-Contador Assistente devem considerar em seus
planejamentos, quando aplicáveis, entre outros, os
seguintes:
a) o conteúdo da proposta de honorários apresentada e aceita pelo juízo,
pelo árbitro ou pelas partes no caso de perícia extrajudicial ou pelo
Perito-Contador Assistente;
b) o prazo suficiente para solicitar e receber os documentos, bem como
para a execução e a entrega do trabalho;
c) a programação de viagens, quando necessárias.
FLUXOGRAMA DA PERÍCIA CONTÁBIL
• PEDIDO DE PERÍCIA solicitado a pedido de uma das partes,
ou por solicitação do juiz.

• NOMEAÇÃO DO PERITO JUDICIAL – o juiz, após o
deferimento da perícia, nomeia o perito, intimando-o para
apresentação da proposta de honorários.

• APRESENTAÇÃO DOS QUESITOS PELAS PARTES E
INDICAÇÃO DO ASSISTENTE PERICIAL – as partes: 1.
relacionam os quesitos (perguntas) ao perito e 2. indicam o
assistente pericial.

• ACEITAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROPOSIÇÃO DE
HONORÁRIOS – o perito elabora uma petição, aceitando a sua
nomeação e propondo seus honorários, ou declinando do
cargo.

FLUXOGRAMA DA PERÍCIA CONTÁBIL
• INTIMAÇÃO DAS PARTES PARA PRONUNCIAMENTO DA
PROPOSTA DE HONORÁRIOS DO PERITO – as partes
devem se pronunciar sobre os honorários do perito –
concordando ou não.

• INTIMAÇÃO DO PERITO JUDICIAL – MANIFESTAÇÃO
DAS PARTES – Se houver alteração nos valores de
honorários aprovados pelas partes, o perito deverá
manifestar sua concordância ou não com os valores
alterados.

• FIXAÇÃO DO PRAZO PARA DEPÓSITO DOS
HONORÁRIOS – o juiz intima a parte que arcará com o ônus
da perícia para que efetue o depósito judicial do valor
correspondente. Vide modelo de petição de honorários, no
diretório “Modelos” desta obra.

FLUXOGRAMA DA PERÍCIA CONTÁBIL
• CONCESSÃO DE PRAZO PARA INÍCIO DA PERÍCIA – o juiz
fixa o prazo de início e final da perícia (entrega do laudo),
intimando tanto o perito quanto os assistentes.

• PERÍCIA PROPRIAMENTE DITA – na data e hora
convencionadas, os peritos iniciam os exames.

• ELABORAÇÃO E ENTREGA DO LAUDO – Findo os exames, o
perito elabora o laudo, respondendo aos quesitos. Faz sua
entrega mediante protocolo. Vide modelo de petição de entrega
de laudo, no diretório “Modelos” desta obra.

• SOLICITAÇÃO DO LEVANTAMENTO DE HONORÁRIOS – No
mesmo momento em que entrega o laudo, o perito requisita o
levantamento de honorários depositados em juízo.

FLUXOGRAMA DA PERÍCIA CONTÁBIL
• INTIMAÇÃO DAS PARTES: MANIFESTAÇÃO SOBRE
CONTEÚDO DO LAUDO – as partes se manifestam sobre o
conteúdo do laudo, apresentando parecer de seus
assistentes técnicos.

• INTIMAÇÃO DO PERITO – MANIFESTAÇÃO SOBRE
QUESTIONAMENTO DAS PARTES SOBRE PONTOS DO
LAUDO – o perito se manifesta, através de petição, sobre os
pontos solicitados pelas partes.

PRAZOS DA PERÍCIA
Os prazos, em geral, são determinados pelo juiz, com exceção daqueles
previstos no CPC - Código do Processo Civil. O artigo 421 do CPP dispõe:
– Art. 421 - O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega
do laudo.
– § 1º - Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do
despacho de nomeação do perito:
– I - indicar o assistente técnico;
– II - apresentar quesitos.
– § 2º - Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na
inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de
instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem informalmente
examinado ou avaliado.
• Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do
prazo, o juiz conceder-lhe-á, por uma vez, prorrogação, segundo o seu
prudente arbítrio (art. 432 do CPC).
• O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo
menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento (art.
433 do CPC).
• Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10
(dez) dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo (parágrafo
único do art. 433 do CPC).
TERMO DE DILIGÊNCIA
• O termo de diligência é o documento, encaminhado às
partes, relacionando os livros, documentos e dados que
serão necessários ao início da perícia.
• A eventual recusa no atendimento de diligências solicitadas,
ou qualquer dificuldade na execução do trabalho pericial
devem ser comunicadas, com a devida comprovação ou
justificativa, ao Juízo, em se tratando de perícia judicial ou à
parte contratante, no caso de perícia extrajudicial ou arbitral.
• O termo de diligência pode ser apresentado diretamente à
parte ou ao diligenciado, por qualquer meio pelo qual se
possa documentar a sua entrega.
TERMO DE DILIGÊNCIA
RESPONSABILIDADE
• A realização de diligências para busca de provas, quando
necessária, é de responsabilidade exclusiva do perito-contador
ou do perito contador assistente.
REGISTROS
• O perito-contador e o perito-contador assistente manterão
registros dos locais e datas das diligências, nomes das pessoas
que os atenderem, livros e documentos examinados ou
arrecadados, dados e particularidades de interesse da perícia,
rubricando a documentação examinada, quando julgarem
necessário.
• O diligenciado é qualquer pessoa ou entidade que possua os
elementos e informações necessários para subsidiar o laudo
pericial contábil e o parecer pericial contábil.
• Através da Interpretação Técnica 01 da NBC T.13, o CFC
especificou definição e aplicabilidade do Termo de Diligência.
PRAZO DOS QUESITOS
• Dispõe o CPC no tocante ao prazo de apresentação de
quesitos:
• Art. 435 - A parte, que desejar esclarecimento do perito e do
assistente técnico, requererá ao juiz que mande intimá-lo a
comparecer à audiência, formulando desde logo as
perguntas, sob forma de quesitos.
• Parágrafo único - O perito e o assistente técnico só estarão
obrigados a prestar os esclarecimentos a que se refere este
artigo, quando intimados 5 (cinco) dias antes da audiência.
QUESITOS
• Quesitos são perguntas de natureza técnica ou científica a
serem respondidos pelo perito com objetividade, justificação,
rigor tecnológico, precisão e clareza.
• Tais quesitos podem ser propostos pelo juiz ou pelas partes.
• Havendo quesitos, estes são transcritos e respondidos,
primeiro os oficiais e na seqüência os das partes, na ordem
em que forem juntados aos autos.
• As respostas aos quesitos serão circunstanciadas, não
sendo aceitas aquelas como "sim" ou "não", ressalvando-se
os que contemplam especificamente este tipo de resposta.
• Não havendo quesitos, a perícia será orientada pelo objeto
da matéria, se assim decidir quem a determinou.
• As respostas aos quesitos não devem ser sumárias, mas
sempre bem fundamentadas e alicerçadas em documentos
e/ou registros contábeis, evitando-se, desta forma, dúvidas
na leitura.
QUESITOS
• Oferecer resposta correta e adequada aos quesitos
formulados tem por pressuposto saber ler e entender
o que está sendo indagado, tarefa essa nem sempre
tranqüila, mormente, quando o texto da indagação
seja dúbio ou permita mais de uma interpretação
técnica.
• Cuidado especial deve ser dado a determinados
quesitos cujo conteúdo envolva matéria de direito.
Salvo naquilo que for necessário reportar para atender
à questão técnica proposta, o perito judicial deve
eximir-se de oferecer resposta a esse tipo de pergunta
mesmo porque estão fora de sua competência legal.
QUESITOS
• Muitas vezes os quesitos não são suficientes para
esclarecer, tecnicamente, a demanda, devendo o Perito, em
suas conclusões, prestar os esclarecimentos adicionais
necessários, sem, contudo, extrapolar sua pesquisa além do
que está sendo questionado nos autos, ou seja, deve manter
seu trabalho circunscrito ao objeto da perícia.

QUESITOS RESPONDIDOS PELO PERITO-ASSISTENTE


• Havendo quesitos não respondidos pelo perito-contador, o
perito-contador assistente a eles responderá de forma
circunstanciada, não sendo aceitas respostas como "sim" ou
"não", ressalvando-se os que contemplam especificamente
este tipo de resposta.
QUESITOS - EXEMPLOS
• Com base na contabilidade da empresa XYZ, pode-se apurar
o resultado contábil, para fins de tributação pelo imposto de
renda?
• Exemplo de resposta do perito:
• 1. Sim. XYZ mantém regularmente os livros obrigatórios
exigidos pela legislação comercial, demonstrando o resultado
do exercício no final do livro diário e apresentando a
demonstração do lucro tributável no livro de apuração do
lucro real (LALUR), conforme anexos 4 a 10 do presente
laudo.
• Nota: como prova, o perito anexa cópias dos termos de
abertura e encerramento dos aludidos livros.
QUESITOS IMPERTINENTES
• São indagações efetuadas pelas partes, que abordam, geralmente,
aspectos não relacionados com a demanda judicial, ou então são
perguntas que buscam do perito opinião fora de sua competência
profissional e/ou o induzem a adentrar ao mérito, para a qual o perito
não tem competência legal. Um tipo muito comum de quesito, em
demandas de juros bancários, é:
• “O sr. Perito considera legal a cobrança de juros bancários superiores
a 12% ao ano?”.
• Este quesito é impertinente, pois implica numa exposição de opinião
do perito, em que este se expõe a julgar, fugindo de sua competência.
• Outra pergunta impertinente é: “O sr. Perito poderia definir se a parte
A têm razão em relação aos argumentos apresentados na peça
inicial?”.
• Nas perguntas impertinentes, cabe ao perito denunciá-la, da seguinte
forma:
• “O quesito em questão não pode ser respondido mediante perícia
contábil, já que os exames efetuados não se prestam a tal. Tratando-
se de matéria cujo mérito deva ser julgado, este perito recusa-se a
responder tal quesito, por não se tratar de sua alçada fazê-lo”.
QUESITOS IMPERTINENTES
• Quesito: Face às respostas oferecidas aos quesitos
anteriores, pede-se ao Sr. Perito e Assistentes Técnicos que
informem se é ou não procedente o auto de infração objeto
da lide.
• RESPOSTA: Prejudicada a resposta ao presente quesito,
pois o indagado envolve mérito, matéria de exclusiva
competência do MM. Juízo, fora, portanto, da função legal da
Perícia Contábil.
QUESITOS COMPLEMENTARES
• Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos
suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o
escrivão ciência à parte contrária (art. 425 do CPC)
• Quesitos suplementares são indagações efetuadas no curso
da diligência pericial, ou seja, enquanto a perícia não estiver
concluída.
• Após a conclusão da perícia não podem mais ser feitos
quesitos suplementares, mas apenas esclarecedores.
• Os quesitos suplementares, geralmente, são provocados
pelo Assistente Técnico de uma das partes, já que este,
acompanhando o trabalho pericial, pode constatar que os
quesitos formulados pelo seu cliente não esclarecem
adequadamente determinada questão, quando então sugere
as perguntas complementares.
O LAUDO CONSENSUAL
• Laudo consensual é aquele elaborado em conjunto com os
Assistentes Técnicos, ou uma equipe de peritos e assinado
por todos sem ressalvas, ou seja, chegam a um consenso
sobre a matéria objeto da perícia.
DIVERGÊNCIAS ENTRE PERITOS
• Havendo divergências do laudo pericial contábil, o perito-
contador assistente transcreverá o quesito objeto de
discordância, a resposta do laudo, seus comentários e,
finalmente sua resposta devidamente fundamentada.
• Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas
no auto do exame as declarações e respostas de um e de
outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a
autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos,
a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por
outros peritos (art. 180 do CPP).

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