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Fisiopatologia
DIARREIA
1. Secretora Toxinas, hormonas, hipersecreção gástrica, Não alterada pelo jejum; Volume
laxantes, sais biliares, ácidos gordos fecal > 1 L/d; fezes muito aquosas
Aguda
Crónica
Epidemiologia
Úlcera péptica
aguda
- HP+
crónica
- AINEs
FISIOPATOLOGIA E FARMACOTERAPIA I - 2007/2008
Úlcera péptica Epidemiologia
AINEs
3-4% úlcera, complicada por hemorragia ou perfuração em 1,5% por ano
20.000 mortes/ano por complicações
Úlcera duodenal
6-15% população ocidental
Úlcera gástrica
surgem mais tarde (± 60 anos)
incidência semelhante?
Úlcera duodenal
95% na primeira porção do duodeno
geralmente ≤ 1 cm de diâmetro
são bem demarcadas, por vezes atingem a muscularis propria. A base da úlcera é
frequentemente uma zona de necrose eosinófila com fibrose envolvente.
Raramente malignas.
Úlcera gástrica
Podem ser malignas.
As benignas são geralmente distais à junção do antro com a mucosa secretora de ácido;
raramente surgem no fundo gástrico. As HP+ são frequentemente associadas a gastrite, ao
contrário das causadas por AINEs.
HP+
Quase sempre associada a gastrite crónica activa mas só 10-15% desenvolve úlcera péptica
70% úlcera gástrica e 90% úlcera duodenal; a irradicação diminui as taxas de recorrência (UG: 59% para 4%,
UD: 67% para 6%)
AINEs
15-30% em utilizadores regulares
Podem desenvolver-se ao fim de 1 semana ou após tratamento prolongado
Úlcera gástrica mais comum, predominantemente no antro, maior potencial para complicações
Factores de risco estabelecidos: idade, história de úlcera, glucocorticóides, doses elevadas de AINEs, múltiplos
AINEs, anticoagulantes, doença multisistemas. Factores de risco prováveis: HP+, tabagismo, consumo de álcool.
Corticosteróides (?). Podem atrasar ou inibir a cicatrização das úlceras causadas pelos AINEs.
Formas menos comuns de úlcera péptica (cocaína, infecções virais, radiação, quimioterapia)
Tabagismo
Factores genéticos
Stresse psicológico
Dieta
Doenças associadas
HP+
Factores determinantes de patogenicidade
- Factores de virulência (Cag A, pic B e Vac A) lesam a mucosa
- Urease produz amónia, que lesa as células epiteliais
- Factores de superfície quimiotáticos para neutrófilos e monócitos
- Proteases e fosfolipases reduzem a eficácia da barreira de muco
- Adesinas facilitam a adesão ao epitélio
- Citocinas, espécies reactivas de oxigénio ou azoto, aumento do turnover epitelial, apoptose…
Úlcera duodenal: metaplasia gástrica no duodeno, aumento da produção ácida no antro?
AINEs
Inibição da síntese de PG ↓ a integridade e capacidade de reparação da mucosa
Ácidos fracos ficam aprisionados nas células epiteliais.
TNFα pode promover a adesão de neutrófilos ao epitélio vascular, reduzindo o fluxo sanguíneo e estimulando a
produção de radicais livres de oxigénio e proteases
A inibição da agregação plaquetar pode contribuir para o sangramento.
Pepsina
Actividade proteolítica envolvida na formação da úlcera
Complicações
Hemorragia digestiva alta. Causada pela erosão da úlcera a uma artéria. 15% dos doentes com UP. Hemorragia
evidente, melena ou hematemese. >50% UG. 6-10% mortalidade.
Perforação. 7% UP. Mortalidade mais elevada com UG do que com UD.
Obstrução. 2% UP. Causada por cicatrizes ou edema.
Tabagismo
Úlceras mais frequentes em fumadores
↓ taxa de cicatrização
Compromisso da resposta à terapêutica
↑ ocorrência de complicações
Mecanismo por esclarecer: atraso no esvaziamento gástrico de sólidos e líquidos, inibição da secreção
pandreática de bicarbonato, promoção do refluxo duodenogástrico, diminuição da produção de PG da mucosa…
Dieta (?)
Doenças crónicas
Fortemente associadas: mastocitose sistémica, doença pulmonar crónica, insuficiência renal crónica, cirrose,
nefrolitíase, deficiência em α1-antitripsina
Possivelmente associadas: hiperparatiroidismo, doença coronária, policitemia vera, pancreatite crónica
Úlcera gástrica
Tratamento
Medidas não-farmacológicas
Fármacos antisecretores
Cirurgia
Colestiramina, hidróxido de alumínio, sucralfato
Lavar as mãos
60% países em desenvolvimento
vómitos, cãimbras abdominais, febre e
diarreia
Por fármacos
auto-limitada (4d) mas pode evoluir para
Do viajante síndroma do cólon irritável
80-85% infecciosa
Suspensão / Manutenção ?
Usar exclusivamente água engarrafada
Probióticos
Não consumir vegetais/frutas frescas (com casca)
Probióticos (?)
Antibióticos (?): fluoroquinolonas (doxiciclina, fotossensibilidade),
macrólidos (azitromicina), rifaximina (não absorvido, 3x/d, custo)
Objectivos do tratamento
Compensar a perda de água, electrólitos e nutrientes
Ajuste da dieta
Evitar a ocorrência de distúrbios metabólicos
Inactivar o agente causal
Tratar causas curáveis
Controlar doenças que sejam causa da diarreia
Suspensão / Manutenção ?
Opiáceos e derivados
Loperamida
Anticolinérgicos
- Atropina
- Reduzem o peristaltismo intestinal, bloqueiam o tónus vagal e prolongam o tempo do trânsito intestinal
- Eficácia questionável e limitada pelos efeitos secundários
Outros antisecretores
Octreotida
- Análogo da somatostaina (↓ motilidade intestinal e o transporte de fluídos e electrólitos)
- Situações particulares:
diarreia refractária
diarreia aguda induzida por radiação (mais eficaz que difenoxilato e atropina) ou por quimioterapia
diarreia diabética
síndroma carcinóide (ataques paroxísticos vasomotores na face e pescoço, diarreia aquosa violenta com cãimbras)
VIPomas
- Tratamentos prolongados: complicações da vesícula biliar, náuseas, diarreia, dor abdominal
- Doses elevadas: reduz a absorção de gorduras podendo causar esteatorreia
Adsorventes
- Caulino, atapulgite, pectina, carvão activado, hidróxido de alumínio, colestiramina
- Baixo risco com baixa eficácia.
- Acção inespecífica. Reduzem a biodisponibilidade de outros fármacos.
Vacinas
- Cólera, Shigella (5 doses), Rotavírus (3 doses)
Antibióticos
Resistência
Efeitos secundários (desequilíbrio da flora intestinal)
Sensibilidade do microorganismo
- Requisitos: origem humana, não-patogénico, administração viável, estabilidade ácida e biliar, aderir
ao epitélio-alvo, manter-se no tracto GI, produzir substâncias antimicrobianas, modular os sistema
imune e influenciar actividade metabólica.
- Poucos estudos na comunidade e em países em desenvolvimento limitam as conclusões!
- Eficazes na prevenção da diarreia aguda (redução de pelo menos 21%) sobretudo
sobretudo da diarreia causada por antibióticos mas também da diarreia do viajante
mais nas crianças que nos adultos
sem diferença entre as estirpes (só L acidophilus + L bulgaricus não tem efeito), mas o efeito
é maior com combinação de estirpes
- Diferente composição e requisitos de armazenamento
- Flatulência
Outros
Supressivo
Eliminação da lactose ou do glúten da dieta
Corticosteróides ou anti-inflamatório intestinal na DII
Colestiramina na malabsorção de ácidos biliares
Inibidores da bomba de protões em carcinomas gástricos hipersecretores
Octreotida no carcinóide maligno
Indometacina no carcinoma medular da tiróide
Suplemento de enzimas pancreáticas na insuficiência pancreática
Empírico
Difenoxilato ou loperamida em casos de diarreia aquosa ligeira a moderada
Codeína ou tintura de ópio em casos de diarreia severa
Clonidina na diarreia associada à neuropatia diabética
Octreotida
Princípios da farmacoterapia
Objectivos do tratamento
Abordagem geral
Alteração da dieta
Promover a prática de exercício físico
Ajuste dos hábitos intestinais
Controlo da doença causal
Identificação (eventual suspensão/mudança) do fármaco causal
Educação do doente
Abordagem não-farmacológica
Educação do doente
criar hábitos de defecação (após refeições, com tempo), não ignorar a necessidade de defecar
Alterações da dieta
Aumento do aporte de fibras em indivíduos sensíveis
Aporte adequado de calorias
Exercício físico
Terapia de biofeedback
Correcção da contracção inapropriada dos músculos do pavimento pélvico e do esfíncter anal externo durante a defecação
(defecação dissinérgica).
Electromiograma ou registos da pressão sobre o esfíncter durante a tentativa de expulsão do sensor.
Eficácia de cerca de 70%, em doentes com disfunção do pavimento pélvico. Efeitos sustentados por, pelo menos, 2 anos
sem treino adicional.
Doentes com disfunção do pavimento pélvico
Crianças com obstipação crónica?
Actividade física (musculatura abdominal e pélvica)
A. Derivados do difenilmetano
Bisacodil. Estimula o plexo intramural intestinal. A dose eficaz varia muito com o indivíduo. Comprimidos com revestimento
entérico não devem ser mastigados nem tomados com antiácidos ou substâncias alcalinas.
Fenolftaleína. Mecanismo de acção por esclarecer (inibe a absorção de glucose e sódio?). Sofre recirculação enterohepática (3-
4d). Pode conferir cor rosa à urina.
Podem causar melanose coli (acumulação de pigmento escuro principalmente no cego e recto até vários meses
após o uso; reversível até alguns meses após descontinuação)
São praticamente desprovidos de efeitos secundários e os efeitos sistémicos são mínimos. O aumento da posologia não aumenta a
eficácia e pode provocar gases intestinais e agravar a obstipação.
Risco de obstrução GI se não ingeridos com quantidade suficiente de líquido, na doença inflamatória e na neoplasia
digestiva. É importante que sejam tomados com água ou sumo de fruta em abundância (≥250 mL).
Podem interferir com a absorção de alguns fármacos. Espaçar a toma de salicilatos, anticoagulantes orais, digitálicos,
ferro, cálcio. Cuidado com os que contém dextrose ou sacarose nos doentes diabéticos.
4. Laxantes osmóticos
Lactulose. Dissacarídeo (fructose+galactose) metabolizado pela flora colónica em ácidos de baixo peso molecular, resultando um efeito
osmótico em que a água retida no cólon baixa o pH e estimula o peristaltismo. Pode causar flatulência, cãimbras, diarreia e
distúrbios hidroelectrolíticos. É cara e não mais eficaz que o Sorbitol ou o Leite de magnésio. Tem interesse na
encefalopatia hepática e em idosos.
Catárticos salinos. Iões fracamente absorvidos (magnésio, sulfato, fosfato, citrato). Não devem ser usados como rotina.
Úteis na preparação de meios de diagnóstico, casos de envenenamento e em associação com anti-helmínticos. O leite
de magnésio (suspensão de 8% de hidróxido de magnésio) pode eventualmente ser usado em adultos saudáveis.
Risco de desequilíbrio hidroelectrolítico e acumulação de magnésio e sódio na IR, e de sódio na hipertensão, diabetes,
IC, IR, IH.
Laxante osmótico
Biofeedback
1. Idoso
Mobilidade reduzida e polimedicação ⇒ ênfase na alteração da dieta e do estilo de vida
Em casos de imobilidade, laxantes osmóticos ou de contacto são melhor opção do que laxantes expansores
do volume fecal
Tentar suspender fármacos potencialmente obstipantes
2. Gravidez e aleitamento
Aumento do aporte de fibra e fluídos na dieta, exercício físico
Laxantes expansores do volume parecem ser mais seguros que laxantes estimulantes. O sene é considerado
seguro em doses normais mas é necessário cuidado no final da gravidez e em gravidez de risco
Laxantes expansores do volume fecal e a lactulose não são excretados no leite materno, ao contrário do
sene (doses elevadas)
3. Criança
Aumento do aporte de fibra e fluídos na dieta. Evitar consumo excessivo de leite.
Não há evidência da classe de laxante com eficácia superior. O tratamento precoce é importante. A
prescrição de um laxante emoliente é frequente para prevenir situações de impacto fecal. O uso regular é
importante, uma vez que o uso intermitente está associado a recaídas.
4. Diabetes
Laxantes expansores do volume fecal são seguros e úteis em doentes que não devem ou não querem
aumentar o aporte de fibra da dieta.
Lactulose e sorbitol devem ser evitados porque os seus metabolitos podem influenciar os níveis sanguíneos
de glucose
5. Cuidados terminais
A prevenção é essencial; podem usar-se laxantes profiláticos.
Fezes duras ⇒ laxantes estimulantes ou emolientes. Fezes moles ⇒ laxantes estimulantes.
6. Viajante
Sobretudo mulheres.
Alteração da dieta. Laxantes osmóticos.
Se ao fim de uma semana não se tiver observado eficácia do laxante, o doente deve ser
reencaminhado para o médico
Laxantes contendo Na+, K+ ou Mg2+ não devem ser usados em doentes com IR
Laxantes salinos não podem ser usados diariamente, nem em crianças com menos de 6 anos
(via oral) ou em crianças com menos de 2 anos (via rectal)
Óleos minerais não podem ser administrados a crianças com menos de 6 anos.
Enemas e supositórios para serem eficazes requerem uma aplicação correcta
Se existir dor abdominal, náuseas, vómitos, inflamação, cãimbras ou outro fenómono não devem
ser administrados laxantes
Os laxantes com fenolftaleína ou ruibarbo podem mudar a cor da urina; os primeiros podem
também alterar a cor das fezes
Ideias preconcebidas sobre os padrões normais de actividade intestinal + acção dos laxantes
Manutenção da actividade intestinal diária, controlo/perda de peso
Após uma dejecção determinada por um laxante podem decorrer vários dias sem nova
dejecção por se ter verificado um esvaziamento maciço do cólon
O indivíduo que abusa de laxantes pode apresentar-se com diarreia e perda de peso, vómitos,
dor abdominal, letargia, fraqueza, sede, edema, dor óssea (osteomalácia), distúrbios
hidroelectrolíticos, gastroenteropatia com hipoalbuminemia, síndromas tipo colite.
Predomina nas mulheres de meia-idade e em casos de distúrbios alimentares.
A abordagem deve incluir avaliação psiquiátrica, modificações da dieta, mudança para laxantes
expansores do volume fecal e medidas de combate ao uso de laxantes estimulantes.
Princípios da farmacoterapia
Objectivos
Aliviar a dor
Erradicar HP
Cicatrizar a úlcera
Prevenir lesão induzida por AINEs
Prevenir recorrências
Controlar a secreção ácida
Reduzir as complicações
Medidas não-farmacológicas
↓/∅ stresse psicológico
↓/∅ tabaco
↓/∅ alimentos ou bebidas que agravem os sintomas
cirurgia (vagotomia, complicações)
Abordagem geral
HP+
AINEs
Manutenção
Antiácidos
H+ H+ H+
H+ H+ Inibidores da
ATPase H+/K+
Sucralfato
Antagonistas H2
H2
M1
Prostaglandinas
Anticolinérgicos
Úlcera péptica
- doença activa (IBP só durante erradicação) Testes invasivos: histológico, serológico e da
urease. Testes não invasivos: urease, pesquisa
- história pessoal de antigénio nas fezes, DNA na saliva.
Carcinoma gástrico: familiares directos, doentes com carcinoma inicial ressecado endoscopicamente
7-14 dias
resistência
Custos, efeitos secundários, complexidade
posológica, interacções, adesão
Polimorfismos do gene CYP2C19
determinam eficácia do IBP
Grupo Estratégia
Baixo risco AINEs de menor risco para o tubo
sem factores de risco digestivo na mais baixa dose
• Efeito antisecretor + prevenção de lesões erosivas induzidas por AINEs: ↑ fluxo sanguíneo, ↑
secreção de muco e bicarbonato
Anticolinérgicos
• Interesse limitado pelos efeitos secundários (secura dos olhos e da boca, visão enevoada, retenção
urinária)
Síndroma lactoalcalina: cefaleias, anorexia, náuseas e vómitos, astenia, dores abdominais, obstipação, sede, poliúria.
Princípios da farmacoterapia