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A CAMINHO DE EMAÚS

Glória Teles
Um casal triste

• Um homem = Cleófas (v.18)


• Uma mulher? (Jo 19,25 – Maria de Cleófas)
• Um casal: Cleófas e Maria conversam
sobre: MORTE
RESSURREIÇÃO
Qual a razão desta tristeza?
• CRUZ E MORTE
• A MORTE como sempre acaba com tudo...
• Medo e ausência de esperança razão da
tristeza
Cruz
Medo Juntas cegam
Ausência de Esperança
Cultura do silêncio
• O caminho de Emaús nos lembra o que Paulo Freire
nos ensinou a chamar de “Cultura do Silêncio”
• “Os oprimidos não falam, quando falam, falam a fala
dos opressores. As palavras que falam não são suas ,
não expressam seus próprios pensamentos”
• Aprendem a linguagem do outro:
em casa
na escola
na catequese...
“Foi Deus quem quis assim...”
PRECONCEITO

• Dizer a própria palavra passa por um


processo de profunda confiança (mútua)
• “Cultura do Silêncio” é um problema universal

• O que fazer?
Jesus e os discípulos
• Um conhecido não reconhecido por causa da
tristeza, aproxima-se e...
ESCUTA SILENCIOSAMENTE
Depois fala como se nada tivesse entendido
Jesus pergunta...
A pergunta é respondida com uma nova
pergunta...
MÁ VONTADE???
Jesus se faz de ignorante...
E nós como agiríamos?
• Agiríamos diferente por medo de sermos tomados
como ignorante...
• Esse medo cria o mundo dos “SABICHÕES” = fingem
de entendidos
• Jesus nos ensina: é precioso saber, através do
diálogo, o saber dos outros.
Jesus sabe o que ele mesmo
experimentou na cruz, mas, não sabe
como os discípulos experimentaram...
Diálogo = falar com
• O diálogo é carregado de detalhes ...
• Eles falam mais do que Jesus...
Aproximar-se
Caminhar junto um bom tempo Estabelece um clima de confiança
Escutar atenciosamente antes de perguntar

VEM: conhecer
Jesus não vem ao encontro do casal
para explicar NADA... saber porque estão cegos
buscá-los

PARA: de onde eles estão levá-


los em direção a um MOMENTO
NOVO
O Saber dos Discípulos
• O texto dá mais ênfase à fala dos discípulos
• O mestre quase só escuta, tem senso de observação.
• Discípulo é gente humilde. Gente humilde sabe e
sabe muito!! UM SABER VIVIDO.
• Eles sabem que Jerusalém:
tem uma cruz
marca do assassinato de Jesus
causa “sacerdotes e autoridades”
o poder é perigoso
por isso FOGEM
• Analisam a realidade com suas palavras e suas
experiências
• IDEOLOGIA – Jesus devia cumprir sua missão
com sucesso. O aparente fracasso não permite
aos discípulos pensar e ver a
RESSURREIÇÃO
• O falar com Jesus permite que os discípulos
tirem o peso da Ideologia sobre os seus
ombros.
• Após o encontro podem partir em direção ao
NOVO=RESSURREIÇÃO
• EDUCAR = troca de saberes a fim de a palavra
de Deus não volte vazia.
O Papel da Bíblia
• Chega a hora de Jesus falar. É a hora da
virada.

1. A Bíblia vem em segundo lugar


2. Jesus fala de algo que eles conhecem
3. Jesus discorre sobre a História da Salvação
4. Jesus faz releitura da Bíblia
Como podemos dizer que a Bíblia
em segundo lugar?
Santo Agostinho: “Deus escreveu dois livros, a
VIDA e a BÍBLIA”.
• Em Emaús Jesus compreende primeiro a
realidade do casal antes de citar a Bíblia.
• Assim a Palavra ganha vida e transforma
Lutero: “Um pregador tem que olhar para a boca
do povo”.
Karl Barth: “Um pregador tem que ter a Bíblia em
uma das mãos e o ‘jornal’ na outra”.
“Cultura Bíblica”
• Ler a Bíblia como se vai a um concerto, um show, um
cinema. É INTERESSANTE MAS NÃO MUDA NADA.
• Ler toda a Bíblia: Jesus vai de Moisés aos Profetas.

ÊXODO e CRUZ

Egito Deserto Terra


Escravidão educação Liberdade
para a Liberdade
Ex Nm Js
Releitura da Bíblia
• Não é simplesmente ler o texto de novo, repetí-
lo pura e simplesmente. É lê-lo com uma nova
pergunta, com novos óculos.
• Emaús é releitura da história da Páscoa
• Jesus relê o AT sob a ótica da experiência da
Ressurreição
A postura pedagógica de Jesus
• Dói ouvir Jesus falar aos discípulos: “ó
néscios e tardos de coração”...
Mas, parece que Jesus queria apenas
chocoalhar, tirá-los da apatia, da falta de
esperança.
Estamos diante de um Jesus muito humano!!
Porém, não surtiu efeito... Continuaram de olhos
fechados. (emburrar)
Não é possível forçar o conhecimento!!!
É necessário ser “pacientemente
impaciente” ou “impacientemente
paciente” (Paulo Freire)
• Amor e paciência são qualidades
imprescindíveis para um catequista. Caso
contrário, corremos o risco de não sermos
convidados a entrar...
A prática abre os olhos,
a teoria esquenta o coração
• Os olhos do casal continuam fechados...
O que fazer?
Seguir adiante?
Ficar?
Jesus FINGE que vai seguir o caminho...
Um truque?
Um ritual cotidiano?
Por sorte o casal convida Jesus a ficar...
Imaginemos se eles não tivessem
feito o convite...
• Como estariam os discípulos?
• E Jesus?
A Bíblia por si só, não convenceu... Não levou os
discípulos a abrir os olhos...
Jesus fez tudo certinho (apesar das “gafes”)
O QUE É QUE SAIU ERRADO?
NADA... Mas, é preciso mais!!!
É preciso a experimentação dessa Verdade.
É preciso experimentar a Verdade
• A Bíblia só faz esquentar o coração...
• É bom saber que Deus nos ama, se solidariza
conosco...
MAS, de que valem consolo e conformismo se a
dor bate novamente a nossa porta??

Os olhos abrem ao partir o pão. No gesto


concreto de Jesus, na sua ação, na sua prática.
Por que Jesus parte o pão se ele
era o hóspede?

• Este momento é uma celebração da


Eucaristia?
Ceia é experimentação da Verdade

• O gesto concreto de partilhar o pão faz o casal


abrir os olhos...
• MAS, não é esta a ÙNICA maneira de
experimentar a Verdade...
• A prática abre os olhos...
• Emaús afirma que não basta conhecer a
Palavra de Deus é preciso praticá-la...
A coragem de desaparecer
• Jesus – aproxima-se
caminha com eles
escuta-os
deixa-os falar o que sentem
expõe as escrituras
aceita o convite para entrar
parte o pão com eles
Os discípulos abrem os olhos...
JESUS DESAPARECE....
O que aconteceu com
Jesus?
Para onde ele foi?
Lenda cristã
• Renovados vão fazer história.
• Vão abrir os olhos de outras pessoas.
• Caminham com os próprios pés.
• Emaús é catequese como prática da liberdade.
• Para que nossas crianças alcancem a
liberdade a catequista tem que ter a coragem
de “desaparecer”
• Jesus desaparece porque se torna
desnecessário
Objetivo último: formar sujeitos
históricos
SUJEITO não é OBJETO
Cada pessoa é única
Se torna pessoa na relação
Deus

Mundo
outro

eu
O diferente não é contrário
É para esta liberdade que nos propomos a ser
catequistas e a nos deixar ser catequizadas.
Queremos ser e ajudar outras pessoas a ser
sujeitos históricos, autônomos, livres,
capazes de dizer e fazer valer sua palavra,
sujeitos históricos que participem da
construção da sociedade igualitária e
solidária, sujeitos históricos que sejam
plurais, diferentes, com diferentes opiniões, e
que permitam às outras pessoas a mesma
pluralidade.
E quando esse dia chegar,
o Caminho de Emaús terá chegado ao fim!!!
Emaús em prosa e verso
— Contem-me o ocorrido. Para entrar na sua glória
Dois discípulos seguiam
Também desejo saber Foi que o Messias sofreu.
Com destino a Emaús.
Tudo o que aconteceu.
Na caminhada falavam; Os profetas profetizaram
Sobre a morte de Jesus. Alguém pode me dizer?
Tudo o que aconteceu.
Sobre os Filho de Deus Pai Jesus Cristo, o Nazareno,
Que naquela cruz morreu. Que aqui foi sepultado. As passagens da Escritura
Eles não se conformavam Como dizem as Escrituras, Que sobre Jesus falavam
Com o que aconteceu. Ele foi ressuscitado. Aquele pobre andarilho
Para os dois homens contava.
Eles iam caminhando • — És o único na terra
E conversando sem parar. Que diz não saber de nada;
Nem perceberam o andarilho Que mataram o Nazareno Quando perto do povoado
Que a eles foi se ajuntar. Na Sexta feira passada. Aqueles homens chegaram,
Ele que foi um profeta O andarilho foi andando...
Sobre o que eles conversavam Poderoso, em palavras e ação; Quando eles o convidaram:
O andarilho perguntou. A esperança de Israel
— Então não estás sabendo? Para a sua salvação.
—Cléofas o indagou. — Fica conosco, amigo,
Já é tarde e a noite vem.
Andar por aí sozinho
É coisa que não convém!
Já que eles insistiram,
O amigo entrou pra ficar.
Sentou-se à mesa com eles E quando lá chegaram
Para se alimentar. Cléofas tudo contou.
E todos juntos aclamaram:
Abençoou o pão e ao parti-lo, Jesus, nosso Rei, ressuscitou!
— Como num raio de luz —
Os olhos deles se abriram Antônio Oliveira (Paraibuna SP)
E viram que era Jesus.

Jesus tomando o pão


Com eles o repartiu.
Na frente dos olhos deles
O Senhor Jesus sumiu.

Naquele instante, os dois homens


Da mesa se levantaram.
Pra contar aos seus amigos,
À Jerusalém voltaram.

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