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ESTERIÓTIPOS E PRECONCEITOS

REFLEXÃO

«A Historia da Filosofia mostra que existe uma tendência universal


para a generalização de todas as classes presentes do mundo real.
Numa determinada classe de seres, apenas costumamos considerar
um determinado factor distintivo, deixando o resto de parte,
separado da “nossa” realidade.»

Liberdade de expressão

Se a liberdade de pensar é algo que ninguém pode limitar, será que a


expressão do pensamento é tão livre como parece?

No âmbito das relações sociais e étnicas, um estereótipo é tido como uma


generalização excessiva e indevida de um comportamento, uma atitude ou uma qualidade
relativa a um determinado grupo étnico que tanto pode resultar numa avaliação positiva
como numa avaliação negativa da questão em causa. No entanto, a maior parte dos
estereótipos encerra avaliações negativas, ainda que os objectivos sejam aparentemente
positivos. É o que acontece, por exemplo, quando alguém diz que os negros só gostam de
fazer música ou que os judeus e ciganos são solidários entre si. Tais afirmações podem
trazer consigo a conotação de que, no 1.º caso, aqueles indivíduos serão pouco dotados
para outros tipos de trabalho, e que, no 2.º exemplo, aqueles povos segregam outras
comunidades.

A fronteira entre estereótipo e realidade objectiva é ténue e, por vezes, difícil


de estabelecer. No entanto, qualquer generalização excessiva relativa a um grupo étnico
é considerada um estereótipo mesmo quando baseada em estudos científicos e
estatísticas. Ou seja, o facto de uma grande parte de um grupo social ou étnico possuir
uma característica específica, como, por exemplo, a violência, mesmo a ser verdade não
implica que todos os membros daquele grupo tenham essa característica.

A relação entre estereótipo e preconceito é pertinente, na medida em que a


formulação de muitos estereótipos reside na prévia existência de preconceitos e vice-
versa. O preconceito, traduz a apreensão de uma série de crenças e valores que são
aplicados a determinadas realidades antes que essa realidade seja objectivamente vivida
e avaliada por si mesma. Em termos sociais ou étnicos, o preconceito consiste numa ideia
construída sobre o "outro" antes de o conhecer efectivamente e dispensando mesmo a

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necessidade dessa experiência, já que o conceito mental substitui a própria
realidade. Tanto estereótipo como preconceito traduz generalizações; a diferença é que
enquanto o primeiro é uma realidade objectivamente apercebida e depois generalizada a
outras realidades, o segundo é a "invenção" ou "ideia" de uma realidade subjectiva que é
generalizada à totalidade da realidade objectiva, substituindo-a.

No entanto, nem todos os estereótipos são negativos ou funcionam como preconceitos.


Na verdade, muitos estereótipos são necessários para as relações entre as pessoas,
funcionando como guias de comportamento e códigos de comunicação. É o caso dos
conceitos de idade, sexo, profissão, religião, classe social, etc., que ajudam, por um lado,
a prever comportamentos e, por outro, ajudam ao estabelecimento de laços entre as
pessoas.

Factores associados com o consumo de álcool e a procura de tratamento. A


estigmatização ocorre quando as pessoas reconhecem e rotulam negativamente as
características e os comportamentos de determinadas pessoas e os associam a
estereótipos negativos. Estereótipos são formas de conhecimento e estruturas baseadas
no compartilhamento de crenças culturais. Estigma colectivo refere-se à percepção e
reacção do grupo social em relação às pessoas rotuladas através de atitudes e
comportamentos discriminatórios. Na generalidade, as pessoas rotuladas como
apresentando distúrbios de saúde decorrentes de comportamentos são
estereotipadamente consideradas imprevisíveis, diferentes, pouco confiáveis, incapazes,
violentas e perigosas, apesar destas estereotipias variarem de acordo com os tipos de
distúrbios. O estigma colectivo associado aos distúrbios de saúde de base
comportamental pode ter origem nas crenças colectivas em relação às causas destas
doenças.

Não será seguro afirmar que embora tenhamos uma mentalidade aberta e
tolerante, estejamos isentos de ter algum estereótipo sobre uma determinada classe
étnica ou social podem ser citados os judeus, negros magrebinos imigrantes etc. que em
determinado momento da historia um praticou um acto menos digno e mercê por vezes
de uma imprensa pouco escrupulosa que colectiviza ou individualiza os actos praticados
consoante os casos é o suficiente para ficarmos com estereótipos acerca daquela
comunidade, e a única forma de os desvanecer, é convivermos com essas pessoas, nos

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locais de trabalho, nas escolas em publico etc. Pode-se afirmar com alguma
realidade que no nosso país ainda existem muitos estereótipos por exemplo em relação
aos negros, a título de exemplo e não só pessoas com mais idade que ao ouvirem a frase
os negros da Guiné, ou guerra colonial ou ainda ultramar coligam-nos com violência ou
actos menos dignos mercê da guerra colonial em que muita gente foi chamada a combater
sem saber porquê e que ainda hoje não se conseguiram livrar desse ressentimento ou má
memoria, outro tipo de estereótipo ainda muito comum é a palavra mulher… muita gente
ainda associa a mulher à vida de casa à criação dos filhos aos cuidados do lar, se
falarmos de Alemães, a primeira coisa que associamos é o nazismos e os campos de
concentração se falarmos de chefes de cozinha associamos a palavra a mulheres e não
homens , quando se contam anedotas de alentejanos imaginamo-los todos muito calmos e
pouco trabalhadores quando na realidade é diferente, se proferirmos a palavra o
professor da escola, não associamos a mulher, comum também é ouvirmos o partido da
direita vem-nos logo á memória a ditadura, mas se ouvirmos pronunciar a palavra a
padeira de Aljubarrota, pensamos numa mulher muito corajosa.

Cito um exemplo quando há anos se vacilou a hipótese de as mulheres virem a


servir na GNR muitos vozes se levantaram a traçarem um cenário dantesco, para eles
seria o fim da instituição, no entanto esse mito caiu por terra que elas executam o
serviço como qualquer outro elemento. Eu tenho amigos para quem nunca olhei como
pertencendo a classes sociais ou etnias diferentes e quando nos encontramos
conversamos sobre os mais diversos temas sem entramos em conflito de ideias, amigos
esses que são judeus, negros muçulmanos e pessoas que comungam outras religiões, ou
até imigrantes, no entanto sei ocupar o meu espaço, também já me tenho deparado com
pessoas que não reconhecem bem o espaço dos outros.

No entanto, ainda existe um caminho muito longo a percorrer no combate aos


estereótipos e senão veja-se: Depois da extinção da censura, a democracia portuguesa
identificou um outro inimigo do pensamento livre, alojado nas mentalidades
conservadoras: as “distorções” do pensamento, nascidas de velhos estereótipos que
tendem a perpetuar conceitos tradicionais, como o do papel do homem e da mulher na
sociedade. Não sendo possível mudar de um momento para o outro a forma de pensar de
um povo, tratou-se de acautelar a higiene mental das próximas gerações, afastando-as
de imagens, textos e linguagem que sirvam de suporte a concepções sociais indesejáveis.

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Pode-se afirmar perante isto que uma lei se muda do dia para a noite e uma
mentalidade demora anos a mudar ou talvez nunca mude, mas existem formas de evitar
uma determinada linguagem, exemplo: não devemos de dizer o Homem, mas sim a
Humanidade, as pessoas, a gente, os direitos do Homem, mas sim os direitos humanos,
quando o homem inventou a roda, mas sim quando a roda foi inventada, os meninos para
designar crianças de ambos os sexos, mas sim as crianças, o professor da escola, mas sim
o professorado, a reunião foi só conversa de mulheres, a reunião foi uma perda de
tempo, a menina foi muito corajosa portou-se como um homem, a menina foi muito
corajosa, são formas que podemos adoptar no nosso dia-a-dia sem estarmos a
discriminar seja quem for, é uma forma livre de pensar sem nos preocuparmos com aquilo
que os outros pensam, basta utilizarmos a palavra adequada para o momento adequado.

O preconceito é a ideia ou o conceito concebido antes da verificação real da


situação em causa que pode ter um valor positivo ou negativo e que se generaliza a um
determinado número de situações equivalentes, apesar de a equivalência existente em
nada se relacionar com o preconceito em si. É o caso, por exemplo, dos preconceitos
relativos a negros, muçulmanos, imigrantes ou asiáticos que estão na base de atitudes
hostis e, por isso, discriminatórias, relativamente a pessoas dessas etnias. Em geral,
esses preconceitos tendem a tomar o todo pela parte, ou seja, tendem a pegar numa
questão particular, como a marginalidade existente em alguns indivíduos dessa etnia, e
generalizar essa situação à totalidade dos elementos desse grupo á priori sem procurar
confirmar se essa mesma realidade se verifica realmente. O preconceito quando se
generaliza torna-se um estereótipo que vai fazer parte, muitas vezes, do senso comum e
se expande a partir de rumores que se vão por sua vez adensando em preconceitos e
cristalizando em estereótipos. Este fenómeno existe não só em termos de realidade
próxima, nas sociedades urbanas que incluem minorias étnicas, como em relação a
realidades geograficamente mais distantes, como é o caso de preconceitos relativos a
certos continentes, países e nações. Em todos estes casos, as pessoas são privadas da
sua individualidade e da sua identidade como seres humanos antes de tudo, um dos
direitos mais preciosos da Humanidade. Em muitas ocasiões, este tipo de generalizações
levou à prática de crimes de discriminação étnica, tanto de escravatura como de
genocídio, como foi o caso dos africanos, dos índios, dos ciganos ou dos judeus e mais
recentemente no Kosovo e Albânia em que determinadas etnias foram quase

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exterminadas. Os preconceitos podem ser construídos a partir das necessidades
pessoais dos indivíduos que os defendem, normalmente com personalidades autoritárias e
radicais e que são preconceituosos relativamente a tudo aquilo que é diferente e externo
ao seu meio. Esta forma extrema de preconceito é chamada de etnocentrismo pelo facto
de ter o seu próprio grupo e valores como ponto de referência e, portanto, de
superioridade relativamente a todos os outros grupos que dele se dissociam. A chamada
"personalidade autoritária" é definida como sendo intolerante, rígida em valores,
conservadora e extremamente submetida à autoridade no seio do seu próprio grupo,
surgindo como um resultado de infância vivida em famílias excessivamente
disciplinadoras. Podemos a título de exemplo citar grupos organizados (se calhar
ostracizados) da Cova da Moura na Amadora, Bairro Azul em Setúbal grupos dedicados
ao narcotráfico ou outros salteadores, ciganos em que se julgam uma sociedade
diferente as outras e outros grupos designados de marginais. Este género de ideologia
estereotipa e preconceituosa não se sabe onde terá tido o seu inicio, mas certo é que ao
longo da história teve os seus apogeus podemos referir o chamado grupo dos maçons que
teve a sua origem em França nos finais do século XV e que ainda hoje perdura.

A questão do preconceito

A palavra preconceito é pesada. E custa-nos por vezes admitir que temos esse
sentimento, então, nem pensar. Mas será que às vezes nos caímos nessa realidade,
devemos ter cuidado! Geralmente, o preconceito é formado quando nos baseamos nos
modos e hábitos da "vítima", sem a conhecermos na verdade. E é por causa disso que
deixamos de aprender coisas que consideramos "diferentes" e que nos podem trazer
novas opiniões e formas de viver e ver a vida. Conviver com a diversidade é uma maneira
de ampliarmos a nossa visão do mundo, e de nos tornarmos mais humanos.

Para nos prevenir-mos desse conceito maléfico, é preciso admitir o que sentimos.
Depois, reflectir de onde vem esse conceito de que a pessoa é inferior. Ou então,
colocar-se no lugar dela. No fundo, todo o preconceito é sinal de ignorância. Mas só
quando chegamos a essa conclusão nos vemos livres dele.

Quem já sofreu com esse mal, sabe quanto dói. Mas lamentarmo-nos não é solução. É
preciso respeitar o seu modo de ser. Preconceito pode ser uma oportunidade para nos

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fortalecer-mos, fortalecer-mos as nossas convicções e atitudes. Somos muito mais do
que simples aparência".

Outro ponto que vale a pena destacar é: nunca deixar de fazer algo por sentir
medo do que os outros irão pensar. Pois isso seria um preconceito nosso, contra nós
mesmos. É necessário que cada um se saiba valorizar a si próprio.

O preconceito pode também ser o acto de ter uma opinião contrária sobre
determinado assunto sem antes o conhecer.

A grande razão para ocorrer o preconceito, é que existem pessoas que se julgam
superiores aos outros, não usam o bom senso e sintetizam que a sua opinião sempre será
a mais importante. Há inúmeros tipos de preconceito, entre os quais se destacam alguns:

Preconceito outra cor - É denominado de racismo e existe principalmente em relação a


negros. Preconceito contra loiras. Quem nunca ouviu uma anedota sobre loiras burras?

Preconceito a outra religião - Hoje em dia, o maior exemplo deste preconceito é o


conflito no Médio Oriente. A luta entre judeus e islâmicos custa dezenas de vidas
diariamente. Grupos extremistas no Iraque, Indonésia, Afeganistão, matam inocentes
cruelmente somente porque são de outra religião.

Preconceito contra as mulheres - É denominado de machismo e existe por causa do


antigo papel das mulheres como donas de casa. O machismo gera muita mágoa porque
vários homens não reconhecem a capacidade das mulheres de fazerem algo diferente à
costurar e cozinhar. Preconceito quanto a classe social - Ricos discriminam pessoas de
baixa classe social, com frases famosas do tipo, Isso é coisa de pobre.", ou vice-versa.

Preconceito contra pessoas de outra orientação sexual - Homossexuais e


bissexuais são muito agredidos moralmente e até fisicamente só por não serem "iguais".
É uma triste realidade, tanto que várias pessoas ocultam a sua preferência sexual.

Preconceito contra pessoas de outra nacionalidade: tal como é comum dizer-se:


nem todo o português é burro e nem todo brasileiro é malandro.

A propósito de preconceitos e estereótipos vou transcrever uma frase que um dia destes
li num jornal matutino: “ um grupo de turistas estava a viajar de avião tranquilamente até

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descobrir que o comandante não era "O" e sim A Comandante, uma mulher “ que
comandava o avião é algo que me parece tão normal mas para os meus interlocutores a
questão era nas suas palavras "como pode uma mulher pilotar um avião deste tamanho" eu
"queria ver se fosse lá você com uma mulher a pilotar se não ia ter medo". Coitada dessa
mulher que para ser comandante de uma aeronave deve ter trabalhado muito, enfrentado
muitos preconceitos dos colegas e instrutores, certamente tinha que estar entre os
melhores do seu grupo para ter algum respeito.

Tanto os estereótipos como os preconceitos ou a discriminação são algemas do


pensamento humano uma vez que a origem destes se baseia respectivamente em ideias
resultantes de generalizações (processo com elevado grau de incongruência)
relativamente a objectos sociais, atitudes derivadas da estereotipação injusta e
manifestação de comportamentos negativos.

A categorização é um processo de absoluta preponderância para que a significação


do mundo e a adaptação do ser humano contudo, quando este reagrupamento dos
objectos sociais assenta em ideias negativas e preconceituosas, por exemplo achar que
todos os indivíduos tatuados, musculados e de cabeça rapada se encaixam na ideia das
pessoas violentas a nossa relação com os indivíduos portadores destas características
será quase inexistente.

Apesar de diferentes, a existência destas crenças é transversal a todas as


pessoas e portanto contribuí para uma “conformidade social” que leva as pessoas a
aceitarem tudo o que tem a ver com o seu endogrupo (grupo a que pertencem e portanto
sobre o qual têm uma atitude positiva) e menosprezar tudo o quando se distinga dele
(exogrupo).

A falta de comunicação, subjacente às categorizações, atitudes e comportamentos


negativos não permitem o conhecimento do outro e portanto, potencializam
comportamentos menos dignos que nos podem levar a conclusões precipitadas. Quando as
representações sociais são fruto de visões distorcidas e estereotipadas, o nosso
relacionamento com os outros è influenciado negativamente, podendo mesmo chegar a
deixar de existir.

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Resumo:

Estereótipo e preconceito estabelecem entre si uma dialéctica "biunívoca". É impossível


pensar num estereótipo sem preconceito e é impossível pensar num preconceito sem
estereótipo. Um alimenta o outro. De facto, o estereótipo origina-se de algum tipo de
preconceito, que precisa criar imagens e conceitos, forçosamente erróneos porque
carecem de fundamentos justos, que confiram um desvalor ao grupo que dele sofre, para
justificar o próprio preconceito e as acções concretas deles decorrentes (ao que se
chama discriminação. Dessa forma, também é fácil concluir que o preconceito somente
subsiste mediante o estereótipo, pois, se as imagens e os conceitos erróneos se
desvanecerem, ele não terá como perdurar e como se autojustificar e, portanto, não
poderá gerar discriminação e nem outros estereótipos. Neste ponto, podemos ampliar a
ideia de estereótipo a todo e qualquer conceito ou imagem que seja erroneamente e
injustamente atribuído a um grupo como forma de justificar preconceitos e deles se
alimentar.

Conclusão:

Compete-nos a nós, alterar as atitudes em geral, assim como crenças preconceituosas,


sentimentos e tendências comportamentais que conduzem a estereótipos negativos. A
convivência através de uma atitude comunitária é a forma mais adequada de os reduzir .

Fontes: dicionários Texto Editora, Porto editora, e pesquisas da Internet.

Coimbra, 09 de Março de 2009

José António da Costa Silva

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