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(Mie Revista Cientifica do Departamento de Ciéncias Juridicas, Politicas e Gerenciais do Uni-BH uai-bh A RESSOCIALIZACAO DO PRESO NO BRASIL E SUAS CONSEQUENCIAS PARA A SOCIEDADE Maria Alice de Miranda dos Santos. Graduada em Direito e Pedagogia pelo Centro Universitario de Belo Horizonte — UNI-BH Gustavo Bernardes Rodrigues — Professor orientador do trabalho de conclusdo de curso Professor de Direito Penal e Processual Penal do Centro Universitario de Belo Horizonte — UNI-BH. Graduado em Direito pela Pontificia Universidade Catolica de Minas Gerais. Especialista em Ciéncias Penais pela Pontificia Universidade Catdlica de Minas Gerais. Advagado Criminalista ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br & Revista Cientifica do Departamento de Ciéncias Juridicas, Politicas e Gerenciais do Uni-BH RESUMO, presente artigo trata de um assunto bastante discutido na atualidade que é a ressocializa¢4o do preso no Brasil € suas consequéncias para a sociedade, isto Porque, a pena restritiva de liberdade entre outras tungdes visa 4 ressocializagao do preso para que este possa ser reintegrado @ sociedade. Contudo, o que se verifica na pratica € que as prises nao ressocializam, pelo contrario, acarretam sobre a pessoa do encarcerado inimeros efeitos negativas, os quails contribuem para permanéncia deste na criminalidade. Os presos, em geral, saem da priso piores do que entraram, ¢ inseridos novamente na sociedade, voltam a delinquir. A faléncia do sistema prisional brasileiro contribuiu para o surgimento de varias sociedades paralelas dentro das pris6es. A atuacao destas organizagées criminosas dentro das prisdes brasileiras traz graves consequéncias a sociedade, pois esta sofre com 0 aumento da criminalidade. Convém destacar que, apesar das falhas existentes no atual sistema penitencidrio brasileiro, a progress4o de regime € um importante mecanismo para a ressacializa¢ao do apenado. No entanta, é imprescindivel que o sistema carcerario seja_urgentemente reformado, pois a ressocializacéo (recuperaco) do apenado s6 sera passivel com a implementacdo de um sistema prisional racional € humano ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br & Revista Cientifica do Departamento de Ciéncias Juridicas, Politicas e Gerenciais do Uni-BH i: bin Palavras-chave: 1 - Pena. 2 - Ressocializagao. 3 - Sociedade ABSTRACT This article is a subject fairly discussed today which is the resocialization prisoner in Brazil and its consequences for society, this is because, the sentence restrictive of freedom among other functions aims to resocialization prisoner to be reinstated to the society. However, what happens in practice is that prisons not ressocializa, on the contrary, brings about the person of imprisoned many negative effects, which contribute to stay this offence. The prisoners, in General, leaving the prison worse than entered, and re-entered in society are delinquency. The bankruptcy of the Brazilian prison system contributed to the emergence of multiple parallel societies within prisons. The presence of these offence organisations within the Brazilian prisons behind serious consequences to society, because it suffers from the increase in offence. It should be stressed that, despite the flaws exist in current Brazilian penitentiary system, progression scheme is an important mechanism for the resocialization of imprisoned. However, it is vital that the system's prison is urgently reformed, because resocialization (recovery) of apenado will only be possible with the implementation of a rational and humane prison system Descriptors: 1 - Punishment. 2 - Resocialization. 3 - Society. ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br & Revista Cientifica do Departamento de Ciéncias Juridicas, Politicas e Gerenciais do Uni-BH ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 41. INTRODUGAO Esta pesquisa tem por objetivo demonstrar as falhas existentes durante a fase de execugao da pena no sistema penitenciario, 0 que consequentemente acarreta prejuizos @ ressocializagao do preso, bem como para a sociedade primeiro passo desta pesquisa abordara um aspecto relevante que é a fungao da pena. E para que se possa alcancar melhor entendimento do tema tracar- s€-4 0 conceito de pena € as teorias sobre a funcdo da pena Faz-se necessario ainda estabelecer um breve estudo a respeito da ressocializa¢o como finalidade da execucdo da pena privativa de liberdade. Os individuos que comentem agressées ao ordenamento juridico so julgados mediante 0 devido processo legal e penalmente condenado com base nos indicios suficientes de autoria € materialidade. A regra, é a garantia de liberdade para todos os individuos. Porém, aquele que cometer uma infrag&o penal, tera a sua liberdade restrita Destaca-se que no Brasil, 0 cumprimento de pena restritiva de liberdade visa @ reinsergéo do preso a sociedade. Sendo assim, tal individuo, durante o cumprimento de sua pena, deve ter acesso aos meios que possibilitem a sua reeducacao, garantindo assim a sua readaptacdo ao convivio social ao final da sua condenagao. Ora, sendo a ressocializagaa (reeducagao) a finalidade da execucao da pena privativa de liberdade, surge entéo o seguinte questionamento: Quais as conseqUéncias decorrentes da inexist€ncia de medidas ressocializadoras quando do cumprimento da pena privativa de liberdade pelo apenado? Para responder a tal questionamento os préximos capitulos versardo, ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br respectivamente, sobre a pris4o e suas consequéncias ao encarcerado, € sobre a existéncia de sociedades paralelas dentro das prisdes. Nesses capitulos, verificar- se-40 as consequéncias para o preso e para a sociedade diante da auséncia de medidas ressocializadoras nos sistemas penitencidrio brasileiros. Isto porque, as falhas presentes no sistema penitenciario brasileiros contribuem para o fomento da criminalidade. E imprescindivel tecer algumas consideragdes acerca da necessidade de ressocializagao do apenado apesar da pena. Nesse ponto, frisa-se a importancia do sistema de progresséo de regime para a ressocializacéo do condenado. Sera analisado 0 beneficio desde sistema para os apenados e para a sociedade, bem como apontados os requisitos necessarios para a sua concessao. Por fim, sera abordado diante da atual realidade do sistema carcerario brasileiro a necessidade de um sistema prisional racional e humano, que realmente recupere a apenado, mas que acima de tudo respeite os direitos deste. Enfim, buscou-se com o trabalho proporcionar construg4o singela sobre os delineamentos doutrinarios acerca da ressocializacdo dos presos nas penitenciarias brasileiras © suas consequéncias para a sociedade. A pesquisa contribuira para ampliar os conhecimentos concerentes ao tema ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 2 FUNGAO DA PENA 2.1 Conceito de pena Antes de adentrar no estudo da funcdo da pena faz-se necessario estabelecer © conceito de pena. Etimologicamente a palavra pena segundo (FERREIRA, 1999, p. 974) significa uni¢o, castigo imposto por lei a algum crime, delito ou contravengaa" Para Edgard Magalhaes Noronha: A pena € retribuigo, & privagao de bens juridicos, imposta ao criminoso em face do ato praticado. & expiagdo. Antes de escrito nos Cédigos, est profundamente radicado na consciéncia de cada um que aquelé que Draticou um mal deve também um mal sofrer. Nao se trata da lex talionis, € ara isso a humanidade ja viveu e sofreu mutt; porém é imanente em todos 1nés o sentimento de ser retribuirdo do mal feito delinquente. No como afirmago de vindita, mas como demonstragao de que o direto postergado protesta ¢ reage, no apenas em fungdo do individuo, mas também da sotiedade, (NORONHA, 1999, p. 226) Pode-se definir a pena como uma retribuigéo ao agente infrator, em ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br decorréncia de um mal injusto por ele praticado A pena na concepcio de Rogério Greco (2007, p. 483) é a ] consequéncia natural imposta pelo Estado quando alguém pratica uma intracao penal. Quando 0 agente comete um fato tipico, ilicito e culpavel, abre-se a possibilidade para o Estado de fazer valer 0 seu ius punienar E 0 que também propugna Cezar Roberto Bitencourt (2004, p. 71-72): “[.] a pena é concebida como um mal que deve ser Imposto ao autor de um delito para que expie sua culpa. Isso ndo é outra coisa que a concepedo retributiva da pena Assim, os individuos que praticam infragées penais sero penalizados pelo Estado. Isto é, 0 Estado atribui, através da fixa¢do da pena, um castigo ao infrator. Aduz Cezar Roberto Bitencourt (2001, p. 103) que a “Pena e Estado so conceitos intimamente ligados entre si. O desenvolvimento do Estado esta intimamente ligado ao da pena” Conclui Eugenio Raul Zaffaroni (2001, p. 204) que a pena é *[...] qualquer sofrimento ou privagao € algum bem au direita que ndo resulte racionalmente adequado a algum dos modelos de solug40 de conflito dos demais ramos do direito.” Nesse sentido, Juarez Cirino das Santos ensina que: ‘A pena criminal & definida como consequéncia juridica do crime, e representa, pela natureza e intensidade, a medida da reprovagdo\de sujeitos imputdvels, pela realizago nao justicada de um tipo de crime, em situa¢o de consciéncia da antijuricidade (real ou possivel) & de exigibilidade de conduta diversa, que definem 0 conceito de fato punivel (SANTOS, 2005, p. 60) Portanto, a pena criminal é consequéncia do mal injusto praticado pelo agente infrator, visa penalizé-o, reprovar sua conduta, sendo que incumbe ao Estado, apés 0 devido proceso legal, sua aplicacao ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 2.2 Teorias sobre a fungao da pena 2.2.1 Teoria retributiva ou absoluta da pena Iniciaimente, faz-se oportuno mencionar, bem como explica Cezar Roberto Bitencourt (2001, p. 106) que com a “concepedo liberal de Estado” a pena perde o seu “[..] fundamento baseado na ja dissolvida identidade entre Deus e soberano, religiao e Estado". A partir de entéo a pena passa a ter tao somente o cardter retributivo Acerca da teoria retributiva ou absoluta da pena Cezar Roberto Bitencourt comenta que: Segundo esse esquema retribucionista, ¢ atribuida a pena, exclusivamente, a dificil incumbéncia de realizar a justica. A pena tem como fim fazer justia, nada mais. A culpa do autor deve ser compensada com a imposi¢go de um imal, que é a pena, ¢ 0 fundamento da sancdo estatal esta no questionavel livte-arbitrio, entendido como a capatidade de deciséo do homem para dlistinguir entre o justo e 0 injusto. (BITENCOURT, 2001, p. 106-107). Prossegue 0 autor: Por meio da imposiggo da pena absoluta néo é possivel imaginar nenhum ‘outro fim que no seja Unico ¢ exclusivamente o de realizar a justica. A pena 4 um fim em si mesma. Com a aplicapgo da pena consegue-se a realizagao dajusti¢a, que exige, diante do mal causado, um castigo que compense tal ‘male retribua, a0 mesmo tempo, 0 seu autor. Castiga-se quia peccatur est, isto 4, porque delinguiu, 0 que equivale a dizer que a pena é simplesmente 2 consequéncia juridico-penal do delto praticado. (BITENCOURT, 2001 . 107, arifo do autor) ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 10 Segundo a teoria retributiva ou absoluta da pena a justica é alcancada tao somente com a aplicag4o da pena, ou seja, a pena visa apenas retribuir ao autor do crime o mal por ele praticado Claro é, coma afirma Edgard Magalhaes Noronha, que a teoria retributiva ou absoluta da pena [LJ funda-se numa exigncia de justiga: pune-se porque se cometeu crime (bunir quia peccatum est). Negam, elas utiitérios 4 pena, que explica plenamente pela retribuipgo juridica. € ela simples consequéncia do delta: € ‘© mal justo oposto ao mal injusto do crime. (NORONHA, 1999, p. 225, grfo do auton). Observa-se que a funcdo da pena é consequencia da infraco cometida pelo agente, busca apenas a retribuic40 ao crime cometido. Partanto, na teoria retributiva ou absoluta da pena nao ha que se falar numa fun¢o social da pena, eis que esta possui tao somente o carater recompensativo Isto é 0 que afirma Juarez Cirino dos Santos: A pena como retribuiggo do crime, no sentido religiaso de expiagdo ou no sentido juridico de compensago da culpabllidade, caracteristica do Direto Penal cléssico, representa a imposi¢o de um mal justo contra o mal injusto do crime, necesséria para realizar justiga ou restabelecer 0 Diteto [..] (SANTOS, 2006, p. 34, grifo do autor) Sobre o tema, Cezar Raberto Bitencourt salienta que’ Tradiclonalmente so destacados Kant e Hegel como os principais representantes das teorias absolutas da pena_E notéria, no entanto, particular diferenga entre uma e outra formulago: enquanto em Kant a fundamentacdo & ordem ética, em Hegel é de ordem Juridica (BITENCOURT, 2001, p. 108) Na concep¢do Kantiana, bem como dispée Cezar Roberto Bitencourt ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br " LJ 0 réu deve ser castigado pela tnica razdo de haver delinauido, sem nenhuma considera¢o sobre a utiidade da pena para ele ou para os demais integrantes da sociedade. Com esse argumento, Kantt nega toda e qualauer funedo preventva ~ especial ou geral da pena. (BITENCOURT, 2001, p. 111). Cezar Roberto Bitencourt (2001, p. 113) comenta ainda que na concepcao de Hegel "[...] a pena é alesdo, ou melhor, a maneira de compensar o delito e recuperar © equilibria perdido” Ou seja, a pena tem a funcdo de restabelecer o equilibrio perdido com a pratica do crime Como ressalta Rogério Greco (2007, p. 487) "a sociedade, em geral, contenta-se com esta finalidade, porque tende a se satisfazer com essa espécie de Pagamento ou compensacdo feita pelo condenado, desde que, obviamente, seja privativa de liberdade" Nesse contexto, Eugenio Raul Zaffaroni explica que: Ja, conforme sejam: No retribucionismo, que no enffenta a ctise de legttimidade do sistema penal, mas que a evita sem resolvé-la, deve também ser incluida a relterapo atual da versdo anglo-saxdnica de Hart, para quem a pena se legitima em fungo de dois principios: 0 da igualdade ¢ 0 da liberdade. 0 principio da iguaidade significa que, quando alguém vive em sociedade sem Violar 0 direito, encontra-se em uma situagdo diferente daquele que o faz Violando o direito, depreendendo-se, portanto, anecessidade de retribuir a0 violador do direito o mal que causou. © “principio da liberdade”, por seu lado, pressupde que o viador do direto j4 calcula a pena de modo que, na opcao pela violacdo do direito, ja se encontra a opgao pelo castigo. (ZAFFARONI, 2001, p. 81, crito nésso) ressalta Alessandro Baratta, a pena tem dupla tun¢do, quais a) a pena serve @ satistagdo da necessidade inconsciente de punigo que impede a uma ago proibida; b) a pena satisfaz tamhém a necessidade de unico da sociedade, através de sua inconstigncia identiicagdo com o delinquente, (BARATTA, 2002, p. 51). ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 12 Percebe-se que, a func4o retributiva ou absoluta da pena satistaz os anseios or justiga da sociedade. A pena visa punir um mal injusto. Acredita-se que 0 agente Infrator quando da viotago da lei ja tem plena consciéncia que sera punido, ou seja, ao violar a lei, ele opta pela puni¢ao Por outro lado, Cezar Roberto Bitencourt (2001, p. 113) tece duras criticas a teoria da fungao retributiva ou absoluta da pena. Argumenta que: “O direito penal e, por conseguinte, a pena buscam fins bem mais racionais: tornar possivel a convivéncia social. A metafisica necessidade de realizar a justiga excede os fins do direito penal”. (BITENCOURT, 2001, p. 113) Convém mencionar que atualmente a fun¢do da pena perdeu o seu carater puramente punitive (retributivo), conforme sera demonstrada a seguir a pena adquiriu também a funcdo ressocializadora 2.2.2 Teoria preventiva ou relativa da pena A teoria preventiva ou relativa da pena distingue-se da teoria retributiva da pena ou absoluta. A teoria em estudo atribui a pena um cardter preventivo, au seja, @ principal fun¢4o da pena é a prevenedo, inibindo, desta maneira, 0 cometimento de Novos delitos pelo mesmo infrator € intimidar potenciais delinquentes Segundo Cezar Roberto Bitencourt Para as teorias preventivas, a pena néo visa retribuir 0 fato deliivo cometido @ sim preveni a sua comissdo. Se 0 castigo ao autor do delto se impdem, segundo a légica das teorias absolutas, quia pecctum est, somente delinquiu, nas teorias relativas a pena se impée ut ne peccetur, isto &, para ‘que néo votte a delinguir. (BITENCOURT, 2001, p. 121) Em sintese, esta teoria, bem como salienta Edgard Magalhaes Noronha, visa ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 13 um [1 fim utiitério para @ punigo. © delito ndo & causa da pena, mas ocasiéo ara que seja aplicada. Na repousa na idéia de justiga, mas de necessidade Social (punir ne peccetun). Deve ela dirigi-s2 na s6 ao que delinquiu, mas advertir aos delinquents em potencial que _ndo cometam. crime Consequentemente, possui um fim que € a prevengdo geral e particular. (NORONHA, 1999, p. 225, grifo do autor), Vale ressaltar que a teoria preventiva ou relativa da pena é subdivide em prevencdo geral e prevencao especial 1 Prevengdo geral Nos dizeres de Edgard Magalhaes Noronha (1999, p. 226) a preven¢do geral “[..1 dirige-se 4 sociedade, tem por escopo intimidar os propensos a delinquir, os que tangenciam 0 Cédigo Penal, os destituldos de freios inibitorios seguros, advertindo- os de nao transgredirem 0 minimo ético © objetivo da teoria prevenco geral da pena, conforme ressaltar Juarez Cirina dos Santos (2005, p. 9, grifo do autor) é “[...] evitar crimes futuros mediante uma farma negativa antiga e uma forma positiva pos-maderna’. Portanto, a teoria da prevencdo geral subdivide-se em positiva € negativa, confarme sera exposto a seguir 2.2.2.1.1 Prevengao geral negativa ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 14 A prevencdo geral negativa baseia-se na intimidagda. Isto porque, a aplicago da pena ao infrator serviria de exemplo para os demais individuos, colbindo desta forma, a pratica de novos delitos. Portanto, a func4o da pena néo é retribuir ao infrator 0 mal injusto, mas inibir com a aplicacdo desta a pratica de novos crimes A esse respeito, Juarez Cirino dos Santos (2005, p. 9) comenta que “[.] 6 comum o argumento de que no seria a gravidade da pena - ou o rigor da execugao penak, mas a certeza (ou probabilidade, ou o risco) da punicéo que desestimularia 0 autor de praticar crimes [..| Enfim, a preven¢&o geral negativa utiliza-se do temor da pena aplicada ao infrator para desestimular a pratica de novos delitos 2.2.2.1.2 Prevengao geral positiva De outro lado, a teoria da preveneao positiva, bem como acentua Cezar Roberto Bitencourt (2004, p. 90) subdivide em fundamentadora e limitadora Segundo o Bitencourt para a teoria da prevencao positiva fundamentadora defendida por Welzel “[..] 0 Direito Penal cumpre uma tun¢do ético-sacial para a qual, mais importante que a protecao de bens juridicos, é a garantia de vigéncia real dos valores de aco da atitude juridica”. (BITENCOURT, 2004, p. 91) Ja a teoria da preservacdo geral positiva limitadora “[..] deve expressar-se com sentido limitador do poder punitivo do Estado" (BITENCOURT, 2004, p. 94) Juarez Cirino dos Santos (2005, p. 10) esclarece que ha duas posices. A primeira posigaa [1 assumem a natureza relativa da prevengao geral postiva, concebida como fungdo no contexto de outras fungdes declaradas ou’ manfestas atribuidas & pena criminal, cuja legitimago consiste no objetivo de protego ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 15 de bens jurdicos, de natureza subsidiéria porque existem outros melos mais efetvos de proterdo, e de natureza fragmentéria porque realiza proteao Darcial dos bens juridicos selecionados. (SANTOS, 2006, p. 10-11, gnfo do autor) Ja a segunda posi¢ao é “[..] concebida como teoria totalizadora da pena criminal, que concentra as fungées declaradas ou manifestas de intimidacdo, de corregdo, de neutralizacdo € de retribuigdo atribuida a pena criminal pelo discurso punitivo [..J’. (SANTOS, 2005, p. 11, grifo do autor), Em sintese, 0 objetivo da tearia da prevenco geral positiva é conscientizar a sociedade da necessidade de obedecer as normas juridicas. 2.2.2.2 Prevencao especial A finalidade da teoria da prevencdo especial é impedir que 0 delinquente volte a praticar algum delito. A pena aplicada ao infrator visa exclusivamente a ressocializagao deste infrator, ou seja, visa a sua recuperagao para que, desta forma, ele possa ser reintegrado a saciedade. Ressalta Cezar Roberto Bitencourt (2001, p. 129, grifo nosso) que “A teoria da prevencao especial procura evitar a pratica do delito, mas, ao contrario da prevencdo geral, dirige-se exclusivamente ao_delllinquente_em_particular. objetivando que no vatte a delinquir’ Nota-se que a funcdo da pena segundo esta tearia no objetiva intimidar a sociedade, t€0 pouco retribuir 0 mal injusto ao delinquent pela pratica da infracao penal Acerca da teoria prevencdo especial Juarez Cirino dos Santos aduz que: A fungdo de prevengdo especial da pena criminal, dominante no Direito ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 16 Penal dos séculos XIX @ XX, € atribuigdo legal dos sujeltos da aplicagao € da execugao penat primeiro, o programa de preven¢do especial é definida pelo juiz no momento de apiicagdo da pena, através da sentenca criminal, individualzada conforme necessario e suficiente para prevenir o crime (art 59, CP); segundo, 0 programa de preven¢do especial definido na sentenca criminal é realizado pelos técnicos da execugdo da pena criminal, {.] como objetivo de promover a harménica integrarao social do condenado (art. 1", LEP). (SANTOS, 2008, p. 6-7). Em suma, esta teoria visa téo somente 0 delinquente, de forma evitar que este pratique novos delitos, ou seja, a pena possui carater preventivo. E importante mencionar que esta teoria também se subdivide em positiva & negativa, conforme ensina Rogério Greco (2007, p. 488) 2.2.2.2.1 Prevengao especial negativa © objetivo da teoria da prevencéo especial negativa é neutralizar o delinquente até a sua ressocializacao. E a neutralizacéo do agente infrator ocarre com a sua retirada, privagao de liberdade, do canvivio em sociedade, o que impedira que este pratique novos crimes Nesse sentido, Cezar Roberto Bitencourt (2001, p. 129, grifo do autor) afirma que "Essa tese pode ser sintetizada em trés palavras: intimidagdo, corregéo & inocuizagao’ 2.2.2.2.2 Prevengao especial positiva J na prevencdo especial positiva a fun¢ao da pena visa a ressocializagdo do agente infrator, isto €, que 0 infrator no volte a delinquir (ndo- reincidéncia) ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 7 Segundo Alexandre Cordeiro: A prevengo especial postiva representa o intento ressocializador, a reeducagao ea cortego do delinquente, realizado pelo trabalho de sicélagos, sociélogos, assistentes socials entre outtos, visando com a aplicagao da pena, a teadaptagdo do sujeto 4 vida em sociedade (CORDEIRO, 2007, p. 2. A fun¢&o da pena aplicada ao agente infrator possui carater ressocializador, busca-se a sua reeducacao, para que este possa ser novamente inserida na sociedade. 2.2.3 Teoria mista ou unificada Esta teoria unifica duas fungdes da pena, a saber a fung4o retributiva da pena e a fun¢ao preventiva (geral e especial). Como esclarece Cezar Roberto Bitencourt (2001, p. 141-142)"As teorias mistas ou unificadas tentam agrupar em um conceito Unico os fins da pena. Essa corrente tenta escolher os aspectos mais destacados das teorias absolutas e relativas’ Isto porque, conforme afirma Rogério Greco [Ja parte final do caput do art. 59 do Cédigo Penal conjuga a necessidade de reprovago com a preven¢o do crime, fazendo, assim, com que se Uniiquem as teorias absoluta ¢ relativa, que s2 pautam, respectivamente, pelos crtétios da retribuigdo e da prevenedo. (GRECO, 2007, p. 489) Nesse contexto, Juarez Cirino dos Santos acrescenta que: LJ a pena representaria (a) retribuiggo do injusto realizado, mediante compensago ou expiagéo da culpablidade, (b) prevengo especial postiva mediante corrego do autor pela ago pedagéaica da execueao penal, além de preveng&o especial negativa como seguranga social pela neutralizagdo ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 18 do autor e, finalmente, (c) prevengdo geral negativa através da intimidag do de criminosos potenciais pela ameaga penal e prevenedo geral positva como manutengdo/reforco da confianga na ordem juridica etc. (SANTO, 2005, p. 12, rifo do autor), Nota-se que esta teoria defende que a fun¢4o da pena é retribuir ao infrator 0 mal injusto por ele praticado. Contudo, esta no é a sua Unica funcao, busca-se também com a aplicagéo da pena a preven¢do. Isto porque a pena visa além da retribuigo, neutralizar o infrator, retirando-o provisoriamente do convivio social (prevengdo especial negativa), mas também tem por objetivo a prevencao geral negativa (intimidagao) ¢ a preven¢ao geral positiva (conscientizacao da saciedade acerca da necessidade de obedecer as normas juridicas) Segundo Edgard Magalhdes Noronha (1999, p. 225) “A pena tem indole retributiva, porém objetiva os fins de reeducaco do criminoso e de intimidaco geral. Afirma, pois, o cardter de retriouigdo da pena, mas aceita sua funco utllitaria” Ja Juarez Cirina dos Santos coneclui que: No Brasil, 0 Cédigo Penal consagra as teatias unficadas ao determinar a aplicagao da pena “conforme seja necessdrio e suficiente para reprovagao € prevengdo do crime" (art. 59, CP): a reprovagdo exprime a idéla de retribuigdo da culpabilidade: a prevengao especial (neutralizaro e corregao do autor) © de preven¢o geral (intimidagao e manutengéolreforgo da confianga na ordem juridica) atribuida @ pena criminal. (SANTOS, 2005, .13, gtifo do autor) Enfim, percebe-se que o art. 59 do Cédigo Penal Brasileiro prevé que a pena tem dupla funcao, quais sejam: reprovacdo e prevenco, au seja, adotou-se a teoria mista ou unificada 2.3. A ressocializagéo como fin: liberdade fade da execugo da pena privativa de ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 19 A definicao literal da palavra ressocializar segundo (FERREIRA, 1999, p.1465). “Tornar a socializar (-se)’. Segundo Clovis Alberto Volpe Filho “O termo ressocializar traz em seu bojo a ideia de fazer com que o ser humano se tome navamente social (ou sécio). Isto porque, deve-se ressacializar aquele que fol dessocializado’ Na concepgao de Cezar Roberto Bitencourt (2001, p. 139) “[...] 0 objetivo da ressocializacao é esperar do delinquente o respeito e a aceita¢do de tais normas com a finalidade de evitar a pratica de novos delitos’ Conforme ja mencionado anteriormente a legisiacéo penal patria adotou quanto a fun¢o da pena a teoria mista ou unificada, tal como disposto no art. 59 do Cédigo Penal, in verbis: Art. 68 - 0 juz, atendendo @ culpabilidade, aos antecedentes, & conduta social, & personalidade do agente, aos motivos, as circunstnclas € conseqdéncias do crime, bem como ao comportamento da. vitima, estabelecerd, conforme seja necessario e suficiente para reprovacao € prevencao do crime: | as penas aplicdveis dentre as cominadas, Ila quantidade de pena aplicdvel, dentro dos limites previstos; Iil- 0 regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade: IV - a subsituigéo da pena privativa da liberdade aplicada, por outta espécle de pena, se cabivel. (BRASIL 1940, offo nosso) A pena sera aplicada pelo juiz visando duas fung6es, quais sejam: reprovar 0 mal injusto praticado pela agente infrator, e a prevengdo cujo intuito é ressoalizar 0 delinquent para que este no volte a delinquir, bem como inibir que navos delitos sejam praticados por potenciais delinquentes Inclusive, 0 ar. 1° Lei de Execugdes Penais (Lei n° 7.210, de 11 de julho de 1984), dispde que: “A execucdo penal tem por abjetiva efetivar as disposicées de sentenga ou decis4a criminal € proporcionar condicées para a harménica integracéo ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 20 social do condenado e do intemado”. (BRASIL, 1984, grifo nossa). Desse modo, a pena tem funcdo de ressocializar o preso, visando reintegra-lo na sociedade. Assim, a finalidade da pena privativa da liberdade € ressocializar 0 preso retirando-o provisoriamente do convivio da sociedade, tal como ensina Carlos Augusto Borges (2008, p. 1): “A pena privativa de liberdade tem um limite de cumprimento, que o legislador patrio entendeu ser um marco ao alcance da sua finalidade, que é a de promaver a integraco social do condenado’. No entanto, Cezar Roberto Bitencourt explica que: Quando a priséo converteu-se na principal resposta _penolégica, especialmente a partir do sculo XIX, acreditou-se que poderia ser um meio adequado pata conseguir a reforma do delinquente. Durante muitos anos imperou um ambiente atimista, predominando a firme convic¢go de que a priso poderia ser meio idéneo para realizar todas as finalidades da pena € que, dentro de certas condigées, seria possivel reablitar o delinquents Esse otimismo inicial desapareceu © atualmente predomina certa atitude pessimista, que j4 ndo tem muitas esperangas sobre os resultados que se ossam conseguir com a prisdo tradicional. A critica tem sido to persistente ue se pode afitmar, sem exageros, que a priséo esta em crise, Essa crise abrange também 0 objetivo ressocialzador da pena privativa de liberdade, Visto que grande parle das criticas e questionamentos que faz a prisio eleré-se 4 Impossibildade — absolula ou relativa — de obter_algum efeto postive sobre o apenado, (BITENCOURT, 2001, p. 154, arifo nosso), Percebe-se que durante alguns anos creditou-se que a pena privativa de liberdade poderia recuperar o delinquente, ou seja, a ressacializagao como finalidade da execugao da pena privativa de liberdade. Todavia, atualmente verifica se que é Impossivel ressoalizar (reeducar) 0 delinquente através da pena privativa de liberdade Nesse sentido, Cezar Roberto Bitencourt indica duas premissas que explicam a ineficacia da pena privativa de liberdade no proceso de ressocializac&o do preso, sendo elas 4) Considera-se que o ambiente carcerario, em razdo de sua antitese com a comunidade livre, converte-se em melo artficial, antinatural, que nao ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br a permite realizar nenhum trabalho reabiltador sobre o recluso. [.] ») Sob outro ponto de vista, menos radical, porém igualmente importante, insiste-se que na maior parte das pris6es do mundo as condigdes materials @ humanas tornam inalcangavel o objetivo reabiltador. Nao se trata de uma objepdo que se origina na natureza ou na esséncia da prisdo, mas que se fundamenta no exame das condigdes reais em que se desemvoWe a execugéo da pena prwvativa de liberdade. (BITENCOURT, 2001, p. 154-155). O sistema carcerario no reabilita o preso, sendo assim a pena privativa de liberdade perde o seu carater ressocializador. Isto porque, nas pris6es os presos s40 humilhados e violentados, sua dignidade € os seus direitos nao so preservados, €, consequentemente aquele preso que deveria ser reeducado acaba voltando para a delinquéncia Sobre 0 tema, Michel Foucault (2007, p. 221) comenta que a pena privativa de liberdade no ressocializa 0 preso, pelo contrario é visivel o aumento da taxa de reincidéncia (“criminosos permanece estavel’), eis que “[..] depois de sair da prisdo, se tém mais chance que antes de voltar para ela, 0s candenadas s4a, em propar¢o consideravel, antigas detentos [..]" Vai além José Henrique Kaster Franco (2008, p. 1) ao afirmar que: [..] parte da doutrina nao acredita na recuperacao do agente, apontando que o carcere € um fator criminégeno, bastando verificar as elevadas taxas de reincidéncia, que no Brasil variam entre 70 € 80%" Observa-se que, a taxa de reincidéncia no Brasil é alta, 0 que sd vem confirmar que a finalidade da pena privativa de liberdade de ressocializagdo do preso é falna. Constata-se que esta falha tras graves conseqUéncias ao preso € principalmente a sociedade Segundo Cezar Roberto Bitencourt Um dos grandes obstéculos 4 idéia ressocialzadora é a dificuldade de colocé-la efetivamente em pratica, Parte-se da suposi¢go de que, por meio ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 2 do tratamento penitencidrio — entendido como conjunto de atividades dirigidas 4 reeducagdo e reinsergéo social dos apenados -, 0 temo se converteré em uma pessoa respettadora da lei penal. E, mais, por causa do tratamento, surgirdo nele atitudes de respeito a’ si proprio e de responsabilidade individual e social em relago a sua familia, a0 préximo © a sociedade. Na verdade, a afirmagdo referida ndo passa de uma carta de intengées, pois ndo se pode pretender, em hipétese alguma, reeducar ou ressocializar uma pessoa para a liberdade em condigGes de ndo liberdade, constituindo isso verdadelro paradoxo. (BITENCOURT, 2001, p. 139) Prossegue 0 autor: E preciso reconhecer que a pena privativa de liberdade & um instrumento, talvez dos mais graves, com que conta o Estado para preservar a vida ‘social de um grupo detetminado. Esse tipo de pena, contudo, néo resolveu © problema da ressocialzago do delinguente: a priséo no ressocialza. As ‘entativas para eliminar_ as penas privativas de liberdade continuam. A pretendida ressocializay4o deve sofrer profunda revisdo. (BITENCOURT, 2001, p. 141). O processo de ressocializa¢éo do apenado é ineficaz, pois nao tem como reeducé-lo, readapta-lo a sociedade privando-o de sua liberdade. E 0 que sustenta José Henrique Kaster Franco: Apontam uma incongruéneia que créem insuperdvel: ndo ha como preparar alguém para viver em sociedade privando-o do convivio desta mesma sociedade Acrescentam que o carcere brutalza, retira a identidade pessoal, p6e fim 4 intimidade, a vida privada, ao convivio com as pessoas’ préximas, (FRANCO, 2008, p. 1). E fundamental para sua readapta¢do que o agente infrator permanecga em contato com o convivio social. Conjuntamente devem ser inseridas medidas educativas, como acompanhamento psicolégico, qualificagao e oportunidade de trabalho. Ja Marcio Zuba de Oliva € Rafael Damasceno de Assis argumentam que: ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 23 Haja vista, os inimeros problemas relacionados com a Execuggo Penal no Brasil, vislumbra-se que o melhor caminho a ser seguido néo é 0 da recluséo e sim 0 da aplicagao de penas aternativas, tais como, prestagdo de servigos & comunidade, doarao de alimentos aos necessitados, enfim, ppenas que no retiram 0 condenado do meio social além de impor-ihe uma responsabilidade habitual. A execuggo da pena é 0 primeira e o uitimo ‘momento em que se toma possivel a ressocializapo. (OLIVA; ASSIS, 2007, ».1). Portanto, 0 meio utilizado para ressocializar 0 apenado deve ser repensado. Entende-se que a aplicagéo da pena privativa de liberdade no ressocializa 0 preso, pelo contrario, 70 a 80% dos presos inseridos novamente na sociedade voltam a delinquir. Faz-se necessario a aplicagdo de penas alternativas, que néo retirem o preso totalmente do convivio social, pois é importante que se adapte aos moldes (limites) da sociedade. 3 A PRISAO E SUAS CONSEQUENCIAS AO ENCARCERADO 3.1 Efeitos negativos causados pela prisdo sobre a pessoa do encarcerado Para comecar, deve-se ter nocdo de que “[..] a priso é um sistema social relativamente techado [..]" (BITENCOURT, 2001, p. 168). Covém ressaltar que a prisdo é uma instituico cuja principal funcao seria a ressocializacdo do preso. No entanto, 0 que se observa € que, ao contrario da sua finalidade, a pris4o acarreta sobre a pessoa do encarcerado inumeros efeitos negativos. Como € sabido as prisdes brasileiras sao verdadeiros estabelecimentos fomentadores da criminalidade. Aduz Michel Foucault (2007, p. 221) que a priséo “|... em sua realidade € seus efeitos visiveis, fol denunciada como o grande fracasso da justi¢a penal” Para José Henrique Kaster Franco (2008, p. 1) a prisdo "[.. cria uma apatia ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 24 psicolégica, degradando a personalidade e o caréter, que devem se amaldar ao rigido € paralelo cédigo de conduta das liderancas prisionais' J& Eugénio Raul Zaffaroni (2001, p. 135) enfatiza que a priséo é uma quina deteriorante”. Acrescenta, ainda, que nas prisdes: [1 0 preso ferido na sua auto-estima de todas as formas imaginaveis, Dela petda de privacidade, de seu proprio espago, submissées a revistas degradantes, etc. A isso juntam-se as condigdes deficientes de quase todas as prises: superpopulacdo, alimentagao paupérrima, falta de higiene € assisténcia sanitaria, etc, sem contar as discriminagdes em relagdo a capacidade de pagar par alojamentos e comodidades. (ZAFFARONI, 2001, p. 136), O encarcerado nas prises perde a sua identidade, privacidade, auto-estima, permanecem isolados, improdutivos (muita tempo na aciosidade), estes fatores contribuem para que estes continuem na criminalidade. Este tempo ocioso é destrutivo, pois os presos possuem mais tempo para pensar, articular e organizar novos delitos. Nesse sentido, Alessandro Baratta (2002, p. 184) informa que: “Exames clinicos realizados com os classicos testes de personalidade mostraram os efeitos negativos do encarceramento sabre a psique dos condenados e a correlacao destes efeitos com a duracdo daquele’ Continua’ Efeitos negativos sobre a personalidade e contrérios ao fim educativo do tratamento tm, além disso, o regime de “privacdes’, especialmente quanto 48 relagdes heterosexuals, no sd ditetamente, mas também indiretamente, através do modo em que os meios de satistagdo_ das necessidades so distribuidos na comunidade carceréria, em conformidade com as relagdes informais de poder de prepoténcia que a caracterizam. (BARATTA, 2002, p. 184) © proceso de privagéo afeta negativamente a personalidade dos ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 25 encarcerados. Por exemplo, os presos se tornam mais agressivos. Esta agressividade é reflexa do ambiente no qual eles esto inseridos. A respeito Cezar Roberto Bitencourt (2001, p. 195) observa que “[... um caso de irritagéo pode chegar a acessos de delirios’ A pris impde ao preso intmeras limitagées, tals como retira do preso 0 convivio diario com a familia, sem falar é claro da falta de liberdade, intimidade, que podem ocasionar “[...] estados de angustia com alucinagdes e atitudes parandicas” (BITENCOURT, 2001, p. 195). Outro fator negative destaca-se, em decorréncia da privacéo de relacdes sexuais, por caréncia ou até mesmo por imposi¢éo, a forte pratica do homossexualismo existente dentro das prisdes © comeércio de drogas dentro das prisées @ outro fator negativo que se observa. Muitos apenados iniciam 0 vicio ou até mesmo 0 trafico de dragas dentro dos estabelecimentos prisionais. Dentre as efeitos da priso sobre a pessoa do encarcerado, Cezar Roberto Bitencourt, destaca os “efeitos sociologicos ocasionados pela prisdo” € os “efeitos psicoldgicos produzidas pela prisdo Acerca dos efeitos sociolégicos, Cezar Roberto Bitencourt (2001, p. 168), cita como exemplo a... submissdo do interno a um proceso de desculturalizacao, ou seja, a perda da capacidade para adquirir habitos que correntemente se exige na sociedade em geral’. Nota-se que, a prisdo atua negativamente no processo de culturalizagéo da pessoa do encarcerado, o que dificuta a sua inser¢do na sociedade. J quanto os “efeitos psicoldgicos produzidos pela priséo”, Cezar Roberto Bitencourt afirma que: (© ambiente penitenciario perturba ou impossibiita o funcionamento dos ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 26 mecanismos compensadores da psique, que so os que permitem conservar o equilibrio e a sade mental, Tal ambiente exerce uma influéncia to negativa que a ineficdcia dos mecanismos de compensagdo psiquica a ‘apatiggo de desequiibrio que podem ir desde uma simples rea¢do psicoldgica momentanea até um intenso © duradouro quadro psicético, segundo a capacidade de adaptagdo que 0 sujeto tenha. (BITENCOURT, 2001, p. 195). O ambiente penitenciario desestrutura o estado emocianal do apenado, o que contribui para o seu desequilibrio mental, podenda este ser momenténeo ou permanente. Isto porque, o preso é submetido a uma mudanga brusca, no que tange ao seu comportamento, convivio social, familiar etc, sendo submetido a condicées de vida anarmais. Segundo Cezar Roberto Bitencourt Outros dos efetos negativos da priséo sob o ponto de vista psicolégico € ‘que 0s reclusos tendem com muita facilidade adotar uma attude infantil € regressiva. Essa attude 6 0 resuitado da monotonia e minuciosa requlamentapo a que esta submetida a vida carcerdria. (BITENCOURT, 2001, p. 198). Relata ainda que AA priséo violenta o estado emocional, ¢, apesar das diferencas psicolégicas entre as pessoas, pode-se afimmar que todos os que entram na prisdo — em maior ou menor grau ~ encontram-se propensos a algum tipo de reagao carceratia. A prisdo impde condigdes de vida to anormais e patolégicas que precisamente os que melhor se adaptam a0 seu regime so, geralmente, os Individuos que podem ser classficados dentro do tipo esquizéide (BITECOURT, 2004, p. 199) Ja Alessandro Baratta (2002, p. 184) cita também a “desculturacdo” como efeito negativo da prisdo sobre a pessoa do encarcerado, mas acrescenta 0 efeito da “aculturagao” ou “prisionalizagdo”. Segundo o referido autor a “aculturaco" ou “prisionalizacao” ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 2 Trata-se da assungdo das atitudes, os modelos de comportamento, dos valores caracteristicos da subcuftura carcerdria. Estes aspectos da subcultura carcerdtia, cuja interiorzagao € inversamente proporcional 4s chances de reinserco na sociedade livre, tém sido examinado sob o aspecto das relagdes socials e de poder, das normas, dos valores, das attudes que presidem estas relagées, como também sob o ponto de vista das telagdes entre 0s detidos @ 0 staff da instituigao penal. (GARATTA, 2002, p. 186, grfo do autor) Seguindo essa linha de raciocinio, Cezar Roberto Bitencourt destaca a prisionalizago como: [0 efeito mais importante que o subsistema social carcerério produz no recluso, Prisionaliza¢go & a forma como a cultura carcerdria & absorvida pelos intemnos. Trata-se de conceito similar ao que em sociologia se denomina assimiaggo. [.] A assimlagao implica um proceso de aculturagao de parte dos incorporados.[..| Os individuos que ingressam na priséo néo so, evidentemente, substancialmente diferentes dos que ali ja se encontram, especialmente quanto a influgncia culturais [.] A prisionalizago também se assemelna consideraveimente com o que em Sociologia se chama processo de socializagao. [..] 0 recluso & submetido a lum proceso de aprendizagem que ihe permtira integrar-se & subcultura catceraria, (BITENCOURT, 2001, p. 185-186) Prossegue 0 autor: Trata-se de _uma aprendizagem que implica um proceso de “dessocializagdo". Esse processo dessocializador é um poderoso estimulo para que o recluso rejette, de forma defintiva, as normas admitidas pela Sociedade exterior. (BITENCOURT, 2001, p. 186). Percebe-se que tanto os efeitos da desculturacao, como da aculturagdo e da prisionalizac&o contrisuem para a permanéncia do apenado na criminalidade, ou seja, fazem que este identifique ainda mais com os valores criminais Enfim, so indmeros os efeitos negativos causados pela prisdo sobre a pessoa do encarcerada ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 28 4 A SOCIEDADE PARALELA EXISTENTE DENTRO DAS PRISOES 4.1 0 risco social diante da atuagao das organizagées criminosas Inicialmente, faz-se necessario, antes de adentrar no tema, estabelecer 0 que vem a ser uma organizag4o criminosa. Frise-se que 0 legistador infraconstitucional ao editar a Lei n° 9.034 de 1995 (Lei contra as organizagées criminosas) foi omisso € no definiu o que € uma organiza¢do criminosa, deste mado, recorre-se a definigdo formulada pela doutrina Segundo William Douglas R. dos Santos e Geraldo Luiz M. Prado a organizagdo criminosa é LJ aquela cuja intensa atividade, nos mais variados campos da ‘iminalidade, com especial énfase 20 emprego da viol6ncia, perturbe & desestabilize a paz e a trangulidade publicas, subvertendo a ordem juridica fem certos melos, através da instaurapo de uma outa ordem,(..] baseada na submiss4o das comunidades pelo uso da forga. Cuida-se, portanto, de ‘grupos que, mesmo agindo sem fins politicos formais, disputam o poder e substituem o Estado. (SANTOS; PRADO, 1998, p. 42). — importante mencionar que a Convencdo de Palermo (Convencao das Nagdes Unidas contra o Crime Organizado Transnacional), ratificada pelo Brasil através do Decreto-Lei n° 231/203, sendo promulgado posteriormente pelo Decreto n° 5.015/2004, apresenta no art. 2° a definicao de organizac6es criminosas, in verbis: ‘Art. 2* - Grupo estruturado de tr8s ou mais pessoas, existente nd algum tempo atuando concertadaments com o propésito de cometer uma ou mais infrag6es graves ou enunciadas na presente Convene30, com a intengo de obter, deta ou indiretamente, um beneficio econdmico ou outro beneficio material, (@RASIL, 2004). ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 29 Portanto, uma organizacées criminosas é um grupo de no minimo trés pessoas (pluralidade de agentes), que apresenta como caracteristica marcante uma estrutura bem complexa, cujo objetivo é a pratica de crimes para obter, em geral, vantagem ecanémica Feitas as consideraces necessarias adentra-se a ponto central. Contorme ja dito anteriarmente as prisées sa, na verdade, fomentadoras da criminalidade, bem coma ressalta Cezar Roberto Bitencourt (2001, p. 157): “Considera-se que a prisao, em vez de frear a delinquéncia, parece estimulé-la, convertendo-se em instrumento que oportuniza toda espécie de desumanidade’. Nos dizeres de Alessandro Baratta (2002, p. 183) “[.] os institutos de detengdo praduzem efeitos contrarios 4 reeducacao ¢ a reinser¢ao do condenado, € favoraveis a sua estavel inser¢a0 na populacéo criminosa’ A penitencidria é 0 érgéo competente através do qual o Estado exerce seu poder punitive. A estrutura fisica precaria, a desqualificagdéo dos agentes penitenciarias, a superiotag4o das instituigées, dentre outros fatores, contribuem para a desumanizagao do preso. Além disso, insuficiéncia da seguranca e da Vigilancia acaba aproximando a priséo a uma verdadeira “escola do crime e, portanda, no da reeduca¢4o” (ZANIN; OLIVEIRA, 2006, p. 41) Isto pode ser facilmente constatado com as intimeras sociedades criminosas existentes dentro das prisées. Vale lembrar que as principals organizagdes criminosas surgiram nos estabelecimentos prisionais. E o que afirma José Henrique Kaster Franco: AAs duas maiores organizagdes criminosas conhecidas no Brasil, Comando Vermelno e Primelro Comando da Capital, nasceram, provavelmente, de um vacuo estatal. Supde-se que o primeifo tenha surgido para evitar a tortura de presos. © segundo, para auxliar as familias dos encarcerados. Evidentemente, cooptaram muitos adeptos, que, 20 deixarem as prisdes, rettibuem a protegdo e 08 favores recebidos, associando-se defintivamente ‘3 uma carreira criminosa. (FRANCO, 2008, p. 1). ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 30 Acerca destas organizagées criminosas_existentes. dentro dos estabelecimentos prisionais, Cezar Roberto Bitencourt (2001, p. 178) esclarece que: “Muitas vezes 0 sistema social carcerario é invadido por certos conflitos de classe que se desenvolvem no exterior € manifestam-se dentro da priséo por meio de grupos que exercem seu poder ¢ influéncia em fun¢ao dessa conftividade exterior” No mesmo sentido, Michel Foucault menciona que: AA prisdo toma possivel, ou melhor, favorece a organizago de um meio de delinquentes, solitérios entre si, hierarquizados, prontos para todas as cumplicidade futuras [.]. € nesses é feita a educagdo do jovem delinquente ‘que esté em sua primeira condenagdo[..]. (FOUCAULT, 2007, p. 222). Nota-se que a priséo, nos moldes atuais, tornou-se um estabelecimento propicio ao surgimento das arganizagées criminosas Seguindo essa linha de raciocinio, Femando Salla comenta que 0 Primeiro Comando da Capital (PCC), originou-se [J junto 4 massa carcerdria teve por base o estabelecimento de uma malha de solidariedade entre os presos, que envolvia a imposi¢go da violéncia & domedo, mas também pela construgdo de uma percep¢o de pertencimenta, revelada na expressao prépria aos membros do grupo como ‘itmaos. (SALLA, 2008, p. 375). Observa-se que, no Brasil, as principais organizagdes criminosas Comando Vermelho, no Rio de Janeiro, e 0 Primeiro Comando da Capital (PCC), em S40 Paulo, s40 exemplos de sociedades paralelas que nasceram dentro dos estabelecimentos prisionais Inicialmente os presos se organizavam dentro das prisdes cam objetivo de combater as injustigas, reivindicar por melhorias, € até como forma de se protegerem dos inumeros abusos que ocorrem nestes estabelecimentos. Isto porque, os ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br a estabelecimentos prisionais, em geral, lesam os direitos ¢ garantias constitucionais dos encarcerados Posteriormente, as encarcerados apraveitando-se das falhas deste sistema passaram a se organizarem para o cometimento de crimes, objetivando fins Politicos/ideolégicos e/ou apenas o lucro. Vale mencionar que varias chetes comandam as organizagées criminosas de dentro das prisdes. A titulo de exemplo, cita-se Marcos Willians Herbas Camacho, conhecida camo “Marcola’, lider da organizago criminosa denominada Primeiro Comando da Capital (PCC), que de dentro da pris4o ordenou rebelides e varios ataques, gerando pdnico na cidade de S40 Paulo. Nesse contexto so esclarecedoras as palavras de Marcio Zuba de Oliva e Rafael Damasceno de Assis: ‘As OrganizagSes Criminosas surairam a partir da explosdo populacional nas cadeias © das condigdes de vida precéria que nelas vigorava. Organizar-se era uma forma de 58 proteger, evitando assassinatos e estupros por outros presos. Era também uma maneira de tentar dialogar com as autoridades © reivindicar melhores condigdes de vida na prisio Neste escopo de combater as injustigas, desigualdades e ofensas aos diretos individuais geradas dentro do sistema prisional as atividades das Organizagées Criminosas foram se intensfficando. Com o passar do tempo ‘o nimero de adeptos crescia ¢ seus seguidores se profissionalzavam no mundo do crime. [1 Dentre inimeros fatores que assolam 0 chamado Crime Organizado a influéncia que este exerce no tratamento ressocialzador de muitos condenados é atamente avittante para o Estado. (OLIVA; ASSIS, 2007, ».1). Nota-se que 0 aparecimento da organizaco criminasa no Brasil é um produto das falnas do sistema penitencidrio, que ao invés de reeducar o preso para seu regresso a sociedade acaba par corrompé-la Atualmente as atividades das organizacées criminosas acarretam gravissimas consequéncias para a sociedade (corrupeo, lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeira, sequestros, entre outros) ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 32 E importante ressalitar ainda que a atuacao das organizagdes criminosas dentro dos estabelecimentos prisionais € um obstaculo ao processo de ressocializapao do encarcerado, els que este acaba tornando-se um membro destas faces criminosas e ao reingressarem na sociedade continuam a delinquir, passando, até mesmo, a cometer crimes mais graves e com mais frequéncia, tendo em vista que, os delitos praticados pelas organizagdes criminosas possuem, em geral, como caracteristicas marcantes a continuidade e a utiizagéo de extrema violéncia E 0 que aduz Cezar Roberto Bitencourt ao afirmar que as organizacdes criminosas existentes dentro das prisées: [..] além de converterem o sistema carcersrio em obstéculo passvo a0 objetivo ressociaizador — realidade que implicitamente nega esse objetivo -, ‘ranstormam+no meio eficaz de frontal oposigao ao objetive reabiltador, qué consideram contra-revolucionatio, (BITENCOURT, 2001, p. 179-180). Portanto, 0 cumprimento da pena num sistema penitenciario inadequado tras graves consequéncias a sociedade 5. A IDEIA DE UMA RESSOCIALIZAGAO APESAR DA PENA 5.1 Sistema progressivo e ressocializagao © sistema progressivo é um importante instrumento a ressocializagéo do apenado, pois possibilita gradativamente a sua inser¢4o a sociedade. Inclusive, estimula 0 preso a manter um compartamento adequado durante o cumprimenta da pena Acerca do sistema progressivo Julio Fabbrini Mirabete ensina que este surgiu ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 33 Diante das deficiéncias apresentadas pelos estabelecimentos penais ¢ a itracionalidade na forma de cumprimento da pena privatva de liberdade, a patti do século XVill procurou-se uma nova flosotia penal, propando-se, afinal, sistemas penitenciérios que correspondessem a essas novas idéias. Do Sistema de Filadétia, fundado no isolamento celular absoluto do condenado,passou-se para o Sistema de Auburn, que preconizava o trabalho em comum em absolute siéncio, e se chegou ao Sistema Progressivo. Consistia este, no sistema irlandés, na execugao da pena em quatro estgios: 0 primeira de recolhimento celular absoluto, 0 segundo de isolamento notumo com trabalho © estudo durante o dia, o terceiro de semiliberdade com trabalho fora da priséo @ 0 quarto no lvramento condicional. Ainda hoje 0 sistema progressvo & adotado em varias legisiagdes’(MIRABETE, 2004, p. 386) Ja Rafael Damasceno de Assis comenta que’ [LJ no final do século XIX, mas, no entanto, sua utiizago generalizou-se através da Europa 6 depois da! Guerra Mundial. A esséncia desse regime consistia em distribuir 0 tempo de dura¢o da condena¢o em perfodos, ‘ampliando-se em cada um deles os privlégios que 0 recluso poderia destrutar, de acordo com sua boa conduta e do avango alcangado pelo ‘ratamento reformador. Outro aspecto importante era o fato de possblitar 20 recluso reincorporar-se sociedade antes do término da condenacSo. Basicamente, 0 sistema progressive tinha como fundamento dois principios: estimular a boa conduta do recluso e obter sua reforma ‘moral para uma futura vida em sociedade. (ASSIS, 2007, p. 1, atifo nosso). A Lei n° 7.210 de 1984 (Lei de Execugdo Penal) prevé a possibilidade de progressdo de regime, tal como disposto no art. 112, in verbis: Art. 112. A pena privativa de liberdade sera executada em forma progressiva com a transferéncia para regime menos rigoroso, 2 ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver curmprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerario, comprovado pelo ditetor do estabelecimento, respeltadas as normas que vedam a progressia. (BRASIL, 1984), A respeito da Lei n® 7.210 de 1984, Julio Fabbrini Mirabete, ressalta que esta L.] excluindo o periodo inicial de isolamento, manteve as trés espécies de Tegime e determinou que as penas devem ser executadas na forma pprogressiva, segundo o mérito do condenado, sem eliminar, porém, a ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 34 possibilidade de ser iniciado seu cumprimento nos regimes menos severos. ‘Assim, ndo se afastando inteiramente do sistema progressivo, concede a lei vigente modificagdes que se adaptam as concep¢des dos condenados, faz cumprir as penas privativas de libetdade em estabelecimentos penais diverstficados (penitenciaria, colénia e casa do albergado), confaime o regime (fechado, sem+aberto ou aberto), e tem em vista a progressdo 0 mérto do condenado, ou seja, sua adaptago 20 regime, quer no inicio, ‘quer no decorrer da execugao. (MIRABETE, 2004, p. 387) E importante frisar que o art. 112 da Lei n* 7.210 de 1984 estabelece que para progredir de regime do mais gravoso para o menos rigoroso o preso deve preencher alguns requisitos, a saber: ter cumprido pelo menos 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior € possuir bom comportamento. Ainda segundo os ensinamentos de Julio Fabbrini Mirabete’ Tendo em vista a finalidade da pena, de integraro ou reinseredo social, 0 processo de execurdo deve ser dindmico, sujeto a mutacdo ditadas pela resposta do condenado ao tratamento penitenciério. Assim, ao digit @ execupdo para a “forma progressiva’, estabelece o art. 112 a progressio, ou seja, a transferéncia de regime mais rigoroso a outro menos rigoroso quando demonstra condigdes de adaptagao ao mais suave. (MIRABETE, 2004, p. 387). A progressao permite ao preso, desde que preencha os requisitos, progredir do regime inicialmente fechado (mais rigoroso), para 0 semiaberto € depois para o aberto. Vale lembrar que nao pode progredir do regime fechado diretamente para o aberto, pulando o semiaberto. Deve-se seguir todas as etapas: O sistema progressivo segundo Carlos Augusto Borges J constitu importante estimulo 4 ressocializagao, e fol instituido com vistas 4 reinsered0 gradativa do condenado a0 convivio social, Tem um carater reeducativo © possibiita a0 condenado, de acordo com o mérto demanstrado durante a execuedo, promogao a regime menos rigoroso, antes de atingir a liverdade, ou seja, 0 preso cumprira a pena em tapas € em regime cada vez menos rigoroso, até receber liverdade. Durante esse tempo, 0 preso serd avaliado e sé sera metecedor da progressdo caso a ‘sua conduta assim recomende. (BORGES, 2008, p. 1) ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 35 A progressividade é de suma impartancia, isto porque: Umbilicaimente ligada a prépria pena, a progressividade do regime acena a0 condenado com melhores dias, incentia-o corregao de rumo 2, ortanto, a empreender um comportamento penitencidrio voltado a ordem, ‘20 mérto e a futura inser¢o no meio social ¢ familiar @ da vida normal que tem direito um ser human, Somente com a progresséo de regime 0 preso oderd frealientar cursos profissionalizantes, de instrugdo de segundo grau ‘ou superior, exercer atividade laborativa no disponibiizada pelo Estado, € estar préximo do ambiente familiar, nos casos de trabalho extra-muros ¢ de vistarao temporaria ao lar. (BORGES, 2008, p. 1) O sistema de progressdo de regimes incentiva o presa, pois Ihe permite, por exemplo, ao migrar do regime fechado para o semiaberto, desenvolver atividade laboral, ou até mesmo frenquentar um estabelecimento de ensino. O que ira contribuir positivamente para a sua ressocializa¢éo (reeducacdo), ¢, por conseguinte, acelera 0 seu processo de readaptagdo a sociedade, pois nao retira o apenado totalmente do convivio social E 0 que propugna Alexandre Pontier ‘A progresséo do regime prisional deve visar 0 desenvowimento de um trabalho vottado para a ressocializago do condenade, Deve-se observar aos principios da proporcionalidade, humanidade tessocializacio. A negagdo da\ progresséo do regime prisional sé faz aumentar a ‘superpopulago carceréria e o cada vez mais promiscuo ambiente prisional ‘A pena deve seguir critérios orientados para a prevencao e ressocializacao do individuo. (PONTIERI, 2009, p. 1, rifo nosso) Nesse sentido, Carlas Augusto Borges complementa: Esse é 0 nosso sistema progressivo de cumprimento de pena, e ndo ‘obstante a faléncia do sistema penitencidrio, ¢ as inoportunas mudangas legisiativas, continua a representar uma forma menos gravosa tendo em vista 0 objetivo final que é a recuperacao do individuo para a sociedade, ou seja, em outras palavras: a to sonhada ressocializagao do apenado para a sua reinsercao no todo social. (GORGES, 2008, p. 2, ‘tito nosso) ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 36 Conforme mencionado anteriormente (capitulo 3) 0 sistema penitenciario brasileiro é falho. A priso no cumpre sua finalidade que é reeducar o preso € a consequéncia desta faiha é gravissima, pois ao invés de recuperé-lo acaba Ine causando mais danas, tanto psicalagicos como socialagicos. Pode-se afirmar que, diante do atual sistema prisional, o apenado sal da prisdo pior do que entrou, fato este constatado pelos elevados indices de reincidéncia Sendo assim, diante da atual situac4o que se encontra o sistema carcerario brasileiro o sistema progressivo representa um grande estimulo a ressocializa¢do do apenado. 5.2 Da necessidade de um sistema prisional racional e humano Conforme ja ressaltado anteriormente o sistema prisional no Brasil € falho, os estabelecimentos prisionais no ressocializam (reeducam) os presos, pelo contrario, fomenta a criminalidade, dai a necessidade de se adotar um sistema prisional racional ¢ humano E o que comentam Marcio Zuba de Oliva e Rafael Damasceno de Assis Falar de luta contra o crime significa, hoje, assinalar uma finalidade a0 direito penal, qual seja, a pena. Apesar de inserida na Lei de Execugao Penal a perspectiva de recuperapgo do condenado e sua readequarao a0 convivio social, presenciamos qué os fins propostos pela sang&o penal ndo passa de uma falécia, © o Estado além de ndo ter controle da comunidade catceraria existente, interesm de maneira falna e tardia Logo, como Teflexo imediato, existe uma execugdo penal “primitiva’ que necesita de constantes reparos, a fim de evitar a dessocializagao do criminoso. (OLIVA; ASSIS, 2007, p. 1). Segundo Te6filo Marcelo de A. Leao Junior: ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br aT ‘A sango penal & em esséncia retributiva porque opera causando um mal a0 transgressor em virtude de haver violado a norma jutidica. Mas 0 magistério punitvo do estado nao se funda na retribuiggo, no castigo, orquanto a pena deve ter por escopo a ressocializagéo do condenado, para reincorporé-lo na Sociedade, ndo Ihe infigir sorimento. Os tratadistas ‘se inclinam a afitmar que a pena deve ser tanto uma medida de defesa da sociedade com deve ter um fim humanistico de corregéo dos ‘riminosos. (LEAO JUNIOR, 2000, p. 1, grfo nosso) A pena deve ter uma finalidade humanistica para que realmente alcance 0 SeU objetivo que é ressocializar 0 apenado para que este no volte a delinquir. 0 fato do individuo praticar um delito e ser punido pelo Estado nao Ine pode ser retirado a sua dignidade, pois, a dignidade da pessoa humana configura um fundamento da Republica Federativa do Brasil, tal como disposto no art. 1°, inciso Ill da Constituigdo Federal de 1988. Para Eugénio Raul Zaffaroni E absurdo pretender que os sistemas penais respeitem o principio de legalidade, de reserva legal, de culpabilidade, de humanidade e, sobretudo, de igualdade, quando sabemos que, estruturalmente, estdo ‘preparados para os violar a todos. O que se pode pretender ~ e fazer— 6 que a agéncia Judicial empregue todos os seus esforcos de forma a reduzir cada vez mais, ‘até onde 0 seu poder permit, o nimero e a intensidade dessas violagées, ‘operando internamente @ nivel de contradi¢o com 0 préprio sistema, a fim de obter, desse modo, uma constante elevacdo dos niveis reais de realizago operativa desses principios. (ZAFFARONI, 2001, p. 235, grifo do auto). Seguindo esta linha de raciocinio, Henrique Viana B. Moraes argumenta que ‘Ao contrétio do que se vivencia, a dignidade do homem ¢ os dirstos humanos no so contrapontos do sistema penal. & um equivoco colocar, como se tem feito, 0 paradigma humanitério como inimigo da persecugao unitiva, j4 que essa fungdo do Estado pode se realizar plenamente, € alcangar su finalidade, sem ofensa aos valores juridicos politicos maxinnos, ‘que na realidade so sua base. (MORAES, 2007, p. 8). Acrescenta ainda que: ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 38 Deve-se investir na humanzago, na methora do sistema prisional ¢ na ressocializa¢o do preso como exigéncia do Estado de Direito, mesmo Porque, ndo se ustfica que ao cumprimento da pena, seja acrescentado um softimento, no previsto em lei, qual seja, a dearadagao do ser human (MORAES, 2007, p. 8) Ora, cumpre salientar, tal como relata Luiz Flavio Gomes (2008, p. 1) que os presos so tratados, nos estabelecimentos prisionais, como animals, inclusive, menciona que a situag4o dos encarcerados hoje € mais degradante do que dos escravos na época da escravidao. A esse respeito, Cezar Roberto Bitencourt teceu o seguinte comentario ‘A atitude assumida pelo pessoal penitenciéro esté diretamente relacionada com o sistema social do recluso. Se essa atitude for de desprezo, de represso © impessoalidade, o sistema social do recluso adquirrd maior vigor e poder, como resposta ldgica a agressividade e renegago do melo. No entanto, 'se a atitude do pessoal penitencidrio for humanitéria respeitosa 4 dignidade do recluso, & bem possivel que o sistema soctal deste perca sua coesdo 2 0 efeito contraproducente, do ponto de vista ressocialzador, que tem sobre o recluso. (BITENCOURT, 2001, p. 171) Desta forma, durante 0 periodo destinado a ressocializa¢ao, nao deve o apenado ser rechacado, humilhado e violentado. Ao contrario, deve ser humanamente tratado, tendo sua dignidade preservada, néo somente para garantir seus direitos, mas também, para proteger a sociedade, evitando que aquele sujeito volte a delinquir. Acerca do sistema prisional racional e humano Cezar Roberto Bitencourt assevera que: Embora Beccaria tenha concentrado seu interesse sobre outros aspectos do direto penal, expés algumas idgias sobre a prisdo que contribuiram para o proceso de humanizaeo e racionalzaro da pena privativa de liberdade Nao renunciou a idéia de que a prisio tem um sentido punitvo € ‘sancionador, mas jé insinuava uma finalidade reformadora da pena privativa de liberdade. (BITENCOURT, 2001,p. 37-38), ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 30 Segundo Juarez Morais de Azevedo (2008, p. 292) sustenta que no é& possivel recuperar um preso no atual sistema penitenciario brasileiro Acrescenta ainda que para que ocorra a humanizacdo € necessdrio que ocarra uma mudan¢a radical no sistema prisionat ‘A mudanga é possivel, necesséria e urgente, © a municipalizargo da execudo da pena é fundamental, pois a idéia ¢ a participagdo da comunidad preparando se preparando para receber o sentenciade, finda a sua pena, porquanto a par do sofrimento vivenciado ao longo da ermanéncia no cércere, buscando a reparaggo da infracgo cometida, mister a methoria do condenado, seja pelo estudo, seja pelo trabalho, ‘seja pela convivéncia com seus amigos e familiares [... (AZEVEDO, 2008, p. 294, gifo nosso) Nota-se que o autor afirma que a municipalizacao da execucao da pena © importante para o processo de ressocializacao do preso, pois possibilita o Participaco da comunidade neste processo o — fundamental ainda para o processo de ressocializagao do apenado o insergéo de medidas educativas, acompanhamento psicalagico, qualificacao trabalho, além de possibilitar que o apenado conviva com os familiares. E necessario ainda que o Estado adote medidas paliativas, criando sistemas preventivos, apoiando as criangas adolescentes, construindo uma educarao de qualidade e contribuindo para sua posterior insereo no mercado de trabalho. Ja que, um dos fatores que influenciam a iniciagdo delituosa € a falta de recursos para garantir a subsist8ncia familiar. ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 40 6 CONSIDERAGOES FINAIS A pena tem dupla funcao que é a reprovacdo a preveneaa (art. 59 do Cédigo Penal Brasileiro), ou seja, 0 ordenamento penal patrio adatou a teoria mista ou unificada. Desse mado, de acordo com a Lei de Execugdes Penais (Lei n° 7.210 de 1984), que regula a execucao da pena em nosso pais, a mesma, possui um carater social preventivo, visa a repress4o pela pratica do crime, mas de forma a impedir 2 ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br a pratica de novos delitos Observou durante 0 estudo, que a acerca da funcdo da pena estipulada atualmente pelo sistema penal brasileiro, ja nao consegue a téo almejada ressocializagao do preso. Apesar de nosso ordenamento juridico (art. 18 da Lei n® 7.210, de 11 de julho de 1984) garantir a todos os individuos a prevaléncia dos direitos humanos, a concretizago da norma, na pratica, nao acorre no interior das penitenciarias. Porém, 0 que temos presenciado a cada dia é uma situag4o de completa Violago das disposicdes legais, impossibilitando a ressocializag4o € contribuindo para a reincidéncia. A taxa de reincidentes no Brasil é alta, 70% a 80% dos presos inseridos novamente na saciedade voltam a delinquir, ou seja, a aplicagao da pena coma finalidade da execugdo da pena privativa de liberdade nao ressocializa o preso. Isto porque, pena privativa de liberdade retira 0 preso totalmente do convivio social, 0 que influi negativamente na sua readaptaco, no seu reingresso a sociedade. A prisdo acarreta inumeros efeitos negativos sobre a pessoa do encarcerado (fatores psicolégicos sociolégicos), os quais contribuem para a sua permanéncia na criminalidade, ou seja, ao invés de ressocializé-lo, reeducé-lo, 0 aproxima mais do crime. Observa-se que apesar das disposigdes legais protetivas, o sistema penitenciario € caético, sendo corriqueira a violago de direitos humanos nessas instituigdes. Nas penitenciarias os presos so maltratados, humilhados, nao somente por outros condenados, como também, por agentes estatais que a0 exercerem suas fungées sentem-se no direito de intensificar a punic&o daquelas pessoas, como se considerassem insuficientes a pena imposta pelo Estado e competentes para aplicar sangdes de acordo com sua livre conveniéncia ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 42 A falha do sistema prisional brasileiro além de trazer consequéncia negativas a0 apenado também gera graves consequéncias a sociedade. Ora, como é sabido, as prises brasileiras, infelizmente, fomentam a criminalidade. Um exemplo que comprava esta afirmacdo € a existéncia de sociedades paralelas dentro das prisdes, como as ja famosas organizacées criminosas do Brasil, a saber: Camando Vermelho © 0 Primeiro Comando da Capital (PCC), que nasceram dentro das prisées brasileiras. A sociedade é vitima diante da atuagao das organizacées criminosas, ois sofre cam os inumeros delitos cometidos por esta Percebe-se que as organizacdes criminosas existentes nas prisées s4o um exemplo das consequéncias oriundas da inexisténcia de medidas ressocializadoras dos presos trazem consequéncias desastrosas tanto para o encarcerado quanto para a sociedade Apesar da faléncia da pena de pris4o, a progress4o de regime é um importante sistema que contribui positivamente para ressocializacéo do apenado, visto que, possibilita gradativamente a reinserco do preso a sociedade, desde que preencha os requisitos dispasto em lei, ou seja, progredir do regime mais rigoroso, para 0 menos rigaroso. Convém mencionar, ainda, que o sistema progressivo serve de incentivo (estimulo) ao apenado, pois um dos requisitos para a pragressao de regime é que o preso tenha durante o cumprimento da pena um comportamento adequando. O sistema penitenciario precisa passar por uma reforma, com o abjetivo de garantir que a execugdo da pena se dé da forma como prevista pelo ardenamento juridico, preservando a dignidade do preso e permitindo que o mesmo reflita sobre SeUS erros € Nao mais volte a praticé-lo, dai a necessidade de um sistema prisional racional e humano, que possibilite verdadeiramente a ressocializa¢éo do apenado, pois é impossivel recuperd-lo com o atual sistema penitenciaria © apenado durante o cumprimento da pena ndo deve ter seus direitos ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 43 Violentados, pelo contrario, o Estado deve possibilitar que o apenado resgate a sua dignidade, através da aplicagéo de medidas educativas, com a insercao de atividades laborais, acompanhamento psicolégico, além de permitir a convivéncia familiar. Cabe ressaltar que, a reforma do sistema penitenciario no é suficiente para diminuir a criminalidade. Nossas criangas e javens precisam encontrar nas escolas uma educagao adequada a seu desenvolvimento € amparo psicoldgico, de forma a evitar que aqueles que nasceram em um ambiente criminoso nao sigam os exemplos que tém em casa ou em sua comunidade, mas que percebam a possibilidade de vencerem por meias licitos, se tornando profissianais qualificados € mantedores do Estado Democratico de Direito. E certo que a pena privativa de liberdade no Brasil além da sua finalidade retributiva (retribuir a0 apenado o mal injusto por ele praticada), objetiva neutralizar o agente infrator (preven¢ao especial negativa) retirando-o do convivio social. No entanto, a pena nao cumpre sua fun¢do social que é ressocializar o agente infrator, ou seja, reeducé-lo para que nao volte a delinguir. ‘Adtigo originério de trabalho de conclusdo de curso, aprovado para publicagéo pela banca examinadora em defesa piblica E -civtas Revita Clertifea do Departamento de Cléncias Juridicas,Polticas e Gerenciais do UNI-BH Belo Horizonte, vol. Il, 1, jul-2010. ISSN: 1964-2716. Disponvel em: www-unibh brtevistaslecivtas! ‘email de contato: ecivtas@unibh br 44 REFERENCIAS ASSIS, Rafael Damasceno. A evolugdo historica dos regimes prisionais e do Sistema Penitenciario. Revista Jus Vigilantibus, 30 abr. 2007. 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