Você está na página 1de 3

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ

DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO PROCESSO


PROFESSOR: CLERISTON VILHENA

Reflexão: “O que você faz na vida... ecoa na eternidade...!” (Trecho do filme: “O Gladiador”)

DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL


1) Noções – Todo direito processual, como ramo do direito público, tem suas linhas
fundamentais traçadas pelo direito constitucional, que fixa a estrutura dos órgãos jurisdicionais, que
garante a distribuição da justiça e a efetividade do direito objetivo, que estabelece alguns princípios
processuais; e o direito processual penal chega a ser apontado como direito constitucional aplicado
às relações entre autoridade e liberdade.
2) Conceito - A condensação metodológica e sistemática dos princípios constitucionais do
processo toma o nome de direito processual constitucional.
O direito processual constitucional abrange, de um lado, a) a tutela constitucional dos princípios
fundamentais da organização judiciária e do processo; b) de outro, a jurisdição constitucional. A
tutela constitucional dos princípios fundamentais da organização judiciária corresponde às normas
constitucionais sobre os órgãos da jurisdição, sua competência e suas garantias.
A jurisdição constitucional compreende, por sua vez, o controle judiciário da
constitucionalidade das leis - e dos atos da Administração, bem como a denominada jurisdição
constitucional das liberdades, com o uso dos remédios constitucionais processuais – habeas
corpus, mandado de segurança, mandado de injunção, hábeas data e ação popular.
A tutela constitucional do processo é matéria atinente à teoria geral do processo, pelo que
passamos à examiná-la em sua dúplice configuração: a) direito de acesso à justiça (ou direito de
ação e de defesa); b) direito ao processo (ou garantias do devido processo legal).
3) Tutela Constitucional do Processo – o antecedente histórico das garantias
constitucionais da ação e do processo é o art. 39 da Magna Carta, outorgada em 1215 por João
Sem-Terra a seus barões, vejamos:
“nenhum homem livre será preso ou privado de sua
propriedade, ou de seus hábitos, declarado fora da lei ou
exilado ou de qualquer forma destruído, nem o
castigaremos nem mandaremos forças contra ele, salvo
julgamento legal feito por seus pares ou pela lei do país”.
Cláusula semelhante, já empregando a expressão due process of law, foi jurada por
Eduardo III; do direito Inglês passou para o norte-americano, chegando à Constituição como v
emenda.
O direito de ação, com o correlato acesso à justiça, é ainda sublinhado pela previsão
constitucional dos juizados para pequenas causas, civis e penais, agora obrigatórios e todos
informados pela conciliação e pelos princípios da oralidade e concentração (art. 98, inc. I). E
mesmo fora dos juizados, a Constituição valoriza a função conciliatória extrajudicial, pela
ampliação dos poderes do juiz de paz (art. 98, inc. II).
4) Acesso à justiça (ou garantias da ação e da defesa) – o direito de ação,
tradicionalmente reconhecido no Brasil como direito de acesso à justiça para a defesa de direitos
individuais violados, foi ampliado, pela Constituição de 1988, à via preventiva, para englobar a
ameaça, tendo o novo texto suprimido a referência a direitos individuais. É a seguinte a redação do
inc. XXXV do art. 5º: “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito.”
Exceção: essa garantia não é infringida pela Lei de Arbitragem, que não mais submete o
laudo arbitral à homologação pelo Poder Judiciário, produzindo ele os mesmos efeitos da sentença
judicial.
Para a efetivação da garantia, a Constituição não apenas se preocupou com a assistência
judiciária aos que comprovarem insuficiência de recursos, mas a estendeu à assistência jurídica
pré-processual. Ambas consideradas dever do Estado, este agora fica obrigado a organizar a
carreira jurídica dos defensores públicos, cercada de muitas das garantias reconhecidas ao
Ministério Público (art. 5º, inc. LXXXIV, c/c art. 134, §2º, red. EC nº 45/04).
5) As garantias do devido processo legal – O conteúdo da fórmula vem a seguir
desdobrado em um rico leque de garantias específicas, a saber: a) antes de mais nada na dúplice
garantia do juiz natural, não mais restrito à proibição de bills of attainder e juízos ou tribunais de
exceção, mas abrangendo a dimensão do juiz competente (art. 5º, incisos XXXVII e LIII); e b) ainda
em uma série de garantias, estendidas agora expressamente ao processo civil, ou até mesmo
novas para o ordenamento constitucional.
Assim o contraditório e ampla defesa vêm assegurados em todos os processos, inclusive
administrativos, desde que neles haja litigantes ou acusado (art. 5º, inc, LV).
A investigação administrativa realizada pela polícia judiciária e denominada inquérito policial
não está abrangida pela garantia do contraditório e da defesa, mesmo perante o novo texto
constitucional, pois nela ainda não há acusado, mas mero indiciado. Permanece de pé a distinção
do CPP, que trata do inquérito nos arts. 4º e 23, e da instrução processual nos arts. 394 e 405.
Outra garantia é a igualdade processual que decorre do princípio da isonomia, inscrito no
inc. I do art. 5. Também como novas garantias, a publicidade e o dever de informar as decisões
judiciárias são elevadas a nível constitucional (arts. 5º, inc. LX, e 93, inc. IX).
As provas obtidas por meios ilícitos são consideradas inadmissíveis e, portanto, inutilizáveis
no processo. (art. 5º, inc. LVI).

FONTE BIBLIOGRÁFICA UTILIZADA NA APOSTILA:


CINTRA, Antônio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco.
Teoria geral do Processo. São Paulo, Malheiros, 2008.

Você também pode gostar