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Escrito Por: José Musse Costa Lima Jereissati

Revisado por: Fernanda Carvalho Borges

Voluntários. Tempo parcial. Ministério... Esses termos juntos tendem a dar uma conotação de espontaneidade
que pode trazer atrelado a si a idéia e a prática do descompromisso. Pode fazer voltar um bordão de alguns
anos atrás - utilizado para justificar um serviço de má qualidade e um engajamento superficial de quem o
exercia e que, graças a Deus não vingou - de modo a nos levar pensar que, para Deus, “qualquer coisa
serve”.
Nosso Deus não é um Deus de qualquer coisa

“Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a
terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a
palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo
para que a designei.”(Isaías 55:10s)

O Espírito Santo criou os ministérios – e a possibilidade de nos engajarmos neles – para que pudéssemos ter
a oportunidade de devolver a Deus os dons que recebemos dele. Mas devolver de que jeito? Frutificando! Ao
lermos os versículos 10 e 11 de Isaías 55, podemos afirmar também que, cada dom que há em nós veio de
Deus e nos foi dado para os outros, não para nós. Eles são uma “ferramenta” que nos possibilita engrandecer
a Deus fazendo com que esses dons estejam a serviço dos irmãos. Ministério é serviço. A motivação é o amor
de Deus. Só o amor explica e somente ele justifica.
A gente costuma ver pessoas que buscam aprimorar a qualidade do seu serviço ministerial. Vemos cantores e
músicos se aperfeiçoando, atores cristãos num nível cada vez maior, irmãos engajados na ação social se
reciclando e buscando sempre mais para servir melhor. O caminho é esse. Devocional e Prática. Eu oro e
cresço espiritualmente e o meu gesto concreto é produzir um serviço de qualidade para Deus.
Quando o Ministério Diaconal estava começando aqui em Fortaleza, tinha gente que se conformava com o
pouco que podiam conseguir, alegando ser um trabalho para Deus e que, Ele (Deus) ficaria satisfeito com
qualquer coisa. Eu posso até entender isso, fazer um certo esforço para ficar calado... Mas, sinceramente,
não concordo com essa afirmação em nada!
Deus nos deu Seu próprio Filho. Cristo entregou-se a Si mesmo. E nós, entregamos o que? “Qualquer coisa?”
O tempo que nos sobra? Ele é digno disso? O que damos a Deus diante de tanto amor? Partindo daí, dar
“qualquer coisa” para Deus parece incongruente. Não faz sentido adorarmos a Deus com um serviço
medíocre e de qualidade duvidosa. Fazer as coisas só com o tempo que nos sobra e “de qualquer jeito”.
Quem assim o faz, está procedendo com falta de zelo e de responsabilidade.

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Limitações e Qualidade
O mundo globalizado que vivemos nos pede sempre mais. Alguém que procure emprego tem que concorrer
com pares que jogam alto e apostam tudo para serem notados pela comissão de seleção e conseguir a
aprovação. Os vestibulares e concursos parecem estar cada vez mais exigentes – difíceis?- e as empresas
buscam um nível maior e melhor dos seus funcionários.
Na igreja não pode ser diferente. Por favor, não se assustem... A igreja é um lugar de amor, de acolhimento,
de gratuidade e de espontaneidade. Todos são bem vindos. Todos podem participar. O que não está certo é a
acomodação. É dar 9(nove) quando se pode dar dez. É permanecer na mesma escala sem melhorar em
nada, sem fazer progresso nenhum durante anos...
Há pessoas que alegam ser limitadas. (Todos somos limitados, não?) Há diáconos que fazem só aquele
“pouquinho”. Justifica? Em parte, sim. Em parte não. Se não há um esforço em melhorar, aí é errado! A
limitação é voluntária pois a pessoa não quer fazer nenhum progresso. Acomoda-se. Mas, se ela busca, se
esforça, estuda, gasta tempo e se dedica, a questão passa a ser outra. Nesse caso, o irmão está entregando
o seu TUDO...

Veja esse texto narrado por Lucas:


“Estando Jesus a observar, viu os ricos lançarem suas ofertas no gazofilácio.
Viu também certa viúva pobre lançar ali duas pequenas moedas;
E disse: Verdadeiramente, vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos.
Porque todos estes deram como oferta daquilo que lhes sobrava; esta, porém, da sua pobreza deu tudo o que
possuía, todo o seu sustento.” (Lc 21:1-4)
O TUDO de cada um é diferente. Mas nós podemos entender o que significa “dar tudo”! Sejamos sinceros
conosco e com Deus. O que, afinal, estamos dando a Ele?

Se você pode crescer, por que não o faz? Ficar preso à sua limitação irá deixá-lo estagnado. Se você é um
cristão - e isso pressupõe vida de oração – há um desafio para dar passos maiores constantemente. Se não
ocorre, há algo errado na sua vida, permita-me dizer.
Ministros do Espírito, pelo Espírito...
“E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus;
não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo
contrário, a nossa suficiência vem de Deus,
o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra
mata, mas o espírito vivifica.” (II Coríntios 3:4-6)

Nós não somos um grupo de trabalho. Comunidade não é isso. Nós estamos juntos porque fomos chamados
juntos pelo senhor para vivermos a nossa vocação. Também não somos um clube que se reúne nos finais de
semana. Mesmo que tenhamos coisas a fazer, temos de entender que não estamos num ministério só para
fazer coisas. Antes de tudo, o Espírito de Deus nos capacita e nos dá condições de fazer o que nos é
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obrigação fazer. E também nos capacita. Se eu sou um arranjador, como gosto de ilustrar com esse exemplo!,
não é orar e pedir a Deus que sopre no meu coração um arranjo bonito. Devo orar, pedir inspiração, direção,
ação e interferência divina, sim! Mas o Plano de Deus inclui uma participação bem definida minha e sua.
Portanto, a cada curso que eu fizer de harmonia, de teoria, do que for, o Espírito encontrará aí uma janela
aberta para fluir e acontecer! Um treinamento ou capacitação é também “coisa do alto...” (ou pode ser, não
é...?)
Deus nos desafia a superar nossos defeitos e fraquezas deixando que Ele realize em nós as mudanças
necessárias. A nossa parte é permitir essa intervenção do alto e agir melhorando vários pontos:
a) Empregar o melhor do nosso tempo e não o tempo que nos sobra
b) Crescer na execução do trabalho que fazemos (* visitar, aconselhar, servir melhor....)
c) Preparar as coisas de Deus com a devida antecedência
d) Abrir mão de si mesmo e colocar-se “á disposição”

Vencendo as limitações

Cada pessoa tem convicções limitadoras. Acha-se incapaz de fazer isso ou aquilo. Imagine, por exemplo, um
irmão que não participe do ministério de teatro porque acha que não consegue. Mas sente o chamado para
servir nesse ministério. Se ele tem o dom, é chamado a servir nessa área, deve ir adiante. Mas, como, “ir
adiante”? Acho fundamental conversar com a liderança do ministério ou buscar um aconselhamento pastoral.
Talvez, seja a timidez ou algum medo que atrapalhe uma pessoa na hora de exercer seu ministério. Mas, é
silencioso o fato de haver convicções limitadoras no pensamento da pessoa. Nós caminhamos na direção dos
nossos pensamentos. Se eu fico pensando “não vou conseguir”, “nunca poderei fazer isso”, certamente,
nunca poderei mesmo! Não vou passar dali. Mas, se eu creio, que Deus pode interferir me dando condições
para dar passos adiante, e que me dá forças para vencer minhas limitações, eu vou longe! Nossa vontade fica
submissa à incapacidade que sentimos. Se não oramos, jamais teremos possibilidade de nos enxergar e
nunca iremos saber o que o Senhor realmente quer que façamos, nem a maneira que Ele deseja que
façamos.
Cabe aqui, portanto, um processo de formação e acompanhamento. Uma direção espiritual madura poderá
nos ajudar a ver aquilo que é incapacidade e que pode ser vencido e aquilo que é preguiça e falta de esforço
pessoal, falta de dedicação e de empenho. Uma liderança bem preparada estará atenta a isso.
A mudança no pensamento coletivo

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Tem que mudar a maneira do grupo pensar. Se aquelas pessoas que convivem conosco acham que
chegaram no padrão e desejam manter esse padrão (do serviço) não adianta lutar sozinho. Vai haver
problema porque vão dizer que você quer chamar atenção sobre você. Mas, duvido que, se o grupo está
constantemente insatisfeito e, sempre acredita que pode fazer um pouco mais, as coisas serão bem melhores
e funcionarão de acordo.
Mais uma vez, enfatizo a necessidade de haver um equilíbrio entre o lado espiritual e o lado prático.

Eu nem me toquei

Não fez por mal, eu sei. Ou melhor, deixou de fazer não por maldade ou porque não quis fazer. Vez por outra
uma tarefa ou serviço do Ministério fica sem ser feita. O responsável, ou os responsáveis, talvez nem “se
tocaram” que não a fizeram. Por que? A resposta é ou “eu nem me toquei” ou “ninguém me disse que eu tinha
que fazer”.
Engraçado é o fato que, quando nosso filhinho quebra um braço, por exemplo, ninguém precisa nos dizer que
é pra levá-lo ao hospital. Ou precisa? Acho que não. Nem é instintivo. É amor, zelo, dedicação. Essas coisas
despertam em nós o espírito de iniciativa. Sim, iniciativa. Se a gente não a tem, talvez não esteja realmente
envolvido com o trabalho. Nesse aspecto, sou muito exigente. Não acho certo haver qualquer irmão no
ministério que não tenha o mínimo “quê” de iniciativa. Portanto, nós, líderes, tratemos de educar nossos
irmãos formando-os no espírito de iniciativa. A gente pode ser responsável por eles não estarem preparados
para exercerem seu ministério. Precisamos ver se estamos sendo omissos com eles ou nos comportando
como pais “bonzinhos” que nunca fazem os filhos enfrentarem o cotidiano. Como já escreveu Erasmo Carlos,
“Proteger, desprotege...” O que eles vão ser no futuro?

Quando mudam as funções


Aqui no Água Viva nós estamos sempre realizando mudanças. Acreditamos que podemos ser treinados em
várias áreas de acordo com os nossos dons e aptidões. Além de tudo, evita que qualquer um de nós tome
posse de um cargo ou função. Quando as nossas funções – principalmente as coordenações internas –
mudam e isso é determinado e não, votado - cada um de nós deve acolher com alegria o novo desafio. No
final do ano passado percebi esse sentimento de despojamento ao anunciar que irmão tal deixaria de exercer
tal função e passaria a cuidar de outra, totalmente diferente. Ouvi em português claro, vários “eis-me aqui!”
Voltei pra casa feliz da vida! Como é bom trabalhar com gente madura e despojada!
Cada um, então, ao receber sua nova função, trate imediatamente de saber o que tem que fazer, como fazer
e quando fazer. Não fique, pois, esperando que eu ou outra pessoa venha dizer. Fazer isso é agir como
alguém que se despediu da vida e ficou numa cadeira de balanço esperando a morte... Nada importa... Agir
dessa maneira é matar-se a si mesmo e aos outros. No primeiro caso, uma estagnação suicida! No segundo
caso é o tal do “mau exemplo”. Outros poderão assimilar esse terrível comportamento. È fácil lembrar. Água
parada, apodrece. Nessa podridão não há vida saudável! É isso que você quer pra você? É isso o que você
deseja pro seu ministério e pros seus irmãos? É isso que Deus lhe pede? É essa a oferta que você trará ao
altar do senhor? Acho que não...

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O Perigo de ser notado
O oposto do que foi falado há pouco é “mostrar serviço”. Há pessoas que querem ser notadas, seja de que
jeito for. Querem agradar, mostrar seu interesse e sua dedicação. Às vezes, telefonam para seus
coordenadores até pra perguntar o que não precisa perguntar. Não é aí o problema. O que me chama a
atenção é o fato de elas quererem “chamar atenção” sobre si através do trabalho que fazem. Quem quer
mesmo agradar a Deus não procede assim, agradando a homens. Se isso ocorre por imaturidade, tratemos
de investir na formação individual. É importante um certo anonimato, um “trabalhar atrás das câmeras” sem
ser visto... É pedagógico, pois educa. É estratégico, pois recruta! Discipula! Logo, devemos nos empenhar em
não ser superior, fazer as coisas pro Senhor sem deixar transparecer. Não buscar a aprovação das pessoas,
mas do Senhor. Se não fizermos assim, estaremos servindo aos homens e não a Deus!!! Olhe aí uma causa
mortis muito comum nos atestados de óbito dos ex-grupos cristãos...
Ore com esse texto:
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem
a palavra da verdade.”(2 Timóteo 2:15)

A experiência do suco de laranja


Você pode estar perguntando onde entram essas frutas e a jarra na ilustração desse estudo. Pois bem.
deixamos de propósito para o final.
Antes de começarmos essa aula, fizemos a seguinte experiência: Pegamos uma laranja e a esprememos – a
foto é real e foi feita no momento da aula - em um litro de água gelada e adicionamos várias colheres de
açúcar.

Servimos a todos os presentes para que provassem. Um pouquinho pra cada. A maioria fez uma cara bem
feia franzindo a testa como quem diz “que coisa ruim, sem gosto...”. Uma minoria, aqueles que gostam de
tudo, disse: “Bonzinho...”.

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Depois, esprememos cerca de vinte laranjas e servimos novamente. Todos gostaram e consideraram o sabor
bastante agradável, incomparavelmente superior ao primeiro. Abrimos uma discussão. Logo, alguém chamou
o primeiro “refresco” de “garapa” pois era praticamente água e açúcar. O segundo foi chamado de suco.

Depois perguntamos qual o melhor. O segundo ganhou por unanimidade. Perguntamos quem queria
novamente o primeiro, ou seja, uma laranja em um litro de água com bastante açúcar. Nem com o famoso
“geladiiiiiiiiinho” para estimular a degustação conseguiu um adepto sequer. Deus não nos dá garapa, mas
suco puro, feito das melhores frutas. Aí entra a qualidade. O nosso serviço é um “suco” ou uma “garapa” ?
A moral da história é que, quem prova do suco, nunca mais quer gostar a garapa.
Assim, uma vez servindo com qualidade, jamais um servo do Senhor se conforma com serviço “alinhavado”.
Ao contrário. Esmera-se em elevar o padrão não para seu engrandecimento, mas para o louvor Daquele que
O criou. Legal, não? Portanto, falemos sobre o superlativo...

Só o superlativo é digno de Deus


Como nós repetimos isso... Sabemos de cor. Dizemos com orgulho. Mas precisamos fazer. É nosso lema, é
nossa obrigação! Depois de tudo o que foi dito hoje, meu irmão, minha irmã, o que Deus fala ao seu coração?
Se você se inquieta e não se sente satisfeito com o seu serviço ministerial, percebo que nosso objetivo está
alcançado. Não vamos chegar lá enquanto Cristo não voltar. Eu penso assim. A cada dia, a gente vai
melhorando porque o Espírito de Deus vai nos preparando, nos capacitando. É um crescimento progressivo e
contínuo. Mas, se algum de nós já está satisfeito, aí é sinal que as coisas não estão ruins, estão péssimas!
Superlativo é o “Íssimo”, é o “MELHOR”, é o “Mais”, é o “Top de linha”... Por falar nesse termo, nós não somos
chamados a ser uma versão “Standard” de cristão. De modo algum! Nós somos o que Deus nos faz ser, por
isso temos valor para Ele e o nosso serviço deve ser “Top de linha”, com qualidade inquestionável. Há muito o
que aprender, queridos, eu sei. Temos muito pra crescer e isso é bom. Mas, dentro do que podemos fazer,
façamos o superlativo, sirvamos com amor e alegria, demos o nosso melhor. Eu sei e vocês também sabem
que isso é possível. E por que não dizer é necessário? Temos repetido nas formações que quando Deus criou
o Água Viva Ele não pensou numa associação de pessoas medíocres que ficassem se reunindo e gravando
Cds... Ele nos chamou para fazer a diferença, para ensinar aos que aqui vêm fazer seu treinamento a servir
com amor e com qualidade. A produzir o que há de melhor.
Copiei do dicionário na íntegra o significado de “superlativo”.
su.per.la.ti.vo adj (lat superlativu)
1 Gram Que exprime a qualidade num grau muito elevado, ou no mais elevado.
2 Elevado, extremo.
3 Levantado ao mais alto ponto ou grau.
sm Gram
1 O mais alto grau; grau (dos adjetivos e de certos advérbios) muito elevado ou o mais elevado
da qualidade que eles exprimem no positivo (donde vem o superlativo absoluto ou relativo).
2 Adjetivo com significação elevada ao mais alto grau.
3 A forma assumida pela palavra elevada à mais alta significação.

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O que me anima, então? Ora, eu e você fomos chamados e capacitados para realizar um serviço de alto grau
e qualidade. Se existe algo diferente disso, a gente deve analisar e orar. Se for por incapacidade, tratemos de
aprender. Peçamos ajuda divina. Se for por desleixo, aí tratemos de pedir perdão a Deus pelo descaso. Ainda
bem que Ele não faz conosco na medida em que fazemos a Ele...

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