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É um "fundo de investimento em direitos creditórios", o que significa que o investidor compra uma carteira de
"créditos a receber", neste caso, garantidos pelos contratos de financiamento da Cooperativa Habitacional dos
Bancários de São Paulo. A meta de rentabilidade dos pagamentos foi estabelecida em 12,5% + IGPM
Qual é a suspeita?
O Ministério Público investiga se os recursos captados pelo FDIC no mercado foram usados para cobrir um
"rombo" na Bancoop,supostamente causado por desvios milionários para as campanhas do PT desde 2002
O fundo tem 10 cotistas "sêniores", que no total aportaram R$ 37,4 milhões, sendo cerca de R$ 26 milhões de
fundos de pensão de estatais: Funcef, Petros e Previ. A Bancoop detém as cotas subordinadas, completando
um capital total de R$ 49 milhões
O que aconteceu?
O Fundo, lançado com nota AA de risco, se deteriorou até virar um "papel podre", com nota "CCC" de risco,
a pior da escala. No fim do ano passado, a Bancoop comprou a participação dos outros investidores e pretende
liquidar o fundo neste mês Participação dos cinco principais cotistas, de meados de 2005 até novembro de
2009:
Funcef (Caixa)
27,22%
Petros (Petrobras)
26,72%
Banesprev (Banespa)
12,82%
Previ
(Banco do Brasil)
11,63%
08Lançamento do Fundo, com a expectativa de captar até R$ 60 milhões. O Fundo arrecada cerca de R$ 43
milhões; cerca de R$ 27 milhões são dos fundos de pensão de estatais O Ministério Público de São Paulo abre
inquérito criminal para investigar os supostos crimes de formação de quadrilha, estelionato, apropriação
indébita e lavagem de dinheiro na Bancoop; em julho, a Justiça autoriza a primeira quebra de sigilo bancário
da Bancoop João Vaccari Neto assume a presidência da Bancoop Standard&Poors rebaixa nota do FDIC
Bancoop 1 Standard&Poors rebaixa nota do FDIC Bancoop 1 para "CCC", o
pior patamar, indicando
"EXTREMA VULNERABILIDADE"
Standard&Poors aponta divergência entre o valor real do patrimônio e das cotas do Fundo e o valor divulgado
pela Bancoop, que está inflado. Aponta ainda que o acordo de liquidação resultará em lucro reduzido João
Vaccari Neto se licencia da Bancoop e assume tesouraria do PT Promotor José Carlos Blat acusa Bancoop de
ser uma "organização criminosa" e consegue aval da Justiça para obter mais dados bancários sobre a
cooperativa Bancoop compra as cotas dos investidores pelo valor original mais rentabilidade acumulada
equivalente ao INPC + 6% ao ano, menor que a prevista de IGPM + 12,5% Bancoop anuncia intenção de
liquidar Fundo
Fundos de pensão arriscaram dinheiro na Bancoop
Leila Suwwan
● SÃO PAULO. Cinco anos depois de ser lançado com pompa e prestígio, o fundo de investimento da
Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo) deve ser liquidado neste mês com um
prejuízo acumulado de quase R$ 34 milhões.
A operação foi montada de forma a garantir uma “saída honrosa” para os fundos de pensão de estatais e
outros investidores — deixaram de lucrar R$ 11 milhões, mas se livraram do papel “podre” da Bancoop, hoje
mergulhada em denúncias de fraude e desvios políticos.
Para isso, desembolsou R$ 18 milhões de recursos próprios adicionais para bancar a saída dos demais.
De acordo com o balancete de fevereiro, enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o FDIC
acumula R$ 33,97 milhões em recebíveis vencidos e não pagos.
O FDIC é um fundo de investimento em direitos creditórios, no qual os investidores aplicam uma soma
inicial e recebem o dinheiro de volta com prazos e lucros programados.
Entre 2004 e 2005, a Bancoop captou R$ 37,5 milhões no mercado — R$ 26 milhões vieram dos fundos
Petros, Funcef e Previ — e entrou com uma garantia de outros R$ 9 milhões em recebíveis.
A promessa era repagar em três parcelas anuais, com um lucro de 12,5% ao ano, mais correção de inflação
pelo IGPM. Mas o negócio azedou no fim de 2007, quando a Bancoop começou a cobrar custos adicionais
dos cooperados, além de ter seu nome envolvido em escândalos políticos do PT, como o “mensalão” e os
“aloprados”.
As associações de cooperados suspeitam que os milhões do FDIC “sumiram”, já que as obras teriam
praticamente parado desde então.
De acordo com um dos advogados dos cooperados, Valter Picazio, o FDIC afundou ao
mesmo tempo em que começaram a chegar as cobranças adicionais. Foi justamente em 2007, conforme relata
a Standard & Poors, agência de risco responsável por monitorar o FDIC, que a Bancoop começou a injetar
mais recursos próprios para honrar os compromissos com os investidores.
Regras do fundo foram flexibilizadas
Prazos foram estendidos até 2011, e as regras do fundo foram flexibilizadas. Mesmo assim, o fundo não se
sustentava sozinho. Em 2008, o fundo ganhou nota “CCC”, ou “junk”, a pior categoria de risco no jargão
econômico. Em 2009, uma espécie de maquiagem contábil foi usada para esconder o tombo das cotas, e a
Standard & Poors quase foi afastada.
Até fechar negócio, os fundos de pensão estavam numa canoa furada, sem expectativas reais
de conseguir receber seus direitos.
Essa deterioração é a história que contam os balancetes, relatórios de risco e atas
de assembléias de cotistas do fundo, recolhidas e analisadas pelo GLOBO. Somente a quebra do sigilo
bancário do FDIC vai revelar onde foi parar esse dinheiro. Nas obras não foi. Sumiu — disse Picazio.
O promotor José Carlos Blat, do Ministério Público Estadual de São Paulo, conseguiu na Justiça acesso
a essa movimentação.
● SÃO PAULO. Diante do risco de perder quase R$ 29 milhões com o naufrágio do Fundo Bancoop, a venda
das cotas acabou significando uma saída de emergência para os investidores
entre eles Funcef (Caixa), Petros (Petrobras) e Previ (Banco do Brasil). Todos saíram com uma
lucro de 6% ao ano, com correção pelo IPCA, o que cumpre as metas de rentabilidade e impede
acusações de prejuízo, freqüentes na arena política.
Segundo dados da Planner, administradora do FDIC, a Bancoop pagou R$ 18 milhões pelas cotas dos
investidores, obtendo um desconto de cerca de R$ 11 milhões no que era originalmente devido.
Cerca de R$ 7 milhões se referem aos três fundos de pensão estatais, cujos dirigentes eram ligados
ao PT e ao Sindicato dos Bancários.
A meta original de rentabilidade do FDIC era 12,5% ao ano, com correção pelo IGPM.
A diferença entre a rentabilidade- meta e a rentabilidade do acordo é expressiva, conforme calculou o
economista José Dutra Sobrinho.
No caso da Petros, que investiu R$ 10 milhões de setembro de 2004 a novembro de 2009, o resgate final
poderia ter alcançado R$ 23 milhões. Porém, pelo IPCA mais 6% ao ano, a rentabilidade ficaria em torno de
72%, compatível com o valor presente do resgate informado em nota, R$ 17,3 milhões.
Procurados, todos os fundos manifestaram posições semelhantes: a saída foi um bom negócio, porque o
acordo evitava perdas financeiras e o prognóstico era sombrio, diante do risco elevadíssimo que o FDIC
adquiriu a partir de 2008. A rentabilidade de 6% ao ano mais IPCA cumpre a exigência mínima de todos eles.
O acordo foi bom para ambas partes. Para os investidores, garantiu um retorno dentro do que a
regulamentação do setor estabelece. E a cooperativa conseguiu um deságio que foi benéfico. Permitirá a
liquidação do fundo com dispêndio de recursos menor do que o previsto — disse o advogado da Bancoop,
Pedro Dallari.
Segundo ele, se o fundo fosse à liquidação judicial, os cooperados seriam os maiores prejudicados, porque
os contratos de financiamento eram a garantia do investimento.
A decisão de investir no FDIC sempre foi questionada e pouco se sabia sobre a composição dos cotistas,
que incluem, aparentemente, uma pessoa física, Tomio Otsuka, com 0,15% de participação. Também
participaram, com 2,67%, o Instituto de Previdência dos Servidores de Nova Iguaçu (Previni), ligado à
prefeitura comandada pelo petista indberg Farias desde 2005.
Presidente desse fundo, Gustavo Falcão Silva é cobrado pela fundação de servidores municipal
por um suposto rombo de cerca de R$ 80 milhões. Ele não foi localizado
no Previni. ■
Para auditoria, cooperativa alterou balanços
Consultoria reclamou de atrasos e dos dados apresentados
● SÃO PAULO. Na tentativa de esconder a inviabilidade do FDIC em 2009, a Bancoop chegou a
“maquiar” o valor das cotas e a pagar amortizações aos investidores com recursos próprios, de origem
desconhecida. Mesmo ao questionar o rótulo de prejuízo na cifra negativa de seu próprio balanço, a
cooperativa reconhece que a liquidação do fundo pode significar perda de mais de R$ 34 milhões, caso a
inadimplência prossiga.
— Desde 2007, as amortizações começaram a ser feitas com recursos próprios — explicou Jean Pierre Cote
Gil, analista da Standard & Poors que monitorava o FDIC até o início deste mês. Depois que a agência
rebaixou o fundo para “CCC”, quase teve seu contrato rescindido.
A decisão foi aprovada em janeiro e revogada em agosto de 2009. Em seus relatórios, a agência registrou
atrasos excessivos no envio de dados e discordou publicamente da contabilidade do cliente, que estava
inflando o valor das cotas dos investidores.
Os valores das cotas não vêm sendo calculados com base na definição (do regulamento do fundo). O valor
das cotas subordinadas reportado é negativo, enquanto o valor da cota sênior incorpora uma valorização de
acordo com a rentabilidade-alvo, embora o desempenho do colateral não propicie lastro para o reconhecimento
da rentabilidade- alvo”, diz o relatório de risco de outubro de 2009.
A manobra mantinha o valor das cotas dos investidores, entre eles os fundos de pensão, artificialmente
elevado, quando deveriam valer, na ausência de lucro, apenas o equivalente ao patrimônio que restava.
No período, o FDIC não gerava recursos para honrar compromissos. A Bancoop esticava a dívida ou entrava
com mais dinheiro.
— Não são novos aportes. O fundo tinha recebíveis. Quando alguns estavam vencidos há mais de 60 dias, a
Bancoop mandava recebíveis com prazo mais longo ou mandava dinheiro, e eu devolvia os vencidos —
explicou Arthur Martins de Figueiredo, diretor da Planner.
— Onde ela vai buscar esses recursos, essa é uma situação que deve ser bastante indagada.
a gente não pode dizer.
A não ser que ela tenha fontes que eu desconheço — completou.
Não está claro se a Bancoop usou recursos de outros cooperados para dar sobrevida ao fundo.
Figueiredo disse que o prejuízo de R$ 34 milhões se refere a recebíveis vencidos e não-pagos.
Outros R$ 15 milhões são recebíveis que não venceram. Juntos, somam patrimônio líquido de R$ 49 milhões.
— É prejuízo em termos, porque agora ela vai ter toda a essa carteira de recebíveis para cobrar
de novo — disse. ■
FUNDOS DE PENSAO
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