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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
PROJETO DE GRADUAÇÃO

APLICAÇÃO DA NR 10 A SUBESTAÇÕES PREDIAS E


ESTUDO DE CASO

LOERCYO GUISSO ZORZAL

VITÓRIA – ES
DEZEMBRO/2008
LOERCYO GUISSO ZORZAL

APLICAÇÃO DA NR 10 A SUBESTAÇÕES PREDIAS E


ESTUDO DE CASO

Parte manuscrita do Projeto de Graduação


do aluno Loercyo Guisso Zorzal,
apresentado ao Departamento de
Engenharia Elétrica do Centro
Tecnológico da Universidade Federal do
Espírito Santo, para obtenção do grau de
Engenheiro Eletricista.

VITÓRIA – ES
DEZEMBRO/2008
LOERCYO GUISSO ZORZAL

APLICAÇÃO DA NR 10 A SUBESTAÇÕES PREDIAS E


ESTUDO DE CASO

COMISSÃO EXAMINADORA:

___________________________________
Prof. Dr. Wilson Correia Pinto de Aragão
Filho.
Orientador

___________________________________
Prof. Dr. Domingos Sávio Lyrio
Simonetti.
Examinador

___________________________________
Prof. Getúlio Vargas Loureiro, Ph. D.
Examinador

Vitória - ES, 30 de dezembro de 2008.


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus familiares, meu


pai Jurandi Zorzal, minha mãe Renilza Guisso
Zorzal e minha irmã Lorrayne Guisso Zorzal,
que tanto me apoiaram no decorrer desses seis
anos de intenso estudo e trabalho.

i
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que me deu orientação, força e saúde no decorrer desses seis
anos, fazendo com que eu alcançasse esse objetivo final que é a graduação.
Agradeço aos meus pais, Jurandi Zorzal e Renilza Guisso Zorzal pelo, sempre
presente, apoio aos meus estudos desde o jardim de infância.
Agradeço minha irmã Lorrayne Guisso Zorzal, pelo incentivo, apoio e
orientação em todos esses anos.
Agradeço a Nelice José Soares, uma pessoa muito importante na minha vida e
na vida da minha família.
Ao Prof. Wilson Correia Pinto de Aragão Filho, pela orientação.
A Waldyr Silveira Filho, Edson Rosetti e Marcos Meneghim, companheiros da
VALE, pela oportunidade de aprendizado e de crescimento profissional.
Aos meus amigos e familiares que direta ou indiretamente contribuíram para
que esse trabalho fosse realizado.

ii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Condição para Autorização de Trabalhadores. .........................................19


Figura 2 - Joaquim Gomes Pereira, Engenheiro Eletricista e de Segurança no
Trabalho, Auditor Fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego Coordenador do
GTT-10 de atualização da NR 10. ............................................................................25
Figura 3 - Subestação abaixadora desabrigada..........................................................27
Figura 4 - Subestação abaixadora abrigada...............................................................27
Figura 5 - Transformador desabrigado instalado no poste.........................................27
Figura 6 - Modelo de subestação predial com 1 transformador.................................32
Figura 7 - Modelo de subestação predial com 2 transformadores..............................33
Figura 8 - Modelo de subestação H. ........................................................................34
Figura 9 - Instalações elétricas inadequadas. ............................................................36
Figura 10 - Choque por contato com circuito energizado..........................................38
Figura 11 - Choque por contato com corpo eletrizado. .............................................39
Figura 12 - Raio atingindo o Cristo Redentor. ..........................................................39
Figura 13 - Termo de Responsabilidade. ..................................................................53
Figura 14 - Aterramento temporário em rede de baixa tensão...................................54
Figura 15 - Exemplos de Detector de Tensão. ..........................................................55
Figura 16 - Exemplo de travas para disjuntores. .......................................................55
Figura 17 – Capacete de aba frontal .........................................................................56
Figura 18 – Luva isolante de borracha......................................................................56
Figura 19 - Cinto trava-queda...................................................................................56
Figura 20 - Modelo de Seccionamento Trifásico. .....................................................61
Figura 21 - Modelo de Bloqueio e Impedimento ......................................................61
Figura 22 – Teste de ausência de tensão. ..................................................................61
Figura 23 - Exemplos de Formação de Arco Elétrico. ..............................................63
Figura 24 - Queimadura com Arco Elétrico..............................................................64
Figura 25 - Distâncias do ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada
e livre.......................................................................................................................67

iii
Figura 26 - Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada
e livre, com interposição de superfície de separação física adequada........................68
Figura 27 - Malha de terra em subestação predial.....................................................70
Figura 28 - Dispersão de corrente por eletrodo.........................................................71
Figura 29 - Tensão de passo por raio........................................................................71
Figura 30 - Exemplo de Tensão de Referência. ........................................................72
Figura 31 - Campus de Goiabeiras da UFES. ...........................................................73
Figura 32 - Subestação do CT da UFES. ..................................................................74
Figura 33 - Porta Corta Fogo....................................................................................77
Figura 34 - Luminária de emergência modelo Aureolux da Aureon. ........................78
Figura 35 - Placa de Sinalização...............................................................................79
Figura 36 - Caixa Coletora de Óleo. ........................................................................80

iv
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Condições para subestação abrigada.......................................................31


Quadro 2 - Possíveis conseqüências do choque elétrico no corpo humano. ..............40
Quadro 3 - Classificação das características da pele. ................................................42
Quadro 4 - Chances de salvamento...........................................................................42
Quadro 5 - Índice de Acidentes Fatais de 2007.........................................................45
Quadro 6 - Acidentados com Arco Elétrico por Instalação / Equipamento do SEP. ..46
Quadro 7 - Acidentes Fatais por ano. .......................................................................47
Quadro 8 - Custo Total Estimado de Acidentes do Trabalho por Ano (milhões de
reais). .......................................................................................................................49
Quadro 9 - Pirâmide do Setor Elétrico......................................................................49
Quadro 10 - Exemplo de análise de acidente. ...........................................................50
Quadro 11 - Reportagem Jornalística. ......................................................................51
Quadro 12 - Suportabilidade da pele humana. ..........................................................64
Quadro 13 - Raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre. ...................66
Quadro 14 - Custo....................................................................................................81
Quadro 15 – PRO da Análise Preliminar de Tarefa. .................................................84
Quadro 16 – PRO da Análise Preliminar de Tarefa (Continuação). .........................85
Quadro 17 - Análise Preliminar de Tarefa. ...............................................................86
Quadro 18 - PRO da Permissão para Trabalhos Especiais ........................................87
Quadro 19 - PRO da Permissão para Trabalhos Especiais (Continuação). ................88
Quadro 20 - Permissão para Trabalhos Especiais. ....................................................89
Quadro 21 - Permissão para Trabalhos Especiais (Continuação). .............................90
Quadro 22 - Classificação das Instalações Consumidoras.........................................91

v
GLOSSÁRIO
Área Classificada – Região Explosiva.
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho.
CTTP - Comissão Tripartite Permanente.
FUNDACENTRO - Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e
Medicina do Trabalho.
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego.
NR – Norma Regulamentadora.
NBR – Norma Brasileira.
OIT – Organização Internacional do Trabalho.
SE’s – Subestação.
SEP – Sistema Elétrico de Potência.
Cobei – Comitê Brasileiro de Eletricidade.
Abracopel - Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da
Eletricidade.
Abradee – Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica.
Fundação COGE – Fundação Comitê de Gestão Empresarial.
ELETROBRÁS - Centrais Elétricas Brasileiras S.A
GRIDIS - Grupo de Intercâmbio e Difusão de Informações sobre Engenharia
de Segurança e Medicina do Trabalho.
EPI - Equipamento de Proteção Individual.
EPC - Equipamento de Proteção Coletiva.
APT – Análise Preliminar de Tarefa.
PTE – Permissão para Trabalhos Especiais.
AT – Alta Tensão.
CT – Centro Tecnológico.
UFES – Universidade Federal do Espírito Santo.
QQP – Quadro de Quantitativo e Preço.
Prontuário - sistema organizado de forma a conter uma memória dinâmica de
informações pertinentes às instalações e aos trabalhadores.

vi
SUMÁRIO

DEDICATÓRIA....................................................................................................... I
AGRADECIMENTOS............................................................................................II
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... III
LISTA DE QUADROS ........................................................................................... V
GLOSSÁRIO......................................................................................................... VI
SUMÁRIO............................................................................................................VII
RESUMO................................................................................................................. X
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................11
2 NR 10 ...........................................................................................................12
2.1 Histórico Geral ..............................................................................................12
2.2 Ministério do Trabalho e Emprego ................................................................13
2.3 Conceito ........................................................................................................15
2.3.1 Considerações Iniciais ..........................................................................15
2.3.2 História da NR 10.................................................................................15
2.3.3 Objetivos que Nortearam a Atualização da NR 10................................16
2.3.4 Como foi a elaboração da Nova NR 10.................................................16
2.3.5 Como é o processo de revisão da Nova NR 10 .....................................16
2.3.6 Principais Aspectos da Nova NR 10 .....................................................17
2.3.6.1 Diretrizes Gerais......................................................................17
2.3.6.2 Diretrizes Relacionadas aos Projetos Elétricos.........................18
2.3.6.3 Diretrizes para Autorização de Trabalhadores em Eletricidade 18
2.3.6.4 Diretrizes ao Prontuário das Instalações Elétricas [9]...............20
2.4 Impactos e Contribuições...............................................................................21
2.5 Conclusões ....................................................................................................25
3 SUBESTAÇÕES .........................................................................................26
3.1 Definição.......................................................................................................26
3.2 Sistema Elétrico de Potência..........................................................................28
3.3 Subestações prediais ......................................................................................28
3.3.1 NBR 14039 ..........................................................................................29
vii
3.3.1.1 Histórico..................................................................................29
3.3.1.2 A norma “tampão”...................................................................30
3.3.2 Características ......................................................................................31
3.4 Conclusões ....................................................................................................34
4 CONSIDERAÇÕES SOBRE SEGURANÇA ............................................35
4.1 Choque Cultural ............................................................................................35
4.2 Adequação lenta ............................................................................................36
4.3 Choque elétrico .............................................................................................37
4.3.1 Choque por contato com circuito energizado ........................................38
4.3.2 Choque por contato com corpo eletrizado.............................................38
4.3.3 Choque por Descarga Atmosférica (raio)..............................................39
4.3.4 Limiar ..................................................................................................40
4.4 Estatísticas.....................................................................................................43
4.4.1 Introdução ............................................................................................43
4.4.2 Dados ...................................................................................................44
4.4.3 Fatos ....................................................................................................50
4.5 EPI e EPC......................................................................................................51
4.5.1 Das obrigações do empregador.............................................................52
4.5.2 Das obrigações do empregado ..............................................................52
4.5.3 Exemplos .............................................................................................54
4.5.3.1 EPC .........................................................................................54
4.5.3.2 EPI ..........................................................................................56
4.6 Conclusões ....................................................................................................57
5 NR 10 E SUBESTAÇÕES ..........................................................................58
5.1 Introdução .....................................................................................................58
5.2 Medidas de Controle......................................................................................59
5.2.1 Medidas de Controle de Risco Elétrico.................................................59
5.2.1.1 Instalações Energizadas ...........................................................59
5.2.1.2 Instalações Que Podem Vir a Ser Energizadas .........................60
5.3 Regras de Ouro..............................................................................................61

viii
5.3.1 Seis Regras de Ouro .............................................................................62
5.3.2 Cinco Regras de Ouro ..........................................................................62
5.4 Seccionamento ..............................................................................................63
5.4.1 Efeitos do Arco Elétrico .......................................................................63
5.4.2 Fatores que Influenciam a Formação do Arco Elétrico .........................64
5.4.3 Causas do Arco Elétrico .......................................................................65
5.5 Zona de Risco e Zona Controlada ..................................................................65
5.6 Aterramento...................................................................................................68
5.6.1 Tensão de Toque e de Passo .................................................................70
5.7 Conclusões ....................................................................................................72
6 ESTUDO DE CASO....................................................................................73
6.1 Setor de Estudo..............................................................................................73
6.2 Situação Atual ...............................................................................................74
6.3 Proposta de Melhoria.....................................................................................76
6.4 Custo .............................................................................................................80
6.5 Documentação Sugerida ................................................................................82
6.6 Conclusão do Estudo de Caso........................................................................82
7 CONCLUSÃO.............................................................................................83
APÊNDICE A.........................................................................................................84
APÊNDICE B.........................................................................................................86
APÊNDICE C.........................................................................................................87
APÊNDICE D.........................................................................................................89
APÊNDICE E.........................................................................................................91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................92

ix
RESUMO

O presente Projeto de Graduação foi desenvolvido com o objetivo de destacar


a importância da segurança nos trabalhos que envolvam energia elétrica, em especial,
aos trabalhos em subestações prediais. Assunto este amplamente discutido, nos dias
atuais, pela sociedade e empresas no geral em todo o país.
Este trabalho visa estabelecer mecanismos para identificar possíveis falhas de
segurança, em subestações prediais em geral, já em operação, propondo soluções
tecnicamente viáveis e ambientalmente corretas, com o intuito de adequá-las as
normas de segurança, tornando sua operação segura.
Inicialmente é apresentado um conteúdo teórico sobre a NR 10, sobre
subestações e segurança em eletricidade. Por fim os conceitos teóricos são
confrontados com um estudo de caso baseado na SE do CT – UFES.

x
11

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, é impossível falar de operação, utilização e consumo de energia


elétrica sem falar de segurança. Qualquer ser humano que está exposto à energia
elétrica tem o direito de usá-la ou operá-la de forma segura, sem risco à sua
integridade física. O presente Projeto de Graduação tem por objetivo propor soluções e
critérios adequados à construção e à operação de subestações de edificações, de acordo
com as normas de segurança vigente, com a finalidade de tornar o ambiente seguro e
ecologicamente correto, visando a evitar um possível acidente ambiental.
Sugerem-se estudos, relacionados à evolução da segurança com eletricidade
no Brasil, histórico de acidentes, conseqüências do choque elétrico no ser humano e
um estudo das principais normas relacionadas ao assunto e suas aplicações, tendo
como principal a NR 10.
Tem-se no final deste trabalho um estudo de caso, feito na subestação elétrica
do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, com a finalidade de
identificar as possíveis falhas de segurança que a subestação apresenta, propondo
soluções e custo estimado para um possível gasto de adequação futura da mesma.
12

2 NR 10

2.1 Histórico Geral


Antes de se abordar o assunto da NR 10, sugere-se apresentar a história da
segurança do trabalho no país, a criação das secretarias, dos ministérios e dos demais
órgãos responsáveis por tal atividade.
Existem referências legais à Inspeção do Trabalho no Brasil desde o século
XIX, como o Decreto n. º 1313 de 17/01/1891, mas o mesmo apenas tratava de normas
relativas ao trabalho de crianças no Distrito Federal (na época, a cidade do Rio de
Janeiro) e nunca foi respeitado. A competência era dos estados de legislar sobre o
trabalho, e a inspeção era inviabilizada pelos interesses patronais. Em 1921 foi criada a
Inspeção do Trabalho, circunscrita ao Distrito Federal (Rio de Janeiro).
Com a reforma constitucional de 1926 estabeleceu-se a competência da União
para legislar sobre o trabalho.
O Decreto nº 19671-A, de 04/04/1931, no governo Getúlio Vargas, criou o
Departamento Nacional do Trabalho, cabendo a esse Departamento a fiscalização do
cumprimento de Leis sobre acidentes do trabalho, jornada, férias, trabalho de mulheres
e menores, e organização sindical.
A obrigatoriedade de comunicação de acidentes do trabalho à autoridade
policial foi estabelecida pelo Decreto n° 24637, de 10/07/1934, o qual também previa
a imposição de multas administrativas, pelo Departamento Nacional do Trabalho.
As Leis de proteção do trabalho foram agrupadas na Consolidação das Leis do
Trabalho - CLT, pelo Decreto-lei n° 5452, de 01/05/1943. Em 19/07/1947 a
Organização Internacional do Trabalho - OIT adota a Convenção nº 81, que estabelece
que cada Membro da OIT, para o qual a referida Convenção está em vigor, deve ter
um sistema de inspeção do trabalho nos estabelecimentos industriais e comerciais.
A Lei n. º 6514, de 22/12/1977, alterou o Capítulo V, do Título II, da CLT,
relativo à Segurança e Medicina do Trabalho - artigos 154 a 201. A Portaria nº 3214,
de 08/06/1978, aprovou as Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do
Trabalho - NR. Essas Normas têm sido alteradas ao longo do tempo, por diversas
Portarias.
13

Nos dias atuais o Brasil adota uma série de Convenções da Organização


Internacional do Trabalho (OIT). As Convenções da OIT que foram ratificadas e
promulgadas pelo Brasil deram origem a alterações nas Normas Regulamentadoras
pertinentes a cada assunto abrangido pela referida Convenção. As Normas
Regulamentadoras têm sido alteradas nos últimos anos, tanto para fazer frente à
evolução dos métodos produtivos e relações do trabalho quanto para adequar-se às
Convenções da OIT promulgadas pelo Brasil. [5]

2.2 Ministério do Trabalho e Emprego


Nos diversos ministérios formados ao longo dos anos pelos governos que
lideraram o país, tem-se o Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, nome esse criado
pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da República Fernando Henrique Cardoso,
presidente do Brasil na época. O antigo Ministério do Trabalho – MT abrange os
seguintes assuntos: política e diretrizes para a geração de emprego e renda e de apoio
ao trabalhador; política e diretrizes para a modernização das relações do trabalho;
fiscalização do trabalho, inclusive do trabalho portuário, bem como aplicação das
sanções previstas em normas legais ou coletivas; política salarial; formação e
desenvolvimento profissional; segurança e saúde no trabalho; política de imigração; e
cooperativismo e associativismo urbanos.[6]
A seguir têm-se uma breve história e importantes fatos e acontecimentos, no
decorrer dos anos, relacionados ao MTE.

1912 - Foi constituída a Confederação Brasileira do Trabalho - CBT, durante o


quarto Congresso Operário Brasileiro, realizado nos dias 7 a 15 de novembro,
incumbida de promover um longo programa de reivindicações operárias: jornada de
oito horas, semana de seis dias, construção de casas para operários, indenização para
acidentes de trabalho, limitação da jornada de trabalho para mulheres e menores de
quatorze anos, contratos coletivos ao invés de contratos individuais, seguro obrigatório
para os casos de doenças, pensão para velhice, fixação de salário mínimo, reforma dos
impostos públicos e obrigatoriedade da instrução primária.
14

1918 - Foi criado o Departamento Nacional do Trabalho, por meio do Decreto


nº 3.550, de 16 de outubro, assinado pelo Presidente da República, Wenceslau Braz P.
Gomes, a fim de regulamentar a organização do trabalho no Brasil.
1930 - Foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, por meio do
Decreto nº 19.433, de 26 de novembro, assinado pelo Presidente Getúlio Vargas,
assumindo a pasta o Ministro Lindolfo Leopoldo Boeckel Collor.
1960 - O Ministério passou a ser denominado de Ministério do Trabalho e
Previdência Social, por meio da Lei nº 3.782, de 22 de julho.
1974 - O Ministério passou a ser denominado de Ministério do Trabalho, por
meio da Lei nº 6.036, de 1º de maio.
1977 - Foi criado o Conselho Nacional de Política de Emprego, por meio do
Decreto nº 79.620, de 18 de janeiro.
1992 - O Ministério passou a ser denominado Ministério do Trabalho e da
Administração Federal, por meio da Lei nº 8.422, de 13 de maio. Por meio do Decreto
nº 509, de 24 de abril, foi criada a DRT no Estado de Tocantins e extintos os seguintes
órgãos:
• Conselho Nacional de Seguridade Social;
• Conselho de Gestão da Proteção ao Trabalhador;
• Conselho de Gestão da Previdência Complementar;
• Conselho de Recursos do Trabalho e Seguro Social;
• Conselho Nacional do Trabalho.
Por meio da Lei nº 8.490, de 19 de novembro, foi criado o Conselho Nacional
do Trabalho e o Ministério passou a ser denominado de Ministério do Trabalho.
1999 - O Ministério passou a ser denominado Ministério do Trabalho e
Emprego, por meio da Medida Provisória nº 1.799, de 1º de janeiro.
2004 - O Decreto nº 5.063, de 3 de maio, deu nova Estrutura Regimental ao
Ministério do Trabalho e Emprego, estruturando a Ouvidoria-Geral e o Departamento
de Políticas de Trabalho e Emprego para a Juventude.
2008 - O Decreto nº 6.341, de 3 de janeiro alterou a nomenclatura das
Delegacias Regionais do Trabalho para Superintendências Regionais do Trabalho e
15

Emprego, das Subdelegacias do Trabalho para Gerências Regionais do Trabalho e


Emprego e das Agências de Atendimento para Agências Regionais. As
Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego passaram a ser competentes para
execução, supervisão e monitoramento de todas as ações relacionadas às políticas
públicas afetas ao Ministério do Trabalho e Emprego.
O atual líder do MTE é o Senhor Ministro Carlos Lupi. [7]

2.3 Conceito
Como se pode observar, as Normas Regulamentadoras foram criadas em 1978;
ao longo dos anos algumas foram atualizadas e outras foram criadas. Hoje temos trinta
e cinco Normas Regulamentadoras mais cinco Normas Regulamentadoras Rurais.
Entre essas normas a Norma Regulamentadora de n° 10 (NR 10), é a norma que trata
de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.

2.3.1 Considerações Iniciais


Em 1983, entrou em vigor a 1º edição da NR 10 do Ministério do Trabalho e
Emprego. Embora de grande alcance para a época, seu texto se tornou inadequado às
atuais exigências para a segurança do trabalhador.

2.3.2 História da NR 10
No Final da década de noventa, o Governo, na figura do Ministério do
Trabalho e Emprego queria crescer com a imagem do Brasil frente ao mundo
globalizado, pretendendo passar a imagem de um país em desenvolvimento não só
econômico e tecnológico, mas também resguardando o capital humano. Por meio de
índices de acidentes no mercado de trabalho em específico: Geração de energia,
Siderurgia, Metalurgia, Distribuição de energia e Construção civil, foi evidenciado que
era o setor que mais vitimava pessoas e profissionais. Foi então estabelecida em 1998
uma meta para o governo na redução de acidentes elétricos em 40% até 2002. Muitas
ações emergenciais foram realizadas naquele momento. Eram ações de bloqueios
imediatos e de fiscalizações sem um aprofundamento mais técnico. Foi então que em
16

2001 teve-se início à formatação da NR 10, indo à publicação no DO – Diário Oficial


em 2004. Com a publicação em Diário Oficial em 07/12/2004, o instrumento saiu com
prazo para aplicação de 24 meses, ou seja, cumprimento na íntegra da norma a
partir de 07/12/2006. [10]

2.3.3 Objetivos que Nortearam a Atualização da NR 10


A atualização da regulamentação normativa NR 10 está sendo colocada em
prática em atendimento à demanda social, e foi priorizada pela Comissão Tripartite
Permanente (CTTP), frente às necessidades provocadas pelas mudanças introduzidas
no setor eletroenergético e nas atividades com eletricidade, especialmente quanto à
nova organização do trabalho, à introdução de novas tecnologias e materiais, à
globalização e, principalmente, pela responsabilidade do MTE em promover a redução
de acidentes envolvendo esse agente de elevado risco: a ENERGIA ELÉTRICA. [9]

2.3.4 Como foi a elaboração da Nova NR 10


O processo de construção da nova NR 10 foi realizado por três depurações
seguindo um esquema: o MTE propôs um rascunho que servia de base para o início da
norma. A origem foi por demanda das necessidades Sociais e Níveis de acidentes em
cada setor. Na continuidade do processo o documento foi levado à consulta pública por
meio do Diário Oficial e publicações em sites. Nesse momento foram ouvidas mais de
1500 propostas do setor público para integrar-se ao escopo inicialmente apresentado.
Por último formou-se a comissão (Governo + Representantes dos trabalhadores +
Representantes dos empregadores + Coordenação da norma) para discussão e
aprovação da NR 10. [10]

2.3.5 Como é o processo de revisão da Nova NR 10


A revisão da norma se dá pela disposição da comissão em tripartite, sob a
coordenação de um responsável em fechar ações de consenso: O governo (MTE,
ANEL, Previdência Ministerial e Fundacentro); e Representantes dos Trabalhadores
17

(CUT, CGT, SDS, Força Sindical); Representantes dos Empregadores (CNI, CNC,
CNT, CNA e CNB). [10]

2.3.6 Principais Aspectos da Nova NR 10

2.3.6.1 Diretrizes Gerais


- Estabelecer diretrizes básicas para implementação de medidas de controle e
de sistemas preventivos ao risco elétrico;
- Criar o "Prontuário das Instalações Elétricas" de forma a organizar os
documentos e registros;
- Estabelecer o Relatório de Auditoria de Conformidade das Instalações
Elétricas;
- Obrigar a introdução de conceitos de segurança, nos projetos das instalações
elétricas;
- Elevar os níveis de segurança na construção, montagem, operação e
manutenção das instalações elétricas;
- Tornar obrigatória a introdução de dispositivos, equipamentos e medidas de
controle coletivo;
- Diferenciar os níveis de proteção para os trabalhos em instalações elétricas
energizadas e desenergizadas;
- Estabelecer o distanciamento seguro e criar as zonas de "risco" e
"controlada" no entorno de pontos ou conjuntos energizados;
- Estabelecer a proibição de trabalho individual para atividades com alta
tensão ou no sistema elétrico de potência;
- Tornar obrigatória a elaboração de procedimentos operacionais contendo as
instruções de segurança;
- Estender a regulamentação às atividades realizadas nas proximidades de
instalações elétricas;
- Criar a obrigatoriedade de certificação de equipamentos, dispositivos e
materiais destinados à aplicação em áreas classificadas;
18

- Definir o entendimento quanto a "profissional qualificado e habilitado”,


“pessoa capacitada” e "autorizada";
- Proteger contra incêndio e explosão as áreas onde houver instalações ou
equipamentos elétricos;
- Estabelecer a necessidade de sinalização de segurança nas instalações e
serviços com eletricidade;
- Estabelecer responsabilidade aos empregadores, contratantes e trabalhadores;
- Tornar obrigatório o treinamento para profissionais autorizados a intervir em
instalações elétricas - curso básico e complementar;
- Complementar-se com as normas técnicas oficiais;
- Apresentar um glossário contendo conceitos e definições claros e objetivos.

2.3.6.2 Diretrizes Relacionadas aos Projetos Elétricos


- Prever dispositivos que permitam intertravamento;
- Planejar espaçamento e distanciamento seguros;
- Prever a necessidade de "aterramento elétrico";
- Indicar a posição "liga - desliga" de dispositivos de manobra;
- Planejar prevenção contra as influências ambientais;
- Prever disposições contra incêndios e explosões;
- Descrever o princípio funcional dos elementos de proteção destinados à
segurança das pessoas;
- Descrever a compatibilidade dos dispositivos de proteção.

2.3.6.3 Diretrizes para Autorização de Trabalhadores em Eletricidade


Conforme exigido no item 10.8 da nova NR 10, as condições para que um
trabalhador esteja autorizado a desempenhar atividades com eletricidade devem
atender os seguintes aspectos (Ver Figura 1):
19

Figura 1 - Condição para Autorização de Trabalhadores.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Podem-se considerar autorizados os trabalhadores habilitados ou capacitados


com anuência formal da empresa:
- Todo profissional autorizado deve portar identificação visível e permanente
contendo as limitações e a abrangência de sua autorização.
- O profissional autorizado a trabalhar em instalações elétricas deve ter essa
condição consignada no sistema de registro de empregado da empresa.
- Os profissionais e pessoas autorizadas a trabalhar em instalações elétricas
devem apresentar estado de saúde compatível com as atividades a serem
desenvolvidas.
20

- Os profissionais e pessoas autorizados a trabalhar em instalações elétricas


devem possuir treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da
energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações
elétricas.
- Deve ser realizado um treinamento de reciclagem bienal e sempre que
ocorrer alguma das situações a seguir:
a) Troca de função ou mudança de empresa;
b) Retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por período superior a
03 meses;
c) Modificações significativas nas instalações elétricas ou troca de métodos ou
processos de trabalho.
- O trabalho em áreas classificadas deve ser precedido de treinamento
específico de acordo com o risco envolvido;
- Os trabalhadores com atividades em proximidades de instalações elétricas
devem ser informados e possuir conhecimentos que permitam identificá-las, avaliar
seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis. [9]

2.3.6.4 Diretrizes ao Prontuário das Instalações Elétricas [9]


Todas as empresas devem possuir, devidamente atualizada, toda a
documentação técnica referente ao seu sistema elétrico (diagramas unifilares e
especificações dos equipamentos e dispositivos de proteção).
Para estabelecimentos que possuam potência instalada acima de 75kW
deverão estar disponíveis os seguintes documentos:
- Relatório anual de auditoria de conformidade com a NR 10, com
recomendações e cronograma de regularização visando ao controle dos riscos
elétricos;
- Conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de
segurança e saúde, implantadas e relacionadas nesta Norma;
- Documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra
descargas atmosféricas de acordo com o item 10.1.1.1 da norma;
21

- Especificação do ferramental e dos equipamentos de proteção coletiva e


individual, aplicável conforme determina esta Norma;
- Documentação comprobatória de qualificação, habilitação, capacitação, e
autorização dos profissionais e de treinamentos realizados;
- Certificação de equipamentos e materiais elétricos instalados em áreas
classificadas.
- Para trabalhos envolvendo o sistema elétrico de potência ou em suas
proximidades, deverão também estar disponíveis, além dos documentos já citados, os
seguintes:
1. Procedimento de ordem geral para contingências não previstas;
2. Certificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual;
3. Especificação do ferramental utilizado.

2.4 Impactos e Contribuições


É de conhecimento que a aplicação de uma norma que altera o hábito de
trabalho no dia a dia das empresas, gera custos em determinadas adequações e cria
uma visão negativa entre alguns empresários e alguns trabalhadores. Fato esse
relacionado ao gasto financeiro que o empresário teve ou ainda terá com mudanças em
instalações, e que o trabalhador terá na forma de realizar seu serviço.
Um exemplo claro é que uma simples ação de troca de uma lâmpada, feita por
um profissional de elétrica, não pode ser mais realizada por uma única pessoa, a NR
10 visa à proibição do trabalho individual, justificando, caso ocorra algum tipo de mal
súbito o companheiro de tarefa deverá estar preparado para ações de primeiros
socorros e resgate. Têm–se assim custos maiores, visto que uma tarefa que até então
era executada por uma única pessoa, hoje não é mais possível.
Em entrevista a empresa MAN-IT - Soluções em Manutenção, uma empresa
de consultoria e treinamentos, no dia 15/06/2007 o Engenheiro Eletricista e
profissional de Engenharia de Segurança no Trabalho, Joaquim Gomes Pereira, atuante
há 26 anos como Auditor Fiscal do MTE e Coordenador da NR 10, reponde a diversas
perguntas interessantes.
22

Entrevista

Man-IT: Após a implantação final da NR 10 em 07/12/2004, houve uma


sensível diminuição dos acidentes com eletricidade?
Eng. Joaquim: “O processo de redução de acidentes no trabalho é dinâmico e
as alterações na Norma são muito recentes em função do cumprimento na íntegra da
norma ser a partir de 07/12/2006 o que dificulta uma avaliação concreta. Contudo eu
acredito que as alterações já são percebidas durante as práticas de fiscalizações”.
Man-IT: Já é possível quantificar essa diminuição?
Eng. Joaquim: "Não. Não existem no Brasil indicadores acidentários,
direcionados especificamente aos acidentes elétricos, que permitam avaliar e
quantificar diretamente os acidentes envolvendo energia elétrica".
Man-IT: Sabemos da atuação das delegacias de trabalho quanto à orientação
e notificação sobre a necessidade de implantação da NR 10 e treinamento dos
colaboradores. Isto tem ajudado no maior controle das atividades relacionadas à
eletricidade?
Eng. Joaquim: "Sem dúvida a atuação dos Auditores Fiscais do Ministério do
Trabalho e Emprego, sediados nas Delegacias Regionais do Trabalho distribuídas em
todos os Estados da Federação, é um fator fundamental no controle e na melhoria
contínua nas condições de segurança e saúde no trabalho envolvendo energia elétrica.
Nesse sentido, os Auditores Fiscais foram instruídos quanto às alterações ocorridas na
Norma com o objetivo de garantir ambientes laborais seguros e saudáveis".
Man-IT: Algum setor da economia com maior preocupação e destaque com
os treinamentos?
Eng. Joaquim: "Bem, o setor de telecomunicações, mais especificamente o de
telefonia fixa, inicialmente entendeu que a regulamentação não atingia o setor,
contudo depois de notificadas vêm acelerando a realização dos treinamentos “básico”
e “complementar”".
Man-IT: Algum setor da economia com menor preocupação e destaque com
os treinamentos?
23

Eng. Joaquim: "Não. De uma forma geral as empresas vêm atendendo a


Norma".
Man-IT: Hoje as multas aplicadas giram em torno de quais valores? Como é o
processo de multa? Como se dá a autuação? Existe primeiramente um auto de vistoria?
Eng. Joaquim: "Atenção especial deverá ser aplicada à possibilidade de
interdições pelo Ministério do Trabalho e Emprego ou ainda pelo Ministério Público
do Trabalho em setores e frentes de trabalho ou equipamentos, ou ainda ao embargo de
obras com base na ausência de medidas de segurança elétrica preconizada na NR 10.
Em algumas situações o Poder Judiciário pode arbitrar por sanções relativas ao
faturamento da empresa.
As multas variam de oitocentos reais a seis mil reais por item. “Finalmente
cabe-nos lembrar que a Norma faz parte do Ordenamento jurídico Nacional e,
naturalmente, é a base dos Órgãos Públicos, tais como, Ministério da Justiça, da
Previdência Social da Saúde, dentre outros”.
Man-IT: Alguma ação específica planejada para aumento do controle para
implantação da NR 10 pelas empresas e treinamento dos seus colaboradores?
Eng. Joaquim: "As ações fiscalizatórias serão genéricas e abrangentes a toda
a Norma que se constitui num conjunto de medidas de gestão de segurança e saúde no
trabalho e controle dos riscos em instalações ou serviços com a energia elétrica.
Além dos treinamentos de segurança, as ações deverão ser dirigidas a
documentação nos serviços e instalações elétricas: a documentação das instalações
elétricas é habitualmente uma incógnita nos estabelecimentos e sistemas e as suas
limitações raramente são conhecidas pelo usuário (trabalhador), devendo, doravante,
ser organizada em um prontuário, organizado e mantido pelo empregador ou por
pessoa formalmente designada pela empresa, permanecendo à disposição dos
trabalhadores envolvidos com instalações e serviços em eletricidade, e ser revisado e
atualizado periodicamente; desenergização das instalações: a existência de
procedimento padronizado, com a aplicação de sistemas de travamento das fontes, de
sinalização, de medição do ponto de intervenção, de aterramento e equipotencialização
elétrico, de isolamento das circunvizinhanças da operação.
24

Sistemas de segurança em instalações elétricas energizadas tais como:


existência de aterramento elétrico, aplicação de disjuntores de seccionamento
automático, sinalização das instalações, identificação dos trabalhadores autorizados,
trabalho acompanhado, vestimentas especiais para os autorizados, etc.
“Procedimentos: desenvolvimento de procedimentos operacionais e
procedimentos de segurança devem se fundir num só, prevendo passo a passo a
segurança do trabalhador em cada ação e em cada fase da atividade laboral”.
Man-IT: Recomendações finais para as empresas que ainda não se
preocuparam com o cumprimento da NR 10.
Eng. Joaquim: "O Ministério do Trabalho e Emprego planejou como meta
institucional para o ano de 2007, ações fiscalizatórias voltadas aos quesitos de
segurança em serviços e instalações elétricas em várias atividades econômicas, tais
como: concessionárias elétricas, metalúrgicas, siderurgia, construção civil. O prazo
final para ações foi em dezembro de 2006, ou seja, não há argumentação para não
realização de procedimentos pertinentes à NR 10. O atendimento é compulsório. Os
itens são passíveis de punibilidade não só pelo MTE, mas também fundamentará a
Justiça em suas decisões e sentenças, o Ministério Público em suas ações, o Ministério
da Previdência Social quanto ao FAP (Fator Acidentário Previdenciário)".
Man-IT: Qual sua conclusão ou pensamento sobre as empresas que traduzem
essa nova regulamentação como simplesmente mais um treinamento de 40 horas?
Eng. Joaquim: "Lembramos que os treinamentos “básicos” e
“complementar”, preconizados na Norma são fundamentais no fornecimento de
subsídios técnicos e elementos de segurança aos trabalhadores a serem "autorizados"
por seu(s) tomador (es) de serviço(s) a intervir em instalações ou realizar serviços
elétricos e, conseqüentemente, na mudança de cultura dos trabalhadores autorizados.
Tratar como “mais um treinamento” sem o necessário cuidado com os
profissionais ou instituições que o ministrarão é um erro e a perda de uma excelente
oportunidade quanto à transferência de conhecimento em segurança elétrica e do
trabalho específico e próximo da realidade de cada empresa, das situações efetivas de
trabalho e nas condições reais das atividades a serem desenvolvidas pelos autorizados
25

e de prevenir problemas futuros. Devemos lembrar que a autoridade é da empresa,


também a ela cabe a responsabilidade pela autorização. [8]

Figura 2 - Joaquim Gomes Pereira, Engenheiro Eletricista e de Segurança no Trabalho, Auditor Fiscal do
Ministério do Trabalho e Emprego Coordenador do GTT-10 de atualização da NR 10.

Fonte: http://www.man-it.com.br/index.php?option=com_conten t&view=art


icle&id=141 [Capturado em setembro de 2008]

2.5 Conclusões
Neste capítulo apresentou-se um breve histórico da NR 10, destacando fatos e
acontecimentos, partes integrantes, princípios, aplicações, contribuições e impactos,
além de uma entrevista feita ao Eng. Joaquim Gomes Pereira, um dos responsáveis
pela atualização da NR 10.
26

3 SUBESTAÇÕES

3.1 Definição
Uma Subestação é uma instalação elétrica de alta potência, contendo
equipamentos para transmissão, distribuição, proteção e controle de energia elétrica.
Funciona como ponto de controle e transferência em um sistema de
transmissão elétrica, direcionando e controlando o fluxo energético, transformando os
níveis de tensão e funcionando como pontos de entrega para consumidores industriais.
Durante o percurso entre as usinas e as cidades, a eletricidade passa por
diversas subestações, onde os transformadores aumentam ou diminuem a sua tensão.
Ao elevar a tensão elétrica no início da transmissão, os transformadores evitam a perda
excessiva de energia ao longo do caminho e faz com que o sistema possa transmitir
uma maior quantidade de energia. Já ao rebaixarem a tensão elétrica perto dos centros
urbanos, permitem a distribuição da energia por toda a cidade.
Apesar de mais baixa, a tensão utilizada nas redes de distribuição primária
ainda não está adequada para o consumo residencial imediato. A instalação de
transformadores menores reduz ainda mais a tensão da energia que vai diretamente
para as residências, comércios e outros locais de consumo. [11]
Têm-se no Brasil diversos modelos de subestações, sejam elas elevadoras ou
abaixadoras de tensão. Podem ser desprotegidas ao tempo, chamadas de subestação
desabrigada, conforme figura 3. Podem ser protegidas do tempo, chamadas de
subestações abrigadas, em alvenaria ou no interior de cubículo metálico (invólucro
metálico), conforme figura 4, ou até mesmo constituídas apenas, por um transformador
instalado no topo do poste, conforme figura 5. Para que se possa melhor entender, tem-
se a seguir uma breve descrição do SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP) do
país.
27

Figura 3 - Subestação abaixadora desabrigada.

Figura 4 - Subestação abaixadora abrigada.

Figura 5 - Transformador desabrigado instalado no poste.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.


28

3.2 Sistema Elétrico de Potência


A energia elétrica que alimenta indústrias, comércio e residências, é gerada
principalmente a partir de usinas hidroelétricas, em que a energia originada pelas
quedas d’água, movimenta as turbinas dos geradores, transformando energia mecânica
em energia elétrica. A energia elétrica produzida no Brasil provém em sua maior parte
das usinas hidroelétricas seguidas das usinas termoelétricas e termonucleares [9].
A NR 10 estabelece os requisitos e condições mínimas objetivando à
implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de forma a garantir a
segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente interajam em
instalações elétricas e serviços com eletricidade.
É aplicada às fases de geração, transmissão, distribuição até a medição.
Com o objetivo de uniformizar o entendimento, a NR 10 no seu Glossário
define que o SEP trabalha com vários níveis de tensão, classificados em:
- Extra baixa tensão – Considera-se extra baixa tensão, a tensão não superior a
50V em corrente alternada entre fases ou fase e terra, ou 120 V em corrente contínua.
- Baixa tensão – Considera-se baixa tensão, a tensão superior a 50V em
corrente alternada, ou 120 V em corrente contínua e igual ou inferior a 1000 V em
corrente alternada entre fases ou entre fase e terra, ou 1500 V em corrente contínua.
- Alta tensão – Desta forma considera-se alta tensão, a tensão superior a 1000
V em corrente alternada entre fases ou entre fase e terra, ou 1500 V em corrente
contínua. [9]

3.3 Subestações prediais


A Norma Técnica da ESCELSA sobre “Fornecimento de Energia Elétrica em
Tensões Secundária e Primária 15 kV” em seu capítulo 5 diz o seguinte:
Item 5.4 - Categoria IV - Ligação Através de Subestação Particular. “São as
unidades consumidoras com carga total instalada superior a 75 kW e demanda máxima
até 2.500 kW, ou menor que 75 kW, desde que possuam qualquer dos equipamentos
vetados na Categoria III”, ver apêndice E.
29

Tem-se assim a grande maioria de condomínios residências e estabelecimentos


comerciais, enquadrados nessa categoria de instalação, como: supermercados,
pequenas fábricas, etc.
A NBR (Norma Brasileira) que estabelece as condições e padrões de
instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV é a NBR 14039.

3.3.1 NBR 14039

3.3.1.1 Histórico
No Brasil, as instalações elétricas de média tensão, permaneceram durante
décadas com a mesma norma, sem nenhuma revisão. A história da norma de média
tensão começa com a NB 79 – Execução de instalações elétricas de alta tensão de 0,6 a
15 kV, publicada em 1967. Contudo, essa norma foi elaborada com os conhecimentos
da década de 60 e tendo como pano de fundo um Brasil isolado do resto do mundo, do
ponto de vista tecnológico. A norma refletia a necessidade do país na época, de
padronizar a execução de instalações de 0,6 a 15 kV. A NB 79 não contemplava, em
nenhuma parte de seu texto, a atividade de projeto.
Essa norma foi utilizada por todas as concessionárias de energia elétrica para
balizar seus padrões de postos de entrada em distribuição primária. Sem revisões que
lhe permitissem adequar-se às novas tecnologias dos equipamentos e incluir a
atividade de projeto em seu escopo, a NB 79 deixou de ser consultada pelos
profissionais de instalações elétricas de média tensão. Assim, os padrões das
concessionárias passaram a balizar de fato, e não de direito, quase todos os projetos de
instalações de média tensão no Brasil, com exceção dos projetos feitos pelas grandes
empresas de engenharia, que tinham acesso a normas estrangeiras.
Por essa razão, a NB 79 foi cancelada em janeiro de 1996. Mas como esse
cancelamento se deu sem substituição, isto é, sem que uma nova versão ocupasse o
lugar da norma cancelada, criou-se assim um vácuo legal. Havia os padrões das
concessionárias, mas eles não têm valor para assegurar a qualidade mínima exigida,
deixando os projetistas e instaladores sem respaldo legal no desempenho de suas
30

funções. Portanto, tornava-se necessário elaborar uma nova norma de média tensão.
[12]

3.3.1.2 A norma “tampão”


Dado que no Brasil o uso de normas não é voluntário, e considerando a
importância das instalações de média tensão, o Cobei – Comitê Brasileiro de
Eletricidade, órgão da ABNT responsável por elaborar normas na área de eletricidade,
começou a preparar uma nova norma para média tensão. Por razões regimentais da
ABNT, uma vez que a NB 79 foi cancelada sem substituição, teria de ser elaborada
uma nova norma, inclusive com numeração diferente.
Em um panorama nacional completamente diferente do da década de 60,
quando foi elaborada a antiga NB 79, a nova norma deveria ter um nível de exigência
muito superior ao de sua antecessora. Conseqüentemente, seu conteúdo teria de ser
necessariamente maior e mais abrangente, o que demandaria um extenso trabalho da
comissão de estudos responsável pela elaboração do documento. Essa tarefa
provavelmente consumiria alguns anos. Porém, a urgência provocada pelo vácuo legal
que se estabelecera com o cancelamento da antiga norma fez com que se optasse por
elaborar uma norma “tampão”, com valor técnico e legal, mas de caráter temporário.
Convém deixar claro que o termo “tampão” não figura na norma e não tem nenhum
efeito legal. É só um adjetivo informal para ressaltar o caráter temporário da norma.
Do ponto de vista legal, a norma é definitiva.
Para o trabalho de elaboração da norma “tampão”, foi usado como base o texto
da antiga NB 79, estando claro que, pela sua obsolescência, não bastava reeditar o
texto cancelado. Foi necessária uma revisão no texto, enfocando:
• Uma ampliação dos limites de tensão da norma — ao invés de 0,6 a 15
kV ficou de 1 kV a 36,2 kV;
• Um acerto na terminologia;
• Uma correção nos pontos obsoletos.
31

Essa norma, atualmente em vigor, ficou em votação nacional no último


trimestre de 1997 e foi publicada em abril de 1998, sob o número NBR 14 039 e com o
nome de “Instalações elétricas de alta tensão de 1 a 36,2 kV”.
Durante os anos de 1997 a 2003, esta passou por uma rigorosa e profunda
revisão. Em outubro de 2000 a comissão de estudos decidiu publicar uma emenda à
norma de 1998; a norma emendada passou a ser denominada NBR 14039:2000. O
projeto da nova versão da norma entrou em consulta pública em julho de 2003 com
previsão de ser publicado ainda no segundo semestre do mesmo ano.
Atualmente a norma está em pleno vigor. Tem-se no capítulo 5 deste trabalho,
uma melhor apresentação dessa norma em conjunto com a NR 10, relacionada às
subestações. [12]

3.3.2 Características
Tem-se como o objetivo principal deste trabalho, a segurança. No entanto para
que se possa obter um mínimo de segurança desejado para as pessoas envolvidas com
eletricidade, e que precisam, de alguma forma, acessar uma subestação é necessário
um conjunto de regras na construção dessas subestações.
Uma subestação particular abrigada e que não faz parte integrante da
edificação, deve seguir as seguintes condições definidas pela ESCELSA.

Quadro 1 - Condições para subestação abrigada.

a) ser construída com paredes de alvenaria, com teto e piso em concreto armado, para
qualquer potência de transformador, até o limite previsto nesta Norma e apresentar
características definitivas de construção;
b) ter porta metálica e abrir para fora, conforme figuras 6 e 7;
c) ter o teto impermeabilizado e inclinação mínima de 2% de modo a evitar o
escoamento de água sobre os condutores de 15 KV;
d) possuir sistema de iluminação artificial;
e) como medida de segurança, recomenda-se prever sistema de proteção contra
incêndio;
32

f) havendo na subestação mais de um transformador, deverá existir no lado da alta


tensão, chave seccionadora basculante tripolar, classe 15 kV, corrente mínima 200 A,
comando simultâneo ou chave fusível classe 15 kV em cada unidade, monopolar ou
tripolar;
g) os elos fusíveis para transformadores de potência acima de 225 kVA deverão ser
dimensionados pelo fabricante;
h) é permitido também o uso de subestação blindada em recinto fechado, localizada
no térreo, quando em edifício de uso coletivo. A sua construção deverá obedecer ao
item 10 desta Norma (Câmara de Transformação ou Cabina). Quando a localização
for em piso intermediário da edificação o transformador deverá ser a seco ou a
silicone.
Fonte: NOR-TEC-01

Figura 6 - Modelo de subestação predial com 1 transformador.

Fonte: NOR-TEC-01
33

Figura 7 - Modelo de subestação predial com 2 transformadores.

Fonte: NOR-TEC-01

As figuras 6 e 7 apresentam um modelo de subestação predial para um ou dois


transformadores respectivamente. Pode-se notar que a alimentação dos
transformadores se dá através de uma caixa de passagem subterrânea, que os
transformadores estão providos de uma circulação de ar, e que o espaço físico de
circulação destinado ao operador possui proteção evitando contato com a Zona de
Risco. As figuras correspondem respectivamente aos desenhos 27 e 28 da NOR-TEC-
01.
Como já mencionado no início deste capítulo, as subestações constituídas
apenas de um transformador instalado no poste, também são de grande utilidade e
fáceis de serem encontradas nos sistemas de distribuição das concessionárias elétricas.
O presente trabalho trata apenas da segurança voltada às subestações abrigadas, no
entanto tem-se na figura 8 uma ilustração desse outro tipo de subestação predial que é
chamada pelos profissionais da área de subestação H, pelo fato de o transformador
estar apoiado por cruzetas em dois postes, dando uma aparência de letra H.
34

Figura 8 - Modelo de subestação H.

Fonte: http://www.aessul.com.br [Capturado em Novembro de 2008]

3.4 Conclusões
No presente capítulo destaca-se que uma subestação é um conjunto de
condutores, aparelhos e equipamentos destinados a modificar as características da
energia elétrica, permitindo a sua distribuição aos pontos de consumo em níveis
adequados de utilização. A subestação denominada particular é aquela construída em
propriedade particular suprida através de alimentadores de distribuição primários, que
atendem os pontos finais de consumo.
35

4 CONSIDERAÇÕES SOBRE SEGURANÇA

4.1 Choque Cultural


A edição de número 114 de 2008 da revista Alcoolbrás [13] traz em sua
reportagem de capa o assunto da NR 10. A revista aborda o tema relacionando a
dificuldade cultural com que a maioria dos empresários ainda é resistente quando se
trata de adequações de segurança em suas usinas e fábricas. Em resumo, a reportagem
cita que em recentes visitas a algumas usinas de açúcar e álcool do interior paulista, o
engenheiro eletricista Edson Martinho, presidente da Abracopel (Associação Brasileira
de Conscientização para os Perigos da Eletricidade), detalhou aos engenheiros
responsáveis pelas empresas as mudanças impostas pela segunda revisão da NR 10.
O engenheiro eletricista detectou que uma das usinas apresentava diversos
procedimentos contrários às recomendações da Norma, por exemplo,
dimensionamento de dispositivos de proteção inadequados em áreas potencialmente
inflamáveis e a falta de orientação aos profissionais que trabalham com eletricidade.
O presidente da Abracopel alertou a empresa sobre a necessidade de correções
para adequação à nova NR 10. Como resposta, relata ter ouvido do engenheiro
responsável pela unidade industrial: “A nossa planta tem mais de 50 anos e adequá-la
custará muito. O que fizemos é explicar para o funcionário que ele tem que tomar
cuidado e torcer para que não aconteça nenhum acidente”.
Observa-se que se o empresário responsável pela usina mantiver este
pensamento, a usina terá que torcer e rezar bastante para não sofrer um acidente. Sem
medidas de segurança e com equipamentos carentes de dispositivos de proteção, a
unidade e seus funcionários estão expostos a riscos como choque elétrico, e ocorrência
de sobreaquecimento em fios, cabos e dispositivos, o que pode provocar incêndios.
Ao não mapear as suas áreas classificadas e oferecer treinamento específico
aos funcionários do setor elétrico, a usina também permanece sujeita a uma eventual
explosão, visto que suas instalações apresentam situações precárias conforme mostra a
figura 9.
Mas a usina paulista não é um caso isolado de insegurança em instalações
elétricas. Essa é a realidade em muitas outras unidades de diversos setores industriais
36

do País. Mais de três anos depois da segunda revisão da Norma e um ano após a
expiração do prazo para adequação, muitas empresas ainda caminham a passos lentos
para a adaptação à NR 10. [13]
A eletricidade tem grande potencialidade para causar danos de gravidade
elevada, desde uma simples contração muscular, seqüelas graves, queimaduras
profundas, parada cardíaca e até óbito, conforme item 4.3 deste trabalho.

Figura 9 - Instalações elétricas inadequadas.

Fonte: Edição 114- 2008 da Revista Alcoolbrás.

4.2 Adequação lenta


Embora tenha provocado um grande impacto no sentido de alertar sobre a
importância da segurança em eletricidade e acerca da fiscalização, a lei que trouxe
uma série de avanços em relação à segurança em serviços com eletricidade ainda não
conseguiu gerar resultados efetivos em redução de acidentes.
O maior argumento alegado para a dificuldade de adaptação às novas medidas
de segurança é o custo. O engenheiro eletricista Edson Martinho afirma para a revista
Alcoolbrás, que o problema está no tempo em que as empresas deixaram de fazer as
instalações corretas. “Durante anos fizeram gambiarras, amarra-arame, ajustezinhos e
37

o provisório vai se tornando permanente. Quando chega uma norma e exige


adequação, substituição de vários equipamentos, se descobre que é caro. Mas se
tivesse havido planejamento anterior, hoje o custo seria muito menor”.
Atualmente a adaptação está concentrada principalmente nas multinacionais e
grandes companhias, que já possuem dotação orçamentária e muitas das ferramentas
administrativas e de controle exigidas pela NR 10.
Além das multinacionais e grandes empresas, que já se preocupavam com
segurança até antes da publicação da NR 10, os especialistas dividem o nível de
adequação em outras três categorias:
• Empresas que se informaram logo após a revisão da Norma e estão na
fase final de adaptação;
• Empresas que não têm a estrutura organizacional tão bem elaborada,
mas já iniciaram a adaptação;
• E empresas, geralmente as pequenas, que ainda nem começaram, e
adotaram a filosofia popular “deixa como está para ver como é que
fica” - e ainda continuam colocando como eletricistas pessoas sem
qualificação.
Mesmo entre aquelas que já iniciaram a adequação, há ainda empresas que
optam por atender a requisitos mínimos. “É um grande problema o pessoal que age
assim para não ser multado. A preocupação deve ser com a saúde e a segurança do
trabalhador. Mas quando a empresa vai pelos requisitos mínimos, sempre procura uma
saída para gastar menos. Com isso, pode comprometer a segurança”, afirma o
coordenador geral da área de segurança elétrica do MTE, Joaquim Gomes Pereira. [13]

4.3 Choque elétrico


A diferença entre sorte e morte de um acidentado é determinada por alguns
volts e alguns segundos de tempo. De acordo com pesquisas não oficiais, de cada três
choques, um é fatal, enquanto que, em outros tipos de acidentes, ocorre uma morte
para cada 200 ocorrências, em média. O choque elétrico é o conjunto de perturbações
de natureza e efeitos diversos, que se manifestam no organismo humano ou animal,
38

quando este é percorrido por corrente elétrica. As manifestações relativas ao choque


elétrico, dependendo das condições e da intensidade da corrente, podem ser desde uma
ligeira contração superficial até uma violenta contração muscular que pode provocar a
morte. Os tipos mais prováveis de choque elétrico são aqueles em que a corrente
elétrica circula da palma de uma das mãos à palma da outra mão, ou da palma da mão
até a planta do pé. Existem três categorias de choque elétrico, a serem discutidas nos
próximos itens. [9]

4.3.1 Choque por contato com circuito energizado


Tem-se nesse tipo de choque o mais comum em residências. O choque surge
pelo contato direto da pessoa com a parte energizada, seja uma simples tomada ou um
fio desencapado, conforme figura 10. O choque dura enquanto permanecer o contato e
a fonte de alimentação permanecer ligada. As conseqüências podem ser pequenas
contrações ou até lesões irreparáveis. [9]

Figura 10 - Choque por contato com circuito energizado.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

4.3.2 Choque por contato com corpo eletrizado


Tem-se nesse tipo de choque, o choque proveniente de eletricidade estática,
(ver figura 11)normalmente de pequena duração, suficiente apenas para descarregar a
carga da eletricidade contida no elemento energizado,. Na maioria das vezes, não
provoca efeitos danosos ao corpo. [9]
39

Figura 11 - Choque por contato com corpo eletrizado.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

4.3.3 Choque por Descarga Atmosférica (raio)


Quando acontece uma descarga atmosférica (Ver figura 12) e esta entra em
contato direto ou indireto com uma pessoa, tem-se o choque por “raio”. Os efeitos são
imediatos podendo causar queimaduras graves e até a morte. [9]

Figura 12 - Raio atingindo o Cristo Redentor.

Fonte: http://oquesefaz.files.wordpress.com/2008/02/raio_cristo_redentor.jpg
[Capturado em setembro de 2008]
40

4.3.4 Limiar
O corpo humano começa a perceber a passagem de corrente elétrica a partir de
1 mA. Essa sensação de percepção é chamada de Limiar de Sensação da corrente. No
entanto quando se toca um objeto energizado, o cérebro emite sinais elétricos para a
mão para que ela solte esse objeto, isso se dá de forma rápida e instantânea. Contudo, a
corrente alternada entre 9 e 23 mA para os homens e 6 a 14 mA para as mulheres,
excita os nervos, provocando contrações musculares permanentes, e impede que a
pessoa possa se soltar do circuito. A esse processo dá-se o nome de Limiar de Não
Largar.
Para valores acima de 100 mA, ocorre o Limiar de Fibrilação Ventricular,
podendo causar:
• Queimaduras;
• Parada respiratória;
• Fibrilação ventricular;
• Morte cerebral;

Tem-se no quadro 2 uma classificação das conseqüências do choque de acordo


com o valor da corrente.

Quadro 2 - Possíveis conseqüências do choque elétrico no corpo humano.


Intensidade Perturbações Estado após o Resultado final
Salvamento
(mA) Possíveis choque provável
1 (Limiar de
Nenhuma Normal - Normal
sensação)

Sensação cada
vez mais
desagradável à
medida que a
1a9 Normal Desnecessário Normal
intensidade
aumenta.
Contrações
Musculares
41

Sensação
dolorosa.
Contrações Respiração
9 a 20 Morte aparente Restabelecimento
violentas; artificial
perturbações
circulatórias.
Sensação
insuportável;
contrações
violentas; asfixia;
Respiração Restabelecimento ou
20 a 100 perturbações Morte aparente
artificial morte.
circulatórias
graves, inclusive
fibrilação
ventricular.
Asfixia imediata;
Acima de 100 fibrilação Morte aparente Muito difícil Morte
ventricular.
Asfixia imediata;
Morte aparente Praticamente
Vários ampéres queimaduras Morte
ou imediata impossível
graves.
Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Se a intensidade da corrente elétrica for de valor elevado, normalmente acima


de 30 mA e circular pelo diafragma, por um período de tempo relativamente pequeno,
normalmente por alguns minutos, ocorrerá a morte por asfixia. Aliás, o tempo é fator
importante para prevenir os efeitos de um choque elétrico, se ocorrer a exposição a
qualquer situação de choque por tempos inferiores a 5 segundos, as chances de
sobrevivência aumentam dramaticamente. Por isto as normas relativas à proteção de
sistemas elétricos, inclusive utilizando o DR, prevêem tempos máximos para a
abertura do disjuntor de proteção.
A asfixia advém do fato do diafragma (músculo associado à respiração) se
contrair, cessando assim, a respiração. Caso não seja aplicada a respiração artificial em
no máximo seis minutos, ocorrerão sérias lesões cerebrais e possível morte.
As condições da pele e o tempo de salvamento (Ver quadro 3) também são
características a serem consideradas nos estudos. De acordo com o quadro 4 a partir de
6 minutos, a chance de salvar o acidentado é praticamente zero, por isso é necessário
que o profissional que trabalha com eletricidade esteja apto a prestar os primeiros
socorros, especialmente através de técnicas de reanimação cárdio-respiratória. [9]
42

O CEFET do estado do Ceará promove cursos técnicos em segurança do


trabalho que apresenta em sua grade curricular segurança em eletricidade e primeiros
socorros. Além das instituições públicas, existem as escolas de treinamento privadas,
que oferecem tais cursos como, por exemplo, a Mazza Consultoria Técnica e Serviços
Ltda, uma empresa com sede no Rio de Janeiro e que possui contrato com as grandes
empresas do país (Petrobrás, Vale, etc).

Quadro 3 - Classificação das características da pele.

Característica
Código da pele Classificação Aplicações e exemplos
da pele
Circunstâncias nas quais a
BB1 Elevada Condições Secas pele está seca (nenhuma
umidade inclusive suor)
Passagem da corrente
elétrica de uma mão à
outra ou a um pé, com a
Condições pele úmida (suor) e a
BB2 Normal
úmidas superfície de contato sendo
significativa (exemplo, um
condutor está seguro
dentro da mão).
Passagem da corrente
elétrica entre duas mãos e
dois pés, estando as
Condições
BB3 Fraca pessoas com os pés
Molhadas
molhados a ponto de se
poder desprezar a
resistência da pele dos pés.
Pessoas imersas na água,
Condições
BB4 Muito fraca por exemplo, em banheiras
imersas
ou piscinas.
Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.
Quadro 4 - Chances de salvamento.

Tempo após o choque para iniciar a


Chances de reanimação da vítima
respiração artificial
1 minuto 95 %
2 minutos 90 %
3 minutos 75 %
4 minutos 50 %
5 minutos 25 %
6 minutos 1%
8 minutos 0,5 %
Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.
43

4.4 Estatísticas

4.4.1 Introdução
Estimulada por negligência ou ignorância, a falta de segurança alimenta as
estatísticas sobre acidentes, mortes e explosões causados por energia elétrica no Brasil.
O coordenador geral da área de segurança envolvendo eletricidade do MTE,
Joaquim Gomes Pereira, se baseia em estatísticas do Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS) em paralelo com dados de acidentes em outros países, para obter um
número mínimo de ocorrências com eletricidade no Brasil.
A última estatística divulgada pelo INSS, referente ao fechamento de 2006,
relata 2718 mortes em todo o território nacional, provocadas por acidentes de trabalho.
“Com base nas estatísticas de outros países, em que a energia elétrica envolve de 18%
a 20% desses acidentes de trabalho, podemos dizer que cerca de 550 mortes foram
causadas por energia elétrica”, estima Pereira.
Na verdade esse número na prática é ainda maior, visto que o cálculo
considera apenas o número de profissionais registrados no INSS, que hoje representam
apenas 38% da massa trabalhadora nacional - 62% não participam da estimativa de
Pereira. A partir de 1990, a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica
(Abradee) e a Fundação COGE iniciaram a implementação de uma coleta de dados de
acidentes da população, relacionadas com a rede elétrica das concessionárias. A última
análise divulgada, referente ao período de 2001 a 2006, mostra uma média anual de
986 pessoas acidentadas, sendo 324 fatais.
Mas segundo o presidente da Abracopel, o engenheiro eletricista Edson
Martinho, a maior porcentagem das estatísticas não apresenta a fonte especificada,
visto que nos hospitais brasileiros não se identifica o fator causador do óbito, apenas o
que aquela causa determinou ao indivíduo. “Se a pessoa estava tomando banho e
recebeu um choque elétrico (a causa) e, por isso, teve uma parada cardíaca
(conseqüência da causa) e morreu, em seu atestado de óbito aparecerá morte por
parada cardíaca. É por isso que os números registrados, com certeza, devem ser
dezenas de vezes maior”, explica. [13]
44

4.4.2 Dados
As Centrais Elétricas Brasileiras S.A – ELETROBRÁS, em prol dos seus
trabalhadores, dos contratados, usuários, acionistas e da população em geral, mantêm
uma parceria com a Fundação COGE, com o objetivo de consolidar um Relatório
Anual de Estatísticas de Acidentes no Setor de Energia Elétrica. Este importante
documento, destinado à utilização pelas empresas do Grupo ELETROBRÁS e demais
empresas do setor, constitui-se numa importante ferramenta de segurança e da saúde
no trabalho, possibilitando o estabelecimento de prioridades nas ações efetivas para a
prevenção de acidentes e de doenças trabalhistas.
A Fundação COGE vem sendo contratada desde julho de 2000 pela Eletrobrás,
para dar continuidade às atividades inerentes às Estatísticas de Acidentes do Trabalho
no Setor Elétrico Brasileiro, sucedendo o GRIDIS - Grupo de Intercâmbio e Difusão
de Informações sobre Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho, nessa área.
Têm-se no quadro 5 dados divulgados em junho do presente ano (2008),
relativo ao ano de 2007. O índice de acidentes típicos refere-se a acidentes causados
nas próprias empresas responsáveis pela geração ou distribuição da energia. O índice
de trajeto refere-se aos acidentes ocorridos durante o transporte ao local do serviço. O
índice das contratadas apresenta o número de acidentes ocorridos com as empresas
terceiras e o índice população refere-se à população em geral, ou seja, pessoas que não
pertencem à área técnica, mas que foram vítimas de acidentes. Para exemplificar
houve 3 acidentes com contratadas do setor de Geração e Transmissão e 56 acidentes
com contratadas do setor de Distribuição, totalizando, no ano de 2007, 59 acidentes
fatais com contratadas no setor de energia.
45
Quadro 5 - Índice de Acidentes Fatais de 2007.

Fonte: Fundação COGE

Apenas para título de informação o quadro 6 apresenta acidentes envolvendo


arco elétrico, assunto esse abordado no item 5.4.1 desse trabalho, dividido por área. É
interessante analisar que no ano de 2003, um ano antes da publicação da NR 10, houve
6 acidentes em subestação com arco elétrico e a partir de 2006, prazo máximo para
atendimento da NR 10, houve apenas 1 acidente, chegando a zero acidente no ano de
2007.
Já o quadro 7 apresenta um histórico dos acidentes fatais a partir de 1999, a
curva superior indica o índice de acidentes fatais com contratadas que atuam no setor
elétrico (curva em azul) e a curva inferior (curva em vermelho) indica os acidentes
ocorridos com as empresas responsáveis por tal serviço, por exemplo a Escelsa no
Espírito Santo ou a Light no Rio de Janeiro. Pode-se destacar uma diminuição
considerável do ano de 2006 para 2007, mas ainda preocupante, visto que os números
de 2007 ainda são números altos de acidentes fatais.
46
Quadro 6 - Acidentados com Arco Elétrico por Instalação / Equipamento do SEP.

Fonte: Fundação COGE


47
Quadro 7 - Acidentes Fatais por ano.

Fonte: Fundação COGE


48

Pode-se observar que os números são preocupantes, o relatório de 2007 mostra


ainda que o contingente de 108.756 empregados próprios do setor conviveu em suas
atividades com riscos registrando-se 906 acidentados de trabalho típico, com
afastamento, acarretando um custo de R$ 532.523.754,00 (Quinhentos e trinta e dois
milhões quinhentos e vinte e três mil setecentos e cinqüenta e quatro reais), entre
custos diretos (remuneração do empregado durante seu afastamento) e indiretos (custo
de reparo e reposição de material, custo de assistência ao acidentado e custos
complementares – interrupção de fornecimento de energia elétrica, por exemplo).
Com base em estudos voltados à realidade dos acidentes no Brasil,
considerando os acidentes sem perda de tempo e os acidentes com e sem danos
materiais, o custo dos acidentes no Setor Elétrico Brasileiro seria da ordem de: R$
93.443.155,20 (Noventa e três milhões quatrocentos e quarenta e três mil cento e
cinqüenta e cinco reais e vinte centavos). Mas essa mesma estimativa incluindo os
acidentes com perda de tempo, ou seja, o custo total dos acidentes, fica em torno R$
532.523.754,00 (Quinhentos e trinta e dois milhões quinhentos e vinte e três mil
setecentos e cinqüenta e quatro reais) conforme já mencionado e apresentado no
quadro 8. Isso representa o investimento necessário para a construção de 8 PCHs –
Pequenas Centrais Hidrelétricas de 30 MW cada, que poderiam atender a uma
demanda de cerca de 1.250.000 habitantes ou ainda o montante aproximado necessário
para a construção de 1.902 km de Linhas de Transmissão, em 230 kV, circuito
simples, incluindo: levantamento topográfico, projeto de engenharia, materiais e
construção.
49
Quadro 8 - Custo Total Estimado de Acidentes do Trabalho por Ano (milhões de reais).

Fonte: Fundação COGE

Devido a esses e outros estudos feitos no decorrer dos anos a Fundação COGE
elaborou uma pirâmide do Setor Elétrico Brasileiro, conforme mostra o quadro 9.

Quadro 9 - Pirâmide do Setor Elétrico.

Fonte: Fundação COGE


50

Observa-se que para cada acidente fatal ocorreram 36.300 atos e/ou condições
inseguras. Tais acidentes podem ser evitados com o cumprimento de procedimentos
técnicos de trabalho, como: planejamento, supervisão, descrição da atividade de
execução, que será apresentado com maiores detalhes no capítulo 5 deste trabalho.

4.4.3 Fatos
É lamentável abrir o jornal e ler mais uma notícia envolvendo acidente com
eletricidade, mas o fato ocorre. Para conhecimento, o quadro 10 mostra um exemplo
de como é feita a análise do acidente por parte das empresas e o quadro 11 uma
reportagem jornalística divulgada recentemente.
Quadro 10 - Exemplo de análise de acidente.
Função Tipo de acidente Descrição do acidente
Ao abrir porta e grade de um
disjuntor na UHE, por iniciativa
própria, uma vez que a sua
Exposição à energia elétrica, alta atividade seria a de atenuação de
Serviços de operação.
tensão. um alarme no piso de turbinas,
ultrapassou a distância de
segurança, causando descarga
elétrica.
Quando da conexão do cabo
elétrico da bobina de bloqueio da
Inspeção / Manutenção Linhas de Exposição à energia elétrica, alta fase A (alfa), o cabo de
Transmissão. tensão. aterramento foi desconectado deste
cabo elétrico, provocando choque
por indução elétrica no empregado.
Após conclusão de tarefa e retirada
do aterramento temporário, ficou
por alguns instantes conversando
Serviço Ligação Exposição à energia elétrica, alta no alto do poste e, no momento de
de Consumidores. tensão. descer, ao ajustar um jumper, tocou
na rede de AT, que fora energizada
por terceiro, sofrendo uma
descarga elétrica.

Fonte: Fundação COGE.


51
Quadro 11 - Reportagem Jornalística.
Rapaz morre com choque elétrico
Um jovem de 22 anos morreu por arritmia terça-feira ao chegar no Hospital Santa Otília, de Orleans, após levar
um choque elétrico numa máquina de solda. Atílio Weber era funcionário de uma empresa de silo e estava no
interior do município fazendo a montagem de uma estrutura metálica quando aconteceu o acidente. Segundo
informações repassadas pela Delegacia de Polícia de Orleans, o episódio aconteceu na comunidade de Vila
Nova, próxima ao bairro Barracão, por volta das 14h. Durante vistoria de peritos no local do acidente foi
verificado que o aparelho que o jovem estava usando estava em péssimas condições de uso, o que pode ter
facilitado o choque. O laudo da polícia, que pode confirmar a causa da morte provocada por descarga elétrica,
ainda não foi divulgado.

Fonte: A Tribuna de Criciúma - 28/04/2007

4.5 EPI e EPC


O Equipamento de Proteção Individual, EPI, é todo produto ou dispositivo, de
uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção contra riscos capazes de
ameaçar a sua saúde e a sua segurança. A utilização deste tipo de equipamento só
deverá ser feita quando não for possível tomar medidas que permitam eliminar os
riscos do ambiente em que se desenvolve a atividade, ou seja, quando as medidas de
proteção coletiva não forem viáveis, eficientes e suficientes para a atenuação dos
riscos e não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho
e/ou de doenças profissionais e do trabalho.
Os equipamentos de proteção coletiva, EPC, são dispositivos utilizados no
ambiente de trabalho e têm o objetivo de proteger os trabalhadores contra riscos
inerentes aos processos. Como o EPC independe da vontade do trabalhador para
atender suas finalidades, a preferência pela utilização deste é maior em relação à
utilização do EPI, já que colabora no processo aumentando a produtividade e
minimizando os efeitos e perdas em função da melhoria no ambiente de trabalho.
Portanto, o EPI será obrigatório somente se o EPC não atenuar os riscos
completamente ou se oferecer proteção parcialmente. [14]
De acordo com a Norma Regulamentadora 6 – NR 6, a empresa é obrigada a
fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de
conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:
52

a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção


contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;
c) para atender a situações de emergência.

O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importada,


só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação,
CA, expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no
trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. [9]

4.5.1 Das obrigações do empregador


Dentre as atribuições exigidas pela NR 6, cabe ao empregador as seguintes
obrigações:
• Adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade;
• Exigir seu uso;
• Fornecer ao trabalhador somente o equipamento aprovado pelo órgão,
nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;
• Orientar e treinar o trabalhador sobre uso adequado, guarda e
conservação;
• Substituir imediatamente o EPI, quando danificado ou extraviado;
• Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e
comunicar o MTE qualquer irregularidade observada.

4.5.2 Das obrigações do empregado


• Utilizar o EPI apenas para a finalidade a que se destina;
• Responsabilizar-se pela guarda e conservação;
• Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio ao
uso;
• Cumprir as determinações do empregador sob o uso pessoal.
53

O item que trata da responsabilidade de guarda e conservação do EPI é de


grande importância visto que as empresas solicitam aos funcionários a assinatura de
um termo de responsabilidade que inclusive evidencia a entrega do equipamento. A
figura 13 apresenta um modelo desse tipo de termo.

Figura 13 - Termo de Responsabilidade.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.


54

4.5.3 Exemplos

4.5.3.1 EPC
Aterramento Temporário
Quando se trabalha em rede desenergizada é feito o aterramento temporário
nas linhas com o objetivo de evitar acidentes que possam ser causados por uma
eventual e indevida energização por um fator aleatório qualquer. Tem-se, portanto que
o simples desligamento da linha não garante a total segurança do eletricista e o
aterramento é de fundamental importância para a realização dos trabalhos com
segurança, conforme exemplificado pela figura 14. [9]

Figura 14 - Aterramento temporário em rede de baixa tensão.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Detector de Tensão
Para que o eletricista possa realizar um aterramento temporário na linha, este é
obrigado a realizar previamente um teste de ausência de tensão, confirmando que a
chave ou o equipamento responsável por abrir o circuito realmente atuou e que não
haverá tensão presente na linha. A figura 15 apresenta dois modelos de detectores de
tensão. [9]
55

Figura 15 - Exemplos de Detector de Tensão.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Travas e Bloqueadores
Dentre os EPC apresentados, as travas e os bloqueadores (Ver figura 16) com
certeza são os de maior uso e rotina em subestações, e de grande importância. Esses
equipamentos são compostos de chaves com cartão de identificação, geralmente
dizendo o motivo do bloqueio e o responsável pelo bloqueio, informações estas de
extrema importância, pois geralmente nas grandes empresas ocorrem trocas de turno
de pessoal, evitando assim informações incompletas para a nova equipe do turno e até
mesmo possíveis acidentes. [9]

Figura 16 - Exemplo de travas para disjuntores.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.


56

4.5.3.2 EPI
Existem diversos modelos e tipos de EPI. Para efeito de conhecimento seguem
os mais comuns e algumas ilustrações.

• Proteção auditiva: abafadores de ruídos ou protetores auriculares;


• Proteção respiratória: máscaras e filtros;
• Proteção visual e facial: óculos e viseiras;
• Proteção da cabeça: capacetes (figura 17);
• Proteção para o cabelo: boné, capuz, gorro e rede;
• Proteção para o tronco: aventais, capas e jaquetas;
• Proteção de mãos e braços: luvas e mangotes (figura 18);
• Proteção de pernas e pés: sapatos, botas e botinas;
• Proteção contra quedas: cintos de segurança e cinturões (figura 19).

Figura 17 – Capacete de aba frontal


Figura 18 – Luva isolante de borracha.

Figura 19 - Cinto trava-queda.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.


57

4.6 Conclusões
Os destaques deste capítulo foram os números apresentados referentes às
estatísticas de acidentes. Acredita-se que a empresa de referência deve apontar para a
garantia da redução dos índices de acidentes de trabalho, com metas graduais tendo em
vista a meta de acidente zero. Deve objetivar o aperfeiçoamento tecnológico e a
melhoria das redes já instaladas e deve considerar a qualificação e o treinamento
constante dos trabalhadores, próprios e/ou terceirizados, como forma de aumentar a
qualidade do serviço prestado e diminuir o número de acidentes, fato este obrigatório,
segundo a NR 10.
58

5 NR 10 e SUBESTAÇÕES

5.1 Introdução
O objetivo deste trabalho é abordar os itens práticos do dia a dia dos serviços
com eletricidade e propor formas corretas de execução com segurança. O presente
capítulo compara itens e procedimentos em subestações elétricas com a NR 10.
Os trabalhos no SEP podem ser divididos em:

 Trabalhos no setor de geração;


 Trabalhos no setor de transmissão;
 Trabalhos no setor de distribuição;

Como a abordagem é em subestações, tem-se no setor de distribuição o foco


das atenções. O setor de distribuição de energia elétrica é segmentado e contém um
maior número de trabalhadores, em atividades que vão desde as subestações de
distribuição até o ponto de entrega da energia, que pode ser em postes, subestações
consumidoras prediais, etc.
Estão envolvidos nesta atividade os trabalhadores de:

 Construção;
 Manutenção com rede energizada ou não, à distância ou a contato
direto;
 Operação;
 Medição (corte, religação, etc)...

Com essas informações, tem-se a definição do item 10.1 da norma, que trata
do Objetivo e do Campo de Aplicação acima citado.
59

5.2 Medidas de Controle


O item 10.2 da NR 10 trata das medidas preventivas de controle do risco
elétrico e de outros, mediante a análise de risco. A análise de risco trata da exploração
das possíveis causas e dos possíveis impactos nas áreas decorrentes dessa exploração.
Além das medidas de controle de risco coletivo e individual, assuntos estes já tratados
no capítulo 4, têm-se diversas outras medidas de controle de risco, tais como: [9]

 De origem elétrica;
 De queda;
 De ambientes confinados;
 No transporte e com equipamentos;
 De ataque de insetos e de animais peçonhentos;
 De área classificada;
 De umidade;
 Ocupacional.

5.2.1 Medidas de Controle de Risco Elétrico

5.2.1.1 Instalações Energizadas


Quando for necessário serviço de manutenção sob tensão, este deverá ser
planejado e programado, detalhando os procedimentos a serem executados, a fim de
estabelecer medidas preventivas necessárias. Esse tipo de procedimento é adotado por
grande parte das empresas, é possível destacar como exemplo, os documentos de APT
– Análise Preliminar de Tarefa e a PTE – Permissão para Trabalhos Especiais, ambas
as siglas utilizadas em procedimentos internos de grandes companhias. No capítulo 6
tem-se uma maior ênfase nesse tipo de documento.
Tem-se ainda que toda a ocorrência não programada, em instalações sob
tensão, deve ser comunicada ao responsável para que este possa tomar as medidas
cabíveis e que são expressamente proibidos o acesso e a permanência de pessoas não
autorizadas em ambientes próximos, que ofereçam riscos. [9]
60

5.2.1.2 Instalações Que Podem Vir a Ser Energizadas


A manutenção ou reparo em instalações que não estejam sob tensão, só pode
ser feito quando as mesmas estiverem bloqueadas e posteriormente liberadas. Entende-
se por instalação liberada, aquela cuja ausência de tensão pode ser constatada com
dispositivo para esta finalidade.
Para garantir a ausência de tensão (Ver figura 22) no circuito, durante todo o
tempo da atividade, os dispositivos de comando devem estar sinalizados e bloqueados
(Ver figura 21), bem como o circuito elétrico aterrado. Os serviços de manutenção e
reparos em partes das instalações sob tensão, só podem ser executados por
profissionais qualificados, devidamente treinados, em cursos especializados, com
emprego de ferramentas e equipamentos destinados à atividade.
Nas partes das instalações sob tensão, sujeitas a risco de contato durante os
trabalhos, devem ser colocados placas de aviso, inscrições de advertência, bandeirolas
e demais meios de sinalização que chamem a atenção quanto ao risco.
Quando os dispositivos de interrupção ou de comando não puderem ser
manobrados (a figura 20 mostra uma alavanca de seccionamento trifásica apenas para
título de exemplificação), por questão de segurança, principalmente em casos de
manutenção, devem ser cobertos por uma placa indicando a proibição, com letreiro
visível a olho nu, a uma distância mínima de 5 metros e uma etiqueta indicando o
nome da pessoa encarregada de recolocação em uso normal do referido dispositivo. [9]
61

Figura 20 - Modelo de Seccionamento Trifásico.

Figura 21 - Modelo de Bloqueio e Impedimento


Figura 22 – Teste de ausência de tensão.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

5.3 Regras de Ouro


O novo texto da NR 10 cita em seu item 10.5, alguns procedimentos de
desenergização e reenergização, que são chamados pelos profissionais de elétrica, de
“Regras de Ouro”. Essas regras ditam o procedimento seguro para desenergização e
reenergização do circuito e que é muito utilizado em subestações.
62

5.3.1 Seis Regras de Ouro


As Seis Regras de Ouro servem para desenergização do circuito, que será
submetido a manutenção, troca de equipamento ou qualquer outro tipo de serviço. As
regras são:
a) Seccionamento;
b) Impedimento de reenergização;
c) Constatação da ausência de tensão;
d) Instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos
condutores dos circuitos;
e) Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada;
f) Instalação da sinalização de impedimento de reenergização.

Os cuidados e possíveis conseqüências do seccionamento e o conceito de zona


controlada estão respectivamente nos itens 5.4 e 5.5 deste trabalho.

5.3.2 Cinco Regras de Ouro


As Cinco Regras de Ouro servem para reenergização do circuito, que foi
submetido a manutenção, troca de equipamento ou qualquer outro tipo de serviço. As
regras são:
a) Retirada de ferramentas, utensílios e equipamentos;
b) Retirada, da zona controlada, de todos os trabalhadores não envolvidos
no processo de reenergização;
c) Remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das
proteções adicionais;
d) Remoção da sinalização de impedimento de reenergização;
e) Destravamento se houver, e religação dos dispositivos de
seccionamento.
63

5.4 Seccionamento
O seccionamento é o ato de promover a descontinuidade elétrica de um
circuito ou equipamento, mediante o acionamento de um dispositivo apropriado para
este fim. No caso de seccionamento em subestações, inclusive subestações prediais,
dependendo das características dos equipamentos e dos níveis de tensão e corrente
presentes no circuito, pode haver arco elétrico. Chama-se de arco elétrico a corrente
que circula através do ar ou de um material isolante, após vencer a resistência de
isolamento, assim a região deixa de ser isolante e passa a conduzir eletricidade. A
figura 23 mostra uma seqüência na formação desse arco, primeiro têm-se a chave
fechada funcionando normalmente, mas durante a sua abertura é gerado uma centelha
caracterizando o arco elétrico.
Em subestações prediais deve-se ter cuidado com esse tipo descarga elétrica,
visto que esta produz calor que pode causar queimaduras de segundo ou terceiro graus.
O arco elétrico, provocado pelo seccionamento de chaves e disjuntores de subestações,
possui energia suficiente pra queimar roupas e provocar incêndios, além de emitir
vapores e raios ultravioleta. [9]

Figura 23 - Exemplos de Formação de Arco Elétrico.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

5.4.1 Efeitos do Arco Elétrico


Os efeitos causados pelo arco elétrico podem atingir tanto os equipamentos,
causando danificação total ou parcial, ou até mesmo queimaduras no homem. O
quadro 12 mostra a suportabilidade da pele humana aos efeitos do arco elétrico e a
figura 24 exemplifica um possível acidente.[9]
64
Quadro 12 - Suportabilidade da pele humana.

44° C – Durante 6 horas, já provoca lesão;


70 ° C – Com exposição de 1 segundo é suficiente para provocar destruição total das
células da pele (queimaduras de 3° grau);
80 ° C – Com exposição de 0,1 segundo provoca destruição da pele, com possível
recuperação;
96 ° C – Com valor igual ou maior e com exposição de 0,1 segundo, a radiação
provoca total destruição da pele, com ferimentos incuráveis.
Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Figura 24 - Queimadura com Arco Elétrico.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

5.4.2 Fatores que Influenciam a Formação do Arco Elétrico


• Corrente elétrica – quanto menor a corrente, menor o arco e, portanto,
menor a temperatura e suas conseqüências.
• Tensão elétrica – quanto maior a tensão, para uma mesma corrente,
maior será o arco e mais dificilmente será extinto.
• Velocidade de abertura – quanto menor a velocidade de abertura, maior
é o tempo em que os contatos ficam expostos a elevadas temperaturas
podendo ser danificados.
• Meio ambiente – ambiente úmido com elevada temperatura contribui
para formação de arco elétrico e aumenta sua intensidade.
65

• Fator de potência do circuito – circuitos puramente resistivos possuem


menores riscos de formação do arco elétrico do que circuitos que
apresentam bobinas em sua composição.

5.4.3 Causas do Arco Elétrico


As causas mais comuns na formação do arco elétrico são as seguintes [9].

• Mau contato ocasionado por aperto insuficiente em conexões de aperto;


• Depreciação (ou deterioração) da isolação (sobretensão, sobrecarga e
dielétrico comprometido);
• Defeito de fabricação de componentes ou equipamentos;
• Projetos de instalação inadequados ou mal dimensionados;
• Manutenção inadequada (alterações sutis sem avaliação técnica
adequada);
• Contatos acidentais ou inadvertidos de ferramentas ou peças (erro
humano).

5.5 Zona de Risco e Zona Controlada


Em subestações elétricas prediais geralmente tem-se na alta tensão de
transformadores um valor de 11,4 kV ou de 13,8 kV. Tais valores de tensão
relativamente altos têm o poder de formar campos eletromagnéticos relativamente
fortes, o que pode ser perigoso. Trabalhadores expostos a essas condições, de intenso
campo magnético e que possuam em seu corpo próteses metálicas (pino, encaixe,
articulações), devem dispensar especial atenção à sua saúde com exames regulares. A
radiação pode promover aquecimento intenso nos elementos metálicos, o que pode
provocar necroses ósseas. Em relação aos trabalhadores portadores de aparelhos e
equipamentos eletrônicos (marca-passo, auditivos, dosadores de insulina, etc), a
radiação pode interferir nos circuitos elétricos e poderá criar disfunções e mau
funcionamento dos mesmos.
66

Considere-se também o cuidado com ferramentas que podem ser atraídas pelo
campo magnético e provocar acidentes.
Atenta a estes fatos a NR 10 traz, no ANEXO II (Ver quadro 13) de seu texto,
uma tabela de raios de delimitação de três zonas: de risco, controlada e livre (figura
25). Essa tabela serve de referência, como por exemplo, nas medidas que um projetista
deve considerar na hora de construir o layout de uma subestação predial levando em
consideração distâncias necessárias para acomodar o transformador, as chaves e o
painel elétrico de acordo com a tensão de funcionamento, limitando assim a zona de
risco e minimizando a ocorrência de acidentes.

Quadro 13 - Raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre.


Rr - Raio de delimitação entre Rc - Raio de delimitação entre
Faixa de tensão nominal da
zona de risco e controlada em zona controlada e livre em
instalação elétrica em kV.
metros. metros.
<1 0,20 0,70
≥1e<3 0,22 1,22
≥3e<6 0,25 1,25
≥ 6 e < 10 0,35 1,35
≥ 10 e < 15 0,38 1,38
≥ 15 e < 20 0,40 1,40
≥ 20 e < 30 0,56 1,56
≥ 30 e < 36 0,58 1,58
≥ 36 e < 45 0,63 1,63
≥ 45 e < 60 0,83 1,83
≥ 60 e < 70 0,90 1,90
≥ 70 e < 110 1,00 2,00
≥ 110 e < 132 1,10 3,10
≥ 132 e < 150 1,20 3,20
≥ 150 e < 220 1,60 3,60
≥ 220 e < 275 1,80 3,80
≥ 275 e < 380 2,50 4,50
≥ 380 e < 480 3,20 5,20
≥ 480 e 700 5,20 7,20

Fonte: NR 10
67

A figura 25 apresenta as distâncias das zonas, referente a um ponto


energizado, visto de cima.

Figura 25 - Distâncias do ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre.

Fonte: NR 10

Nas figuras 25 e 26 têm-se:


ZL = Zona livre.
ZC = Zona controlada, restrita a trabalhadores autorizados.
ZR = Zona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com a adoção de
técnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho.
PE = Ponto da instalação energizado.
SI = Superfície isolante construída com material resistente e dotada de todos
dispositivos de segurança.

Quando a arquitetura da subestação do local de trabalho não permite respeitar


a distância necessária para o trabalho com segurança, no caso de instalações antigas,
por exemplo, tem-se na figura 26 uma forma de isolar a região de risco tornando-se
assim uma zona livre e segura para a execução do trabalho.
68

Figura 26 - Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre, com interposição de
superfície de separação física adequada.

Fonte: NR 10

5.6 Aterramento
O texto da NR 10 cita em seus diversos itens e subitens a palavra aterramento.
Tem-se no aterramento das instalações elétricas mais um procedimento de segurança, e
nas subestações isso não é diferente. O objetivo do aterramento é prover um sistema
ou instalação elétrica de um potencial de referência e um caminho de baixa
impedância para a corrente de falta.
A norma que trata das Instalações Elétricas de Média Tensão, de 1,0 kV a 36,2
kV, é a NBR 14039:2003; portanto os projetos de subestações de acordo com a NR 10
deverão atender também à NBR 14039, que diz o seguinte:
Norma NBR 14039 item
6.4 Aterramento e condutores de proteção
6.4.1 Generalidades
6.4.1.1 As características e a eficácia dos aterramentos devem satisfazer as
prescrições de segurança das pessoas e funcionais da instalação.
69

6.4.1.2 O valor da resistência de aterramento deve satisfazer as condições de


proteção e de funcionamento da instalação elétrica, de acordo com o esquema de
aterramento utilizado.
NOTA - O arranjo e as dimensões do sistema de aterramento são mais
importantes que o próprio valor da resistência de aterramento. Entretanto, recomenda-
se uma resistência da ordem de grandeza de 10 ohms, como forma de reduzir os
gradientes de potencial no solo.

6.4.2 Ligações à terra


6.4.2.1 Aterramento
6.4.2.1.1 A seleção e a instalação dos componentes dos aterramentos devem
ser tais que:
a) o valor da resistência de aterramento obtida não se modifique
consideravelmente ao longo do tempo;
b) resistam às solicitações térmicas, termomecânicas e eletromecânicas;
c) sejam adequadamente robustos ou possuam proteção mecânica apropriada
para atender às condições de influências externas.
6.4.2.1.2 Devem ser tomadas precauções para impedir danos aos eletrodos e a
outras partes metálicas por efeitos de eletrólise.
6.4.2.1.3 Conexões mecânicas embutidas no solo devem ser protegidas contra
corrosão, através de caixa de inspeção com diâmetro mínimo de 250 mm que permita
o manuseio de ferramenta. Esta exigência não se aplicaria a conexões entre peças de
cobre ou cobreadas, com solda exotérmica.
6.4.2.1.4 Os pára-raios de resistência não linear devem ter ligação à terra, a
mais curta possível, na qual devem ser evitados curvas e ângulos pronunciados.

Tem-se na figura 27 um modelo de sistema de aterramento para subestação de


acordo com a NBR 14039. A figura exemplifica a ligação da parte interna da
subestação, que podem ser as carcaças metálicas dos painéis e grades de proteção, as
hastes da malha.
70

Figura 27 - Malha de terra em subestação predial.

Fonte: www.miomega.eng.br [Capturado em Novembro de 2008].

5.6.1 Tensão de Toque e de Passo


Quando se projeta uma malha de terra, há algumas preocupações, como o
cuidado para que ela seja eficiente e possa escoar a corrente para a qual ela vai ser
dimensionada. Uma malha para uma subestação é totalmente distinta de uma malha de
terra para a rede primária, porque o nível, a potência de curto-circuito, na casa de uma
pessoa, é totalmente diferente da potência de curto-circuito de um sistema de 15 mil
volts, por exemplo.
Quanto mais alto for o nível de tensão, mais alta a potência de curto-circuito,
maior a capacidade de um defeito na penetração da corrente dentro do solo, então a
malha deve ser dimensionada para o valor da corrente que deve ser escoada. Essa
corrente vai entrar na terra, vai mexer com os potenciais da malha, portanto deve-se
checar esses potenciais para os dois limites: o potencial de passo e o de toque que
estão associados a corrente de falta e ao ser humano.
Quando circula corrente no solo, aparece diferença de potencial entre pontos
da superfície que são chamadas de Linhas Equipotenciais (Ver figura 28). Essas
linhas equipotenciais podem provocar ao ser humano uma Tensão de Toque, que é a
diferença de potencial que surge entre uma pessoa estando no solo e que toca um
equipamento energizado. Já a Tensão de Passo (Ver figura 29) é a diferença de
potencial entre os membros de apoio de pessoas (pés) ou animais (patas),
71

considerando-se que estes estejam em linhas equipotenciais diferentes. Geralmente se


considera para seres humanos a distância de um metro entre pés. [9]

Figura 28 - Dispersão de corrente por eletrodo.

Fonte: MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 7.ª ed. Ed.
LTC

Figura 29 - Tensão de passo por raio.

Fonte: MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 7.ª ed. Ed.
LTC
72

Existe ainda a Tensão de Transferência, que seria a diferença de potencial


que aparece entre dois pontos (duas pessoas) ligadas por um elemento não isolante. A
figura 30 ilustra a tensão de transferência.

Figura 30 - Exemplo de Tensão de Referência.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

5.7 Conclusões
Destaca-se neste capítulo a abordagem da NR 10 em subestações, atentando
especificamente para subestações prediais, tendo em vista as medidas de controle
adotadas para um trabalho seguro. É importante repetir a grande utilidade e a
eficiência na adoção das Regras de Ouro, dos conceitos de Zonas Controlada e Livre,
causas e efeitos do arco elétrico e a importância de um aterramento bem projetado para
o sucesso das instalações.
73

6 ESTUDO DE CASO

6.1 Setor de Estudo


O setor de estudo deste trabalho está relacionado à Subestação Elétrica do
Centro Tecnológico (CT) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). A UFES
foi criada a partir da Instituição Estadual denominada Universidade do Espírito Santo,
fundada em 5 de maio de 1954 pelo então governador Jones dos Santos Neves. No
entanto esta se tornou federal em 30 de janeiro de 1961 por meio do ato administrativo
do então Presidente da República Juscelino Kubitschek. [16]
A UFES foi a primeira instituição de ensino superior federal no Espírito Santo,
e o professor Rubens Sérgio Rasseli é o atual reitor pelo segundo mandato
consecutivo. A universidade possui aproximadamente 2.168 funcionários, 1.175
docentes e 19.460 estudantes sendo 12.424 estudantes de graduação, além de 66 cursos
de graduação, 77 cursos de especialização, 36 doutorados entre outros.

Figura 31 - Campus de Goiabeiras da UFES.

Fonte: http://www.folhauniversitaria.blogspot.com
[Capturado em Novembro de 2008]

A figura 31 apresenta um painel artístico no Campus de Goiabeiras da UFES


cujo endereço é a Avenida Fernando Ferrari, nº 514, Campus Universitário Alaor
Queiroz de Araújo, Goiabeiras, Vitória, Espírito Santo, Brasil CEP: 29075-910.
74

A subestação elétrica do CT (Ver figura 32) está localizada entre os prédios


CT I e CT II e tem a função de alimentar eletricamente as cargas dos prédios do
Centro Tecnológico.

Figura 32 - Subestação do CT da UFES.

6.2 Situação Atual


A situação atual da Subestação (SE) do CT é relativamente precária,
carecendo de cuidados urgentes e de algumas adequações a fim de estar em
conformidade com as normas de segurança vigentes. A SE possui dois
transformadores de potência, um de 300 kVA e outro de 500 kVA, ambos recebendo
alimentação em 11,4 kV e abaixando para 220 V trifásico.
Ao longo dos capítulos anteriores foram apresentadas considerações
importantes envolvendo segurança em subestações prediais. Há vários itens
preocupantes que foram identificados em uma breve inspeção realizada por mim e pelo
Professor Dr. Wilson Correa Pinto de Aragão Filho do Curso de Engenharia Elétrica
da Universidade, e que precisam ser cuidados ou providenciados.
75

i. A subestação não apresenta proteção segura contra acesso de pessoas


não autorizadas e entrada de animais;
ii. Não possui porta corta-fogo, equipamento este responsável por não
permitir avanço de chamas em um possível incêndio;
iii. Apresenta uma proteção precária dos painéis de baixa tensão
energizados, dificultando instalação de bloqueios e sinalização em
possíveis serviços de manutenção;
iv. Possui diversos objetos em seu interior não destinados a fins elétricos,
como caixas de papelão e carteiras;
v. Possui restos inservíveis de material elétrico não segregados ou
destinados a locais corretos, como por exemplo, fusível tipo NH;
vi. Os painéis de baixa tensão não apresentam uma identificação correta e
organizada dos circuitos que alimentam;
vii. Falta identificação das chaves e dos disjuntores dos painéis;
viii. A subestação não possui um esquema unifilar disponível em seu
interior, como determina a NR 10;
ix. Não existe um prontuário (sistema organizado de forma a conter uma
memória dinâmica de informações pertinentes às instalações e aos
trabalhadores) dos projetos elétricos fixados nos quadros de baixa
tensão;
x. Não existe um sistema de combate a incêndio com extintores e
iluminação de emergência;
xi. A subestação não apresenta nenhuma placa de identificação em seu
exterior ou interior, informando sobre a presença de Alta Tensão;
xii. A caixa coletora de óleo não possui permeabilização adequada para
evitar um possível contato do óleo isolante, presente no interior dos
transformadores, com o solo;
xiii. Não existe tela metálica de proteção externa.
76

No entanto a subestação possui alguns itens em conformidade com as normas,


o que na grande maioria das subestações prediais não acontece, como:

o Ventilação adequada, incluindo ventilação forçada por exaustores;


o Aterramento das carcaças metálicas, como por exemplo, das grades de
proteção dos transformadores, das esquadrias em alumínio responsável
pela ventilação;
o Caixa coletora de óleo, evitando possível acidente ambiental;
o Layout adequado da planta baixa, respeitando as distâncias mínimas
para serviços de acordo com os conceitos de Zona Controlada e Zona
Livre da NR 10.
o O nível do piso da subestação é elevado em relação ao nível do solo,
evitando entrada de água da chuva.

6.3 Proposta de Melhoria


Apresenta-se a seguir, uma proposta de melhoria das situações levantadas no
item 6.2 deste trabalho. Essa proposta tem o objetivo de aumentar a segurança da
subestação e fazer com que esta atenda às normas. No item 6.4 tem-se uma abordagem
do custo estimado com tais melhorias. Cada tópico que será abordado corresponde ao
tópico mencionado anteriormente.

i. Instalação de fechadura e/ou cadeado evitando acesso de pessoas não


autorizadas e/ou animais, de acordo com o item 4.1.1.1 da NBR 14039;
Comentário: na região em que se encontra a subestação, vivem diversos
macacos, e que podem perfeitamente acessá-la, pois como o local
geralmente é aquecido, poderia servir de refúgio para os bichos em dias de
chuva, podendo ocasionar acidentes ou até mesmo incêndio.
ii. Instalação de porta corta-fogo, conforme item 10.9 da NR 10;
Comentário: A figura 33 apresenta um modelo desse tipo de porta,
atualmente em grande uso na indústria.
77

Figura 33 - Porta Corta Fogo.

iii. Troca dos painéis existentes, por painéis que permitam bloqueio e
possuem proteção interna das partes metálicas, como por exemplo,
proteção de acrílico, de acordo com o item 10.4.1 da NR 10;
iv. Não armazenar nenhum tipo de material, seja elétrico ou não, que não
esteja em funcionamento e que não faça parte da subestação, em seu
interior;
Comentário: outro tipo de material armazenado dentro de subestação é
comum em prédios residenciais, por exemplo, vassouras e restos de tintas,
materiais estes inflamáveis e que podem contribuir para um possível
incêndio.
v. Idem item iv;
vi. Colocar rótulos identificadores nos circuitos, disjuntores e nas portas
dos painéis, identificando-os, conforme itens 10.3 e 10.10.1 da NR 10.
vii. Idem item vi;
viii. Disponibilizar o esquema unifilar atualizado do projeto elétrico da
subestação em local visível e de fácil acesso, conforme itens 9.1.10 da
NBR 14039 e 10.3.7 da NR 10;
Comentário: geralmente o unifilar fica atrás da porta principal, armazenado
em suporte próprio.
78

ix. Idem item viii;


x. Instalar extintores e iluminação de emergência com autonomia mínima
de 2 horas, conforme itens 10.9.1 da NR 10 e item 9.2.1.3 da NBR
14039;
Comentário: A figura 34 mostra um exemplo de luminária de emergência
utilizada em grandes empresas (o fabricante garante 4 anos de vida útil da
bateria, 8 horas de autonomia das luzes acessas no caso de utilização das
lâmpadas de 22 W).

Figura 34 - Luminária de emergência modelo Aureolux da Aureon.

xi. Instalar placas de sinalização em português, sendo permitido o uso de


línguas estrangeiras em caráter adicional, conforme item 9.1.9 e 9.1.11
da NBR 14039.
Comentário: Existem diversos modelos e tipos para placa de sinalização;
sugere-se instalar placas de acordo com a NOR-TEC-01 (Fornecimento de
Energia Elétrica em Tensões Secundária e Primária 15 kV) da ESCELSA.
A figura 35 apresenta um exemplo.
79

Figura 35 - Placa de Sinalização.

Fonte: NOR-TEC-01
Notas: 1 – Os dizeres da placa: PERIGO ALTA TENSÃO e o símbolo
representativo de descarga elétrica serão em cor vermelha.
2 – A placa será branca e o símbolo de “caveira”, será em cor preta.
3 – Material chapa n° 18 (1,27mm).
4 – As cotas são em milímetros.

xii. Certificar o perfeito isolamento da caixa coletora de óleo, garantindo a


impermeabilidade da alvenaria em que ela foi construída, evitando
possível acidente ambiental, de acordo com o item 9.1.12 da NBR
14039;
Comentário: Quando existir mais de um transformador, que é o caso da
subestação do CT, sugere-se que a caixa tenha capacidade de armazenar
25% a mais [4] do que a quantidade de óleo do maior transformador. Em
geral um transformador de 500 kVA possui de 700 a 800 litros de óleo,
80

podendo variar de acordo com o fabricante. A figura 36 apresenta um


modelo esquemático.

Figura 36 - Caixa Coletora de Óleo.

Fonte: NOR-TEC-01
Notas: 1 - Fundo da caixa de pedra britada ou concreto impermeável caso haja
infiltração.
2 – Sugere-se a construção de um sifão (corta chama) no tubo que liga a
área do transformador à caixa.

xiii. Instalar tela metálica sustentada com mourões e com portão e cadeado
ao redor da subestação.

Para finalizar, sugere-se a instalação de trilhos ao longo da subestação até o


portão de acesso, para facilitar uma possível remoção dos transformadores.

6.4 Custo
O quadro 14 apresenta uma estimativa do custo previsto para solucionar os
problemas dos tópicos abordados no item 6.3 deste trabalho. Os custos apresentados
baseiam-se em pesquisas de preço no mercado da Grande Vitória e em Quadros de
81

Quantitativos e Preços (QQP) de contratos com empresas de construção civil e elétrica


também da Grande Vitória.

Preço
Item Descrição Unidade Quantidade
(R$)
i Fornecimento de cadeado Papaiz 50mm. Peça 2 51,92
Fornecimento e montagem de porta corta fogo,
constituída de chapas duplas e alma de amianto,
ii com duas folhas e dispositivo para fechamento a Peça 1 1.311,25
cadeado, com dimensões (200x210) cm
construída de acordo com a EB-132 da ABNT.
Quadro em chapa para 40 disjuntores com chave
geral e barramento, com porta e contraporta,
iii Peça 1 2.244,20
inclusive montagem e fornecimento dos
disjuntores.
iv Ver item xiv - - -
v Ver item xiv - - -
vi Ver item xv - - -
vii Ver item xv - - -
viii Projeto de instalações elétricas. Verba 1 1.507,10
ix Ver item viii - - -
Fornecimento e instalação de conjunto,
x extintores mais luminária de emergência, com Peça 2 1.295,75
autonomia mínima de 2 horas.
Placa de advertência com a inscrição "Perigo -
xi Peça 3 150,00
Alta Tensão".
Reparo da caixa coletora de óleo com
fornecimento, preparo e aplicação de concreto
xii Verba 1 371,79
Fck=30 Mpa - (5% de perdas já incluído) mais
aplicação de manta impermeável.
Fornecimento e instalação de alambrado em tela
de arame com mourões de concreto armado
#2x2”, mais portão estruturado em tubo de ferro
xiii Verba 1 4.363,01
galvanizado ø 2", fechamento em tela
galvanizada n° 12, malha 2", revestida com
PVC.
Retirada de entulho em caçamba estacionária,
xiv Verba 1 195,43
capacidade de 5,00 m³, inclusive carga.

Miscelâneas e serviços de mão de obra em geral,


xv não contemplados anteriormente (retirada dos Verba 1 300,00
quadros e porta antiga).

TOTAL 11.790,45
Quadro 14 - Custo.
82

6.5 Documentação Sugerida


Para enriquecimento deste trabalho, os apêndices A, B, C e D apresentam
sugestões de procedimentos para execução de qualquer tipo de tarefa, inclusive os
trabalhos em subestação. Esses documentos foram elaborados e construídos por
profissionais de segurança de grandes empresas, e são obrigatoriamente utilizados nas
mesmas.
Tem-se como objetivo conhecer os perigos de uma determinada tarefa e os
meios de eliminar, minimizar ou controlar os riscos. Conscientizar os empregados da
importância de se conhecer os perigos e os meios de eliminar, minimizar ou controlar
os riscos antes da realização das tarefas.
Sugere-se a qualquer empresa que tenha em seu escopo de trabalho, serviços
com eletricidade, uma elaboração de um procedimento assim como os dos apêndices,
com o objetivo de minimizar e conhecer os riscos inerentes às suas atividades, e
conseqüentemente redução nos acidentes de trabalho.

6.6 Conclusão do Estudo de Caso


Sugere-se execução imediata dos itens apresentados neste capítulo, com o
objetivo de solucionar os problemas abordados. É necessário que seja feito(a):
• Troca dos quadros de baixa tensão;
• O unifilar das instalações;
• Uma elaboração de um prontuário das instalações;
• Verificação e condição da malha de terra;
• Verificação do funcionamento dos ventiladores de exaustão.
Com todos estes itens implementados pode-se partir para a execução final dos
trabalhos na SE.
83

7 CONCLUSÃO

Este trabalho visou principalmente a um estudo de segurança em serviços com


eletricidade. No entanto teve uma abordagem voltada a serviços em subestações
prediais.
Tem-se no início dos estudos, uma pesquisa sobre a história do MTE,
ressaltando os fatos acontecidos, e desde quando o Brasil começou a se preocupar com
a segurança do trabalho.
Foram destacados também os conceitos de trabalhador habilitado, qualificado
e capacitado a desenvolver algum tipo de tarefa. No capítulo 4, pode-se observar o
impacto que os empresários, em geral, sofreram com a necessária e obrigatória
implementação da NR 10. Ainda no capítulo 4, foram mostrados os tipos e as
conseqüências de um choque elétrico no ser humano, e as estatísticas de acidentes no
país. Têm-se uma grande preocupação visto que em 2007 houve praticamente um
acidente fatal por dia no setor elétrico.
Foi feita uma apresentação sobre conceitos e tipos de EPI e EPC, destacando
as obrigações do empregador e do empregado. No capítulo 5, destacaram-se os itens
de segurança da NR 10 com serviços em subestações, como procedimentos adotados
em sistemas energizados ou não.
Para finalizar, foi apresentada uma estimativa de custo para uma possível
adequação às normas de segurança da subestação elétrica do Centro Tecnológico da
Universidade Federal do Espírito Santo.
Fica como sugestão para futuros trabalhos o desenvolvimento de uma pesquisa
envolvendo a NR 10 em área classificadas, ou seja, uma elaboração de um manual ou
procedimento prático de instalações elétricas em atmosfera explosiva.
84

APÊNDICE A

Quadro 15 – PRO da Análise Preliminar de Tarefa.


85

Quadro 16 – PRO da Análise Preliminar de Tarefa (Continuação).


86

APÊNDICE B
Quadro 17 - Análise Preliminar de Tarefa.
87

APÊNDICE C

Quadro 18 - PRO da Permissão para Trabalhos Especiais


88
Quadro 19 - PRO da Permissão para Trabalhos Especiais (Continuação).
89

APÊNDICE D
Quadro 20 - Permissão para Trabalhos Especiais.
90

Quadro 21 - Permissão para Trabalhos Especiais (Continuação).


91

APÊNDICE E

Quadro 22 - Classificação das Instalações Consumidoras.

Fonte: NOR-TEC-01
92

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] NR 10, 2004. Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.

[2] ABNT-NBR 14039, 2003. Instalações Elétricas de Alta Tensão.

[3] ABNT-NBR 5410, 2004. Instalações Elétricas de Baixa Tensão.

[4] MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 7.ª ed. Ed. LTC.

[5] Cronologia da Legislação de Segurança e Saúde no Trabalho no Brasil.


Disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_da_Legisla%C3%A7%C3%A3o_de_Segu
ran%C3%A7a_e_Sa%C3%BAde_no_Trabalho_no_Brasil
[Capturado em setembro de 2008]

[6] Ministério do Trabalho e Emprego.


Disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Minist%C3%A9rio_do_Trabalho_e_Emprego
[Capturado em setembro de 2008]

[7] A História do MTE.


Disponível em http://www.mte.gov.br/institucional/historia.asp
[Capturado em setembro de 2008]

[8] Entrevista sobre NR 10 com Auditor Fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego.


Disponível em
http://www.man-it.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=141
[Capturado em setembro de 2008]
93

[9] Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

[10] História da NR 10.


Disponível em http://www.diagnerg.com.br/?kurole=nr10
[Capturado em setembro de 2008]

[11] Subestação.
Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Subesta%C3%A7%C3%A3o
[Capturado em setembro de 2008]

[12] História NBR 14039


Disponível em
http://www.nbr14039.eng.br/nbr14039/html/historico_norma_mt.htm
[Capturado em setembro de 2008]

[13] Choque Cultural.


Disponível em
http://www.editoravalete.com.br/site_alcoolbras/edicoes/ed_114/mc_1.html
[Capturado em setembro de 2008]

[14] EPI - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL


Disponível em http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/epi.htm
[Capturado em setembro de 2008]

[15] Eletricidade Mata – Choque Elétrico


Disponível em http://www.ricardomattos.com/eletro2.html
[Capturado em setembro de 2008]
94

[16] Universidade Federal do Espírito Santo


Disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Federal_do_Esp%C3%ADrito_Santo
[Capturado em dezembro de 2008]

[17] NOR-TEC-01, 2007. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensões Secundária e


Primária 15 kV. ESCELSA.

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