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A INTER - ACAO PELA LINGUAGEM INGEDORE VILLACA KOCH Corre RE TL en 2. LINGUAGEM E ARGUMENTACAO ee AL A Quando interagimos através da linguagem (quando nos propomos a jogar 0 “jogo”’), temos sempre objetivos, fins a se- rem atingidos; ha relagdes que desejamos estabelecer, efeitos que pretendemos causar, comportamentos que queremos ver de- sencadeados, isto 6,, pretendemos atuar sobre o(s) outro(s) de determinada maneira, obter dele(s) determinadas reagdes (ver- bais ou no verbais). E por isso que se pode afirmar que 0 uso da linguagem é essencialmente argumentativo: pretendemos orien- tar os enunciados que produzimos no sentido de determinadas conclusées (com excluséo de outras). Em outras palavras, procuramos dotar nossos enunciados de determinada forga argumentativa. Ora, toda lingua possui, em sua Gramatica, mecanismos que permitem indicar a orientac4o argumentativa dos enunciados: a ar- gumentatividade, diz Ducrot, esta inscrita na prdpria lingua. Ea esses mecanismos que se costuma denominar marcas lingtitsticas da enunciagdo ou da argumentagao (como se pode ver, tomada aqui em sentido amplo). Outras vezes, tais elementos sao denomi- nados modalizadores — também em sentido amplo — ja que tém a funcdo de determinar 0 modo como aquilo que se diz é dito (cf. cap. 1). Neste capitulo, estudaremos algumas dessas marcas. (08 OPERADORES ARGUMENTATIVOS. © tenno aperaioresargumemuatvos fat cana por 0. Dax ret, crador ds Semintcn Argumenttva (ou Senaatice da Eaun- agin), pa designarcetos elements da gama de ung ‘qe tim por fui indicar(*mostrar) a Targa agueniatva dos enunciados, a dies (sentido) part o qual pont, Pare explicar se Toncionamento, Date utiliza das noses bison: as de scala argument e clase argument, Una ‘classe argamentativa & constiuséa de um count de enuncados ‘que podem iguaimente servir de argumento pa (pon par ) ams means onclso (a que, por Convene, se denominn Exempla, (1) Jato € 0 menor cantata (once R) st. 1—tam boa formagio em Economia classe ‘rt 2—tem expertnca no crs gine {ip 3“ a emvolve em nepociaas ‘sive {tos os agunestes 0 cao po par lever 0 Scout sone) ee (Quando dis ou mais enunciaos de ua clase se apesentam fm graago de frga crescents no sentido de ura mesa conc So, temo uma eacala argumentativa, Exemplo: (2) A opresenasso fi corde de sce concssoR) trp. 1 esiveram presenter personals do mando ar ‘ec 1g. 2—sineam eens pesos incase mon arg. 3—fstve presente 0 Pretidente da Repti (a= ‘gumento mae fore) Costas represetar graficamente 2 eicala argumentative a seguinte fama: 0 Re A apresentago fos oranda de sucesso (arg. + forte) { 1p” = esteve presente 0 Presidente da Reps- pr —estveram presents pessoas inluniss os eos politicos }& ~ Sac eens semanas do ‘mundo atic ‘Ses mesma conclust for nega, invertems os elementos excl RA presenta no eve sucesso: texte) 9 = occa sts pom Samael rr ee pate Psat Bene ae tai ‘Apis esa ripida explicagi, passamos a examina agai os ‘rincpas ios de operadores: A) Operadores que asinaam 0 argunento mais forte de sme escola crientada no sentido de determinada concusio: ad, ‘mean, aé meso, inclusive. [No exemplo (2), dxf normalnente: “A spreseni$o fot ‘oro de sucesso etveram presates pesonlidaes do mundo astice, pessoas infueates nos meios politicos © ad (mesmo, até ‘mes, inclusive) President da Repiblica, No caso da esala em sentido negativo, 0 xpunento mais fore via inroduzido por nom mesno: “A presenta no tee sacessr: 0 Presidente nfo comparece, ne pessoas influentes n0$ ‘mes polticos © nem mesmo personalidades Go mundo artista”. a ‘Vejn-se a fra do operador mesmo no sepuntewec de um texto de Bertrand Rue: (2) "0 homem teme 9 pensamento com mad mais se & tera, mais qu aaa © mesma si i aera" RO bomen tome © pensanesto como naa ‘ake sobre aera mm Pb pcmteceeme 16 também operadores que inroduzem dado argument, di- ando subentendida a existocia de una escala com outs ap mento mais fortes. Sio expresses como ao menas, plo menos, no minima, Por exemplo (@ © rapa era dorado de grandes ambices.Peasava em see ‘no minimo (pelo menos, ao mengt) prefeio dx cidade RO rapa ea dot de grandes ambit Pensava om 2 0 mimo Prefs a cidade onde nascera B) Operadores que seman argimentos a favor de wna mesa concluso (ito 6, argumentos que faze parte de un ‘mesma classe argumentative), também, cindo, nem (~ ©), Ii 96. mas também, tant... como, aim de. 6m 0.8 par de. €e, No cave do expo (1), terfamos: 2: Jolin 60 melhor canst [ge foes fee Algumas mancza de formula texto seria: 1. Joo €o malor candidat: tem boa forma em Economia, em cexpesidcia no cago e no se evolve em negociats. Jao & 0 melhor candidat: no af tem boa formasio em Eso- ‘nia, mas tambo tem experitocia no cargo en se envlve em. epoca. aio € © mor candit alm de tr boa forma em Eco sonia, fem experts no care uamhon no se mole em ‘nda epoca 4. eo 60 meio cand: tm tem bon foes em Eoonn- ti, comoexpeéncia no argo alm disn 80 a envlve ea par dso) epoca, « Jolo € © melhor candidat: «par de ua boa fora em Boo ‘nomi, também tem experiéneia no cargos ali do gue, nf seem volve em negrias, Exise mais um operador, que também soma um agumeato ‘ticional awn conjunto de argumentos i entciados, mas o faz de ‘manera "subeptca”: ele € apresentado como se fosse demeces- ‘rio, como se se rats de singles “lambujn", quando, na verde de, € por meio dele ques: inoduz un arpuento devsivo, com 0 qual se do “pope fina, resumindo ou coreando todos os demas arguments. Tras do operador als. Vee con oder fear (texto sina, com o crécino de mais um argunento através do aids: Joo € 6 metbor candidato,Aldm de tot boa formaso em Boo ‘nomi, fem exprincin no cago e no se envolve cm negocaas, Ali, 60 aio candidato que tees bons antecedenes. 3 ‘Um andaco pubicitrio ceria ecsio, em un joa de So Past, teminava asi: (65) "Esta 6 uma lofi de taba que levamos ro nt mat de $0 anos, Ald, mt a. (isto € ie sti do que noses concoremts)” ©) Cperadores que intrdizem wna concustorelativamente 2 argumenios cpresentadas em eruneiades anteriores: portato, logo, por contesunte, pos, m decorénca, conseqienemente, se Es. (6) © cso de vide continan sbindo veriginosamente; a8 Songs de sae do pove basere 80 pss © 8 ‘Sieagio vai de mals plor Parte (logo, por cone- “fine to 4 pode dizer qe o Brasil ese peste a fe integar no pamero mando 1) Operadores ue introdkcem argueento deratvos que evan a concluses diferentes ou oposas: ou, O% enti, quer. quer sea. ee. (2) Vamos june prticipar bn parent, Ou vot peer se mitre fear guardao os sconecinenos? 1) Operadores que estabelecem relarées de comparoyo centre elements, com vistas @ tna dada conclu: mats Que, = nos que, to. como, ee. Por exe: (A: Vamos convocsr& Lica pa eg 0 contrat, BB: Aca € wan competent quan 8 ita Note aqui que, apesar do se waar gramatialimente de um ‘ompartvo de igaldade, came demonsrou C. Vogt argumenta- Tivamente ocnuncide 6 fvordvela Méciae desfavordvel a Lica. Ps B) Operaiores que introducem uma jusificatva ou explca- (fo relaiverente ao enunciado anterior: porae, Que, i de; ois, ee. (9) io igus triste que ese mando € todo teu “Tus uo mis Bont qu a Calin gue mores Carina) ) Operadores que conrapdem argumentosorentodas para concludes contérias: mas (gorém, contd, todavia, 0 etao, ‘),embora (ainda qu, posto que, apesar de (qu) et). ‘0 esquema de farcionamento do MAS (0 “operador srgv- smentaive por excldacia, segundo Duct ede sos similares € 0 Seguin: 0 Tocatorintrodiz em seu dicurso umn argumento poss vel para uma conclisio R; logo em seguda, péehe um arg ‘mento decisvo para 2 copclsio contriia ndo-R (~ R). Dict ‘itr esse esquama argumenttivo recomendo & ntéforn da ba- lang: lector coloca no pato A um aumento (a conjnio de ‘scgumentos) com o qual nose eng, ist que ode ser aus oo interlocutor, a terceirs, a um determinado grupo socal ot so saber comum de dterminada cultura; segui, coloea no rato 2 um argumento (ou eonjunto de agumenios) contro, 20 al Mere, fzendo a balana incinase nesta disso (ou sj, ente- choca no discus “voues” que alum de perspactes, de ontos de vista diferentes — é o fenémeno da polionia, 8 que volaremos a falar no item “Indies de Pelion’). CN PMASG==> mMo-ROR Exenpl: (00) A eine du can mio jogou mal, mar © avers fo Ielbore mersceu gun © oe R= Acquipe da cx “RA. equipe da Seria Be Gost nto mere. a eqige da 4 cavers fant joe fotmelior 00 nal (1) Eimbora 0 candidate se esse esforsado para eausar ‘bon impresio, ava mider © inegsrang Sera com fe no foe tleciondo. 1: © camidato poveria “Ri O candidat no foi fersidoseleciondo” qseleionsd> pO candida et +g) O canddato de- fowgowse part Sonar imi: cour bos ine comeing presto Do ponto de vst seminico, os operadores do grupo do MAS e os do grupo do EMBORA tn funcionameato semethant: les opéem argumentosenuncidos de perspectives frets, que ‘rent, portanio, para coeluses comtas. A dierenga euze (of dois grupos diz respeito A exratgia argumentative viata pelo lacttor no caso do MAS, ele emprega (Segundo E. Gin Tes) 9 “enradgia do suspense’, isto 6, faz com que vba & ‘mente do interloculor © conclusto R, para depois inreduir 0 36 argumeato (ou conjunto de arguments) que ik levar&concusio "Rao empregur 0 enbora, 0 lculr wile exrtéea de antec ado, ou sj, nunca, de ante, que o argument ieee elo embora val ser anulado, “nio vale". (ver tanbéoy Koc, 1986; Koch, 1989) HW) Operadores que tom por fungi ited no enunciads contedds pressposas: 8, ainda, agora, el. ‘Se digo: (22) Paulo mor 0 Rio meu eaucindo ao ence neahun peessposto, Se, poréa, ev diner (13) Pato ainda mors no Rio. (013) Paulo fo mera 0 Ro, Intodizoo presuposto de que Paulo morava no Rio anes. ‘em (14) Paulo agora mors 0 Ri. ‘© contd pressuposto 6 que Paulo no morava no Ro antetin- mene (item 2.) 1 Operadores que se disribuem em escals posts, 0 6 un dees faniona numa escalaeientada para «ofr total © © outo, mma escala oneatada para a nepardo toa. Ae ves, tis ‘operdoressio morfologicameaterelacianades, como € 0 caso de 1am pouc epouco. Observes: (5) Seré que Ana vai pasar no exam’? (152) Eta estadow um pouco (==> tem posibildade de pas- su) (150) Elnestudou poveo (=> provavenete no pasar) Grafcamente,tefamos a eguntes esas ESTUDOU qhiozmnoe exnadow mutsino sudou pougusine ‘rudou bastante “esudou mato pou fend um poco Tesdou pou’ ‘ése, asin, que 0 emprego de certos operadores cbedece a regras combinateias, ou Sj eles ndo enum nos mesos can textos argumertativos. E o que acntee também com quase ape as (6, somert), Por exerple: 16) R: 0 voto nko deveia er obeigto (6) Arg. 1: A maloria dot cdador 6 yo consiete- Ineie: OUASE 80%, (60) Ag, 2: Sto poucos, mesmo agora, 0 que Votum cons ‘ettemente: APENAS 30% [Notase que também aguio opera QUASE aponta para a sflmagéo da toaliade , por isso, s combina com a maior: 20 puss que 0 operador APENAS aricnta para npago da oid {0 qe pemit se eneadeamento com powca Exisem ainda outs tips de operadores argumestativos, sits das quais foram por mit extudidos no lcs A Coeso Textual nesta mesma clesso¢ Argwneniacdo e Linguage, para gust remo leitor para um mar aprofndanent da quests, (© que ¢ importante restalar, mais una ver, 6 qu dos exes ‘operadores fazem parte da gramica da lingua, Mas, coma & fel verifia, tats de elementos que por falta de tempo oa porous rnkes que no eabe agi dicate — 8 ‘tm merecido pouca steno 0s vos diaticotemas alas de ne a portugues, jf qu pertencem 3 clases gromaticai ivi ‘eis (adverbs, preposgies,conjungées, lcusées aves, p= postivas,comhatvs) ou, ent, so palavras que, de acondo com NOB. (Nomenclatura Gramatcl Brasileira) nio fram incl as em nenhuma das dex clases gramatiais, mereceno, ssn “elasifiagio & pane” (em visas gramdticas, so denomidas lavas denowaivas ou derowdares de incluso, de excusio, de refs, et.) Acontce,porém, que so justanene ess “pa lovrinhts” (tndicionalment desrtas come “eos elementos de ‘lag, desiuida de gualauer cone sextatico” a responsi ‘is em grande pate, pela fore epumentatve de nosso teios EXEMPLIFICACAO. ‘Testo 1— Caio Domingues & Associados Publcdade [Néw trabatamos com ida. As iden tm chiro, mas slgumas so percehidas de fogs, As dias no tan aman, ‘nar aleumat ocipam biblioteas, Ae idSne no ten dao, ‘mas sigumas nio morte Janais. Ns wabahmoe com l= {hmas ies. Lis que enitem por un ouvi eno salam plo out. ldéas que acendam a imaginasso déas que sr Silizem as pessoa logo se tansfonmem em sen, Bum pergo eaballar com idéine, Tem pene que tome de ‘meio. Mar quando a iia € boa, consistent cela de ge 62, maoria porta que se eaosca En eanos ecompen Sos. F410 anos que estamos esta Tue quaze no foo ‘eclamagSes. Felamente, engento houver homens, mactoos {ous bichos ns face da term, avers Ila, Melhor que ‘un bon idea, 9 ota iia melhor. L Se “0 ‘oda a pimcira parte do texto consruda sobre oposigées ssinaladas plo perador mas: feoeeseecteet at ceeareraeee L v a WU Retomando a metifora da balana, de Duco, verific-se que (0s apumentos eolocads no peat A onentam para contusi “é ‘um perigotbalhar com idfias” (i que elas no tén chiro, nem ‘amanho, em duraco,e, portato, “enram por um ouvidoe sem ‘elo our". Os argumentos do pritoB, por soa vez, oietam pa 1 conclasio opost: quando“ iis so boas, consents © chris de raga, "a mora gosta que se enrosca, de modo que {ais dias entra por um ouvido e (=mas no saem pelo outo.E (eraumente com este segundo tipo de itis qe a Caio Domin- rook de Associados Publcidade diz tbabar. Observes que, 20 ‘nuncio iii, dase “ns wabalhamos com i jogo da bala”, passe a dizer. ‘mos com alguna si. Quis? Justamente ala ("algunas") ‘ge so perceidss de long, ocupam bibliotces © no mortem ja- mis, das quis “a mora gota que se enrscs [Na segunda pat, tem-se nova opel: az mie women aa) atest, Se Tenet ioe ne Kong Isto 6, a msiora das pestoas (inclusive as engesasconcometes) tm med de tmbalhar com ins (v. "“prato” A do esquema ante- ri) 6 tem sucesso quem taal cam o segundo tipo de iis (prato" 5) ~ ese alguéa somos "NGS", que, por isso, amos econpensados, tanto que, "hi dex anes estamos nessa lute quase ter havido nenhuma reclanagio. Ao ulizar © quae, 0 leur se ‘eaguanie de uma posivelacusagio de isinceidade, mas diz re ticamente 0 mesmo, pais, como vines, ooperaderquase pence & scala que orients 0 seatdo da ttlidade, ou sa, aponta para imag da ttaidade (“no temos relma) (s dois enuncidos nas, peineraneate,retomam a afin: lo de que iadias todos tim: “homens, macacose outros bichs" Mas boas has (aquelas do pato™ 8) sso atribto de ua mi- ‘ora aga epresentada pela Caio Domingues, qu Ie peste, Inclusive, camenorar os primo 10 ant, com se 1620 paso inuemediano ene a dass colunae, Ito porge, por ter agulae (algunas) is, la no ser jamais ~ agora elacionando com a ihstragfo — uma espécie ameorado. (Espécie ameagada so ‘aguces qu témias buns, adopt" A.) No sendo uma esp cle ameagada, a Caio Domingues pode comemorr por antecipado (0s préxinas de anos (eno apeaas os de anos que se pass am), mesmo porque “melhor que una boa iia, 56 ow iia rmeloe’" ~ € 2 Cal tem ceneza de gue ted sempre iis ainda SreiQur sme Shopping News ~ 2308192 No texto, especifiamente argumentative (coments plc), pode-se verificar «inportnci dos operndoesargunentatvos ns ons do sentido, respomséveis gue io pela oiesagosrtt= ‘mentativa do texto. Alm destas marcas enicitvas (Qu seo contram crcl), hf vérias outs que serio extudadas 2 seguir ~ indicadores modus, marcadores de pressupesico, indicadors ssitudimais © avaitves, algunas das quis esto sablabadas 0 ‘exo, MARCADORES DE PRESSUPOSICAO Refec-me, no tem anterior, «elementos ingtitions—n0 cx so, os operadores argumentativos ~ que, quando presets 10 cnuncado, iaweduzem nele coneddos seméntcos sions 0s quai, em a presenga dees, no existriam. A esses comedies, que ficam & margem de dicussio, costumese chamar de presiposos As marcas que 06 intoduzem, mareadores de pressposzdo. ‘Ale dos operadores agienaivs i mencionads, existe oo- twos elementos lingicosintroduores de pessopostos, ene ce (gai podem citar: 1. Verbos que indian mudanga ou pemanéncia de estado, camo ficar, comesar a, passa a detzar de, conway, permane- er, tomar se, Pot exemple (16) Peso dixon de beter temos o conte presso- (1) Pedeo continu bebend em (18) Peo comegou # uabathar contest c Pedro nko bala” (19) Peo asso 8 rbalar ‘No texto I, espciicmeate argumentative (coment politic), Pode-se veifcar a impordncia dos opendoresargumenttivos ‘amsrago do sentido, responses queso pela orizatasoargu- rmeauive do texto. AM desas marae ennciiva (qe seo ‘coutram circalada), hvérias outs que serio extadada seguir ~ indicadores modi, marcadores de prssupsiio,infcadoes ‘tidiaals avalitive, algumas das quis exo sblihadas no texto, MARCADORES DE PRESSUPOSIGAO Referime, no ite antetior, a elementos lngltics — 0 cx 0, 06 operadores argunenttvos ~ que, quando presents m0 nuncio, intzem nele coneddos sendntces dcionis 0: unis, sem a preseagadeles, nfo exis. A estes conten, ‘cam & marge da discussto,coseuavsechamar de presnpoctos © As marcas que 0 intduzem, marcadores de presupoipdo ‘Al dos operadores agumectativos i mencionadte, existe oo twos elements lingiicosintrodutores de resuposze, cate ot (gai podem cia: 1. Verbas que indian mudanga ou permantncia de estado, ‘emo fear, comerar a, pass a, dettar de, continua, permane: cer, tamarse, ee. Por exemple x: (6) Pedeo deixou de beber temo 0 conte press posto: "Por bbl. (17 Pedeo continua bebendo Mem: (18) Paro comegon aba 9 comet pressuponio "Parone tala (49) Pedro pass a tabalhar 2. Verbor denominados “factvos”, isto &, questo comple- ‘mentados pela enunciagdo de um fo (ao que, No c80, € Pes ‘Posto de modo ger, lo veros de estado pricodgico como la ‘ment, asimar, emir, saber, et. Por exemple Tato | que Mara wae sido demi Co (= sao” | (21) Nilo sabia que Maia nba sho deta laments, ats, desconicest 0 foo Mt eo la qe 6 pat, pesos) be shar Se, en xe nn “rece respects eo agente sa ae) cao, qu con em peer caro a jase prespes Jftaneat le ue vet guono velar como rman ova tis demand ate. Econ {amoy, em eteloneno seam, pots e gn, ie dos (22) Lamentmon nfo acsitar cheques. ou recebemes (por extmplo, dé Srgos fanciadors) respostas (23) Lamentamos nfo poder sender 3 ue solicit. estes cass, 0 fo de nto actar cheques ou no poder etender ‘2 uma slctpao, que Inglisicamente & dado como presuposto, fst, jostanente, Sendo anunciad, isto é, constitu a informagso Principal. Tata-t, em perl, de uma forma de “atenuagio", 0 fj, um recuro para vecular de maneia crs una informasso (gue ao atee aos interes do ineroeutor. 4s 3. Ceres conectores cirunsancals,expecialmente quando (2 opto por eles inrodisida vom ancepota: donde que aes ue, depois qu, visto que, ec. Po exempo: (20 Dest a el fo naive comin as ‘ful ede acs) voices (25) Aries que Napolede mandasze fad Porigl,8one (Gp: Ripe man svar Praga) oD. oto wanser-ae pra o Bras (25) Vito que vod Jd conece ese ast, flemos deco (pe voc joes ene saa Estamos agi considera apenas os cats de pressposifo Uingisicameate marcada. Aquees que ndo we apreseatm com a- ‘gum tipo de marca lingiftica, si, por vezes, clasificados como sbemenddos, outs vezes como presspsies em seatdo an~ ‘plo ou, sinpleanents, come infertcis (Cf. cap. 1). Obeerve-e 0 seguints exemple: (22) Jorge comproa um Rolle Roy zero km. 14, este eounciado, vidios contesos implica: Jorge tem um cao, Jorge possla uma quanta em dinero eiiente (dle mesmo ow empresas, pooco impor) pars pagar car expe io, 4 Jorge ¢ metho partido que Afonso, aaa b, pode-se falar em pessuposigio linge, O verbo ‘comprar tn, sprosimadanente, a seguntedescrgio sini: «6 “fazer passe un objeto da posse de A para a pose de mediante ‘a entegn por BA, de una certa quanta em diablo”. Portanio, 2 pacer ater um cao eB ter tid quanta sufceate para poe merso so conte dos presuposos pelo verbo camprr. Jéeme, ‘xige-s do interlocutor determina conbecimento de mundo, itd 4, que 0 Rolls Royce 6 um dor cars de prego ms elevado, sida mas em se ttando de um modelo 20 kn. Quasto ad, £0 com texto que vai posibilar ex inferéci, on se, averse 04 mio ca Teta: $6 dias guts eso conversando a respeito de sus ‘Gtinas “congustar”,exalando-thes st qualidades, © una delas pronunca (27,6 bem posivel qe » outa atribun 20 enciado enti d. Tanto o caso de c como ded, parece pefrve! falar em _ibentndidos,reservandose 0 ero pressupases apenas PaO casos de pressopsigo linge (0 pincipis ios de modaldade apontados pea ie so: ecesiriopossvel cxtfinert, dvidoso brgatrotaclivo ‘Um mesmo contd proposiconl (cf. cap. 1) pode ser vie culo ob modalidades diferentes. Por exemplo: a (28) Hf neceatio que a goers termine poasvel que gra termine Cento qu agua va termine. E proviel que a gua termine. (29) # cbignterio o uo de cach E faculiaive ono de rachis [estes oxemplos, a modsldades esto lesclizadas sb fr ma de expresses cristalzadas do tipo "4 + adjeve'. Existem, no extant, diversas ouras formas de expresso da mola ‘cxtos advérbios cu locupdes adverbiais (avez, provavlnente, cetamene, possvelmeste, et); verbas auilares modals (pdt, ever, ee); consrugdes de cular + infntvo ier de + ifit- vo, procs (occessitar) + infinitive; dever + infinitive et}, “o- ragdes modalzadorat” (eno a crea de Qi. o vida de que hf posibilidade de. todos sabem que. et). Veja se 08 exempts abaixo: (20) Quem yi a cento,necestariamente psi pelo no¥0 slevado. ‘Quem vai ao centro deve pasar plo nove eleva. ‘Quen vl ao can tm de pasar pelo nov0slevado. GD Pessbetmente, viaje no donings. Talver eu vse no domingo. Pode ser qu ea Va bo dongs. 62) ( Corsmene ; le ta ecomenda Com certesa { Bn cero de ue { remeeeesea aa} oomte (63) Provevetmente ods vai subir de nove eta semana. ‘Acho provvel qu 0dr sua de novo eta semana. ‘imagine gue © Sar abet do nove eas sea. { Seomoa Creo gue (0 ar pode sbi de novo esta semana. (0 lar deve bir de nove ets sans. trv abi de novo ota ean. (4) Os candidator deverdo preventer documento de entice Exigese que of candiatos spresntem documento de Senda, Os cantiditos tendo de apresenar documesto de ‘ienedade, 1G obrigatoridade de apresentasSo do documento de Senta pow candiat im todos esses exemple, verific-se que, 90 contd pro- _posiconal, fi acrescetada a indicacto da madalidade sob a al cle deve sr iterpetado.E il perceber tab, qe: ‘una mesma modalidade pode ser expessaaravés de recurs Tingiticos (= exicalizags) de diferetes ios; », um mesmo inficador malal pode exprinir modaiddes dite renee, come 6 0 caso dos vebos dever © poder nos sepunts examples. (G5) a, Todos 8 candidate deve comarecer em te 50 al obrigstro)| , O tempo deve melhor anaahd (= ¢ posse) ‘© Vamos, a reunit deve ester comesando (= ¢provi= web, (G8) & Os candidatos podem apresentrse em ae expert- veo (= €facaativ). 1, Os projoe podem car nos prince meses (= 6 poe re. ° INDICADORES ATITUDINAIS, INDICES DE. AVALIACAO E DE DOMINIO ‘Ale dos indicadores de modaliade, exitem tanbén 05 i indore de attade 1 extado picolGpico com que o locstor represent dante dos enunciados que produ So exeapls: (21) Infeiomente, wh poster cfs. (65) Feltomente, singuém se machacos ma queda. (09) com praser (ato, ales) que 0 convid a fazer pet do noes oa (40) Annciames, pesarosament, 0 flecinente de nose (4) Francamente, no gosto de pesons exer. ‘A aide subjetiva do lector face de seu enunciao poe traduire também numa avaligdo on valorapto dos fos, este os o guides strbufde sum efeente, Slo, em eal, expes- ses adjtva formas nensiiadors, como: (42) O engenteiro restizoa um excelente bal, (43) 0 omdor fol exremament felis em mn expos, 16, sind, operadores que delimitam o dominio deat 40 qual oeauncindo deve se etedido (ex. 4 ¢ 45) ow 0 mado co ‘mo ele 6 formule peo ocutor ex. 46 4: (44) Polticamente, ee est desmorazade. (45) Geograteamente, © Best 6 um dot mio pases do ‘mando. (46) Renamidamene, pode-se dace que a desavega se dea ‘cept manele (4) Vou sordarconetsamenae exe aspect da gusto, ‘TEMPOS VERBAIS ‘Vimos, no captlo anterior, que, par Benveniste, 0 tempos ‘vetbaiscaracerizam ore orden do dscurso (scars imersbje- tiv), ora ordem da “bist (iscurso histric). Harald Wein- sich, um lingtistaslemfo, também toma 0s tempos vals como ‘base par a sua distinsio entre dois pos de attde comnicatva: © “mundo comeniao” (00 comentrio)¢ 0 "mundo narade (ou relat. Ves, tant, A Coesto Textual, nesta cleo; © “Aegumentag4o¢ Linguagen), "No mundo comenado, 0 lector esponstbiliz-se, compro ‘mete com agulo que enue, it 6, una ses mia do lecuter a0 sou emuncado,o qu cia una “tensio” ene os intr- loewbre que esto dietamenteeavolvids no dicurso; yo mundo narrado, a aitade do lcwtor 6 distesa,“elaxad: ees dso ‘i do seu dicuro,nlo compromet com relate 2 dito: sim Pleamente elon faos, sem inerferénca dita (embro-e 0 que ‘aia Benveniste com relasio& "hstra":€ como seo fos & ‘mumstem asi mesos) Segundo Weinrich, que tomou por base os tempos verbs do francs, sio tempos do mando cometiado: 0 presen, 0 futuro do presente, 0 "pss compost” (prelrito pfeil compost) ¢ todas 1 locagies verbal fomadas por ess tempos; e petencem 20 ‘mundo narrado, 0s prtétos imperteto, mais-ge-pertito, 0 “passé simple” (prettito petit), ftuco do presse todas 8 lecogGes cm que enum ete tempos, 1 pr se tratr de mundo comentado, que 88 manchetes de Jornal, em sua maior, uazen 0 veibo no presente, sinda que 0 st live ae saa discudido tenha acontecido no passado ou deva ocorc: luttucmentc), ¢, também, que, quando se resenha um filme, wn It vio, uma pega teatral, para fazer a critica, o argumento resumido (ti1z OS verbos no presente (ainda que a trama se passe no passado) Weinrich explica uma série de fenmenos lingiifsticos atravé: dessa teoria. Por exemplo, costuma-se dizer que os tempos da des crig&o s40 0 presente e o imperfeito do indicativo, sem, contudo, explicar 0 seu uso. Ora, diz 0 autor, quando a descrigao faz parte do mundo narrado (por ex., descrigéo de paisagens, ambientes c personagens na narrativa), usa-se o pretérito imperfeito; por outro lado, se ela aparece no mundo comentado (por ex., no corpo de um texto opinativo, critico, etc.), usa-se o presente. Também o discurso relatado € explicado por Weinrich com base na sua teoria dos tempos verbais. O discurso (estilo) direto pertence ao mundo comentado; 0 indireto, ao mundo narrado. Dat ‘a necessidade de, na passagem do estilo direto ao indireto (ou vice- versa) proceder-se 4 mudanga dos tempos — e também dos advér- bios temporais e locativos, além das pessoas verbais. O estilo indi- reto livre ficaria, segundo o autor, a meio caminho entre o mundo comentado e o narrado: € por isso que a “‘traducao’”” de um mundo para outro nao se realiza na integra. Além da atitude comunicativa, 0 sistema temporal do verbo permite, segundo Weinrich, indicar, também, a perspectiva e 0 relevo. Quanto a perspectiva, existem os tempos-zero (tempos-base, isto é, tempos sem perspectiva), em cada mundo: no comentado, 0 presente; no narrado, 0 pretérito perfeito e 0 pretérito imperfeito. A perspectiva retrospectiva, no mundo comentado € dada pelo pretérito perfeito composto e a prospectiva, pelo futuro do presente; no mundo narrado, a retrospectiva & assinalada pelo pretérito-mais-que-perfeito, € a prospectiva, pelo futuro do preté- rito. A indicacao do relevo ocorreria somente no mundo narrado: o pretérito perfeito simples indica o primeiro plano (agio propria- 52 uwnle dita) e 0 pretérito imperfeito, o segundo plano (pano de undo, ““‘background’’). No entanto a classificagéo dos tempos verbais de Weinrich, uc, como dissemos, tomou por base o francés, apresenta alguns problemas, pelo menos no tocante ao portugués: o mais sério deles * que, em nossa lingua, 0 pretérito perfeito simples € extremamente iicqtiente, tanto em textos do mundo comentado, como do mundo narrado. E preciso, pois, admitir sua presenca nos dois ““mundos”, cmbora com valores diferentes: no mundo narrado, ele € 0 tempo- sero, © tempo-base, sem perspectiva; no mundo comentado, o {cmpo-zero € 0 presente, e o pretérito perfeito tem valor retrospec- tivo com relag4o ao tempo-zero. Observem-se os esquemas: Pret. perf. simples Presente Pret. imperf. pret. mais- futuro do pret. perf. futuro do que-perfeito pretérito simples e presente composto retrospecgao prospecgao retrospecgao prospecgao mundo narrado mundo comentado Outra nog4o importante da teoria de Weinrich € a de metdfora temporal: pode ocorrer 0 emprego de um tempo de um dos mundos no interior do outro. Tal tempo tera, entéo, um valor metafdrico: 0 uso de um tempo do mundo comentado no interior do mundo nar- rado significa maior engajamento, atengAo, relevancia (por exem- plo, o uso do presente “histérico”’ ou narrativo); o emprego de um tempo do mundo narrado em um texto do mundo comentado signi- fica menor comprometimento, distancia, irrealidade, cortesia, etc. Vejam-se os exemplos. (48) a G1). 53 (48) A caravana caminhava lentamente pelo areal deserto. 1 repente, ouve-se um forte rufdo e, diante dos bedufnos assustados, surge um disco-voador. O uso do presente marca, nesse caso, 0 momento culminante, mais relevante da narrativa. (49) O presidente estaria disposto a negociar com os grevis- tas (trecho de uma notfcia de jornal), O jornalista niéo se compromete, nao assume a responsabili- dade do fato noticiado: quem o afirma é “alguém’’, alguma fonte autorizada, enfim, outra voz introduzida no discurso (tem-se, pois, outro caso de polifonia — cf. item “Indices de Polofonia’”’) (50) ““Agora eu era o herdédi e o meu cavalo sé falava in- glés...°? (Chico Buarque) — irrealidade (51) Vocé me emprestava (emprestaria)o caderno até ama- nha? — cortesia O uso dos tempos do mundo comentado torna um texto expli- citamente opinativo, critico, argumentativo. Isto nao significa, porém, que ndo se possa argumentar por meio de textos do mundo narrado, quer se trate de (aparentes) re- latos jornalisticos (texto I), quer de fabulas, alegorias, parabolas (texto I), casos em que, normalmente, a argumentacao se encontra velada, cabendo ao leitor/ouvinte des-cobri-la. Para tanto, podera servir-se de outros indices de subjetividade, entre os quais os estu- dados neste capitulo, bem como de seu conhecimento de mundo. Para comprovar 0 que estamos afirmando, basta ler atentamente os textos Ie U: 54 Texto I Concerto publico Deputado reintroduz o pianismo na Camara Na tarde de terga-feira, 17, 0 Congresso Nacional gastou apenas 20 minutos, das 1'h10 as 17h30, para aprovar 68 projetos ue crédito suplementar ao Orgamento de 1991. Tanta eficiéncia permitiu ao governo federal gastar mais Cr$ 5,3 trilhGes nos iltimos 14 dias do ano. Na ponta do lapis, deputadose senadores autorizaram Cr$ 265 bilhGes em despesas por minuto. No dia seguinte, no mesmo plenario, 75 deputados gastaram duas horas e meia em discursos de solidariedade ao colega Nilton Baiano (PMDB-ES), que fora flagrado no domin- go, 15, e na segunda, 16, votando duas vezes namesma sessao. De fato, o fotégrafo Gilberto Alves, do Jornal do Brasil, regis- trou os movimentos suspeitos de Baiano e a aparicdo, no painel de votagdes, do nome do deputado Jofo Baptista Motta (PSDB- ES), que divide apartamento com egageag se. Baiano. “Votaram pormim”, admi- tiu Motta, atribuindo a fraude a “algum canalha”. Em depoimento nao gravado a um jornalista, porém, o deputado capixaba confessou ter entrado em um motel de Brasilia na noite de sAbado, 14, e sé deixou o local na manha de segunda-feira, enquanto se votava no Congresso. O registro de seu nome lhe garantiria, assim, nao apenas o jeton mas um alibi para a escapadela. O presidente da Camara, Ibsen Pinheiro (PMDB- (PFL-PE), e 0 corregedor Waldir Pires (PDT-BA) tomaram conhecimento da ver- sao e esperavam confirmd-lacom o proprio deputado. “O que nfo se pode negar é que houve a fraude, mas falta apurar sua au- toria’, ponderava Pires. Os 75 deputados de todos os partidos (menos do PT) que se solidarizaram com Baiano preferiram nao ponderar nada e partiram, quase todos, para atacar a imprensa, que registrou a fraude. Anténio Britto (PMDB-RS), notabilizado por ter dito 4 Nacdo, durante 49 dias em 1985, que trazia “boas noticias” sobre a satide do moribundo Tancredo Neves, an- tes de anunciarsua morte, decidiu dar licdes de jornalismo: “Alerto os colegas jornalis- tas que se estd indo longe demais no cami- nho da presungiio”, presumiu antes de apu- rar os fatos. RS), seu vice, Inocéncio Oliveira Baiano: flagrante e solidariedade ISTOE — SENHOR, n? 1161 — 25/12/91 Texto II — Se os Tubarédes Fossem, Homens — Se os tubarées fossem homens — perguntou ao sr. Keu- ner a filha de sua empregada — seriam mais am4veis para com Os peixinhos? — Naturalmente, respondeu ele. Se os tubardes fossem ho- mens, construiriam no mar grandes reservat6rios para os pei- xinhos e os proveriam com todo o tipo de alimentos, tanto vegetais quanto animais. Cuidariam para que a 4gua dos re- servatérios estivesse sempre limpa e adotariam toda a sorte de medidas sanitdrias. Se, por exemplo, um peixinho se ferisse na barbatana, ime- diatamente se Ihe aplicaria uma atadura para que néo morres- se antes do tempo de ser comido pelos tubarées. Para que os peixinhos nao ficassem propensos A melancolia celebrar-se-iam, de tempo em tempo, grandes festas aquéti- cas, pois peixinhos alegres sio mais saborosos que peixinhos tristes. Evidentemente esses reservat6rios estariam equipados com suas escolas correspondentes. Os peixinhos aprenderiam nes- sas escolas como se deve nadar na garganta do tubaréo. Por exemplo, teriam de aprender geografia, a fim de saber onde encontrar os grandes tubar6es que vivem ociosamente em qualquer parte. Légico € que o mais importante seria a formac4o moral dos peixinhos. Dir-Ihes-iam que nfo h4 nada mais belo e sublime do que um peixinho que se sacrifica alegremente ec, também, que todos eles deveriam crer nos tubarGes, sobretudo crer que estes velam por sua felicidade futura. Ensinariam aos peixi- nhos que o futuro s6 estaria assegurado caso aprendessem obedientemente. Acima de tudo, os peixinhos deveriam fugir de qualquer inclinag4o baixa, materialista, egofsta e marxista, além de in- formar imediatamente aos tubarées quando, em qualquer um deles, se manifestassem tendéncias semelhantes. Claro que, se os tubardes fossem homens, também fariam pucrras entre si para conquistar outros reservatérios e peixi- uhos estrangeiros.. Ainda que deixassem os mesmos peixinhos lutarem nas batalhas. Diriam, também, que entre eles e os peixinhos de outros tubar6es existem profundas diferengas. Pregariam que os peixinhos, mesmo mudos, como todo mun- do sabe, calam-se em Ifnguas completamente distintas, sendo, por isso, impossfvel se entenderem uns aos outros. Cada pei- xinho que na guerra matasse dois dos peixinhos estrangeiros, inimigos, quer dizer, dos que calam em outra lingua, seria premiado com uma pequena condecoragao de algas e recebe- ria o tftulo de herdi. A arte também existiria, se os tubarédes fossem ho- mens. Pintar-se-iam lindos quadros representando os den- tes dos tubar6es com cores soberbas, suas gargantas flori- das tal qual jardins, onde se poderia “‘brincar’”’ delicio- samente. Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos peixezi- nhos nadando com entusiasmo nas gargantas dos tubar6es e a miisica seria tio encantadora que, aos seus acordes, todos os peixinhos, com a orquestra diante de si, se precipitariam, fantasiosamente e absortos pelas idéias mais sublimes, nas gargantas dos tubar6es. Tampouco nao faltaria uma religiao se os tubardes fossem homens. Ela pregaria que a verdadeira vida dos peixezinhos s6 comega na barriga dos tubarées. Além disso, se os tuba- rées fossem homens, os peixezinhos j4 n4éo seriam como sao agora. Alguns obteriam cargos e se colocariam por cima dos demais peixinhos, Os que fossem um pouco maiores pode- riam, inclusive, comer os menores. Isso proporcionaria exce- lentes resultados aos tubarGes, pois assim poderiam obter mais freqiientemente porgdes maiores. E os peixinhos maiores que obtiveram os cargos cuidariam para que reinasse a ordem entre os peixezinhos, a fim de que estes chegassem a ser: pro- fessores, oficiais, engenheiros, construtores de reservat6rios € etc. Enfim, a civilizacg4o reinaria, pela primeira vez, se os tu- bardes fossem homens. Brecht, Bertolt Si los Tiburones fueran Hombres in Historias del Senér Keuner 56 57 INDICES DE POLIFONIA O termo polifonia designa o fendmeno pelo qual, num mesmo texto, se fazem ouvir “‘vozes” que falam de perspectivas ou pontos de vista diferentes com as quais o locutor se identifica ou nav. Existem determinadas formas lingiifsticas que funcionam como {n- dices, no texto, da presenga de outra voz. Entre estas, podem-se mencionar: Determinados operadores argumentativos, como: a. ao contrario, pelo contrdrio. Exemplo: (50) Roberto nado € um traidor. Pelo contrdrio, tem-se mos- trado um bom amigo. O enunciado introduzido por pelo contrdrio nao se opée a “Roberto néo é um traidor”: ndo ser um traidor e ser um bom amigo nao se op6em, mas orientam na mesma direcdo. Como ex- plicar a presenga da forma pelo contrdrio? E que, na verdade, em (50) faz-se ouvir uma outra “voz” que afirma ser Roberto um trai- dor ¢ é a esta afirmagao implicita que se dirige o operador pelo contrdrio. b. os operadores pertencentes ao grupo do MAS e do EMBORA: o argumento p é sempre atribuido a uma outra voz, & qual se reco- nhece uma certa legitimidade, se dA uma certa acolhida no interior do discurso como um argumento possivel para a conclusdo R (me- canismo “liberal”, segundo Ducrot e Vogt), mas 4 qual se opde um argumento préprio g, mais forte, que deve levar 4 conclusao oposta. c. OS operadores conclusivos, particularmente em casos em que nao se enuncia um dos argumentos (a premissa maior) para a con- cluséo a que se deseja levar o interlocutor, por se tratar de uma 38 maxima, um provérbio, uma “‘verdade”’ aceita na cultura em que se vive (essa voz “ressoa”’ no discurso). Por exemplo: (51) Carlos € dorminhoco. Nao pode, portanto, vencer na vida. (‘Quem cedo madruga, Deus ajuda’’.) Nesse caso, 0 locutor adere, concorda com a premissa poli- jonicamente introduzida, argumentando no mesmo sentido. os marcadores de pressuposicao Segundo Ducrot, 0 contetido pressuposto por esses marcado- res nao é de responsabilidade exclusiva do locutor, mas sim é algo partilhado por ele e seu interlocutor, por ele e por terceiros, ou por toda a comunidade a que pertence. Se digo: (52) Mariana continua linda. © pressuposto de que Mariana j4 era linda é partilhado com mais alguém, no minimo, com 0 interlocutor. 0 uso do futuro do pretérito como metdéfora temporal Vimos que, nesse caso, o locutor nao se responsabiliza pelo _ que é dito, atribuindo-o a outrem, Ex.: . (53) O técnico do Corinthians estaria disposto a se demitir. (ndo sou eu que o digo, ouvi dizer, “‘alguém’’ falou). o uso de aspas O uso de aspas é freqiientemente um modo de manter dis- tancia do que se diz, colocando-o “‘na boca” de outros, Exemplo: 59 ee . . ~ (54) AS carrogas’” brasileiras estdo cada vez mais solis ticadas. Sao também explicdveis em termos de polifonia muitos fend- menos como a intertextualidade (cf. Koch & Travaglia, 1990; Ko- ch, 1991), a ironia, o discurso indireto livre, entre outros. Pelas reflexdes feitas neste capitulo, fica patente que a argu- mentatividade permeia todo o uso da linguagem humana, fazendo- se presente em qualquer tipo de texto e ndo apenas naqueles tradi- cionalmente classificados como argumentativos. Como j& disse nao ha texto neutro, objetivo, imparcial: 0s indices de subjetivida- de se introjetam no discurso, permitindo que se capte a sua orienta- gao_argumentativa. A pretensa neutralidade de alguns discursos (0 cientifico, 0 diddtico, entre outros) é apenas uma mascara, uma forma de representagdo (teatral): o locutor se representa no texto ‘como se”’ fosse neutro, “como se” nao estivesse engajado, com- prometido, “como se” nao estivesse tentando orientar o outro para determinadas conclusGes, no sentido de obter dele determinados comportamentos e reagdes. Para reforgar a conclusdo a respeito da argumentatividade presente no discurso, examinem-se os textos a seguir. Texto I- Um Tempo Novo, Numa Nova Politica? (Raymundo Faoro) CEnquantOndo chega o inglério e vergonhoso fim, quem fala pela Nagao sao as ruas. O que impressiona Gi ©a idade dos manifestantes — uma grande parte eleitores de primeira viagem -, {mas)o contetido de seu protesto e, eventualmente, de sua mensa- gemsAté aqui} as vozes populares pediam alguma coisa de outrem - dos politicos, dos militares, do governo, os “salvadores” de outrora. O homem, no palco dos protestos, nao era, ele préprio,o |. agente da aco. O fato que se queria, o fato que se esperava, obedecia a um sistema que Max Weber chamava de “escatologia @ messianica”. O processo escatolégico, que trata dos uitimos dias “= a da criagdo, “consiste entéo numa transformagio politica € social deste mundo. Um herdi poderoso, ou um deus, viré—logo, mais tarde, algum dia—e colocar4 seus adeptos na posigdo que merecem no ‘nundo"CAgoR o objetivo esta na propria participacio, nas passeatas e nas vigilias, os politicos, os militares, as associacGes so, s6 € puramente, uma projegao dos manifestantes. (Sendo sobrevier um acidente, estes so dias que, depois que passarem, vao deixar asua marca no Pais. A sociédade civil, nas ruas, nas pragas, nas grandes € nas pequenas cidades, presente em todos os com{cios, proclama sua emancipagiio do poder politico. Na véspera da guerra da independéncia de seu pais, Thomas Paine sentiu o calor desse vendaval. © governo, péde ele sentir, Ihe pareceu como um traje descartavel, o emblema da inocéncia perdida: os paldcios esto construfdos sobre as drvores caidas do paraiso. O governo, como poder pitimidade da ouigem, se desvia da sua orbita, maculando a legitimidade da origem pela ilegitimidade do exercicio. O principe, atolado na corrup¢ao e no abuso de poder, transforma-se num corpo estranho dentro da sociedade. Estamos a repetir, num episédio s6_aparentemente_efémero, toda uma fase da historia européla. Repetir, me parece {nao Ocopiar, «aas) diante de igual experiéncia, criar e recriar um roteiro. Que ninguém se engane: o povo nao est4 a pedir a agao dos’ congressistas para que decretem 0 impeachment do presidente da Republica. O povo esté, por sua conta, decepcionado de seus representantes, decretando, inapelavelmente, o impeachment, que os polfticos confirmarao ou nao. E, 6@)for validada a vontade popular, o que acontecer4? Acontecerd alguma coisacom os politicos, nada aconteceré como povo, subitamente emancipado do poder politico. Estaé—como se dizia h4 pouco —areproducdo da histéria européia, que, por iguais caminhos, descobriu — ou inventou —a soberania popular. Estamos a aprender que a soberania popularqgosnasce de um documento, a Constituigdogheitpdo titulo de eleitor asda aco politica, na hora em que a agdo politica percebe que dela depende a existéncia ou a queda do governo. Tudo comegou, fora daqui, como agora € agui— coma resisténcia ao poder. Fora daqui, o comego se deu em decorrencia da Opressao por motivo religioso. Em torno da Opressio espanhola na Holanda e da noite de Sao Bartolomeu, no século XVI, filtrou- sea idéia de que era Ifcito — licito, obrigatério e necessdrio — reagir contra o opressor, fosse ele um usurpador ou um governante que trai 0 povo. Um dos criadores dadoutrina firmon, sobre essa pedra, as bases do constitucionalismo. Os eleitores do principe (entdo um corpo restrito) se reservam o direito de remové-loGg abusando do mandato, se corrompe, abusa das fungdes ou se revela um tirano. Essa é, remotamente, a base do impeachment, na verdade um direito de resisténcia legalizado e constitucionalizado. ) se no direito de resisténcia esté a descoberta da soberania popular, nem tudo acaba se os representantes do povo a ele forem infiéis, no exercicio delegado do direito de resisténcia. Nessa hipétese, trata-se de arredar@ao 60 alvo do impeachment mas taTEETS OF agerites que devem promové-lo. A quebra de confianga — breach of trust, dizia Locke, cuja doutrina € a expresso acabada do movimento europeu de resisténcia contra o poder—ge situa agora em duas instancias, na insta cia superior ¢ ngs instancias intermedia 6) na verdade, o que esta nas prada dsed mulidiodayamulido portadora da soberania popular, os mandatérios infiéis se cuidem — eles, na sua queda, podem arrasiar,Chad)as instituicdes, Gnas}o simulacro que quiserem pér, falsamente, em seu lugar. L a ISTOE-SENHOR, nt 1196 — 2/19/1992 61 een ST SE BIBLIOGRAFIA COMENTADA el AUSTIN, J. L. How to do things with words. N. York, Oxford University Press, 1965. Obra cl4ssica em que o autor coloca os fundamentos da Teo- ria dos Atos de Fala. BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. Tradugao bra- sileira: Sado Paulo, Hucitec, 22 ed., 1981. (Original russo: 1929.) Obra pioneira em que o autor discute a dialogicidade presente em todo o uso da linguagem. BANGE, P. Points de vue sur ]’analyse conversationnelle. 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Leitura indispens4vel para quem deseja inteirar-se das ques- tdes ligadas 4 interlocucéo e para aqueles que se preocupam com o ensino/aprendizagem de lingua materna. GOFFMAN, E. “Footing”. Semidtica 25:1 — 29. Artigo dos mais interessantes sobre as estratégias utilizadas na interagao face a face. . Interaction Ritual: essaies on face-to-face behavior. Nova York, Garden City, 1967. Um dos mais importantes trabalhos do autor, em que ele de- senvolve a teoria das ‘“‘faces’” (positiva e negativa) e discute as estratégias de “‘preservagao da face”. 112 GRICE, H. P. “Logic and conversation”. In COLE, P. & J. L. MORGAN (eds.) Syntax and Semantics, vol. 8, Nova York, Academic Press, 1975: 41-48. Artigo em que o autor desenvolve a sua légica conversacio- nal, que se esteia no Princfpio da Cooperagao ¢ nas Maximas dele decorrentes.. GULICH, E. & T. KOTSCHI. “Les marqueurs de Ja reformulation paraphrastique”. Cahiers de Linguistique Francaise 5; 305-351. Um dos estudos mais importantes dos marcadores de refor- mulacio parafrastica. GUIMARAES, E. R. J. Texto e Argumentacdo. Campinas, Pontes, 1987, Estudo minucioso da fungdo argumentativa das conjungodes do portugués, 4 luz da Semantica da Enunciagao. KOCH, Ingedore G. V. A coesdo textual. Sao Paulo, Contexto, 1989. . Argumentacdo e Linguagem. Sao Paulo, Cortez, 1984. “Intertextualidade e polifonia: um sé fendmeno?” D.E.L.T.A., vol. 7, n° 2, 1991: 529-541. _ & L.C. TRAVAGLIA. A coeréncia textual. Sao Paulo, Contexto, 1990. . & LC. TRAVAGLIA. Texto e Coeréncia. Sao Paulo, Cortez, 1989. KOCH, I. G. V.; JUBRAN, C. C. S.; RISSO, M. S.; URBANO, H.; MARCUSCHI, L. A.; FAVERO, L. L.; SANTOS, M. C. O. T. Aspectos do processamento do fluxo de informagao no discurso oral dialogado. Jn: Gramdtica do Portugués Falado vol. I: A ordem, A. T. CASTILHO (org.), Campinas, Ed. Unicamp/Fapesp, 1990: 143-184. KOCH, IL G. V.; FAVERO, L. L.; JUBRAN, C. C. S.; MAR- CUSCHI, L. A.; RISSO, M. S.; TRAVAGLIA, L. 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Sao Paulo, Contex- to, 1992. - Colet&inea com traducdes de alguns dos mais importantes tra- balhos do autor na década de 80, em que discute questoes li- gadas A compreensao, recordacao, sumarizacao e produgao de textos. ; VOGT, C. Linguagem, Pragmdtica, Ideologia. S40 Paulo, Huci- tec/Funcamp, 1980. ; Obra bdsica para quem se interessa por questoes da Semanti- ca Argumentativa e pela visio de linguagem como represcn- taco, como lugar de constituigao das identidades. WEINRICH, H. Tempus: besprochene und erzdhite Welt. Sttutgart, Klett, 1964. Trad. francesa: Le Temps (Ed. du Seuil); trad. espanhola: Estructura y funcidn de los tempos en el lenguage (Ed. Gredos). Trabalho em que o autor apresenta suas teorias dos tempos verbais, com farta exemplificagao em obras literaérias e nao- literarias. 115

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