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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SÃO PAULO
FORO REGIONAL III - JABAQUARA
4ª VARA CÍVEL
RUA JOEL JORGE DE MELO, 424, São Paulo - SP - CEP 04128-080

CONCLUSÃO

Em 29 de junho de 2009, faço estes autos conclusos ao MM. Juiz de Direito, Dr. Marco
Antonio Botto Muscari. Eu, ______, Simone, Escrevente, lavrei este termo.

Processo nº: 003.08.113456-8 - Possessórias Em Geral(reintegração,


Manutenção, Interdito)
Requerente: Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo -
Bancoop
Requerido: Fátima Berlezi

Vistos.

COOPERATIVA HABITACIONAL DOS


BANCÁRIOS DE SÃO PAULO BANCOOP ajuizou ação de reintegração de
posse em face de FÁTIMA BERLEZI, tendo por objeto o apartamento 114-A
do edifício situado na Rua Comendador Elias Zarzur, n. 1.369, afirmando que
a ré deixou de pagar três parcelas do “compromisso de participação” e não
desocupou a unidade mesmo depois de ter sido notificada, o que caracteriza
esbulho.
Diferido o exame do pedido de liminar para após a
resposta (fls. 76), Fátima ingressou espontaneamente nos autos (fls. 81) e
contestou a demanda, argumentando que: a) é temerário este processo, por
conta do que decidido em ação civil pública ajuizada pela Associação dos
Adquirentes do Residencial Vila Clementino (19ª Vara Cível Central); b) a
autora litiga de má-fé; c) a petição inicial é inepta e falta interesse de agir à
BANCOOP; d) inexiste mora; e) falta fumus boni iurus; f) receber quanto
querem e da forma que desejam é potestade dos administradores da
Cooperativa (fls. 82/95).
Colheu-se réplica (fls. 114/134).
Por determinação judicial (fls. 210), a ré
demonstrou que faz parte da Associação dos Adquirentes (fls. 214).
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É o relatório.
Passo a decidir.

Rejeito as preliminares.
“A petição inicial só deve ser indeferida, por
inépcia, quando o vício apresenta tal gravidade que impossibilite a defesa do
réu, ou a própria prestação jurisdicional" (STJ - REsp. n. 753.248/SP, 3ª
Turma, j. 13/09/2005, rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO).
Quem lê a peça de entrada percebe com facilidade
do que se queixa e o que pretende a Cooperativa. Fátima não enfrentou
dificuldade alguma para defender-se. Ao contrário, fê-lo com grande
proficiência, ao longo de mais de uma dúzia de laudas.
O interesse de agir repousa no binômio
necessidade-adequação (cf. MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES, Novo
curso de direito processual civil, Saraiva, 2007, vol. 1, p. 92). Que a autora
necessita da tutela jurisdicional, não há a menor dúvida: a vigorosa
contestação da bancária revela que esta jamais desocupará
espontaneamente o apartamento. Quanto ao remédio de que lançou mão a
BANCOOP, ele é adequado para solucionar a situação lamentada na inicial.
Com o que consta dos autos, já se pode solucionar
a controvérsia. Recorde-se: “sendo o juiz o destinatário da prova, somente a
ele cumpre aferir sobre a necessidade ou não de sua realização” (TJSP
Agravo de Instrumento n. 7.308.014-9, 17ª Câmara de Direito Privado, j.
28/01/2009, rel. Desembargador TÉRSIO NEGRATO).
Improcede a ação.
A Associação dos Adquirentes de Apartamentos do
Residencial Vila Clementino, da qual faz parte a ré destes autos (fls. 214),
propôs ação civil pública e obteve antecipação da tutela, tornando-se
insubsistentes os efeitos das notificações feitas pela Cooperativa, para fins
de constituição em mora (fls. 103).
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Aquela r. decisão ainda prevalece, porquanto não


vingou o agravo da BANCOOP (fls. 131, antepenúltimo parágrafo).
Confrontada com a alegação de que Fátima estaria
amparada pelo provimento antecipatório, a autora limitou-se a afirmar que a
ré não integra a Associação (fls. 131), algo que agora se mostra inverídico
(fls. 214).
Se a BANCOOP estava ciente da insubsistência
dos efeitos da notificação no início de 2008 (fls. 103) e propôs a
reintegratória em meados daquele ano (fls. 2), invocando a notificação (fls. 5
“do esbulho”), de fato litigou de má-fé (usar o processo para conseguir fim
ilegal buscar reintegração quando ausente o esbulho que só se
caracterizaria após notificação válida e eficaz). Cabe a imposição da multa
reclamada por Fátima (fls. 84).
À vista da r. decisão proferida em ação civil pública,
não se pode extrair efeitos da notificação (fls. 56). Logo, cai por terra o
esbulho possessório.
Foi boa a cautela de ouvir a ré, antes de decidir
sobre a liminar pleiteada pela BANCOOP (fls. 76, item 2).
Em face do exposto, JULGO IMPROCEDENTE A
AÇÃO e condeno a autora a pagar: a) multa de 1% do valor da causa
atualizado (litigância de má-fé); b) custas, despesas processuais e honorários
advocatícios de R$ 1.600,00, corrigidos a partir desta data (art. 20, § 4º, do
CPC).
Tendo em vista a orientação pacificada no
Superior Tribunal de Justiça (REsp. n. 954.859/RS, 3ª Turma, j. 16/08/2007,
rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS; Ag. n. 953.570/RJ, 4ª
Turma, j. 19/11/2007, rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES; AgRg no Ag. n.
965.762/RJ, 3ª Turma, j. 17/04/2008, rel. Ministra NANCY ANDRIGHI; AgRg
no REsp. n. 1.018.172/SP, 3ª Turma, j. 04/09/2008, rel. Ministro MASSAMI
UYEDA; REsp. n. 1.087.606/RJ, 2ª Turma, j. 24/03/2009, rel. Ministro
CASTRO MEIRA), observo desde já que o prazo estabelecido no art. 475-J,
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caput, do Código de Processo Civil fluirá a partir do trânsito em julgado,


independentemente de intimação específica da Cooperativa. Impago o débito
nos 15 dias, deverá ser apresentada memória de cálculo com multa (10%) e
honorários advocatícios relativos à fase de cumprimento da sentença (10%).
Sobre o cabimento de honorários específicos para a etapa de cumprimento,
confira-se: STJ REsp. n. 1.053.033/DF, 3ª Turma, j. 09/06/2009, rel. Ministro
SIDNEI BENETI.

P. R. I.

São Paulo, 30 de junho de 2009.

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