Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Bruno P. W. Reis*
1 Este trabalho é fruto de minha participação nas atividades do Laboratório de Estudos Marxistas
Contemporâneos, do Iuperj, sob a coordenação do Prof. Luiz J. Werneck Vianna. Além do Prof. Werneck
Vianna, também os Profs. Fábio Wanderley Reis, da UFMG, Maria Regina Soares de Lima, do Iuperj, e
Argelina Cheibub Figueiredo, da Unicamp, tiveram acesso a uma versão anterior do trabalho, e a eles
agradeço as críticas e comentários feitos naquela ocasião, dos quais muito se beneficia o trabalho em sua
versão atual. Gostaria de registrar, também, minha gratidão ao Prof. William Ricardo de Sá, do
Departamento de Ciências Econômicas da UFMG e editor da revista Nova Economia, cujo incentivo
melhorou o trabalho a ponto de tornar possível a sua publicação. Naturalmente, nenhuma das pessoas
citadas é responsável pelos defeitos que porventura eu não tenha sido capaz de evitar.
* Doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro – IUPERJ,
professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Ferais – UFMG (Belo
Horizonte, Brasil).
2
1. Introdução
membro de uma classe ou grupo do interesse desta classe tomada coletivamente: ele
demonstra que não necessariamente é do interesse do membro de uma classe agir
conforme os interesses de sua classe. Se partirmos da suposição de que um indivíduo
persegue racionalmente seus interesses, daí não poderemos inferir que ele irá se engajar
numa ação coletiva que vise a atender seus interesses (desde que o grupo seja
suficientemente grande para que a abstenção do indivíduo em questão não impeça a
provisão do bem público). Isto porque, tratando-se de bens públicos, não se poderá
vedar a ninguém o acesso aos benefícios proporcionados pela ação coletiva em questão, e
qualquer indivíduo estará em condições de usufruir destes benefícios sem enfrentar o
ônus – e eventualmente os riscos – de se engajar na ação; a possibilidade de “pegar
carona” na ação dos outros pode acabar levando à inação generalizada. Desta
possibilidade Olson deriva o conceito de “grupo latente”, que é aquele grupo
objetivamente definido em função de um interesse comum que lhe é imputado, mas que
não consegue superar o problema da carona e se constituir num ator coletivo
organizado.2
Usando o jargão da teoria dos jogos, é como se cada indivíduo se defrontasse com
uma situação conhecida como “dilema do prisioneiro” (no caso da teoria de Olson, trata-
se de um jogo entre n atores modelado na forma de um jogo entre dois atores: “eu” e “os
outros”). O dilema do prisioneiro é um “jogo” no qual cada ator, diante de uma situação
em que tem de optar entre cooperar (“C”) ou não cooperar (“D”) com os demais, ordena
suas preferências da seguinte forma (diferentes ordenações destas preferências – que
podem ser expressas em utilidades ordinais ou cardinais – definem os diversos jogos
possíveis): a sua situação preferida é aquela em que os outros cooperam mas ele não (a
“carona”: DC); em segundo lugar, cada ator coloca a situação de cooperação universal
(CC); em terceiro, a não-cooperação universal (DD); e como a pior alternativa, a hipótese
de adotar sozinho a estratégia cooperativa enquanto os outros se abstêm de fazê-lo (CD).
(Sinteticamente, a ordem de preferências dos atores em um dilema do prisioneiro pode
ser assim expressa: DC>CC>DD>CD.) A solução do jogo do dilema do prisioneiro é o
egoísmo universal (DD), pois esta é a única posição de equilíbrio entre os quatro
desfechos possíveis, posto que é a única situação em que nenhum ator individualmente
se sentirá estimulado a mudar sua estratégia (pois nela ninguém pode melhorar sua
posição mudando unilateralmente sua estratégia para a cooperação). A estratégia não-
2 Olson, The Logic of Collective Action, pp. 48-52. Além do próprio livro de Olson, uma competente
sistematização recente do tema encontra-se em Russell Hardin, Collective Action. Uma apresentação
rápida (mas não tanto quanto a esboçada aqui) pode ser encontrada em meu trabalho “Reflexões sobre a
Epistemologia de Popper e o Individualismo Metodológico”, esp. pp. 18-27.
4
3 Na verdade, a solução de equilíbrio (DD) do dilema do prisioneiro é a única situação – das quatro possíveis
– que não preenche os requisitos do ótimo de Pareto. Para uma discussão acerca desta característica
peculiar ao dilema do prisioneiro, ver George Tsebelis, Nested Games, pp. 65-8. Outros dois exemplos de
jogos “clássicos” são: (1) o chicken (em relação ao dilema do prisioneiro, o jogo chicken inverte a ordem de
preferência dos dois piores resultados: assim, para cada ator, DC>CC>CD>DD), com duas soluções de
equilíbrio possíveis (DC e CD); e (2) o assurance (inverte a ordem dos dois melhores resultados de um
dilema do prisioneiro: assim, CC>DC>DD>CD), que possui dois equilíbrios (CC e DD), mas apenas um
deles plausível (CC). Outros jogos existem, definidos por outras ordenações das preferências dos atores
(alguns dos quais sem nenhuma solução de equilíbrio), mas os três aqui apresentados são os mais
freqüentemente utilizados – especialmente o dilema do prisioneiro, particularmente importante devido às
suas implicações teóricas centrais ao problema da ação coletiva. (Alguns autores buscam uma solução
cooperativa para o dilema do prisioneiro através da introdução da hipótese da repetição infinita do jogo,
que torna as estratégias dos atores dependentes entre si, uma vez que a possibilidade de retaliação à não-
cooperação induziria os atores a um comportamento cooperativo. O trabalho fundamental nesta direção é
Robert Axelrod, The Evolution of Cooperation.) Uma boa introdução aos fundamentos da teoria dos jogos
é Frank Zagare, Game Theory. Um “manual” mais aprofundado e especificamente voltado para a ciência
política é Peter Ordeshook, Game Theory and Political Theory. Dos autores “clássicos” da bibliografia
dedicada à teoria dos jogos (cf. por exemplo as referências bibliográficas dos livros de Zagare e Ordeshook
supracitados), a única obra já traduzida e publicada no Brasil é Anatol Rapoport, Lutas, Jogos e Debates.
4 Embora a associação do argumento de Hobbes no Leviatã com o dilema do prisioneiro já não seja
novidade, um recente trabalho longamente dedicado ao tema é Jean Hampton, Hobbes and the Social
Contract Tradition. Uma rápida apresentação da clássica controvérsia acerca de Hobbes mantida por
Howard Warrender (The Political Philosophy of Hobbes), John Plamenatz (“Mr. Warrender’s Hobbes”) e
A. E. Taylor (“The Ethical Doctrine of Hobbes”), analisada à luz da contribuição de Olson, pode ser
encontrada em Fábio Wanderley Reis, “Solidariedade, Interesses e Desenvolvimento Político”, pp. 190-3.
5
uma ação qualquer etc.).5 Brian Barry, contudo, chama atenção para a dimensão
tautológica deste argumento, que permite ao modelo de Olson – assim como acontece
com outras teorias “econômicas” – explicar qualquer fenômeno por sua mera
redescrição. Assim, se uma organização qualquer se mantém, sempre se poderá afirmar
que ela ofereceu incentivos seletivos, pois quaisquer que sejam os motivos particulares
que as pessoas tenham para apoiá-la, estes motivos poderão ser chamados de incentivos
seletivos.6
A larga abrangência do conceito de “incentivos seletivos” pode tornar a teoria de
Olson tautológica e portanto imprestável para apoiar predições empíricas específicas
(como diz Barry, ela não pode dizer que uma coisa vai acontecer e não outra), bem como
para explicar fatos históricos concretos. Não obstante, este mesmo caráter tautológico
afirma a possibilidade de universalização da descrição analítica que a teoria de Olson faz
da lógica da ação coletiva. Ele é bem-sucedido em sua tentativa de demonstrar que a
adesão de um indivíduo a uma ação coletiva tem de se apoiar em motivos outros que não
sejam o próprio interesse do indivíduo no bem público que a ação coletiva em questão se
propõe conseguir. Com a afirmação desta tese aparentemente simples, Olson conseguiu
lançar luz sobre inúmeros problemas teóricos, sendo pelo menos dois fundamentais e
imediatamente visíveis. Em primeiro lugar, forçou os pluralistas norte-americanos a
matizarem suas análises, que tomavam descuidadamente os grupos de pressão como
atores principais de sua abordagem teórica: depois de Olson, os grupos podem continuar
sendo atores relevantes, mas não se pode mais basear um argumento em hipóteses sobre
comportamento de grupos sem antes estender a análise até os indivíduos integrantes
destes grupos.7 Um segundo desdobramento importante do modelo de Olson é o fato de
iluminar de forma reveladora a clássica distinção marxiana entre “classe em si” e “classe
para si”, conforme veremos na próxima seção.
A definição dos conceitos de “classe em si” e “classe para si” foi deixada em
termos um tanto ambíguos pelo próprio Karl Marx.8 Com base em dois tipos de
da Filosofia (Elster, Making Sense of Marx, p. 346. Ver também Bottomore, Dicionário do Pensamento
Marxista, verbete “classe”, p. 62, para a citação pertinente de A Miséria da Filosofia.). Aliás, é necessário
dizer que, apesar de sua importância capital na teoria marxista, o conceito de classe nunca foi formulado
de maneira sistemática nem por Marx, nem por Engels, fato que talvez explique em parte algumas
ambigüidades observadas no uso que ambos fizeram dele – como, por exemplo, afirmar em A Ideologia
Alemã que a própria emergência da classe é um produto da burguesia e, no Manifesto Comunista, que a
história de todas as sociedades até hoje existentes é a história da luta de classes, aí se incluindo a luta entre
patrícios e plebeus em Roma. (Cf. Bottomore, Dicionário do Pensamento Marxista, verbete “classe”, p. 61.
Ver também A Ideologia Alemã, p. 119, e o “Manifesto do Partido Comunista”, p. 22. A própria Ideologia
Alemã, por sinal, “está repleta de referências a classes em sociedades pré-capitalistas”, conforme constata
Elster, Making Sense of Marx, p. 334, tradução minha.) Talvez se possa mesmo afirmar que a associação
explícita e exclusiva do conceito de classe com a esfera econômica seja antes uma contribuição de Max
Weber, que definiu classes sociais – diferentemente dos “grupos de status” ou “estamentos” – de maneira
exclusivamente econômica, segundo o comportamento comum de grupos de pessoas em relação ao
mercado (cf. Weber, “Classe, Estamento, Partido”, esp. p. 212: “Podemos falar de uma ‘classe’ quando: 1)
certo número de pessoas tem em comum um componente causal específico em suas oportunidades de
vida, e na medida em que 2) esse componente é representado exclusivamente pelos interesses econômicos
da posse de bens e oportunidades de renda, e 3) é representado sob as condições de mercado de produtos
ou mercado de trabalho.”).
9 Cohen, Karl Marx’s Theory of History, p. 73.
10 “A classe acontece quando alguns homens, como resultado de experiências comuns (herdadas ou
partilhadas), sentem e articulam a identidade de seus interesses entre si, e contra outros homens cujos
interesses diferem dos seus (e geralmente se opõem a estes).” (E.P. Thompson, A Formação da Classe
Operária Inglesa, vol. I, p. 10. Uma pequena correção na tradução original foi necessária.)
7
11 Vimos acima (nota 7) que esta associação das chances vitais das pessoas com a sua condição de classe já
estava presente em Weber (“Classe, Estamento, Partido”, p. 212): a primeira das três características
definidoras da noção weberiana de “classe” diz respeito às “oportunidades de vida” das pessoas.
implicações relevantes do nexo entre a situação de classe e as chances vitais das pessoas são exploradas em
Fábio Wanderley Reis, “Solidariedade, Interesses e Desenvolvimento Político”, esp. pp. 210-2.
8
esperado das classes sociais no capitalismo que Marx apoiou parte substancial de sua
obra, especialmente no que diz respeito à profecia do advento da revolução proletária.
Naturalmente, está implícita nesta conclusão a suposição de que Marx não estava
consciente do dilema da ação coletiva tal como formulado por Olson. Esta, contudo, está
longe de ser uma suposição indisputada, merecendo consideração mais atenta. Para
Raymond Boudon, por exemplo, Marx não fazia uma associação entre consciência e ação
tão automática quanto a que foi aqui delineada. Escreve ele:
“a distinção entre classe em si e classe para si, as infinitas hesitações de Marx sobre a
noção de consciência de classe, as análises sobre a organização política das classes
mostram que ele estava pelo menos implicitamente consciente do paradoxo de Olson.”12
Creio, contudo, que embora seja altamente provável que Marx se sentisse inseguro
quanto à capacidade de ação política concertada do proletariado, especialmente no que
diz respeito a ações estratégicas com retornos de longo prazo (caso da ação
revolucionária), nada do que Boudon alega nos permite concluir que Marx deixasse de
identificar a consciência de classe como um momento fundamental da luta de classes, e
muito menos nos permite a inferência de que ele, como Olson, admitisse a hipótese de
que classes sociais “conscientes” pudessem permanecer indefinidamente como “grupos
latentes”, incapazes de atuar coletivamente. Pelo contrário, é justamente a recusa
implícita desta possibilidade que fundamenta a tese marxiana da inevitabilidade da
revolução proletária. Jon Elster corrobora no essencial o ponto de vista aqui defendido,
pois, segundo ele, embora por um lado Marx parecesse consciente da possibilidade da
existência de “caronas” entre os capitalistas (tendo falado de regulamentações legais
tanto do trabalho quanto de mecanismos do mercado como formas de proteger os
capitalistas de si próprios), tendia de fato, por outro lado, a identificar consciência de
classe com capacidade de ação concertada pelo menos no que respeita ao proletariado,
não tendo enfrentado frontalmente o fato de que para deslanchar uma greve, uma
revolução, ou mesmo para formar um sindicato, também os operários (mesmo os
“conscientes”) têm de se defrontar com um dilema do prisioneiro.13
Chegamos, deste modo, a uma aparente incompatibilidade fundamental entre a
incorporação da contribuição de Olson e uma teoria das classes sociais em moldes
marxistas. Ao longo da última década, porém, vem ganhando merecido destaque na
produção sociológica internacional um grupo de estudiosos que se propõe precisamente
lidar com temas tradicionalmente marxistas utilizando o instrumental teórico da
“escolha racional” – o mesmo utilizado por Olson. A produção deste grupo de autores
14 Explicação funcionalista pode ser entendida grosso modo como aquela em que as conseqüências explicam
suas causas. Cf. Elster, “Marxismo, Funcionalismo e Teoria dos Jogos”, esp. pp. 165-7. Para um exame
mais detido do assunto, ver Carl Hempel, “A Lógica da Análise Funcional”, bem como Arthur
Stinchcombe, Constructing Social Theories, cap. 3, esp. pp. 80-101, G. A. Cohen, Karl Marx’s Theory of
History, caps. IX e X, pp. 249-96, e Elster, Explaining Technical Change, esp. cap. 2, pp. 49-68 (agradeço
à Profª Argelina C. Figueiredo pela indicação do livro de Elster).
15 Elster distingue a teleologia objetiva (“postular um propósito sem seu ator”) “tanto da teleologia subjetiva
(atos intencionais com um sujeito intencional) quanto da teleonomia (comportamento adaptativo
modelado pela seleção natural)”, procedimentos por ele considerados válidos. (Cf. Elster, “Marxismo,
Funcionalismo e Teoria dos Jogos”, pp. 166-7. Os trechos citados estão na p. 166.)
10
16 Trata-se de Cohen, “Resposta ao Artigo ‘Marxismo, Funcionalismo e Teoria dos Jogos`, de Jon Elster”.
17 Para uma exposição sintética dos principais argumentos de Elster e Cohen acerca do funcionalismo, ver
meu trabalho “Reflexões sobre a Epistemologia de Popper e o Individualismo Metodológico”, pp. 35-9.
18 Cohen, “Resposta ao Artigo...”, p. 187.
19 Idem, p. 188.
20 Idem, p. 189.
11
que parece haver, em vez disso, é uma espécie de delimitação de competências entre a
contribuição eminentemente historiográfica de Thompson ao estudo do problema da
formação da consciência de classe, de um lado, e a questão de se forjar uma definição
teórica do conceito de classe, do outro. No que diz respeito ao último ponto, os marxistas
analíticos parecem rechaçar frontalmente as formulações de Thompson, pois os
procedimentos metodológicos dos primeiros – com ênfase na abstração teórica e na
argumentação formal – divergem radicalmente da atenção “empirista” de Thompson aos
fatos e à história.
Uma boa indicação desta atitude pode ser encontrada no livro de Cohen, Karl
Marx’s Theory of History: A Defence. Ali, Cohen dá-se ao trabalho de deter-se sobre a
definição (subjetivista) que Thompson oferece do conceito de classe social, em defesa da
procura de uma definição de tipo objetivista (que Cohen chama, talvez mais
adequadamente, de “definição estrutural”).24 Após definir o proletário como “o produtor
subordinado que deve vender sua força de trabalho para obter seus meios de vida”,
Cohen reconhece que esta definição ainda contém defeitos, mas afirma tratar-se do tipo
correto de definição de classe social, que “define a classe com referência à posição de
seus membros na estrutura econômica, seus direitos e deveres efetivos dentro dela”.25 E
prossegue Cohen:
“A classe de uma pessoa é estabelecida exclusivamente por seu lugar objetivo na rede das
relações de propriedade, embora possa ser difícil identificar tais lugares com nitidez. Sua
consciência, cultura e opiniões políticas não entram na definição de sua posição de
classe. De fato, estas exclusões são necessárias para se preservar o caráter substantivo da
tese marxiana de que a posição de classe condiciona fortemente a consciência, a cultura e
a opinião política.”26
Voltando-se então para Thompson e sua recomendação contra definições “estruturais”
do proletariado, Cohen defende seu próprio ponto de vista, não sem antes elogiar o
“magnífico” trabalho historiográfico de Thompson. Afirma que o erro de Thompson
consiste numa inferência indevida feita a partir de uma premissa verdadeira, e sustenta
que é esta premissa – e não o equivocado conceito de classe indevidamente dela inferido
– que dá forma ao trabalho de Thompson como historiador.27 A premissa verdadeira é
afirmar que as relações de produção não determinam mecanicamente a consciência de
classe; a conclusão injustificada que Thompson daí extrai é que classe não pode ser
definida por referência exclusiva às relações de produção. Cohen argumenta que
definida pela comparação com a média do tempo de trabalho socialmente necessário que
uma distribuição rigorosamente igualitária do tempo de trabalho requereria de cada
produtor: quem trabalha mais que essa média é explorado; quem trabalha menos, é
explorador.31
Embora em Roemer a posição de classe esteja associada a estratégias
individualmente escolhidas em um mercado competitivo, sua abordagem pode ser dita
objetivista, uma vez que, em seu modelo, a posição de classe de um produtor está
endogenamente relacionada com sua riqueza inicial, e dela deriva necessariamente.32
Jon Elster apóia sua compreensão do conceito de classe basicamente sobre as
contribuições de Cohen e Roemer.33 É impossível, por exemplo, deixar de identificar o
modelo de Roemer por detrás deste trecho de Elster:
“Um trabalhador é alguém que vende sua força de trabalho porque tem que fazê-lo, ou
porque, em termos mais gerais, esse é o melhor meio de aplicar seus dotes produtivos. O
conceito de classe, para ser útil numa teoria da luta de classes, deve agrupar apenas
aqueles que estão unidos pela necessidade e por um destino comum. Daí que, em
economias de mercado com propriedade privada dos meios de produção, uma classe
consiste de indivíduos que têm que adotar o mesmo comportamento de mercado se
quiserem fazer o melhor uso do que possuem. Propriedade dos meios de produção entra
nessa definição de modo indireto, como aquilo que determina qual o comportamento
ótimo diante do mercado. Comportamento gerado pela dotação se torna o critério de
classe.”34
Dito sinteticamente, “uma classe é um grupo de pessoas que, em virtude do que
possuem, são compelidas a exercer as mesmas atividades se querem fazer o melhor uso
de suas dotações”.35
Elster nos lembra, todavia, que uma definição não é uma teoria, e que o interesse
da teoria marxiana das classes sociais não reside em uma eventual definição que Marx
nos tenha oferecido da noção de classe social, mas nas inferências que ele faz a partir de
sua concepção. E – conforme havíamos visto acima (seção 3) – é neste ponto que se
colocam os problemas, não só para as formulações que o próprio Marx nos legou, como
também para a maioria das contribuições recentes dos marxistas analíticos. Segundo
31 Roemer, “New Directions on the Marxian Theory of Exploitation and Class”, pp. 87-9. A teoria de Roemer
encontra sua elaboração completa em Roemer, A General Theory of Exploitation and Class. É
interessante observar que em Roemer a exploração não decorre do processo de trabalho, mas da
concentração relativa da propriedade dos meios de produção. (Cf. Roemer, “New Directions...”, pp. 93-5.)
32 Roemer depois enriquece sua teoria da exploração ao introduzir a acumulação em seu modelo. Seu
enfoque do conceito de classe, entretanto, permanece fundamentalmente o mesmo. (Cf. idem, pp. 95-7 e
seguintes.)
33 Uma exposição sumária das opiniões de Elster sobre o tema pode ser encontrada em Elster, Marx Hoje,
cap. 7, pp. 140-59. Para um tratamento mais completo e detalhado, porém, é imprescindível recorrer a
Elster, Making Sense of Marx, cap. 6, pp. 318-97.
34 Elster, Marx Hoje, pp. 144-5.
35 Elster, “Three Challenges to Class”, p. 147 (tradução minha).
15
Elster, a teoria marxiana das classes tinha a pretensão de oferecer a explicação básica dos
conflitos sociais: Marx acreditava que classes objetivamente definidas tendem a se
cristalizar em atores coletivos, e que eventuais atores coletivos sem correspondência em
classes tendem a perder importância. Haveria, assim, uma presunção de que o “mapa”
dos atores coletivos relevantes em uma sociedade poderia ser explicado por referência às
classes sociais objetivamente definidas.
A consideração da existência de grupos religiosos, étnicos, ou de outros grupos
coletivamente atuantes coloca dois óbvios problemas à teoria formulada nesses termos:
(1) a persistência de atores coletivos que não são classes, e (2) o fracasso de algumas
classes em organizarem-se como atores coletivos.36 A Antiguidade Clássica nos oferece
um bom campo de teste da resistência da teoria marxiana fora do contexto capitalista.37
Ao longo de toda a história da civilização greco-romana, o conflito social central
travou-se entre patrícios e plebeus, que todavia não são propriamente classes
(economicamente definidas), mas antes o que Max Weber chamou de “grupos de status”,
ou “estamentos”.38 O próprio Marx – num prefácio de 1869 à segunda edição de O 18
Brumário de Luís Bonaparte39 – refere-se aos escravos de Roma (indubitavelmente uma
classe, segundo os critérios que a definem por referência às relações de produção)40 como
o “pedestal passivo” sobre o qual se desenrolaria a luta de classes entre os homens livres,
ricos e pobres, num caso histórico de classe que nunca se constituiu como ator coletivo.41
Segundo Elster, porém, esta inexistência da ação coletiva de classe entre os escravos não
constitui um desafio real à teoria marxiana das classes, uma vez que a sua mera
possibilidade foi um fator importante na determinação das relações sociais. O mesmo
não se pode dizer, contudo, da afirmação weberiana de que há sociedades
(“estamentais”) em que o conflito central não é protagonizado por classes sociais, mas
por grupos de status: esta possibilidade, segundo Elster, não é compatível com o papel
preponderante que Marx destinava às classes na dinâmica dos conflitos sociais.42 Assim,
para Elster, no que se refere aos dois “desafios” acima lançados à teoria marxiana das
classes sociais tal como aqui esboçada, apenas o primeiro – a persistência histórica
continuada de atores coletivos que não são classes economicamente definidas – constitui
para ela uma real dificuldade; já o fracasso observado de algumas classes em
organizarem-se como atores coletivos (o segundo desafio acima apresentado) não
constitui um problema para a teoria marxiana, desde que se possa argumentar em favor
da existência de uma “luta de classes latente” que influenciasse as relações sociais.43
Um outro problema que Elster levanta para a teoria marxiana das classes sociais
reside no ponto suscitado por Ralf Dahrendorf, segundo o qual diferenciais de poder
presentes em relações de dominação e subordinação devem constituir uma dimensão
relevante na definição das classes, se queremos que a teoria das classes sociais tenha um
papel importante na explicação dos conflitos sociais.44 Relacionada a isto desponta a
afirmação de Elster acerca das relações imediatas entre classes, que envolveriam um
processo hierarquizado de “mão dupla”, com a transferência do excedente de baixo para
cima, de um lado, e a transferência de ordens de cima para baixo, do outro. Esta
transferência do excedente, contudo, não necessariamente coincide com a relação de
exploração, e Elster cita como exemplo o fato de que o arrendatário capitalista transfere
41 Elster, “Three Challenges to Class”, pp. 151-2. Segundo M. I. Finley (Economia e Sociedade na Grécia
Antiga, p. 126), as revoltas de escravos registradas na Antiguidade sempre foram guiadas pelo intuito de
alguns de escaparem à condição de escravos; nunca visaram à extinção da escravidão, ou mesmo à
melhoria das condições de vida dos escravos. A liberdade pela qual lutavam incluía o direito de possuir
outros indivíduos como escravos. Elster – adotando uma posição talvez um tanto extremada – recusa-se a
qualificar tais revoltas como lutas de classes no sentido marxista (Elster, “Three Challenges to Class”, p.
152). Não vamos entrar, porém, na discussão deste ponto, uma vez que – conforme se verá logo adiante –
ele é irrelevante para a argumentação de Elster.
42 Elster, idem, p. 153.
43 Idem, pp. 152-3.
44 Elster, Marx Hoje, pp. 145-6 e 158. A contribuição, hoje clássica, de Dahrendorf ao assunto é seu livro
Class and Class Conflict in Industrial Society, de 1957. Erik Olin Wright procura contemplar esta mesma
dimensão do problema ao introduzir as “dotações organizacionais” dos atores (“organization assets”)
como uma das variáveis definidoras de suas posições de classe (cf. Wright, “What is Middle about the
Middle Class?”, esp. pp. 126-39). Sua concepção é mais amplamente desenvolvida em seu livro, Classes.
17
excedente para o proprietário de terras, mas não é explorado por este. “São ambos
exploradores, vivendo do trabalho dos trabalhadores que exploram.”45 Este tipo de
relação de exploração indireta, que não envolve confrontação face a face, é comum no
capitalismo. Segundo Elster, daí decorre mais um problema para a teoria marxiana das
classes, posto que o conflito de classes é tipicamente gerado por confrontações face a
face, embora muitas vezes relações mais remotas sejam mais relevantes. Esta “miopia”
freqüente da luta de classes torna pouco provável que dela derive diretamente a grande
mudança social esperada por Marx.46
A conclusão de Elster aponta para a absoluta relevância das classes sociais como
fonte de conflito (pelo menos, como uma fonte entre outras)47 e como um terreno
inescapável da barganha para a formação de alianças que definirão as estruturas de
poder em uma sociedade. Contudo, embora afirme a absoluta relevância das classes
sociais, Elster recusa-se a admitir o postulado marxiano da centralidade da estrutura de
classe na explicação do conflito social entre grupos organizados em todas as sociedades,48
corroborando o ponto de vista aqui expresso anteriormente acerca da indeterminação
fundamental do comportamento político das classes sociais.
45 Elster, Marx Hoje, p. 147. A teoria de Roemer – na qual Elster se baseia – exclui a possibilidade de um só
ator ser ao mesmo tempo explorado e explorador, pois não mais define a exploração em função do
processo de trabalho, mas sim como uma decorrência lógica das diferentes dotações “iniciais” de recursos
produtivos (meios de produção) dos diversos atores: como já foi visto acima, são explorados aqueles que
para otimizar são forçados a trabalhar mais que a média do tempo de trabalho socialmente necessário (ou
seja, vender sua força de trabalho ou tomar capital emprestado); aqueles que otimizam trabalhando
menos que essa média (ou seja, aqueles que compram força de trabalho ou emprestam capital) são
exploradores. É possível ainda que alguém otimize seu resultado abstendo-se de comprar ou vender força
de trabalho, não sendo neste caso nem explorado e nem explorador; não é possível, contudo, que alguém
seja ao mesmo tempo explorado e explorador. (Cf. Roemer, “New Directions...”, esp. pp. 81-102. Para a
demonstração formal das posições de classe possíveis no modelo, cf. Roemer, A General Theory..., pp. 69-
77.)
46 Ver a respeito Elster, Marx Hoje, pp. 146-7 e Elster, Making Sense of Marx, pp. 340-1.
47 Elster, “Three Challenges to Class”, p. 160.
48 Idem, pp. 160-1.
18
Przeworski e seu traço mais saliente. Em Przeworski, classe e ação estão identificadas a
priori, e os “grupos latentes” de Olson não são mais classes, pelo menos enquanto não
influenciarem, ainda que inconscientemente, o “mapa” das relações sociais (como o
fizeram os escravos de Roma, conforme vimos com Elster). “A própria teoria de classes”,
escreve Przeworski, “deve ser considerada intrínseca a projetos políticos específicos.”53
Para Przeworski, um dos motivos centrais pelo qual a análise de classes não se
pode apoiar nas pessoas que ocupam lugares no sistema de produção é que o
desenvolvimento capitalista gera necessariamente uma apreciável massa de “força de
trabalho socialmente disponível” que não encontra emprego produtivo, mas que pode
encontrar diversas formas de organização, determinadas não pela acumulação, mas pela
luta de classes. A forma de organização desta massa irá fatalmente se refletir na
organização do operariado, o que leva Przeworski à conclusão de que “são possíveis
diversas organizações de classes alternativas em qualquer momento da história.”54 A
definição do proletariado com base exclusiva na separação dos meios de produção fora
possível no século XIX, quando ela correspondia à noção intuitiva de operário manual,
empregado na indústria. Já em meados do século XX, porém, o conceito abarcava
“secretárias e administradores de empresa, enfermeiras e advogados de grandes
companhias, professores e policiais, operadores de computador e diretores-executivos”,
criando “uma sensação de inadequação, já perceptível em Kautsky”.55 O rápido
crescimento do setor de serviços fez com que os operários manuais, industriários,
subitamente se tornassem minoria absoluta, não somente em relação à sociedade como
um todo, mas também dentro do próprio “proletariado”.
Em suma, a concepção de Przeworski toma as relações sociais dadas –
econômicas, políticas e ideológicas – como definidoras de uma “estrutura de escolhas
dadas em um determinado momento da história”.56 Assim, as classes sociais não
emanam diretamente das relações sociais, mas constituem efeitos das práticas que os
atores historicamente escolheram. Estas escolhas, contudo, não são arbitrárias, mas
caráter de epifenômenos e nem são livres de determinação. São estruturadas pela totalidade das relações
econômicas, políticas e ideológicas, e produzem um efeito autônomo sobre o processo de formação de
classes.” (Idem, p. 86.) A flagrante circularidade desta formulação (classes como efeitos de lutas de
classes...) é o preço – alto demais, conforme veremos adiante (seção 5) – que Przeworski paga em sua
tentativa de contornar a indeterminação da conduta política das classes sociais derivada do modelo de
Olson.
53 Idem, p. 87.
54 Idem, pp. 67-8. O trecho citado está na p. 68.
55 Idem, p. 76.
56 Idem, p. 93.
20
estruturadas pelas opções deixadas abertas pelas relações sociais, que são tomadas por
cada indivíduo como dadas. No sentido inverso, estas mesmas relações sociais
estruturadoras das escolhas sofrerão a influência do efeito agregado destas escolhas,
sendo por elas modificadas e gerando novas estruturas de escolhas, diferentes das
anteriores.57 Disto decorre a interpretação que Przeworski oferece para a afirmação da
luta de classes como “motor da história”: para ele, tal afirmação tem o valor de um
“postulado metodológico”, pois “todos os conflitos que ocorrem em qualquer momento
da história podem ser compreendidos em termos históricos se e somente se forem vistos
como sendo efeitos da formação de classes e por sua vez produzindo efeitos sobre essa
formação”.58
59 Cf. idem, cap. 7 (“Exploração, Conflito de Classes e o Socialismo: O Materialismo Ético de John Roemer”),
pp. 261-78.
22
sua conduta econômica.62 E se por acaso se constata que a mera polarização da sociedade
entre proletários e capitalistas faz tábula rasa de importantes diferenciações internas
entre os membros de uma mesma classe, deve-se refinar o conceito para tentar
incorporar as sutilezas necessárias. Outras configurações das classes sociais que se
revelem iluminadoras da realidade podem nos levar mesmo a abandonar o conceito de
“capitalismo” como definidor de nossa atual realidade histórica e trocá-lo por outro
qualquer (socialismo?). Alternativamente, pode ocorrer que, numa sociedade
crescentemente igualitária, as classes sociais economicamente definidas deixem não só
de balizar os conflitos sociais centrais da sociedade como também percam relevância na
determinação das principais oportunidades de vida (ou chances vitais) das várias
pessoas: neste caso, o conceito de classe social perderia paulatinamente sua relevância e
centralidade sociológica em favor de algum outro conceito qualquer, definidor de outra
clivagem porventura mais relevante. O que definitivamente o analista não deve fazer é
recusar-se à teorização, colando os olhos à empiria e limitando-se a narrar os
acontecimentos à medida que estes se desenrolam, chamando de classes sociais
quaisquer grupos organizados em função dos quais se definam os conflitos sociais
básicos. Um procedimento como este não poderia ter pretensão ao rótulo de “ciência”
social, uma vez que, ao definir a partir dos conflitos sociais um conceito (“classes
sociais”) que se pretende relevante para o estudo destes mesmos conflitos sociais,
transforma numa definição aquilo que inicialmente se postulava como um nexo causal,
despindo o conceito de classe social de qualquer interesse ou importância, pelo menos no
que diz respeito à explicação dos conflitos sociais, pois qualquer relação entre classes
sociais e conflitos sociais encontra-se reduzida a uma oca tautologia.
Quanto ao alegado determinismo histórico do modelo de Roemer, não passa do
reflexo aparente de um esforço teórico a-histórico de “dar nome aos bois”. Ele pretende
formular uma teoria geral das classes sociais vinculada a estratégias específicas no
âmbito do mercado – de trabalho ou de crédito – que atores racionais (isto é,
otimizadores) seriam compelidos a adotar (daí a impressão de determinismo). Roemer
chama sua teoria de “geral” porque espera que se aplique, é certo, a qualquer modo de
produção, tal como classicamente definidos na obra de Marx. Só que isto não implica
62 E aqui cumpre reconhecer que chegamos a uma noção de classes sociais extraordinariamente próxima da
concepção weberiana, que identifica “situação de classe” com “situação de mercado” (base possível e
freqüente, mas não necessária, da “ação comunal”), determinada pela “forma pela qual a propriedade
material é distribuída entre as várias pessoas”. Creio ser quase desnecessário a esta altura registrar a
semelhança entre a concepção de Weber e a de Roemer: nem ao mercado de crédito como eventual
definidor da situação de classe Weber deixa de se referir. (Cf. Weber, “Classe, Estamento, Partido”, pp.
212-4.)
24
63 No âmbito da bibliografia relacionada ao marxismo analítico, uma contribuição interessante nesta direção
– realizada por um historiador – é Robert Brenner, “The Social Basis of Economic Development”, que
procura lidar com os microfundamentos do processo de passagem do feudalismo ao capitalismo.
25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ANDERSON, Perry. Arguments Within English Marxism. Londres: Verso Editions, 1980.
AXELROD, Robert. The Evolution of Cooperation. Nova Iorque: Basic Books, 1984.
BARRY, Brian. Los Sociólogos, los Economistas y la Democracia (1970). Buenos Aires:
Amorrortu, 1970.
BOUDON, Raymond. Efeitos Perversos e Ordem Social (1977). Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1979.
BRENNER, Robert. “The Social Basis of Economic Development”, em John Roemer (ed.),
Analytical Marxism, 23-53. Cambridge: Cambridge University Press, 1986.
COHEN, G. A.. Karl Marx’s Theory of History: A Defence. Oxford: Clarendon Press, 1978.
DAHRENDORF, Ralf. Class and Class Conflict in Industrial Society. Londres: Routledge
and Kegan Paul, 1957.
FINLEY, M. I.. Economia e Sociedade na Grécia Antiga (1981). São Paulo: Martins
Fontes, 1989.
HAMPTON, Jean. Hobbes and the Social Contract Tradition. Cambridge: Cambridge
University Press, 1986.
HARDIN, Russell. Collective Action. Baltimore: The Johns Hopkins University Press,
1982.
26
MARX, Karl. “O 18 Brumário de Luís Bonaparte” (1852), em José Arthur Giannotti (org.),
Marx, 323-404. (2ª ed.) São Paulo: Abril Cultural, coleção “Os Pensadores”, 1978.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã (1846). São Paulo: Ed. Hucitec, 1986.
OLSON Jr., Mancur. The Logic of Collective Action: Public Goods and the Theory of
Groups (1965). Nova Iorque: Schocken Books, 1968.
The Rise and Decline of Nations: Economic Growth, Stagflation, and Social
Rigidities. New Haven: Yale University Press, 1982.
ORDESHOOK, Peter C.. Game Theory and Political Theory: An Introduction. Cambridge:
Cambridge University Press, 1986.
PLAMENATZ, John. “Mr. Warrender’s Hobbes”. Political Studies, V(3), outubro de 1957.
RAPOPORT, Anatol. Lutas, Jogos e Debates (1960). Brasília: Ed. Universidade de Brasília,
1980.
ROEMER, John E.. A General Theory of Exploitation and Class. Cambridge (Mass.):
Harvard University Press, 1982.
“New Directions on the Marxian Theory of Exploitation and Class”, em John Roemer
(ed.), Analytical Marxism, 81-113. Cambridge: Cambridge University Press, 1986.
STINCHCOMBE, Arthur L.. Constructing Social Theories. Nova Iorque: Harcourt, Brace &
World, 1968.
27
TAYLOR, A. E.. “The Ethical Doctrine of Hobbes”, em Keith Brown (ed.), Hobbes Studies.
Cambridge (Mass.): Harvard University Press, 1965.
TSEBELIS, George. Nested Games: Rational Choice in Comparative Politics. Los Angeles:
University of California Press, 1990.
“What is Middle about the Middle Class?”, em John Roemer (ed.), Analytical
Marxism, 114-40. Cambridge: Cambridge University Press, 1986.
ZAGARE, Frank C.. Game Theory: Concepts and Applications. Beverly Hills: Sage
Publications, 1986.