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Existe algo divertido a respeito de histórias em quadrinhos. E é justamente o fato de


serem divertidas.
Sem menosprezar os incríveis trabalhos europeus e de outras regiões, dois estilos
dominam o mundo dos quadrinhos. Os comics norte-americanos e o mangá japonês.
Estados Unidos e Japão são os dois países mais intensamente industrializados no
mundo. Ao mesmo tempo, são também os países com a maior produção — e consumo
— de entretenimento no mundo. Não apenas comics e mangá, mas também música,
cinema, animação, jogos, espetáculos, videogames e tudo o mais. São mercados que
movimentam fortunas inimagináveis. Fortunas que, se fossem destinadas à pesquisa
científica ou programas espaciais, certamente já teriam levado o Homem às estrelas.
Por que, em vez de investir no crescimento de suas respectivas nações — ou mesmo da
própria Terra —, Estados Unidos e Japão empregam tanto de seu tempo, dinheiro e
energia para produzir diversão? Apenas porque eles podem?
Na verdade, o provável é que fazem isso porque PRECISAM. Porque, cada uma a seu
modo, são nações que exigem muito de seus cidadãos. Exigem uma vida de estudo e
trabalho. Exigem dedicação e competição. No capitalismo prosperam mais aqueles que
são mais aptos e esforçados. A riqueza tem seu preço.
Em uma sociedade industrial o lazer é uma necessidade ainda maior — pois somos
humanos, não formigas. Não somos movidos pela simples sobrevivência, mas por nossa
busca pela felicidade. Todos temos missões, todos temos deveres e obrigações, é
verdade. Mas também somos uma espécie movida por sonhos, desejos e fantasias.
Sem essas coisas, morremos. Ou nem mesmo existimos.
Não é sem motivo que, no mundo de Arton, a Deusa da Humanidade é também a Deusa
da Ambição. Ser humano é querer mais, desejar, conquistar e evoluir. Sem isso, ainda
estaríamos vivendo em cavernas.
Às vezes sou criticado por afirmar que quadrinhos, ou jogos de RPG, são divertidos — e
não precisam ser nada além disso. Como se diversão não fosse importante. Como se a
vida humana fosse possível sem ela. No entanto, uma vida sem diversão é coisa que
mesmo o mais esforçado de nós não pode tolerar.
Histórias em quadrinhos são uma forma de arte? Certamente. Podem ser usadas para
transmitir mensagens poderosas? Sem dúvida. Podem ser empregadas para alfabetizar,
orientar, educar e uma série de outras finalidades “mais nobres” que o simples lazer?
Claro que sim.
Mas histórias em quadrinhos são, acima de tudo, uma das mídias mais divertidas que
existem. Contada em quadrinhos, qualquer história fica mais agradável. HQs DEVEM ser
divertidas. Sem isso, perdem seu propósito.
Divertidas não apenas para quem as lê, mas TAMBÉM para quem as produz.
Este livro existe para que possamos contar um outro lado de Holy Avenger, um lado tão
divertido quanto a história principal. Para que vocês conheçam um pouco mais sobre
Erica Awano, Denise Akemi, Petra Leão, Fran Elles Briggs, Lydia Megumi, André Vazzios,
Ricardo Riamonde, Jae Woo, Rod Reis e Edu Francisco (que, infelizmente, não estava
disponível para participar deste álbum com comentários). Para que estes artistas
tenham o reconhecimento que merecem. Para que todos — nós e vocês — possamos
nos divertir um pouco mais com um trabalho bem feito.
Holy Avenger terminou. Foi necessário. Antes encerrá-la que deixá-la degenerar e morrer.
Mas a diversão não precisa terminar.
Então divirtam-se. Tanto quanto nós.
— Marcelo Cassaro

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Edição & Diagramação: Marcelo Cassaro
Textos: Denise Akemi, Erica Awano, Fran Elles Briggs, Petra Leão,
Lydia Megumi, Marcelo Cassaro, Rodrigo Reis, Ricardo Riamonde,
Jae Woo, André Vazzios
Ilustrações e Cores: Denise Akemi (pags. 16, 17, 65), Erica Awano
(4-13, 15, 18-21, 23, 25-29, 32-33, 35-36, 38-43, 47-49, 52-59, 61-65,
67-69, 73, 75-77, 79-81, 87-88, 90-96), Fran Elles Briggs (51), Petra Leão
(36), Lydia Megumi (22-23, 36, 50-51, 53, 67-68, 89), Lúcia Nóbrega
(88), Nani Yasha (51), Marcelo Cassaro (7, 13-15, 18-19, 24, 31-32, 47,
54, 56, 62, 70-71, 86), Eduardo Francisco (25, 37, 44-45, 73, 76, 79, 90),
Evandro Gregorio (80-81), Rodrigo Reis (4, 14, 19, 24, 26, 28, 32, 36, 39,
41, 43-45, 47, 53, 56-57, 62, 64-65, 67-69, 73, 75-76, 79, 88, 95),
Ricardo Riamonde (90-91), Jae Woo (60-61), André Vazzios (3, 6, 8-9, 12,
21, 25, 27, 30, 33, 37, 40, 42-43, 46, 48-49, 52, 54-55, 58-59, 62-63, 66-
67, 69, 72, 74, 77-79, 81, 83-85, 87-89, 91-96), Carlos Vinicius (11, 29)
Capa: Erica Awano & André Vazzios
Arton, Tormenta e Holy Avenger criados por Marcelo Cassaro,
Rogerio Saladino & J.M.Trevisan
Bravado, Anne e James K. criados por Erica Awano
Puck, Domi, Klaus e Kabof criados por Petra Leão & Fran Elles Briggs
Arkam Braço Metálico criado por Flávio L.R. Ribeiro

Expediente
Diretor: Ruy Pereira
Editor Executivo: Marcelo Cassaro “Paladino”
Produtor Gráfico: Roberto Avelino
Assistentes de Produção: Mauricélio F. Paiva, Patrícia P. Santos
Diagramadores: Dawis Roos, Márcia M. S. Braga
Scanners: Edilson Gedo, Wagner F. Nunes
Contato: Lourdes Maurício
A ARTE DE HOLY AVENGER é uma publicação da Editora Talismã Ltda.
Números Anteriores, Venda Direta, Venda Avulsa: Luzia Begalli, Noemia
de Lima, Teresa Melo. Fones: (11) 3051-5826/3051-3295 (Fax). E-mail:
sactalisma@uol.com.br Caixa Postal 27022 • CEP 04007-990 • SP/SP
Redação, Administração e Depto. Comercial: (11) 3052 2288
Circulação: Antonio Marcos
Distribuição exclusiva para todo o Brasil: Fernando Chinaglia S/A,
Rua Teodoro da Silva, 907 - Grajaú - CEP: 20563-900 - RJ/RJ,
fone (21) 3879-7766
Impressão e Acabamento: Parma
Atenção: DRAGÃO BRASIL, TORMENTA e HOLY AVENGER não têm representantes
autorizados em nenhum lugar do país

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A Arte de

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Quando fiquei sabendo da novidade (uma história em
quadrinhos sobre RPG, feita no estilo de mangá, sobre
um mundo de aventuras que ainda estava engatinhando
chamado Tormenta), pensei: “Parece maluquice, só
mesmo o Cassaro pra bolar um troço desses... mas tem
tudo pra dar certo!”
Dito e feito. Holy Avenger foi uma das coisas mais
bacanas que o Marcelo Paladino já produziu. Os
desenhos da Erica não devem nada aos originais
japoneses, os personagens são carismáticos e bem
desenvolvidos, a narrativa é ágil e envolvente e a trama
adquiriu traços bastante particulares que acabaram
prendendo a atenção dos leitores por quarenta números
— um recorde sem precedentes para uma revista de
quadrinhos alternativa escrita, produzida e desenhada
por brasileiros.
Holy Avenger é, sem dúvida nenhuma, uma grande
vitória para todos nós, Otakus e RPGistas.
— Marcelo Del Debbio, autor dos jogos
de RPG Arkanun e Trevas

A última lembrança que eu tenho de antes de começar


a Holy é ter me questionado se seria ou não capaz de
cumprir prazos... Pensando nisso agora, puxa vida,
quanta ingenuidade!
— Awano

Me sinto muito orgulhoso por participar desta equipe,


pois quando a revista saiu, eu fazia estágio na
Fábrica de Quadrinhos e nem tinha idéia de que um
dia trabalharia numa revista mensal.
Aproximadamente um ano depois, o Cassaro me
chamou. Foi um dia e tanto...
— Riamonde

Holy Avenger foi uma conquista para a maturidade da


produção dos quadrinhos genuinamente nacionais ao
custo de uma enorme persistência. Uma vitória sob o
rótulo de “independente”, quando a ironia fica por
conta da total ausência de pares: quadrinhos
produzidos por autores nacionais periodicamente.
Esse dado nos leva então à pergunta: somos
independentes de “quê”?
— Vazzios

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Aiaiai... mas como o desenho da Erica mudou!
Eu lembro de quando Cassaro defendia com
unhas e dentes que a Lisandra NÃO foi criada
pelos lobos. Bom, lendo a primeira edição é isso
que parece. Não é mesmo?
— Jae

É engraçado olhar agora e perceber


que entrei no mundo de Holy como fã e saí
como uma “pseudo-co-autora”. Acho que
Meu caso amoroso com Holy Avenger poucos fãs tiveram o privilégio de poder
foi a caminho do meu curso de participar da criação que admiram — metendo
desenho. Parei na banca pra folhear até a colherzinha torta, de vez em quando —
algumas revistas, quando me chamou como eu e a Fran tivemos….
a atenção a Holy número um. Era um
— Petra
tipo de humor que eu não costumava
ver nas HQs freqüentemente. “Ok,
não tenho dinheiro para levar essas
duas revistas.” Resultado, deixei a
primeira que apanhei e carreguei
Holy comigo, para me esborrachar de
rir no ônibus de volta pra casa. ^^
— Fran

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Olhando para trás, acho que a personagem
de Holy que desenhei mais vezes foi Lisandra,
por causa de suas armas e armadura vegetais.
Gosto muito de desenhar formas orgânicas, monstros
e tudo o mais; e também não sou muito bom
desenhando roupas normais.
— Cassaro

A primeira vez que vi os esboços da


Lisandra, simpatizei com a personagem.
Adorei sua ligação com a natureza e
como ela a usufrui.
— Akemi

Me lembro da primeira vez que vi os


personagens da Holy Avenger, no
princípio era uma aventura para a revista
Dragão Brasil antes de virar uma série de
quadrinhos regular. Achei bem bacana
participar da criação inicial
dos personagens, ajudando
a definir suas cores.
— Reis

A Lisandra foi uma personagem que gostei de


trabalhar na Holy Especial. Ela, apesar de suas
complexidades psicológicas, passa uma imagem de
simplicidade e inocência. É como desenhar uma
criança — a gente acaba se divertindo bastante!
— Megumi

Acho que minha colaboração efetiva na série


começou mesmo na nona edição, onde finalmente
encontraria o caminho como colorista. Aquelas eram
as primeiras artes de edição 9 algo aconteceu. O
clima de imersão, a delicadeza no semblante de
Lisandra, tudo conspirava num clima perfeito pra
inspirar uma de minhas capas preferidas.
— Vazzios

O primeiro problema foi o design dos personagens...


A Lisandra por exemplo, conforme ela ia evoluindo
e a armadura ia ficando maior, na minha cabeça,
o conceito foi tomando proporções cômicas, até
chegar à imagem dela em forma de árvore
ameaçando os outros com frutas...
— Awano

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Eu nunca entendi porque
um ladrão deveria usar
aquelas coisas nos ombros
e pendurado ao lado dos
quadris, parecia ser pouco
prático — por outro lado,
era bem a cara de um
ladrão sem noção como o
Sandro Galtran.
— Awano

Meu contato com o


Cassaro se deu através
do Edu. Ele me disse
que precisavam de um
colorista, fiz um teste
e pronto. Lá estava eu, belo
e contente, ingressando
profissionalmente no
fantástico mundo da
colorização.
— Riamonde

Lembro que a primeira impressão que tive


de Holy Avenger foi a de que “Galtran”
parecia nome de vilão do Space Ghost...
no entanto, após uma certa insistência
do Cassaro, continuei comprando a
revista. Não deu outra: quando o Tork
apareceu na terceira edição, me
apaixonei pra sempre!
— Petra

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Erica
Escritor: só um??? Sacanagem! Escolhe um
aí... José Saramago, Guimarães Rosa, Machado
de Assis, James Joyce, Goeth, William
Shakespeare, Baudelaire... ^_^

Awano Roteirista: Neil Gaiman


Desenhista: John J. Muth
Data de Nascimento: segundo a Dona Laura, Filme: A Vida de Bryan
mãe da Erica, a filha nasceu no dia 12/12/??,
mas há sérias controvérsias sobre o assunto. Livro: O Fausto
Ocupação: desenhista em período integral Música: Stay (Faraway, so Close!) e The Fly,
(integral mesmo). Dona Laura diz que a filha ambas do U2 ^_^
nasceu uma criança normal, cresceu (também
Passatempos: estes ERAM meus passatempos
há controvérsias sobre esse ponto) num
— Internet, leitura, música... Atualmente passo
ambiente normal, tendo desenvolvido o hábito
meu tempo desenhando, quando não estou
de dormir durante o dia ou simplesmente não
fazendo isso, estou dormindo e em algum
dormir, se alimentar praticamente sob ameaça e
momento entre isto e aquilo, me alimento...
passar o dia todo desenhando, dizendo que
está trabalhando. Isso começou em 1999, Gosta de: dormir, lasanha, laguinhos ou
quando começou a ilustrar Holy Avenger. riozinhos de águas claras onde se podem ver
Awano é uma uma artista peixinhos nadando, passear no sítio do meu
Antecedentes: apareceu pela primeira vez em
pra lá de enigmática. Sua natureza tio... ah, e desenhar, é claro!
1996 na revista Megaman, mas a carreira
questionadora, a atitude criativa equilibrada e a profissional só começou mesmo com a revista Não gosta de: política, advogados, Windows,
inesgotável energia positiva talvez revelem um Street Fighter Zero 3 da Editora Trama. Além mosquitos, injeções, banana, a própria
pouco da receita de sua consagração como disso é colaboradora da revista Anime Ex, onde comida... hummm, queijo gorgonzola.
quadrinista. Nossa colaboração mútua sempre faz a sessão “Manga ka”. Já fez trabalho
foi muito divertida. Ela reclamava dos Personagens Favoritos: Dark Schneider
semelhante na Animax, assumindo a sessão
personagens que desenvolvi, todos (Bastard!), Totoro (Tonari no Totoro), Iori Yagami
“Como desenhar mangᔠa partir do número 19
graciosamente interpretados por sua mão (King of Fighters), Saeba Ryo (City Hunter), Tora
(? preciso conferir isso). Também foi a criadora
habilidosa. Para se vingar ela compõe capas (Ushio to Tora).
do character design da primeira mascote da
duplas que levo uma semana pra pintar, com revista Anime-do da Editora Escala. Dona Laura Personagem que mais gosta em HA: Sandro
dezenas de figuras vibrantes, pulsando em vida acrescenta: “A Erica também é Bacharel em Galtran
e contando elas mesmas cada qual sua Letras e Literatura pela Universidade de São
história. Acho que ninguém ligaria se Personagem que menos gosta em HA: o
Paulo. E só não escreveu este perfil porque
continuássemos “brigando” assim. Paladino
está novamente enfiada naquele quarto
— Vazzios ‘trabalhando’!” Manias Estranhas: eu não tenho manias
estranhas, sou uma pessoa saudável, de
Base de Operações: algum lugar
hábitos saudáveis e mente sã! Derrubar
do Ipiranga, em casa
A tia (Erica) é uma morcegos com vara de bambu, jogar taturana
pessoa brilhante. em braseiro, arremessar besouros com raquete
Precisa dizer de badminton, jogar vinagre nas costas dos
mais? sapos eu fazia quando era criança! Agora sou
uma pessoa adulta, não faço mais isso...
— Jae

Meus parabéns à
Erica por ter conseguido
escapar ilesa dos
40 números da revista.
Imagino o que deva ser
desenhar quadrinhos no Brasil.
Awano não virou uma
personagem de Holy de carne
e osso, mas é uma heroína
com certeza!! :)
— Fran

A Erica, como uma


irmã mais velha, me mostrou
os caminhos, deu conselhos,
encorajou e me advertiu sobre
os obstáculos nesse mundo
tão incerto que é o trabalho
com quadrinhos...
Devo muito a ela!
— Megumi

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