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Universidade Federal Fluminense

Faculdade de Direito
Curso de Graduação – Programa de Interiorização – Macaé
Disciplina: Teoria do Estado I
Professor: Ronaldo Lobão

Édipo-Rei, de Sófocles

Édipo é filho de Laios, rei de Tebas que foi amaldiçoado de forma que seu primeiro
filho tornar-se-ia seu assassino e desposaria a própria mãe. Tentando escapar da
ira dos deuses, Laios manda matar Édipo logo de seu nascimento. No entanto, a
vontade do destino foi mais forte e Édipo sobreviveu, salvo por um pastor que
entregou-o a Políbio, rei de Corinto.
Já adulto, Édipo descobre sobre a maldição que lhe foi atribuída e para que ela não
fosse cumprida, foge de Corinto para Tebas, sem saber que lá sim é que seus
pais verdadeiros o esperavam.
No meio da viagem, encontra um bando de mercadores e seu amo, sem saber que
seu destino estava já se concretizando, mata a todos.
Assim que chega a Tebas, Édipo livra a cidade da horrenda esfingie e de seus
enigmas, recebendo a recompensa: é eleito rei e premiado com a mão da recém-
viúva rainha Jocasta.
Anos se passam e Édipo reina como um verdadeiro soberano e tem vários filhos com
Jocasta, mas a cidade passa por momentos difíceis e a população pede ajuda ao
rei.
Após uma consulta ao oráculo de Delfos, que responde pelo deus Apolo, os tebanos
são alertados sobre alguém que provoca a ira dos deuses: o assassino de Laios,
que ainda vive na cidade.
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Disciplina: Teoria do Estado I
Professor: Ronaldo Lobão

Édipo então decide livrar seu reino desse mal e descobrir quem é o assassino,
desferindo uma tremenda maldição:

Proíbo que qualquer filho da terra onde me assistem o comando e o trono


dê guarida ou conversa ao assassino, seja ele quem for; que o aceite nos
cultos e no lar, que divida com ele a água lustral! Eu ordeno, ao contrário,
que o enxotem de suas casas, todos, por ser aquilo que nos torna impuros,
conforme acaba de nos revelar, por seu oráculo, a fala do deus! (…) E ainda
mais: rogo aos céus, solenemente, que o assassino, seja ele quem for,
sozinho em sua culpa ou tenha cúmplices, tenha uma vida almadiçoada e
má, pela sua maldade, até o fim de seus dias. Quanto a mim, se estiver o
criminoso em minha casa, privando comigo, eu espero que sofra as mesmas
penas que dei para os demais.

Ele só não esperava que essa maldição iria sobrecair sobre ele próprio, assim que no

mesmo dia descobrisse a verdade, através do pastor que o encontrara ainda


quando bebê, pendurado em um bosque pelos tornozelos.

Jocasta suicída-se assim que descobre, e Édipo se cega, perfurando os próprios


olhos
e exilando-se.

Tebas – Laio filho / (filho) Édipo (filho)/ Políbio - Corinto


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Disciplina: Teoria do Estado I
Professor: Ronaldo Lobão

A Verdade e as Formas Jurídicas – Michel Foucault, Conferência 2

A história de Édipo, após “O Anti Édipo”, de Giles Deleuze e Félix Guatari.

• Contra a versão de que se trata de uma história universal sobre a


contenção do desejo em uma relação familiar: o filho que mata o pai por
amor à mãe, mesmo que inconsciente.
• A favor de uma leitura que encontre a dimensão de um poder político, que
em nossa cultura permanece oculto em suas dimensões das relações de
poder.
• O texto trata de indicar as relações entre o saber e o poder, entre o poder
político e o conhecimento.
• O complexo de Édipo não opera no nível individual e sim no coletivo, na
busca reprimida do poder e do saber.
• Trata do primeiro testetumo sobre práticas judiciárias gregas, no qual o
texto relata a busca por uma verdade.
• A verdade que tem seu desvendamento através do testemunho fidedigno.
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Disciplina: Teoria do Estado I
Professor: Ronaldo Lobão

• Forma de produção da verdade na Grécia clássica: “a prova”, o


juramento. A punição virá dos deuses.
• (Outras formas, inquérito, inquisição) .
• Os oráculos falam do futuro. A busca da verdade está no passado,
Daí a necessidade do testemunho. De alguém que esteve presente e
saber o que “realmente” aconteceu.

• “O Ocidente foi dominado pelo mito que a verdade não pertence ao


poder político e que o poder político é cego. Com Platão se
desenvolveu outro mito ocidental: que há uma antinomia entre saber
o poder: se há saber, é preciso que ele renuncie ao poder. “Onde se
encontra saber e ciência em sua verdade pura, não pode mais haver
poder político.

• Para Foucault, “o poder político não está ausente do saber, ele é


tramado com o saber”.

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