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INTRODUÇÃO
Gradativamente, mais e mais empresas vêm procurando atender aos anseios da sociedade,
implantando programas de qualidade para seus produtos e serviços, adquirindo equipamentos que
protegem o meio ambiente e investindo em programas sociais para atender aos funcionários e à
comunidade onde a empresa está instalada.
As empresas que aderiram este novo perfil necessitam mostrar o montante dos benefícios
gerados, além dos lucros que incorporam seu patrimônio.
O Balanço Social surgiu na Europa com o objetivo de atender aos movimentos sociais que
demandavam por informações sobre projetos sociais, condições ambientais, informações para os
empregados sob o aspecto do nível de emprego, condições de trabalho, remuneração e formação
profissional. A Demonstração do Valor Adicionado surgiu por influência da França e da Alemanha como
forma de mensuração desta participação da empresa neste contexto social.
1
Iudícibus Sérgio Teoria da Contabilidade
1
Em 1997, as deputadas federais Marta Suplicy, Maria da Conceição Tavares e Sandra
Starling, do partido dos trabalhadores apresentaram projeto de Lei obrigando as empresas privadas,
públicas e sociedades de economia mista com mais de 100 empregados elaborar o Balanço Social.
Apesar de ainda não ser obrigatório no Brasil, algumas empresas já publicam o Balanço
Social como é o caso de alguns Bancos, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco Itaú e algumas
empresas privadas.
A Demonstração do Valor Adicionado tem uma função muito importante na medida que
fornece aos seus usuários a informação sobre a riqueza criada pela empresa e a forma como esta riqueza
foi aplicada.
1. Fornecer informações que demonstre a geração de riqueza da empresa e seus efeitos sobre a
sociedade que está inserida.
2. Demonstra o valor adicionado em cada um dos fatores de produção e seu destino, conforme
abaixo:
- dispêndio na remuneração dos empregados;
- geração de tributos ao governo (municipal, estadual e federal);
- remuneração do capital de terceiros através de juros;
- remuneração dos acionistas através da distribuição de lucros.
3. O somatório dos valores obtidos nas Demonstrações de Valor Adicionado apresentados pelas
unidades produtivas dos mais variados níveis de atividades econômicas que são classificados
pelo IBGE, excluídas as duplas contagens, pode ser considerado como o próprio PIB do país.
4. Pode-se efetuar análise vertical/horizontal dessa demonstração, com a comparação da
participação de cada item da demonstração em sucessivos exercícios sociais, enfatizando sua
evolução.
Para evitar esta dupla contagem poderíamos mensurar o PIB através da contabilização
somente dos bens finais eliminando os bens intermediários utilizados na produção de outros bens. Uma
outra alternativa seria a contabilização do valor adicionado em cada etapa produtiva. Desta forma,
poderíamos medir o produto pelo valor dos bens finais ou pela agregação dos valores adicionados (valor
dos produtos mais valor dos insumos).
2
Devemos observar ainda que o PIB, ou o valor adicionado em cada setor é igual à soma das
remunerações do capital (lucros) e do trabalho (salários).
Para melhor visualizarmos esta dificuldade estatística imagine uma economia composta de
três setores: Setor produtor de trigo, setor produtor de farinha e setor produtor de pão. Considerando que
todo o produto do setor trigo foi destinado ao setor produtor de farinha e que o setor produtor de pão
também consumiu o produto do setor farinha, podemos afirmar que a produção desta economia seria igual
à produção de mobília. Podemos, de outra forma utilizar o conceito de valor adicionado e calcular a
diferença entre o valor da mercadoria de um setor menos o custo das matérias primas. Conforme podemos
analisar no quadro abaixo:
SETOR TRIGO
CUSTO DA PRODUÇÃO TRIGO
Valor da semente produzida e estocada no período anterior
50
A riqueza criada por esta economia é igual à produção do período, sendo equivalente ao valor do produto
final menos os estoques iniciais. Portanto monetariamente o PIB=1450-50=1400.
O valor adicionado pode ser obtido a partir dos dados acima como demonstrado no quadro
abaixo:
Valor adicionado no setor produtos de trigo
Trigo=valor do trigo-valor das sementes 300
Valor adicionado no setor de moagem
Farinha=valor da farinha-valor do trigo 400
Valor adicionado no setor de produção de pão
Pão=valor do pão-valor da farinha 700
Soma dos valores adicionados em cada
setor=PIB 1.400
A partir deste quadro podemos calcular o PIB somando os valores adicionados em cada
setor e obtemos um número igual a 1.400.
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Para Simonsen2, Denomina-se valor adicionado em determinada etapa de produção, à
diferença entre o valor bruto da produção e os consumos intermediários nessa etapa. Assim, o produto
nacional pode ser concebido como a “soma dos valores adicionados, em determinado período de tempo,
em todas as etapas dos processos de produção do país”.
em milhares de reais
DESCRIÇÃO LEGISLAÇÃO
%
SOCIETÁRIA
1- RECEITAS
1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços
1.2) Provisão p/ devedores duvidosos - Reversão (Constituição)
1.3) Não Operacionais
2-INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
(inclui os valores dos impostos - ICMS e IPI)
2.1) Matérias-primas consumidas
2.2) Custo das mercadorias e serviços vendidos
2.3) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros
2.4) Perda/Recuperação de valores ativos
3- VALOR ADICIONADO BRUTO(1-2)
4-RETENÇÕES
4.1) Depreciação, amortização e exaustão
2
SIMONSEN, Mário Henrique. Macroeconomia. Rio de Janeiro: Apec, 1975, p.83. v.l
4
8.2) Impostos, taxas e contribuições
8.3) Juros e alugueis
8.4) Juros s/ capital próprio e dividendos
8.5) Lucros retidos/prejuízos do exercício
4 – RETENÇÕES
4.1 - Depreciação, amortização e exaustão
Deverá incluir a despesa contabilizada no período.
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Devem ser consideradas as despesas financeiras e as de juros relativas a quaisquer tipos de
empréstimos e financiamentos junto a instituições financeiras, empresas do grupo ou outras e os
aluguéis (incluindo-se as despesas com leasing) pagos ou creditados a terceiros.
8.4 - Juros sobre o capital próprio e dividendos
Inclui os valores pagos ou creditados aos acionistas. Os juros sobre o capital próprio
contabilizados como reserva deverão constar do item “lucros retidos”.
8.5 - Lucros retidos/prejuízo do exercício
Devem ser incluídos os lucros do período destinados às reservas de lucros e eventuais parcelas
ainda sem destinação específica.
Este modelo apresentado tem gerado duas grandes dificuldades no seu preenchimento. O
primeiro problema diz respeito à dificuldade enfrentada pelas empresas atuais no que diz respeito à
separação dos itens que compõe o custo dos produtos vendidos.
A segunda dificuldade diz respeito à identificação dos impostos indiretos ICMS e IPI pagos
por ocasião das aquisições da matéria prima dentro do custo dos produtos vendidos. E, segundo a
exigência desta demonstração os impostos pagos na aquisição considerados como impostos a recuperar
deverão ser considerado.
Nos valores dos custos dos produtos e mercadorias vendidos, materiais, serviços, energia,
etc. consumidos deverão ser considerados os impostos (ICMS e IPI) incluídos no momento das
compras, recuperáveis ou não.
Pelo fato da Contabilidade montar a DVA a partir da DRE é que passa a existir uma
diferença entre o conceito de valor adicionado puro da economia e o conceito contábil. Na ciência
econômica, o conceito de valor adicionado é em função da produção e não da venda.
3
SANTOS, Ariovaldo dos, PARMEZZANO, Claudia Meca – Temática Contábil de Balanços – IOB TC
1/99.
4
ROSSETI, José Paschoal – Contabilidade Social, São Paulo, 1992, Editora Atlas.
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Imaginemos a produção total de uma empresa no mês de dezembro não seja vendida
permanecendo no estoque com a seguinte composição:
Gastos de Produção $
Salários 10.000
Encargos Sociais e Trabalhistas 8.500
Matéria Prima 20.000
Serviços de Terceiros 1.500
Depreciação 5.000
Outros Gastos de Produção 25.000
Total 70.000
IPI e ICMS a recuperar s/ Matéria-Prima 5.000
Vamos supor também, que a empresa não possua estoque inicial em no mês de dez e que o
estoque final seja representado unicamente pelo produto acabado em 31.12 no valor de $65.000,00.
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2-INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
(inclui os valores dos impostos - ICMS e IPI) 271.300
2.1) Matérias-primas consumidas 205.000
2.3) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros 66.300
3- VALOR ADICIONADO BRUTO(1-2) 367.200
4-RETENÇÕES 73.500
4.1) Depreciação, amortização e exaustão 73.500
De acordo com o exemplo acima o valor adicionado é equivalente a $293.700, utilizado para
despesa com pessoal,, impostos, juros e alugueis, dividendos e a retenção de lucros.
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7. VARIAÇÃO DO ESTOQUE DO PERÍODO 70.000
8- VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR(5+6+7)- (RIQUEZA
CRIADA PELA EMPRESA) 307.200
9- DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO 307.200
9.1) Pessoal e encargos 105.250 34,26%
9.2) Impostos , taxas e contribuições 55.412 18,04%
9.3) Juros e aluguéis 65.800 21,42%
9.4) Juros s/ capital próprio e dividendos 30.000 9,77%
9.5) Lucros retidos/prejuízos do exercício 50.738 16,52%
Este modelo, reflete melhor o valor adicionado da empresa, podendo assim, ser um
parâmetro para compor o PIB deste período.
O modelo apresentado tem como objetivo, também, facilitar o trabalho na elaboração desta
demonstração, pois, serão apresentados os Gastos de Produção do período, além de representar o valor
adicionado de acordo com o conceito aplicado a mensuração do PIB.
4 – RETENÇÕES
4.1 - Depreciação, amortização e exaustão
Deverá incluir a despesa e o custo contabilizado no período.
7- VARIAÇÃO DO ESTOQUE DE PRODUTO ACABADO E EM ELABORAÇÃO
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Devem ser consideradas as despesas financeiras e as de juros relativas a quaisquer tipos de
empréstimos e financiamentos junto a instituições financeiras, empresas do grupo ou outras e os
aluguéis (incluindo-se as despesas com leasing) pagos ou creditados a terceiros.
9.4 - Juros sobre o capital próprio e dividendos
Inclui os valores pagos ou creditados aos acionistas. Os juros sobre o capital próprio
contabilizados como reserva deverão constar do item “lucros retidos”.
9.5 - Lucros retidos/prejuízo do exercício
Devem ser incluídos os lucros do período destinados às reservas de lucros e eventuais parcelas
ainda sem destinação específica.
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CONCLUSÃO
A Contabilidade não tem um fim nela mesma e sim no impacto causado no processo
decisório do usuário das suas informações. Os relatórios contábeis são seu produto final, portanto, devem
traduzir da forma mais clara possível a realidade econômica neles espelhada. Acredita-se ser tarefa dos
contadores e estudiosos propor melhorias no processo de comunicação da Contabilidade.
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BIBLIOGRAFIA
DE LUCA, Márcia Martins Mendes. Demonstração do Valor Adicionado. São Paulo: Atlas, 1998.
FIGUEIREDO, Sandra et alli. Demonstrativo do Valor Adicionado. Trabalho não publicado apresentado
na disciplina de Teoria da Contabilidade no Curso de Mestrado em Contabilidade da FEA/USP, 1989.
MARTINS, Eliseu. Uma nova demonstração contábil: a do “valor adicionado”. Temática Contábil e
Balanços, Boletim IOB, no.15, 1993.
MENDES, José Maria Martins Mendes. Balanço social: uma idéia milenar. Revista Brasileira
de Contabilidade, v. 26, no.106, jul/ago. 1997.
PEREZ JR., José Hernandez. Elaboração das Demonstrações Contábeis. São Paulo: Atlas, 1999.
ROSSETTI, José Paschoal. Contabilidade Social. 7a.ed. São Paulo: Atlas, 1992.
SANTOS, Ariovaldo dos, PARMEZZANO, Claudia Meca – Temática Contábil de Balanços – IOB
Temática Contábil Janeiro de 1999.
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