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UNIDESC

DISCIPLINA: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO TEXTUAL


PROFESSORA: NÍVIA MARIA A. COSTA

LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO TEXTUAL

“Não basta ser alfabetizado para realmente saber ler. Há leitores que
deixam os olhos passarem pelas palavras, enquanto sua mente voa por
esferas distantes. Esses lêem apenas com os olhos. Só percebem que não
leram quando chegam ao fim de uma página, um capítulo ou um livro.
Então devem recomeçar tudo de novo porque de fato não aprenderam a
ler. É preciso ler, mas, também é preciso saber ler. Não adianta orgulhar-se
que leu um livro rapidamente em algumas dezenas de minutos, se ao
terminar a leitura é incapaz de dizer sobre o que acabou de ler”.
Galliano (1986:70)

A LEITURA E SEU APRIMORAMENTO

A leitura é tão significativa que nos motiva ao aprendizado logo


nos primeiros anos de nossas vidas. Sem a leitura o avanço no
conhecimento científico torna-se impossível, pois nos detemos ao
discurso dos outros.
Podemos afirmar que a leitura constitui um fator decisivo,
porque, através dela, temos a oportunidade de ampliar e aprofundar
os estudos, visto que os textos formam uma fonte praticamente
inesgotável de conhecimentos.
Normalmente existem duas espécies de leitura: uma
praticada por cultura geral ou entretenimento desinteressado, que
ocorre quando você lê uma revista ou um jornal; e outra que requer
atenção especial e profunda concentração mental, realizada por
necessidade de saber, como por exemplo, quando você lê um livro,
um texto de estudo ou uma revista especializada.
Para que a leitura seja eficiente, eficaz e proveitosa,
orienta-se dedicada atenção no que se está lendo, caso contrário a
leitura será superficial e, portanto, pouco entendida.
Além de atenção, há necessidade de velocidade na
leitura. Pela orientação de Galliano (1986:70), ao ler um parágrafo, o
leitor deve fazer uma leitura rápida, obedecendo as pausas que, com
um bom treinamento, passam ser momentos de fixação.
Em um texto já existem as pausas, que se apresentam
em forma de pontuação, já efetivadas pelo autor. A pontuação tanto
assinala as pausas e entonação na leitura, como também serve para
separar palavras, expressões e orações que devem ser destacadas.
Uma outra finalidade da pontuação é esclarecer o sentido
da frase. A duração da pausa é também um problema importante,
porque está diretamente relacionada com a sustentação da atenção
do leitor no texto. A leitura é tanto melhor quanto mais curta é a
pausa de fixação dos olhos.
Com relação a velocidade na leitura proveitosa, Galliano
(1986:79) ressalta que “campo de visão, quanto à leitura, é o número
de palavras que os olhos são capazes de absorver numa única
parada. Quando encontram seu momento de fixação eles enfocam
uma palavra, mas são capazes de captar outras tantas à esquerda e
à direita da enfocada. Ora, quanto maior for o número de palavras
captadas entre uma pausa e outra, maior será o campo de visão do
leitor. E quanto mais amplo for este campo, melhor será a leitura,
pois em cada parada poderá absorver maior quantidade de texto, ou
seja, abranger maior ‘extensão’ do conteúdo expresso pelas
palavras”.
Se o seu campo de visão for estreito, limitando somente
a palavra que você está lendo naquele momento, torna-se prejudicial
e sua leitura fica comprometida, e, portanto, lenta. Quando o
comportamento ocorre desta maneira, sua percepção acaba ligando
palavras sem sentido, devido às interrupções das pausas e o ritmo
apropriado. Quanto mais lenta é a leitura, mais facilmente a atenção
se dispersa.
Convém você aumentar o seu campo de visão, treinando
absorver na leitura o máximo de palavras à esquerda e à direita da
palavra enfocada no momento da leitura.
Outra orientação importante sugerida por Galliano
(1986:80) para você tornar a leitura mais veloz é a seguinte: ao
enfocar a última palavra de uma linha, passe rapidamente para a
primeira palavra da linha seguinte, mas já se fixando nas palavras
que se encontram no centro desta mesma linha.
Cada assunto requer uma velocidade própria de leitura. A
velocidade visual e mental de um livro técnico é diferente da de uma
história em quadrinhos, pois a literatura de ficção pode ser absorvida
mais rapidamente do que uma obra teórica especializada, já que
exige menos reflexão por parte do leitor.
Após um bom treinamento em sua leitura, mostrando
sensíveis melhoras, que unem melhor rendimento com maior
velocidade de leitura, não se pode esquecer que, para o domínio de
um texto, exige-se: avaliação, discussão e aplicação. É preciso
questionar a validade do texto, discutir com outras pessoas, porque,
às vezes, a opinião de outras pessoas permite a descoberta de
pontos importantes que passaram despercebidos durante a leitura,
ou então acrescenta informações em alguns aspectos, bastante
relevantes. Discutir é também uma forma de melhor analisar e
avaliar o que se lê. Para concluir o significado da leitura, devemos
fazer aplicação, quando possível, do conteúdo lido. Tal procedimento
corresponde ao coroamento final da aprendizagem de um texto
absorvido.
A eficiência de uma boa leitura está, geralmente,
relacionada com o ambiente. É preciso, portanto, que o leitor
proporcione condições ambientes favoráveis para efetuar sua leitura,
de modo que se sinta fisicamente confortável para dedicar toda a
sua atenção ao que lê.
Para um bom rendimento na leitura, devem ser evitados:
má iluminação, agitação, posição de má acomodação do corpo e
barulho. Estes fatores perturbam a concentração e conduzem à
dispersão das idéias. Quando as condições ambientais não são
propícias para a leitura, torna-se difícil captar o sentido do que se lê.
Caso seja impossível dispor de condições ambientais
favoráveis, deve-se estabelecer um determinado controle,
concentrando bem mais na leitura, esquecendo os fatores externos.
O que também colabora com uma boa leitura é o silêncio
interior. Cada leitor pode desenvolver seu processo pessoal. A
preparação mental por alguns minutos, buscando a concentração, é
uma ótima técnica para se obter o silêncio interior, e tem mostrado
ser um fator positivo em numerosos estudantes.
Um outro fator preponderante na leitura de um texto é o
domínio do vocabulário. Se o leitor tem o hábito de ler
freqüentemente e sua leitura é ampla e abrange vários assuntos
distintos, então deve realmente dominar um vocabulário
significativo. Existem vocábulos de uso comum, popular e geral, e
vocábulos especializados, de uso restrito a determinadas áreas.
Quando o vocabulário do leitor for reduzido, constitui-se um
obstáculo à leitura proveitosa.
Quando se desconhece o significado de certas palavras, a
melhor maneira é consultar um dicionário, a fim de que seu sentido
seja imediatamente esclarecido. Outra possibilidade consiste em
prorrogar este esclarecimento, dando-lhe a possibilidade de ocorrer
no prosseguimento da leitura, isto é, tentar descobrir o sentido do
vocábulo desconhecido, através do contexto em que está inserido.
Uma palavra mal compreendida ou mal interpretada pode definir ou
mudar todo o sentido do texto. Quando esta palavra acontece de ser
a palavra-chave, então a situação será ainda mais desastrosa.

ESTUDO DO TEXTO

Para estudar um determinado texto, devemos fazê-lo


como um todo até adquirir uma visão global, para que possamos
dominar e entender a mensagem que o autor pretendia relatar
quando escreveu. Os textos de estudos requerem reflexão por
aqueles que os estudam e, portanto, a leitura dos mesmos exige um
método de abordagem. Devemos compreender, analisar, interpretar
e, para isso, temos que criar condições capazes de permitir a
compreensão, a análise, a síntese e a interpretação de seu conteúdo.
‫٭‬Analisar – decompor um texto completo em suas partes
para melhor estudá-las.
‫٭‬Sintetizar – reconstituir o texto decomposto pela análise.
‫٭‬Interpretar – tomar uma posição própria a respeito das
idéias enunciadas no texto, isto é, dialogar com o autor.

Antes de analisar um texto, convém sublinhar, esquematizar


e resumir.

Como sublinhar:

Sublinhar é passar um traço abaixo de uma palavra ou


frase. Hoje, com o emprego do computador, podemos sublinhar de
uma outra forma, ora digitando em negrito, ora em itálico. Galliano
(1986:86) sugere as seguintes etapas para o leitor sublinhar
corretamente:
I – Ler atentamente o texto e questioná-lo, procurando
encontrar as respostas para os questionamentos iniciais.
II – Assinalar em uma folha de papel os termos, conceitos,
idéias etc, que deverão ser pesquisados após a leitura inicial.
III – Fazer a segunda leitura e, a partir daí, sublinhar a
idéia principal, os pormenores mais significativos, enfim, os
elementos básicos da unidade de leitura.
A prática possibilitará que o leitor perceba que raramente
será necessário sublinhar uma oração inteira. Quase sempre é uma
palavra-chave que se apresenta como elemento essencial. Na
realidade, a regra fundamental é sublinhar apenas o que é
importante para o estudo realizado, e somente depois de estar
seguro dessa importância. O correto é que, ao ler o sublinhado, seja
possível obter claramente o conteúdo do que foi lido.

Como esquematizar:

Esquematizar é fazer um esquema do que se leu, que na


realidade corresponde a uma representação gráfica e sintética do
texto. O esquema é montado em uma seqüência lógica, que
apresenta as principais partes do conteúdo do texto, mediante
divisões e subdivisões. Ele facilita a compreensão do texto,
permitindo uma reflexão melhor, além de possibilitar a rápida
recordação da leitura no caso de consultas futuras. Exemplo:

Ocorrência periódica Águas do Oceano Atividade de pesca do Peru


(época do Natal) Pacífico

Águas frias das regiões Inflete para oeste antes de atingir o


Corrente marítima polares para as regiões equador
de Humboldt sul-equatorianas (costas da Austrália e das Ilhas
Salomão)

Microrganismos animais e vegetais de Alimentos para


vida aquática (plâncton) os peixes

FENÔMENO
EL NIÑO
Inflete para oeste, antes de atingir as
Desvio da corrente de costas do Peru
águas frias

Ventos provindos Aquecimento das águas


Ar quente
do oeste costeiras do Peru

Diminuição da
Queda do rendimento
quantidade de plâncton
pesqueiro
Uma outra forma de apresentar um esquema é através de
uma listagem hierarquizada por diferenciação de espaço e/ou
subdivisão numérica, como o seguinte:

FENÔMENO EL NIÑO
1. Ocorrência periódica (época do Natal).
Águas do Oceano Pacífico.
1.1.1. Atividades de pesca do Peru.
2. Corrente marítima de Humboldt.
Águas frias das regiões polares para as regiões sul-
equatorianas.
2.1.1. Inflete para oeste antes de atingir o
equador
(costas da Austrália e das Ilhas Salomão).
3. Microrganismos animais e vegetais da vida aquática
(plâncton).
Alimentos para os peixes.
4. Desvio da corrente de águas frias.
Inflete para oeste, antes de atingir as costas do Peru.
5. Ventos provindos do oeste
Ar quente.
5.1.1. Aquecimento das águas costeiras do
Peru.
6. Diminuição da quantidade de plâncton.
Queda do rendimento pesqueiro.

Como resumir:

O resumo é uma técnica empregada para a condensação


de um texto, sendo bastante útil quando há necessidade de uma
rápida leitura, para recordar o essencial do que se estudou e a
conclusão a que se chegou.
A Norma NB-88, da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), define resumo como “apresentação concisa dos
pontos relevantes de um texto”. Em outras palavras: apresentação
sucinta, compacta, sintética, dos pontos mais importantes de um
texto, selecionando as principais idéias do autor.
Para fazer um resumo é aconselhável uma primeira
leitura, seguida de um esboço do texto, na tentativa de captação da
idéia principal. Duas questões deverão ser levantadas: de que trata
este texto? O que pretende demonstrar? Acreditamos que ao
proceder desta maneira, o estudante identificará a idéia central e os
propósitos que nortearam o autor a escrever o texto. Segue-se a este
procedimento a tentativa de descoberta das partes principais que
estruturam o texto.
Galliano (1986:90) destaca três itens que apresentam as
normas práticas de elaboração do resumo:
‫ ٭‬Não resumir antes de levantar o esquema ou preparar
as anotações da leitura.
É praticamente impossível resumir o que não se conhece.
Por isso, para elaborar o resumo o estudante deve basear-se em suas
anotações prévias e guiar-se pelo esquema do texto. É possível
resumir o que se conhece sobre algum assunto. No entanto, resumo
de texto implica, necessariamente, fidelidade ao texto original e,
neste caso, não se pode confiar na memória.
‫ ٭‬Ao redigir, usar frases breves, diretas e objetivas.
O resumo tem a finalidade essencial de abreviar. É preciso
ser conciso e claro ao transpor o pensamento do autor. Para isso, use
as idéias mais importantes do texto, tratando de abrevia-las em
poucas palavras e encadeá-las em seqüência.
Mas não se deve ser tão conciso no resumo quanto no
esquema. Havendo necessidade, as transcrições devem ser feitas e
colocadas entre aspas, completando a referência com o número da
página entre parênteses, a fim de indicar o local onde se encontra no
texto original.
‫ ٭‬Acrescentar referências bibliográficas e observações de
caráter pessoal, sempre que necessário.
Como o esquema, o resumo é também um instrumento de
trabalho e deve ser o mais funcional possível. Portanto, pode e deve
oferecer, ainda que de maneira concisa, todos os elementos
necessários à evocação do que se estudou, sem que seja necessária
uma nova leitura do texto original. Como a fidelidade do texto é
obrigatória, assegure-se de que fique clara a diferenciação entre o
que é resumo do texto e o que é complementar e resultado do
estudo, tais como idéias integradoras, referências bibliográficas, e
observações de caráter pessoal ou citações de outras fontes.
As regras para a elaboração de um resumo, segundo
Serafini (1986:149), citado em Medeiros (1997:104), são: supressão,
generalização, seleção, construção.
A supressão elimina palavras secundárias do texto. Em
geral são os advérbios, adjetivos, preposições, e outras, desde que
não necessários à compreensão do texto.
A generalização permite substituir elementos específicos
por outros genéricos. Por exemplo:
“Em geral as águas frias são ricas em microorganismos
animais e vegetais de vida aquática”.
Generalizando, temos:
“Em geral as águas frias são ricas em plâncton”.
A seleção cuida de eliminar obviedades ou informações
secundárias e ater-se às idéias principais. Exemplo:
“Mas periodicamente, por ocasião das festas natalinas,
havia um desvio dessa corrente, que infletia para oeste antes de
atingir as costas do Peru. Ao mesmo tempo, ventos provindos de
oeste traziam ar quente, que causava um aquecimento anômalo das
águas costeiras do Peru”.
Selecionando alguns elementos, temos:
“Por ocasião das festas natalinas, as correntes infletidas
para o oeste e ventos provindos, também do oeste, traziam ar
quente, causando aquecimento das águas costeiras do Peru”.
A construção de uma nova frase (paráfrase), respeitando-
se, porém, o conteúdo daquela que lhe deu origem, torna este texto
anterior apresentado como:
As águas costeiras do Peru apresentam aquecimento no
período natalino, devido a dois fatos: águas correntes que inflete para
oeste e ventos com ar quente trazidos desta mesma região.
O resumo difere do esquema quanto à forma de
apresentação, mas ambos apresentam a mesma finalidade: sintetizar
as idéias do autor, mantendo fidelidade.
Para Lakatos e Marconi (1992:74), os tipos de resumo são:
indicativo ou descritivo, informativo ou analítico, e crítico. Ele
é indicativo ou descritivo, quando faz referência às partes mais
importantes, componentes do texto. Esta forma de resumo utiliza
frases curtas, cada uma correspondendo a um elemento importante
da obra. Não é simples enumeração do sumário ou índice do trabalho
e não dispensa a leitura do texto completo, pois apenas descreve sua
natureza, forma e propósito. Conforme Medeiros (1997:119), o
resumo do tipo indicativo caracteriza-se como um sumário narrativo,
que elimina dados qualitativos e quantitativos e refere-se às partes
mais importantes do texto. O resumo informativo ou analítico é mais
amplo do que o indicativo contém todas as informações principais
apresentadas no texto e permite a dispensa da sua leitura. Tem a
finalidade de informar o conteúdo e as principais idéias do autor,
salientando:

‫ ٭‬os objetivos e o assunto (a menos que se encontre


explicitado no título);
‫ ٭‬os métodos e as técnicas (descritivas de forma concisa,
exceto quando um dos objetivos do trabalho é a apresentação de
novas técnicas);
‫ ٭‬os resultados e as conclusões.

Este tipo de resumo não deve conter comentários


pessoais ou julgamento de valor, do mesmo modo que não deve
formular críticas. Deve ser seletivo e não mera repetição sintetizada
de todas as idéias do autor. Utilizam-se, de preferência, as próprias
palavras de quem fez o resumo, e quando citam-se as do autor, estas
são apresentadas entre aspas. Ao final do resumo, deve-se indicar as
palavras-chaves do texto e evitar expressões como: o autor disse, o
autor falou, segundo o autor ou segundo ele, a seguir, este livro (ou
artigo, ou documento) e outras do gênero. Ou seja, todas as palavras
supérfluas. Nesse tipo de resumo deve-se dar preferência à forma
impessoal.
O resumo crítico é aquele onde se efetua um julgamento
sobre o trabalho. É a crítica da forma, no que se refere aos aspectos
metodológicos; do conteúdo, quanto ao desenvolvimento da lógica da
demonstração; da técnica da apresentação das idéias principais. No
resumo crítico não pode haver citações. Medeiros (1997:120)
enfatiza que o resumo crítico também é denominado de resenha e
compreende a análise e interpretação de um texto.
Segundo a NB 88, da ABNT, deve-se evitar o uso de
parágrafos no meio do resumo. Portanto, o resumo é constituído de
um só parágrafo.

Análise de Texto:
É necessário o leitor relembrar que análise significa
estudar um todo, dividindo em partes, interpretando cada uma delas,
para a compreensão do todo. Quando se faz análise de texto,
penetramos na idéia e no pensamento do autor que originou o texto.
Para que o estudo do texto seja completo, temos que decompô-lo em
partes e, ao fazê-lo, estamos efetuando sua análise.
Para a análise do texto, Galliano (1986:91), apresenta um
esquema que inclui:
a) Análise Textual – leitura visando obter uma visão do
todo, dirimindo todas as dúvidas possíveis, e um
esquema do texto.
b) Análise Temática – compreensão e apreensão do texto,
que inclui: idéias, problemas, processos de raciocínio,
comparações e esquema do pensamento do autor.
c) Análise Interpretativa – demonstração dos tipos de
relações entre as idéias do autor em razão do contexto
científico e filosófico, de diferentes épocas, e exame
crítico e objetivo do texto: discussão e resumo.
Severino (2000:54) elaborou um modelo de análise de
texto, com o acréscimo de mais dois itens: problematização e síntese
pessoal.
A problematização consiste no levantamento dos
problemas e discussão, enquanto a síntese pessoal trata da reunião
dos elementos de um todo, após a reflexão.
Lakatos e Marconi (1992:23) enfatizam que “a análise do
texto ou a maneira de estudá-lo depende sempre do fim a que se
destina. Os textos de estudo de caráter científico requerem, por parte
de quem os analisa, um método de abordagem e certa disciplina
intelectual”. Afirmam ainda que a análise do texto tem como objetivo
levar o estudante a:
‫ ٭‬aprender a ler, a ver, a escolher o mais importante dentro do texto:
‫ ٭‬reconhecer a organização e estrutura de uma obra ou texto;
‫ ٭‬interpretar o texto, familiarizando-se com idéias, estilos,
vocabulários;
‫ ٭‬chegar a níveis mais profundos de compreensão;
‫ ٭‬reconhecer o valor do material, separando o importante do
secundário ou acessório;
‫ ٭‬desenvolver a capacidade de distinguir fatos, hipóteses e
problemas:
‫ ٭‬encontrar as idéias principais ou diretrizes e as secundárias;
‫ ٭‬perceber como as idéias se relacionam;
‫ ٭‬identificar as conclusões e as bases que as sustentam.

Análise Textual:
Para efetivar a análise textual, inicialmente o leitor deve
ler o texto do começo ao fim, com o objetivo de uma primeira
apresentação do pensamento do autor. Não há necessidade dessa
leitura ser profunda. Trata-se apenas dos primeiros contatos iniciais,
quando se sugere que já sejam feitas anotações dos vocábulos
desconhecidos, pontos não entendidos em um primeiro momento, e
todas as dúvidas que impeçam a compreensão do pensamento do
autor. Após a leitura inicial, o leitor deve esclarecer as dúvidas
assinaladas que, dirimidas, permitem que o leitor passe a uma nova
leitura, visando a compreensão do todo. Nesta segunda leitura, com
todas as dúvidas resolvidas, o leitor prepara um esquema provisório
do que foi estudado, que facilitará a interpretação das idéias e/ou
fenômenos, na tentativa de descobrir conclusões a que o autor
chegou.
Para Galliano (1986:92), um melhor entendimento da
análise textual é “informar-se melhor a respeito do autor.
Freqüentemente uma pesquisa em boas enciclopédias é suficiente
para a obtenção de dados muito úteis ao estudo, pois costuma
oferecer referências valiosas sobre a vida, a obra e, quando é o caso,
a doutrina do autor. Ao mesmo tempo, o estudante deve aproveitar a
oportunidade para resolver as ambigüidades e dúvidas que por acaso
persistirem em determinados conceitos ou idéias expostas no texto e
cuja compreensão deixou a desejar. Muitas vezes as enciclopédias
também apresentam pequenos resumos de obras específicas, dando
destaque e explicitando seus elementos fundamentais, o que ajuda
consideravelmente a elucidar questões surgidas durante a leitura. Se
o texto faz referência a outros elementos que o estudante não
domina, tais como fatos históricos, obras, doutrinas, autores etc., é
ainda indispensável que obtenha os esclarecimentos requeridos. Para
isso deve recorrer aos dicionários gerais e especializados,
enciclopédias, manuais didáticos, apostilas, enfim, às obras de
referência que se façam necessárias, ou consultar especialistas da
área em foco”. Severino (2000:51) aborda a análise textual através da
leitura, visando o levantamento de todos os elementos importantes
do texto, ou seja, credenciais do autor, metodologia, estilo,
vocabulário, fatos, autores e doutrinas.

Análise Temática:
A análise temática vem logo após a análise textual, cuja
finalidade é compreender profundamente o texto. Nesta etapa o leitor
ainda não interpretará o texto, preocupando-se apenas em aprender,
sem discutir nem debater com o autor. Questiona e procura
respostas. Nesta análise o leitor deverá descobrir a idéia principal,
diretriz do trabalho do autor, tarefa nem sempre fácil, visto que, às
vezes, ela não está incluída no título do texto, dificultando a
percepção através da leitura do sumário ou do índice da obra.
Quando a diretriz não está clara, o leitor deve investigar, e Galliano
(1986:93) sugere que a maneira mais prática de se encontrar a
temática do texto é durante a leitura, quando se busca
permanentemente respostas para as perguntas:

‫ ٭‬De que trata este texto?


‫ ٭‬O que mantém sua unidade global?

Nem todos os textos são redigidos com clareza, alguns


são até confusos. Nesses casos, o leitor tem que procurar o processo
do raciocínio do autor, e reconstituí-lo esquematicamente, fornecendo
a representação gráfica do que vem a ser, conforme Galliano
(1986:93), a “coluna vertebral” do texto. Este esquema pode ser
diferente do realizado na primeira leitura, durante a análise textual,
que após obtido, possibilitará a compreensão de todo o conteúdo
essencial exposto pelo autor no desenvolvimento do seu problema.
A análise temática estará concluída quando o leitor
conseguir estabelecer, com segurança, o esquema definitivo do
pensamento do autor, evidenciando que realmente aprendeu o
conteúdo do texto.
Para Severino (2000:53), a análise temática trata da
apreensão do conteúdo, isto é, tema, problema, idéias (central e
secundárias), raciocínio e argumentação. É importante a análise para
a elaboração de resumos e organogramas.

Análise interpretativa:
Esta análise visa a interpretação do texto. De acordo com
Medeiros (1997:86), “interpretação é processo, num primeiro
momento, de dizer o que o autor disse, parafraseando o texto,
resumindo-o; é reproduzir as idéias do texto. Num segundo momento,
entende-se interpretação como comentário, discussão das idéias do
autor”.
Nas duas análises anteriores, o leitor “ouviu” o autor, mas
na análise interpretativa já há um “diálogo”, levando aquele a tomar
uma posição própria a respeito das idéias deste. É o momento do
leitor também apresentar suas idéias.
Para realizar a análise interpretativa de um texto, Galliano
(1986:94) sugere o seguinte procedimento:
‫ ٭‬Não se deixe tomar pela subjetividade;
‫ ٭‬Relacione as idéias do autor com o contexto filosófico e
científico de sua época e de nossos dias;
‫ ٭‬Faça a leitura das “entrelinhas” a fim de inferir o que
não está explícito no texto;
‫ ٭‬Adote uma posição crítica, a mais objetiva possível, com
relação ao texto.
Essa posição tem de estar fundamentada em argumentos
válidos, lógicos e convincentes;
‫ ٭‬Faça o resumo do que estudou;
‫ ٭‬Discuta o resultado obtido no estudo.
Ao finalizar a análise interpretativa, com certeza, o leitor
terá adquirido conhecimento qualitativo e quantitativo sobre o tema
estudado.
A análise interpretativa conduz o leitor a atuar como
crítico do que o autor escreveu.
Lakatos e Marconi (1992:24) não consideram os três tipos
de análises separadamente, mas simplesmente “análise de texto”.
Orientam, portanto, o seguinte procedimento para realizá-la:
‫ ٭‬Escolhida a obra ou selecionado o texto, que deve ter
sentido completo, procede-se à leitura integral do mesmo, para se ter
uma visão do todo;
‫ ٭‬Reler o texto, assinalando ou anotando palavras ou
expressões desconhecidas, valendo-se de um dicionário para
esclarecer seus significados;
‫ ٭‬Dirimidas as dúvidas, fazer nova leitura, visando a
compreensão do todo. Se necessário, consultar fontes secundárias;
‫ ٭‬Tornar a ler, procurando a idéia principal ou palavra-
chave, que pode estar explícita no texto; às vezes, confundida com
aspectos secundários ou acessórios;
‫ ٭‬Localizar acontecimentos ou idéias, comparando-os
entre si e procurando semelhanças e diferenças existentes;
‫ ٭‬Agrupá-los pelo menos por uma semelhança importante
e organizá-los em ordem hierárquica de importância;
‫ ٭‬Interpretar as idéias e/ou fenômenos, tentando descobrir
conclusões a que o autor chegou.

Olá, pessoal.

Conforme eu havia prometido, aqui está tudo o que vimos em


sala de aula. No nosso próximo encontro, dia 26/02, no primeiro
momento e em grupo, você irá ler a apostila sobre COMUNICAÇÃO,
deixada na Xerox. O grupo executará uma das técnicas vistas em sala
de aula e sugerida pela professora ao grupo: esquema, resumo
crítico, análise textual e análise temática, análise interpretativa,
sublinhar e resumo.

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