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Superior Tribunal de Justia

RECURSO ESPECIAL N 618.625 - SC (2003/0223708-0) VOTO-VISTA MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS: Discute-se, nestes autos, se a boa-f do adquirente relevante na caracterizao da fraude execuo. Os precedentes do Superior Tribunal de Justia so divergentes e, penso, hora de oferecermos norte seguro na interpretao do direito federal relativo questo em debate. A teor do acrdo recorrido, a boa-f do adquirente irrelevante. Basta que o bem seja vendido no curso de ao capaz de levar o demandado insolvncia. A e. Ministra Relatora negou provimento ao recurso especial. Dela divergiram os e. Ministros Carlos Alberto Menezes Direito e Castro Filho, que proviam o recurso. O Art. 593, II, do CPC considera em fraude de execuo a alienao ou onerao no curso de demanda contra o devedor, capaz de reduzi-lo insolvncia. Os requisitos da fraude esto todos no referido artigo. Alienado o bem aps a citao vlida do devedor em qualquer processo capaz de reduzi-lo insolvncia, h fraude. O registro da penhora no - nem jamais foi - requisito para a caracterizao da fraude execuo prevista no Art. 593, II, do CPC, que no encontra complemento no Art. 659, 4, do CPC. So hipteses completamente distintas! Por definio legal, h fraude quando o executado, aps o registro da penhora, vende a terceiro o bem que garantia a execuo. Tambm h fraude quando o demandado, regularmente citado, se desfaz de seu patrimnio no curso de demanda contra ele, capaz de lev-lo insolvncia. Essa a hiptese do Art. 593, II, do CPC. Uma hiptese no exclui a outra.
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So hipteses distintas, porque muitos fatos podem revelar a fraude execuo. Essa concluso est no prprio Cdigo de Processo Civil (Art. 593, I e III). Em resumo: a boa-f do adquirente irrelevante para a caracterizao da fraude execuo. Importantes so os requisitos objetivos (no subjetivos!) previstos na Lei. No caso concreto, a venda se deu aps a citao vlida do devedor/vendedor. Houve fraude. Acompanho a e. Ministra Relatora, negando provimento ao recurso especial.

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