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FAVORECIMENTO REAL

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128.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS


DO
CRIME

O favorecimento real está assim tipificado no art. 349 do Código Penal: “prestar a
criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar
seguro o proveito do crime”. A pena é detenção, de um a seis meses, e multa.

O bem jurídico tutelado é a administração da justiça, o interesse na repressão dos


delitos e de seu proveito.

Sujeito ativo é qualquer pessoa que realizar a conduta típica, exceto o co-autor ou
partícipe do crime anterior e o receptador de seu objeto material. Sujeito passivo é o Estado.

128.2 TIPICIDADE

128.2.1Conduta e elementos do tipo

A conduta incriminada é, de qualquer forma, prestar auxílio, ajudar, auxiliar,


colaborar ou contribuir. O auxílio é prestado a pessoa que, como autor ou partícipe, tenha
praticado um crime – não uma contravenção penal – de qualquer natureza.

A colaboração prestada tem como finalidade tornar seguro o proveito do crime.


Proveito do crime é a utilidade material dele decorrente, como o objeto material dos delitos
patrimoniais, a coisa furtada ou roubada, a vantagem do estelionato, o dinheiro obtido com
sua venda e também o preço pago pela pessoa que tenha encomendado a prática do delito.

O tipo excluiu de sua incidência as hipóteses de co-autoria e receptação. Assim,


2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

quem é co-autor ou partícipe do crime anterior, ao colaborar com o autor, não está
praticando novo crime. Também o receptador é excluído, porque sua conduta já é
tipificada como crime patrimonial autônomo.

O favorecimento real é crime doloso. O agente deve estar consciente de que a


pessoa que recebe seu auxílio é autor de crime e que a ajuda que dá torna seguro seu
proveito e age com vontade livre e com a finalidade de contribuir para que o autor do
crime consiga assegurar o proveito do crime. O fim do agente é, portanto, o de assegurar,
para o autor do crime, o proveito do delito.

Se o agente age com o fim de obter proveito pessoal ou para terceira pessoa,
cometerá o delito de receptação; definido no art. 180 do Código Penal.

Quem oculta, guarda ou transporta a res furtiva, para si ou para outrem, comete
receptação, quem o faz para o agente do furto comete favorecimento real.

128.2.2 Consumação e tentativa

A consumação ocorre no momento em que o agente realiza o ato de auxílio. Não é


necessário que o proveito do crime reste assegurado, basta a conduta. A tentativa é
possível.

128.3 AÇÃO PENAL

A ação penal é de iniciativa pública incondicionada, competente o juizado especial


criminal, possível a suspensão condicional do processo penal.

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