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Fundação Oswaldo Cruz Instituto Aggeu

Magalhães
Departamento de Saúde Coletiva - NESC

Kátia Magdala Lima Barreto

Universidade Aberta à Terceira Idade


(UnATI/UFPE): um perfil
sócio-epidemiológico dos participantes

Orientador:
Professor Doutor Eduardo Maia Freese de Carvalho

Recife – PE
1999
KÁTIA MAGDALA LIMA BARRETO

Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE):


um perfil sócio-epidemiológico dos participantes

Dissertação apresentada como requisito


parcial para obtenção do grau de Mestre
em Saúde Pública, pelo Departamento de
Saúde Coletiva – NESC, do Instituto de
Pesquisa Aggeu Magalhães – CPqAM da
Fundação Oswaldo Cruz –
FIOCRUZ/MS, sob orientação do
Professor Doutor Eduardo Maia Freese
de Carvalho.

Recife – PE
1999
Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE):
um perfil sócio-epidemiológico dos participantes

KÁTIA MAGDALA LIMA BARRETO

Banca Examinadora:

Professor Doutor Eduardo Maia Freese de Carvalho


Orientador

Professor Doutor Mário Antônio Sayeg


1 º Examinador

Professora Doutora Márcia Soares de Melo Kirzner


2 º Examinador

Recife – PE
1999
“Há culturas que privilegiam os jovens em detrimento dos idosos,
há outras que fazem o contrário e finalmente,
há culturas que não sabem tratar bem nem dos jovens
nem dos idosos.
Esse parece ser o caso do Brasil, que mudou seu perfil etário sem
se dar conta disso e manteve uma cultura onde não existe espaço
para os jovens e onde se marginaliza de forma cruel os idosos”.
Herbert de Souza (Betinho)

1999 – ANO INTERNACIONAL DO IDOSO


“UMA SOCIEDADE PARA TODAS AS IDADES”
(OMS,1999)
Dedico esta construção:

• A minha família – meu porto seguro: meus pais, meus irmãos, meus cunhados e
minhas sobrinhas (Beatriz, Gabriela e Manoela). Espero está contribuindo para que elas
tenham uma velhice tão bela quanto hoje é sua infância.

• Aos idosos da UnATI/UFPE, cujo espírito de colaboração tornou possível a


concretização desta idéia.

• A todos que fazem a UFPE, crendo que enquanto instituição pública continue
cumprindo seu papel social e perceba a dimensão e o significado de uma proposta
como a das Universidades Abertas à Terceira Idade.
AGRADECIMENTO

“Vós pouco dais quando dais de vossas posses.


É quando dais de vós próprios que realmente dais.
É belo dar quando solicitado; é mais belo, porém, dar sem ser solicitado, por haver
apenas compreendido;
Dais para continuar a viver, pois reter é perecer.
E vós que recebeis – e vós todos recebeis – não assumais nenhum encargo de gratidão a
fim de não pordes um jugo sobre vós e vossos benfeitores.
Antes, erguei-vos, junto com eles, sobre asas feitas de suas dádivas;
Pois se ficardes demasiadamente preocupados com vossas dádivas, estareis duvidando de
sua generosidade.
Dar e receber é uma necessidade e um êxtase.
O dia já se foi.
O que aqui nos foi dado, nós o conservaremos.
Mais um curto instante, mais um descanso rápido e minha nostalgia começará a recolher
argila e espuma para um novo corpo.
Foi somente ontem que nos encontramos num sonho.
Cantastes para mim na minha solidão, e eu, com vossas aspirações construí uma torre no
céu.
Se nos encontrarmos outra vez no crepúsculo da memória, conversaremos de novo e
cantareis para mim uma canção mais profunda.
E se nossas mãos se encontrarem noutro sonho, construiremos mais uma torre no céu”.
(Gibran)

A todos vocês que sabem que construíram essa torre comigo MUITO OBRIGADA!
SUMÁRIO

RELAÇÃO DE ABREVIATURAS E SIGLAS UTILIZADAS, 9

RELAÇÃO DE TABELAS, GRÁFICOS E ANEXOS, 10

RESUMO, 14

ABSTRACT, 15

APRESENTAÇÃO, 16

1. INTRODUÇÃO, 18

1.1 - Desde que o homem é homem, 18


1.2 - Para não dizer que não falei da velhice, 26
1.3 - Eu envelheço, tu envelheces, nós envelhecemos...A população envelhece, 29
1.4 - Universidades Abertas à Terceira Idade - Um pouco de História: a
experiência de Pernambuco, 38

2. OBJETIVOS, 45

2.1 - Geral, 45
2.2 - Específicos, 45

3. MATERIAL E MÉTODOS, 47

3.1 - Tipo de estudo, 47


3.2 - População do Estudo, 47
3.3 - Definição do Instrumento de Coleta de Dados, 48
3.4 - O Procedimento para a Coleta de Dados, 51
3.5 - Alguns conceitos importantes, 52
4. RESULTADOS, 55

5. DISCUSSÃO, 78

6. CONCLUSÕES, 109

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, 112

ANEXO, 121

ANEXO 1
Lei nº 8.842/94 – Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, 122

ANEXO 2
Decreto Lei nº 1948/96 – Regulamenta a Lei nº 8842/94,, 129

ANEXO 3
Seções I, III, IV, V e VIII do Questionário Brazil Old Age Schedule - BOAS, 137
RELAÇÃO DE ABREVIATURAS E SIGLAS UTILIZADAS

AIVD - Atividade Instrumental de Vida Diária

AVD - Atividade de Vida Diária

OMS - Organização Mundial de Saúde

OPS - Organização Panamericana de Saúde

UFPE - Universidade Federal de Pernambuco

UnATI/UERJ - Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade Estadual do Rio de


Janeiro

UnATI/UFPE - Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade Federal de


Pernambuco

UNESP - Universidade Estadual de São Paulo

UNITI - Universidade Aberta da Terceira Idade do Maranhão

UTI - Universidade da Terceira Idade


RELAÇÃO DE GRÁFICOS, TABELAS E ANEXOS

GRÁFICOS:

GRÁFICO 1: População Idosa (60 anos e mais) de Pernambuco, segundo Faixa Etária e
Sexo. Recife, 1999.

GRÁFICO 2: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Sexo. Recife, 1998.

GRÁFICO 3: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Faixa Etária. Recife,


1998.

GRÁFICO 4: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Sexo e à Faixa


Etária. Recife, 1998.

GRÁFICO 5: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Cidade de


Procedência. Recife, 1998.

GRÁFICO 6: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Bairro de


Procedência. Recife, 1998.

GRÁFICO 7: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Nível de


Escolaridade. Recife, 1998.

GRÁFICO 8: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Sexo e ao Nível de


Escolaridade. Recife, 1998.

GRÁFICO 9: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Estado Conjugal.


Recife, 1998.

GRÁFICO 10: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Sexo e ao Estado


Conjugal. Recife, 1998.
GRÁFICO 11: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Número de Filhos,
Filhas e Número Total de Filhos. Recife, 1998.

GRÁFICO 12: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Arranjo


Domiciliar. Recife, 1998.

GRÁFICO 13: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Satisfação com a


Vida em Geral. Recife, 1998.

GRÁFICO 14: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Sexo e à


Satisfação com a Vida em Geral. Recife, 1998.

GRÁFICO 15: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Utilização dos


Serviços Médicos. Recife, 1998.

GRÁFICO 16: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Satisfação na


Utilização de Serviços Médicos. Recife, 1998.

GRÁFICO 17: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Utilização de


Serviços Dentários. Recife, 1998.

GRÁFICO 18: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Utilização de


Medicamentos. Recife, 1998.

GRÁFICO 19: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação a Pessoas que


Poderiam Cuidá-los em Caso de Doença e/ou Incapacidade. Recife, 1998.

GRÁFICO 20: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Convivência com


as Pessoas com quem Residem, com Amigos e Vizinhos. Recife, 1998.

GRÁFICO 21: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação às Visitas Recebidas


na Última Semana. Recife, 1998.
GRÁFICO 22: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Tipo de Trabalho
que Realizaram por Mais Tempo em Suas Vidas. Recife, 1998.

GRÁFICO 23: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Tempo de


Trabalho Durante a Vida. Recife, 1998.

GRÁFICO 24: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Idade em que


Começaram a Trabalhar. Recife, 1998.

GRÁFICO 25: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Idade em que


Pararam de Trabalhar. Recife, 1998.

GRÁFICO 26: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Situação de


Residência. Recife, 1998.

GRÁFICO 27: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Percepção sobre


sua Situação Econômica Atual em Comparação a Quando Tinham 50 Anos. Recife, 1998.

GRÁFICO 28: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Principal


Problema do Seu Dia-a-Dia. Recife, 1998.

TABELAS:

TABELA 1: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Grau de Parentesco


entre o Idoso e as Pessoas com as quais Reside. Recife, 1998.

TABELA 2: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Freqüência de Uso de


Alguns Serviços Médicos nos Últimos Três Meses. Recife, 1998.

TABELA 3: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Utilização de


Ajudas/Apoios. Recife, 1998.
TABELA 4: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Grau de Autonomia
e Independência no Desempenho das Atividades da Vida Diária (AVD). Recife, 1998.

TABELA 5: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação às Atividades


Realizadas no Tempo Livre. Recife, 1998.

TABELA 6: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Assistência Oferecida


pela Família ao Idoso. Recife, 1998.

TABELA 7: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Assistência que o


Idoso Oferece à Família. Recife, 1998.

TABELA 8: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE que Possuem Renda, Tomando


como Parâmetro o Salário Mínimo. Recife, 1998.

TABELA 9: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Renda das 291


Famílias que a Possuem, Tomando como Parâmetro o Salário Mínimo. Recife, 1998.

TABELA 10: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação a Algumas Condições


do Domicílio. Recife, 1998.

TABELA 11: Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação às Suas Principais


Necessidades/Carências. Recife, 1998.

ANEXOS:

ANEXO 1: Seções I, III, IV, V e VIII do Questionário BOAS.

ANEXO 2 – Lei nº 8.842/94 – Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso

ANEXO 3 – Decreto Lei nº 1948/96 – Regulamenta a Lei nº 8842/94


RESUMO

Conhecer o perfil sócio-epidemiológico dos idosos que freqüentam um programa


especial, desenvolvido em uma universidade pública federal no Estado de Pernambuco - a
Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE), experiência pioneira no Estado, é o
principal objetivo deste estudo, uma vez que o envelhecimento populacional acelerado pelo
qual o Brasil vem passando, e, em particular a região Nordeste, exige ações a curto prazo,
como uma adequada produção de conhecimento na área do envelhecimento que deve
subsidiar o planejamento dessas ações. Realizamos um censo para 358 idosos participantes
do Programa no ano de 1998. Para traçar o perfil desejado, realizamos um estudo
epidemiológico descritivo de corte transversal, utilizando um instrumento
multidimensional, o Brazil Old Age Schedule-BOAS e buscamos respaldo teórico em
estudos tanto da área do envelhecimento quanto da saúde coletiva. Identificamos a
existência de um grupo de idosos, em geral, com importantes níveis de autonomia,
independência funcional e participação, a maioria é capaz de realizar só e sem ajuda as
atividades da vida diária – AVD - (cuidados pessoais, alimentação e vestuário, entre
outras) e as atividades instrumentais de vida diária – AIVD - (sair para as compras,
administrar medicação, viagens entre, outras). Trata-se de um grupo em que predomina o
gênero feminino, na faixa etária entre 60 e 69 anos, casadas e/ou viúvas, com renda de
aposentadoria e/ou pensão e com bom nível de escolaridade. Tiveram em média quatro
filhos e a maioria refere estar satisfeita com a vida de uma maneira geral. Utilizam serviços
médicos e dentários privados (plano/seguro saúde), crêem que a filha é a principal pessoa
que pode dispensar-lhes cuidados em caso de doença ou incapacidade. Ocupam
adequadamente seu tempo livre e a maioria mantém um adequado nível de integração
social. Não dependem financeiramente de suas famílias, pelo contrário, são em várias
situações, suas provedoras oferecendo assistência de moradia e financeira, porém
consideram importante desfrutar da atenção e da companhia de seus familiares.
ABSTRACT

The principal aim of this research was to investigate the socio-epidemiological


profile of senior citizens taking part in a special programme carried out at a Federal Public
University in the State of Pernambuco. The Universidade Aberta à Terceira Idade
(UnATI/UFPE) or Senior Citizens’ Open University is a pioneering initiative in the state.
The accelerated demographic aging process which Brazil, especially the Northeast region,
has been undergoing requires short term action supported by adequate production of
knowledge concerning this phenomenon. A census of 358 senior citizens who participated
in the 1998 Programme was undertaken. In order to obtain the desired profile, a descriptive
cross-sectional epidemiological study was carried out using a multidimensional tool, the
Brazil Old Age Schedule (BOAS) and theoretical grounding was sought in the fields of
both aging and public health studies. We identified the existence of a group of senior
citizens displaying high overall levels of autonomy, functional independence and
participation, the majority being able to carry out daily activities (AVD) alone and without
assistance (personal care, meals and dressing, among others). They were also capable of
carrying out instrumental daily activities (AIVD) such as shopping, medication, travel and
so forth. The group is predominantly female, from 60 to 69 years of age, married and/or
widowed, receiving a retirement income or pension and with a good level of schooling. On
average they have had four children and the majority state that they are generally satisfied
with life. They use private medical and dental services (health insurance) and believe that
a daughter is the person most able to take care of them in the event of illness or disability.
They make adequate use of their free time and most maintain a reasonable level of social
integration. They are not financially dependent on their families, in fact in several cases
they are still providers, offering housing and financial support, considering it important
however to enjoy the attention and company of their families.
APRESENTAÇÃO

Meu primeiro contato pessoal com o envelhecimento foi através da convivência


com meus avós, tive o privilégio de conhecer todos, os maternos e os paternos e ainda um
bisavô, todos autônomos, independentes e lúcidos. Esta primeira referência positiva de
afeto, me parece o fundamento de todas as demais relações com idosos que pude
estabelecer até esse momento de minha vida.

Profissionalmente, iniciei o contato com idosos na área de saúde mental, ainda na


graduação de Terapia Ocupacional onde, por questão de identificação, eu sempre
terminava acompanhando as pessoas idosas que sofriam de depressão e os resultados eram
na maioria das vezes positivos. Percebendo esse “feeling” decidi investir na formação na
área do envelhecimento e, creio, comecei bem, participando do I Curso Internacional de
Aperfeiçoamento em Epidemiologia do Envelhecimento, realizado em 1989 na Escola
Paulista de Medicina. Sendo o curso de epidemiologia do envelhecimento, deu-se uma
associação perfeita, pois desde a graduação já me identificava com a saúde coletiva.

A seqüência de experiências profissionais passam pela minha participação na


equipe de implantação da Coordenação de Atenção Integral à Saúde do Idoso da Secretaria
Estadual de Saúde de Pernambuco, pela Especialização em Saúde do Idoso também pela
FIOCRUZ e culmina com a entrada como docente no Departamento de Terapia
Ocupacional da UFPE na área de saúde mental e saúde do idoso em 1994, onde realizo,
com outros colegas, mais um sonho, a criação em 1996 da Universidade Aberta à Terceira
Idade da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE).

São muitas as carências de conhecimento sobre a população idosa do Estado e


muitos os meus interesses de investigação, porém o fato de estar gerenciando a
UnATI/UFPE me fez optar por este estudo, para conhecer quem são e como vivem os
idosos do Programa, de modo que seu produto venha não apenas a subsidiar o
planejamento de ações, mas também venha a consubstanciar a crença de que este grupo,
constitui-se em uma excelente oportunidade para campo de investigação.
Em linhas gerais, o trabalho discute a preocupação e a curiosidade do homem ao
longo da história com o processo de envelhecimento, apresenta algumas reflexões acerca
da imprecisão dos conceitos sobre velhice e envelhecimento, mostra, à luz dos estudiosos
do tema, o processo de envelhecimento populacional no Brasil e no mundo, guardando
suas peculiaridades, bem como seu impacto para as instituições sociais e econômicas.

Apresenta um estudo realizado com os idosos da UnATI/UFPE, onde foram


abordadas as condições: pessoais e familiares, sociais e econômicas, de autonomia e
independência funcional para o desempenho das atividades da vida diária (AVD), de
ocupação do tempo livre e de utilização de serviços médicos e dentários. Por fim, são
apresentadas as conclusões.
18

1. INTRODUÇÃO

1.1 - Desde que o homem é homem ...

“Há homens que, como alguns vinhos, envelhecem sem azedar-se.”


(Cícero)

Nunca antes na história da humanidade, o homem experimentou viver tantos anos.


Para MENEZES (1994), é justificável que haja uma perplexidade diante dessa nova
realidade.

A preocupação do homem com as questões da velhice vem de tempos remotos. Na


antigüidade os egípcios já demonstravam interesse pelo rejuvenescimento relatado na
tradução de um papiro datado de 1600-1700 a.C. que provavelmente se reportava a 2500-
3000 a.C. onde havia um livro intitulado: Como Transformar um Velho em um Homem de
Vinte Anos através de uma complicada fórmula utilizando-se um ungüento especial,
segundo o papiro funcionou muitas vezes (HAYFLIC, 1996; LEME, 1996 e GOMES,
1998).

Segundo HAYFLIC (1996), os povos do passado observavam que na natureza


alguns animais como as cobras, os lagartos e caranguejos, trocavam a pele ou a concha e
acreditavam ser esse, um processo de rejuvenescimento. Ainda segundo o autor o termo
grego (gérõn) e o latino (senectus) que são usados para designar a velhice, referem-se à
troca da pele de um animal.

O homem tenta lutar contra a passagem do tempo e consequentemente contra a


finitude, assim, através da beleza e da juventude eterna, busca a eternidade, a imortalidade.
Neste sentido HAYFLIC (1996), refere que muitas atitudes em relação ao envelhecimento
e à morte baseiam-se em crenças de que em algum tempo, o homem foi imortal e que por
alguma desobediência cometida, os deuses o puniram com a morte e cita o clássico
exemplo de Adão e Eva. Em relação a crença sobre existência de “tempos” e “lugares”
onde se vive ou se viveu uma experiência de extrema longevidade e quase imortalidade, o
autor cita outros exemplos: “O Jardim do Éden”, que “talvez seja o mais conhecido na
cultura ocidental como um paraíso no qual a imortalidade era uma realidade” (p. 181), a
19

lenda grega do Hiperbóreo (além do vento norte), uma terra distante onde todos tinham
vidas bastante longas. Acredita-se que, ainda hoje, em algumas partes do Equador, Ucrânia
e Paquistão seja possível encontrar pessoas muito longevas e, por fim, a “fonte da
juventude” capaz de manter e devolver beleza e juventude àqueles que se banharem em
suas águas.

Para GOMES (1994), ainda hoje o homem persiste em sua busca pelo “elixir da
eterna juventude”: “todos querem viver muito, porém, jovens” (p. 1). PAPALÉO NETTO
et al. (1996) complementam essa reflexão fazendo alusão às “fórmulas ‘miraculosas’ que
oferecem a juventude eterna ou o retardo do envelhecimento” (p.5) e chamam atenção de
que não existe ainda eficácias cientificamente comprovadas sobre o assunto.
GUIMARÃES (1989) reforça essa questão, referindo-se aos que se valem dessas
promessas miraculosas como “mercadores de ilusões” (p. 1).

Segundo GOMES (1998), há uma dificuldade em se encontrar bibliografia sobre o


tema do envelhecimento em tempos mais remotos. Relata que entre os povos primitivos a
expectativa de vida ao nascer era em média 18 anos e posteriormente entre os gregos e os
romanos chegou a 25 anos de idade. O autor refere, ainda, que os cuidados dispensados aos
idosos dependiam dos princípios morais, sociais e/ou religiosos que regiam cada
sociedade. Assim o idoso poderia ser visto como ônus ou honra.

Vários autores trazem reflexões sobre o tema da velhice à luz dos egípcios,
chineses, hindus, judaicos, gregos e romanos, que apresentamos a seguir. Nestes relatos
encontramos referências aos aspectos sociais e biológicos em relação à velhice, observadas
nessas sociedades.

BEAUVOIR (1990), destaca na cultura oriental o povo chinês, referindo-se à


condição de privilégio dispensada por estes aos idosos. Segundo a autora, por ser uma
cultura muito estática, onde pelas condições geográficas e econômicas tinha necessidade
maior de sobreviver e não de evoluir, conservava fortemente seus valores e sua hierarquia,
as responsabilidades assim como o poder, aumentavam com o passar dos anos. Assim
também funcionava a organização familiar, onde todos deviam obediência ao homem mais
velho, mesmo a mulher que era submissa ao homem, quando mais velha gozava de
prestígio e respeito diante da família e dos homens mais jovens. Refere ainda a autora que,
20

a família como base, foi uma estrutura regulamentada por Confúcio, filósofo e reformador
chinês, que tinha como justificativa para o poder exercido pelos mais velhos a relação
direta entre a idade avançada e a sabedoria. O respeito pelos idosos não se limitava ao seio
da família, estendia-se a todos os idosos. Na cultura praticada na China, exigia-se mais
experiência do que força. A autora destaca também o filósofo chinês Lao-Tsé, fundador do
taoísmo. Para os taoístas a velhice aparece como uma virtude em si mesma. No neotaoísmo
o objetivo maior do homem era a vida longa: “A velhice era, portanto, a vida sob sua
forma suprema” (p. 114). Apesar de existirem relatos relativos à revolta dos jovens e
mulheres contra a opressão por eles vividos, não se observa, segundo a autora, na literatura
chinesa, a velhice retratada como flagelo.

No mundo ocidental, o que se observa é diferente. A primeira referência de que se


tem notícias quanto à preocupação com o envelhecimento, que data de aproximadamente
2500 a.C., feita por Phtah Hotep, filósofo e poeta egípcio e, segundo a autora, são
referências negativas, falam do declínio físico e mental dos idosos. Neste sentido, afirma o
poeta: “A velhice é o pior dos infortúnios que pode afligir um homem” (BEAUVOIR,
1990, p. 114).

Para GOMES (1998), entre os egípcios, como já foi referido, havia uma
preocupação com o rejuvenescimento e não uma preocupação social nem de saúde em
relação aos velhos, muito embora tenham tido uma medicina avançada. Há sim uma
preocupação em não envelhecer, em manter-se belo, bem cuidado, uma extrema
preocupação com a aparência física observada nos séculos XIII e XII a.C. (dinastia dos
Ramsés). Em relação aos hindus o autor refere que estes, não demonstravam preocupação
social com os velhos, possuíam uma medicina bastante adiantada, destacando-se o médico
Charaka, que dividiu a arte de curar em oito partes, uma delas referia-se ao
rejuvenescimento e à restauração da virilidade.

O povo judaico tinha muito respeito pelos mais velhos, sendo uma sociedade
patriarcal que cultuava os idosos, inclusive, atribuindo a estes idades avançadíssimas como
é o caso de José que segundo as escrituras viveu 110 anos; Moisés, 120; Aaron, 123; Jacó,
140; Abrão, 175; Isaac, 180; Enoque, 365; Noé, 950 e Matusalém, 969 anos.
Provavelmente, essas idades são metáforas que se referem à longevidade ou ao calendário
lunar utilizado naquele tempo. A Bíblia traz inúmeras passagens que reforçam o respeito
21

daquele povo pelos seus velhos que, exerciam, inclusive, uma ação política. Observa-se
entre os judeus uma inserção social. Sob a influência religiosa, a doença era vista como
castigo, porém quanto ao aspecto da saúde, recomendava-se medidas de higiene e a
medicina hebráica tinha como característica, a prevenção. Encontram-se também
recomendações de banhos de vapor seguidos de duchas frias e massagens com óleos para
se manter uma vida longa e saudável (HAYFLIC, 1996; LEME, 1996 e GOMES, 1998 ).

BEAUVOIR (1990), refere que para os gregos honra e velhice estavam ligadas.
Homero associava velhice à sabedoria. A autora cita dois exemplos opostos de concepções
sobre a velhice, Platão e Aristóteles; no primeiro, encontra-se valorização da velhice
relatada em toda sua obra. Platão propõe, inclusive, a gerontocracia. Para ele, não importa
o corpo mas sim a alma e, portanto, o declínio do corpo na velhice não mudava em nada a
vida do homem, a alma podia até tornar-se mais livre deste. Seu pensamento é também
relatado nos seus diálogos com Sócrates e deste com Céfalos; no segundo, a alma e o corpo
estão unidos e o que afeta um, afeta o outro, para se ter uma velhice feliz o corpo deve
estar intacto. Para Aristóteles, após os 50 anos o homem é considerado velho e
enfraquecido e portanto, deve ser afastado do poder.

Segundo GOMES (1998), ainda entre os gregos, em relação à saúde dos idosos,
encontram-se referências nas escolas de medicina de Hipócrates e Aristóteles. O autor
refere que Hipócrates considerava que após os 50 anos se era velho, e que as doenças
resultavam do desequilíbrio dos humores. Muitas de suas observações e ensinamentos
quanto à saúde do idoso permanecem atuais, por exemplo as manifestações clínicas
atípicas, a hipotermia, a cronicidade das doenças e a alteração nas funções intestinais.
Recomendava cuidados de higiene corporal, atividade física e mental e moderação
dietética. LEME (1996) acrescenta que “o método hipocrático de exame incluía uma
observação cuidadosa da aparência do paciente, seu estado emocional, condição
funcional, condição de vida e ambiente, incluindo clima e costumes locais” (p. 17), o que
não difere muito da orientação geriátrica atual.

BEAUVOIR (1990) refere que entre os romanos a condição do velho está ligada à
estabilidade social. O lugar dos velhos estava relacionado ao seu poder político e
econômico e nesse sentido o Senado se sustentava. Esse poder se observava também na
família, o paterfamilias, onde o poder era vitalício e total sobre as coisas e as pessoas.
22

Refere ainda a autora que com a decadência da oligarquia, caem também o prestígio dos
velhos, do Senado e do paterfamilias. É nesse contexto que segundo a autora Cícero,
senador romano, aos 63 anos de idade escreveu De Senectude, de modo a reforçar a
abalada autoridade do Senado. LEME (1996), refere-se a obra de Cícero sob outra ótica.
Relata o autor que Cícero teceu considerações importantes sobre alguns problemas da
velhice como: “memória, perda da capacidade funcional, alterações dos órgãos dos
sentidos, perda da capacidade de trabalho, etc” (p. 17), e exemplifica as recomendações
dadas sobre a importância dos exercícios mentais para a manutenção da memória. O autor
destaca também Galeno, que considerava os quatro humores, a noção de pneuma, o calor
intrínseco e a crença em um só deus e em sua obra, a “Gerontomica”, aborda a necessidade
do idoso manter-se aquecido e umedecido, manter dieta equilibrada, tomar vinho e manter-
se ativo.

LEME (1996), em relação à questão do envelhecimento na idade média, refere que


o interesse acadêmico da época centrou-se, quase que exclusivamente, em medidas
higiênicas para a manutenção de boa saúde até a idade avançada. O autor refere ainda que
no início do século X, existia em Veneza uma legislação que tributava em 10% as heranças
para, com esse fundo, prestar assistência específica às pessoas incapazes e idosas. Destaca,
da Escola Médica de Montpellier a Arnold de Villanova, médico e químico que acreditava
ter encontrado o elixir da longa vida. Em seu livro: Da Conservação da Juventude e da
Proteção da Velhice, escrito em 1290, incorporava os conceitos galênicos dos humores
secos e frios em relação ao envelhecimento. Quanto ao papel social dos velhos na Idade
Média, BEAUVOIR (1990) refere que era inexpressivo, pois as instituições eram instáveis
para garantir a propriedade que precisava ser defendida com a força - o poder era dos
jovens - a experiência dos mais velhos valia pouco. Acrescenta a autora que já nos fins da
alta Idade Média, com toda a destruição que se deu o trabalho de reconstrução nas cidades
e no campo era muito rude e os idosos não tinham condições de fazê-lo, posteriormente os
feudos também necessitavam de defesa através da luta e portanto, num mundo tão adverso,
a longevidade permanece rara e a contribuição dos idosos quase nula. Por fim, a autora
refere que, aqui também se encontra o desejo da juventude eterna, descrito em lagos
mágicos capazes de rejuvenescerem as pessoas, como por exemplo a ilha de Avalon, lá não
se morre e não se envelhece.
23

Segundo LEME (1996), após o período medieval surge o Renascimento e como


ocorreu em outras áreas, cresce também o interesse pelo estudo do envelhecimento. Na
segunda metade do século XV, em 1498, uma obra também considerada muito importante
foi escrita pelo médico anatomista Gabriele Zerbi e chamava-se “Gerontocomia”; trata-se,
segundo o autor, do primeiro livro impresso dedicado à geriatria.

BEAUVOIR (1990), refere que no fim do século XIX e início do século XX, já no
capitalismo no mundo ocidental, multiplicam-se as pesquisas em vários países no campo
do envelhecimento. Segundo a autora, a partir de 1930 desenvolveram-se as pesquisa em
Biologia, Psicologia e Sociologia e que nos dias de hoje continuam a se desenvolver cada
vez mais, ampliando as áreas de conhecimento envolvidas. Neste sentido, GUIMARÃES
(1996), alerta que apesar de muitos equívocos terem sido cometidos na antigüidade em
relação ao estudo do envelhecimento, acabaram pois, constituindo-se em contribuições
importantes. A cada dia evoluem as abordagens em relação à saúde dos idosos como por
exemplo, no estudo das manifestações clínicas, do diagnóstico onde se utilizam inúmeros
protocolos e escalas de avaliação, levando a maiores chances de boas intervenções para a
solução dos problemas apresentados. O autor refere ainda os trabalhos de Marjorie Warren
em 1947 e J. H. Sheldon em1948 como fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa
clínica em geriatria. O primeiro, segundo ele, “estabeleceu critérios de avaliação dos
pacientes encaminhados para instituições de longa permanência, lançando desta forma, as
bases da Medicina Geriátrica” (p. 72); o segundo, “lançou as bases da medicina social da
velhice e reportou de maneira sistemática os maiores problemas dos velhos residentes na
comunidade” (p. 72).

DEBERT (1996) discute o fato que do ponto de vista social a maioria dos relatos
referem-se a uma velhice abandonada, solitária e empobrecida, relegada ao segundo plano
nas sociedades industrializadas. Tais relatos, baseiam-se para suas afirmativas na lógica
capitalista da sociedade de consumo. Para a autora, no Brasil, o discurso gerontológico que
construiu uma imagem vitimizada do velho brasileiro, baseou-se em 4 aspectos: a explosão
demográfica da população idosa, que demanda políticas específicas; a crítica ao
capitalismo, cujas consequências se exacerbariam na velhice; a crítica à cultura brasileira
que valoriza o novo e não tem memória e, por último, o Estado. A transformação da
família extensa em família nuclear e a criação do welfare state, onde, com o declínio do
24

mecanismo familiar associado a um Estado sem condições de responder às suas demandas,


a população idosa vê-se diante de uma situação desfavorável.

Para PAPALÉO NETTO et al. (1996), nas sociedades industrializadas com a


valorização da produtividade todos os que não apresentam força física e rapidez em seu
ritmo sem dúvida estariam alijados do sistema. Na Revolução Industrial essas exigências
são condições fundamentais, a força de produção está para os mais jovens. BEAUVOIR
(1990) acrescenta que “o material humano só interessa enquanto produz” (p. 13) e citando
Leach, antropólogo de Cambridge: “Num mundo em mutação, em que as máquinas têm
vida muito curta, não é necessário que os homens sirvam durante um tempo
demasiadamente longo. Tudo que ultrapassa 55 anos deve ser descartado como refugo”
(p. 13).

Para BIRMAN (1995), é esperado que neste contexto de transformação social, a


velhice seja marginalizada, pois refere o autor “estava em pauta era a possibilidade sócio-
política de produção, reprodução e acumulação de riqueza, centrada no paradigma
biológico da reprodução e de melhoria eugênica da espécie humana” (p. 33), ou seja, o
homem tem o seu valor conforme sua capacidade de produzir e reproduzir riquezas e o
velho já não tendo mais potencial para essa produção e reprodução perde seu valor social e
simbólico.

Reforçando esta reflexão, PAPALÉO NETTO et al. (1996) questionam o lugar do


idoso na sociedade atual refletindo o quanto o próprio idoso pode contribuir para modificar
a situação presente, cita como exemplo a resistência dos mais velhos em adaptar-se às
mudanças e com a velocidade tecnológica de hoje essa adaptação é quase questão de
sobrevivência e de minimização dos conflitos intergeracionais. Cita ainda que existe uma
rejeição do idoso com relação ao seu próprio envelhecimento. Para o autor, o idoso deve
ser sujeito ativo em todo esse processo.

DEBERT (1996) contribui de modo bastante esclarecedor discutindo sobre a


atualidade do tema envelhecimento através de estudos sobre as representações do papel do
idoso na sociedade contemporânea. Dentre as suas muitas reflexões, destacamos as que se
referem ao “envelhecimento bem-sucedido”, ou seja, afirma que atualmente há uma
tendência de inverter a imagem negativa da velhice e tratar essa época da vida como um
25

momento de possibilidades, chamando o idoso à participação, uma vez que, segundo a


autora, em relação aos idosos “as experiências vividas e os saberes acumulados
proporcionam a chance de engendrar novos projetos e estabelecerem relações positivas
com o mundo dos mais jovens e dos mais velhos” (p. 35).

Para BEAUVOIR (1990), ainda existe em relação ao envelhecimento uma


“conspiração do silêncio”, a velhice vista na esfera do privado e afirma: “Para a
sociedade, a velhice aparece como uma espécie de segredo vergonhoso, do qual é
indecente falar” (p.8). BIRMAN (1995) acrescenta que tratar a velhice de forma piedosa e
filantrópica é uma “maneira falaciosa e até mesmo hipócrita para silenciar os valores
negativos em que a modernidade inscreveu a velhice” (p. 35). Portanto refere DEBERT
(1996), com o envelhecimento passando a ser visto como uma experiência mais
gratificante, tem-se observado no Brasil uma série de experiências que valorizam essa
vivência coletiva, como por exemplo os grupos de convivência de idosos e os programas
de universidades abertas para a terceira idade, que na década de noventa proliferaram por
todo o país, essa é uma forma de tornar pública a questão do envelhecimento.

Ao mesmo tempo em que desenvolvemos uma competência para lidar com o


envelhecimento saudável, nos deparamos com dificuldades para lidarmos com os
problemas da velhice mais avançada. Temos então que estar atentos para não ocorrer a
“reprivatização da velhice”. As experiências exitosas não podem deixar de lado a
preocupação com a velhice acompanhada de enfermidades e/ou desamparada. Três
condições contribuem para essa nova forma de representar a velhice: primeiro, as
mudanças no sistema produtivo, com o aumento das camadas assalariadas e com os novos
padrões de aposentadoria que não mais significa estar velho, pois cada vez mais pessoas
estão se aposentando ainda muito jovens; segundo, os aposentados não podem mais ser
considerados os menos privilegiados da sociedade nem em países desenvolvidos e nem no
Brasil, onde as pesquisas mostram a necessidade de se refazer esse discurso; a terceira
condição é a expansão do capital, depois dos anos 70 com a reelaboração das concepções
sobre o corpo, ou seja, a cultura do consumismo, o corpo é veículo do prazer e a
responsabilidade com o bem-estar é individual (DEBERT, 1996).

Para KALACHE (1987), o confronto com o envelhecimento exige de todos, um


esforço conjunto para fazer frente às suas demandas. Antes, a experiência do
26

envelhecimento era privilégio de poucos, as pessoas morriam em idades tenras; hoje, trata-
se de uma realidade universal.

A origem dos termos Gerontologia e Geriatria, especialidades assim constituídas


recentemente, resultam da história deste último século aqui relatada. O termo Gerontologia
foi criado por volta de 1903 a partir dos estudos de Élie Metchnikoff sobre biologia do
envelhecimento, para referir-se à especialidade que estuda cientificamente o processo de
envelhecimento. Também no início deste século surge o termo Geriatria, criado por Ignaz
L. Nasche, para referir-se à especialidade que trata das doenças dos velhos (BEAUVOIR,
1990; HAYFLIC, 1996 e LEME, 1996).

O homem já consegue viver mais. Precisamos descobrir maneiras de como viver


melhor por mais tempo. Nesse sentido PAPALÉO NETTO et al. (1996) afirmam que não é
justo apenas prolongar a vida dos mais velhos, sem lhes oferecer condições para que esses
anos a mais sejam vividos com dignidade. HAYFLIC (1997) acrescenta que hoje há um
consenso de que deve haver empenho para prolongar a vida o máximo possível desde que
se possa manter também sua qualidade. Portanto a preocupação principal não é apenas a
ampliação do tempo de vida. Segundo LA SALUD...(1989), a Sociedade Gerontológica
dos Estados Unidos tem como lema: “Acrescentar vida aos anos, e não apenas anos à
vida”, esse é um lema da Gerontologia. Em 1982 a Organização Mundial de Saúde (OMS)
também o adotou, sob a legenda “Agregue vida aos anos”.

1.2 – Para não dizer que não falei da velhice.

“Não existe uma definição perfeita para o envelhecimento mas, como ocorre
com o amor e a beleza, grande parte de nós o reconhece quando o sente ou vê”
(Hayflick)

“Fala-se de velhice como se esta palavra representasse uma realidade bem


definida. Na verdade, quando se trata de nossa espécie, não é fácil circunscrevê-la”
(BEAUVOIR, 1990, p. 15)
27

“O que é ser idoso não é uma questão tão simples de ser definida, não obstante a
sua aparente obviedade para a consciência individual de qualquer um de nós” (BIRMAN,
1995, p. 29).

“Obviamente, não se trata de negar o processo biológico do envelhecimento


progressivo de cada ser, mas de chamar atenção para o fato de que este processo, sem
dúvida universal, pode ser vivido de muitas e diferentes maneiras (...) Simplesmente
substituir, por exemplo, a categoria velhice por terceira idade não acrescenta qualquer
precisão ao conceito” (GUEDES, 1994, p. 7 e 9).

As afirmativas acima retratam a dificuldade em se precisar “um” conceito de


velhice, talvez não se tenha que fazê-lo, porém para quem lida com o envelhecimento as
perguntas são inevitáveis: o que é velhice? Quando se fica velho? Responder uma significa
automaticamente responder a outra. Os recortes encontrados nos autores contemporâneos
apontam para abordagens biológica, psicológica, social, econômica, antropológica,
cronológica, ecológica, histórica... Todos concordam em um ponto: nenhuma dessas
dimensões isoladamente dá conta da questão da velhice, tamanha sua complexidade.

Em BEAUVOIR (1990), encontramos referência à velhice como um fenômeno


biológico, com repercussões psicológicas e uma dimensão existencial. Também de forma
semelhante é entendida a velhice por BIRMAN (1995), para o autor a lógica evolucionista
é que determinou a etariedade da vida humana numa compreensão puramente biológica, a
mesma lógica que fez surgir a psicologia do desenvolvimento com sua psicometria que
mensura o comportamento humano de acordo com as faixas de idade e, por fim, o autor
refere o registro filosófico, estabelecendo relação com a história e, portanto, com o tempo e
a temporalidade, correspondendo ao que Beauvoir chamou de dimensão existencial.

Não é possível estabelecer uma única definição de velhice ou de velho que


responda a todas as peculiaridades exigidas pelo tema. Existem, portanto, recortes
biológico, social, econômico e cronológico (EL ENVELECIMIENTO..., 1999), este último
tem sido aceito praticamente de forma unânime para fins de pesquisa e legislação, porém
guardadas suas limitações como indicador de velhice, uma vez que já referimos que
segundo os autores e os documentos aqui mencionados as várias dimensões sobre o tema
se complementam.
28

NERI (1991), concorda que o envelhecimento é um processo que envolve os


aspectos biológicos, psicológicos, sociológicos e culturais e que, portanto, deve ser
entendido em suas várias dimensões. A partir de seus estudos a autora refere que a
etariedade por nós conhecida é uma construção social e situa seus conceitos no tempo: “o
conceito de infância (séculos XVIII e XIX), adolescência (fins do século XIX), juventude
(20 ou 25 anos atrás), meia-idade (anos 60) e “velhice avançada” (década de 70)” (p.
18). Portanto, como refere BIRMAN (1995) o conceito de velhice é recente na história
moderna ocidental.

Acreditamos que em diversos autores, será possível encontrar discussões em


relação a estas e outras dimensões atribuídas à velhice e ao envelhecimento; nossa
contribuição é, portanto, apontar que a partir destes e de outros autores é possível perceber
que não se pode mais continuar tratando o tema em questão sob o mito da velhice
“medicalizada”.

Existem referências de que a maioria dos idosos apresenta boas condições de saúde,
e vive na comunidade, ao contrário do que pensa o senso comum. Segundo KALACHE
(1987) na Inglaterra, cerca de 95% dos idosos vivem na comunidade; RAMOS (1996)
reforça que, na maioria das sociedades, em torno de 90% dos idosos vivem na comunidade,
indicadores de saúde da Espanha (1995) apontam que 74,4% dos idosos são totalmente
independentes para o desempenho das AVDs;

BERQUÓ (1996), chama atenção para a importância de termos em mente que:


sendo o envelhecimento uma construção sócio-histórica, os perfis que hoje conhecemos em
relação aos idosos e/ou às populações idosas, referem-se à coortes nascidas nas décadas de
10, 20 e 30. No futuro teremos, possivelmente, outros “desenhos” de velho e de velhice.
Como refere BEAUVOIR (1996), “mudar é a lei da vida” (p. 17).
29

1.3 - Eu envelheço, tu envelheces, nós envelhecemos ... A População Envelhece

“Tempo, tempo, tempo, tempo ...”


(Caetano Veloso)

O aumento acelerado da população idosa e seu impacto para os diversos setores da


sociedade têm sido discutidos nos meios políticos e acadêmicos com o objetivo de
encontrar soluções viáveis para o enfrentamento dessa realidade que se impõe a um país
como o Brasil, que apesar de encontrar-se em franco processo de envelhecimento de sua
população, ainda conta com necessidades sócio-sanitárias básicas a serem solucionadas.
Essa polarização exige um planejamento para equacionar a destinação de recursos e ações
públicas.

Segundo RAMOS (1993), o envelhecimento populacional está bem definido nos


países de primeiro mundo, uma vez que se relaciona diretamente ao desenvolvimento
social e ocorreu em um período de aproximadamente 200 anos. Também nos países do
Terceiro Mundo já se observa um envelhecimento de suas populações, inclusive de forma
bastante acelerada. O autor acrescenta que desde 1960 mais da metade da população idosa
do mundo vive em países menos desenvolvidos e a perspectiva para o ano 2000 é que esse
número atinja os 70%. Em relação a essa questão, KALACHE (1987) refere que só a partir
de 1960 é que se verifica ganho significativo da expectativa de vida ao nascer para as
populações desses países. Segundo o autor, este ganho deverá não só manter-se, mas
também acentuar-se até o final deste século; os idosos serão o grupo etário que mais
crescerá na maioria dos países menos desenvolvidos. Oito entre os 11 países com as
maiores populações de idosos, por volta do ano 2025 são classificados como países em
desenvolvimento.

Segundo KALACHE (1987), “para que uma população envelheça é necessário


primeiro que nasçam muitas crianças, segundo que as mesmas sobrevivam até idades
avançadas e que, simultaneamente, o número de nascimentos diminua. Com isso a entrada
de jovens na população decresce, e a proporção daqueles que sobreviveram até idades
mais avançadas passa a crescer” (p. 204). RAMOS (1993) destaca que, para ocorrer o
envelhecimento populacional são considerados dois fatores essenciais, a taxa de
mortalidade e a taxa de fecundidade de uma população. A queda do coeficiente dessas
30

taxas é que levará ao aumento da expectativa de vida de uma população, sendo portanto
entendido o envelhecimento populacional como “o aumento da proporção de pessoas com
idade avançada em uma população, às custas da diminuição da proporção de jovens nesta
mesma população” (p. 4). Acrescenta que a queda da mortalidade antecede a queda da
fecundidade, a esse fenômeno denomina-se de “transição demográfica”.

Para KALACHE (1987), o processo de transição demográfica, definido acima,


pode ser observado em praticamente todas as regiões do mundo, sendo portanto um
fenômeno universal. Porém envelhecer em condições sócio-sanitárias, econômicas e
políticas favoráveis, características de países desenvolvidos, é diferente de envelhecer em
regiões onde esses condicionantes básicos de bem estar ainda não estão consolidados. São
países que segundo o autor, por não terem ainda completado um ciclo econômico e
político, permanecem com carências diversas.

Faz-se necessário, portanto, entender a diferença entre o processo de


envelhecimento populacional ocorrido nos países industrializados daquele que se observa
nos países em desenvolvimento. Nesse sentido FOUCALT (1976) apud BIRMAN (1995)
contribui referindo que o investimento no bem estar da população entrou na agenda
política do primeiro mundo a partir das transformações sociais ocorridas na passagem do
século XVIII para o XIX, onde os governos passaram a entender que suas riquezas não
estavam apenas nos recursos naturais, mas também em sua população e que quanto mais o
Estado investisse em melhoria das condições biológicas da população e sócio-sanitárias
dos seus territórios, melhores as chances de produção e reprodução de riquezas. Assim,
houve um grande investimento nas condições de vida da população em geral e
consequentemente com o crescimento econômico, político e social decorrente desse
investimento observa-se melhoria das condições sócio-sanitárias das populações
contribuindo diretamente para o aumento na expectativa de vida. Observou-se nesse
período, segundo o autor, uma “medicalização” do Ocidente, mediante a qual a medicina
passou a ocupar uma posição estratégica no campo social. Este processo não se observou
nos países em desenvolvimento.

RAMOS (1987) refere que o envelhecimento das populações dos países


desenvolvidos deu-se ao longo de um processo de desenvolvimento social, político e
econômico, como referido acima, que permitiu, em tese, que estes dispusessem de
31

planejamento de políticas públicas que viessem a atender às demandas de uma população


que envelhece, significando que, quando se deram as grandes conquistas médico-
tecnológicas como por exemplo a descoberta dos antibióticos, das vacinas, do raio X, entre
outras, - que, sem dúvida, contribuíram para diminuir as mortes antes inevitáveis - já havia
uma estrutura sócio-sanitária favorável, como: processo ordenado de urbanização, elevação
das condições sanitárias e nutricionais, condições adequadas de habitação e trabalho, e
portanto, os fatores tecnológicos não foram determinantes no processo de aumento da
expectativa de vida desses países. Em 1960, a expectativa de vida para os países
desenvolvidos estava em torno dos 69,8 anos devendo passar para 77,2 em 2020, tendendo
a estabilizar.

Em relação aos países menos desenvolvidos, segundo KALACHE (1987) “espera-


se que no Terceiro Mundo, até o ano 2020, haja um ganho de mais de 23 anos na
expectativa de vida desses países, chegando a 68,9 anos” (p. 202). O autor denomina o
aumento na expectativa de vida, devido à redução da mortalidade verificada hoje na
maioria dos países subdesenvolvidos, como sendo “um fenômeno artificial”, já que está
ocorrendo em função da disponibilidade de meios inexistentes até um passado muito
próximo, referindo-se às conquistas médico-tecnológicas. Portanto, é possível concluir, a
partir do autor que o aumento da expectativa de vida nos países desenvolvidos está
diretamente relacionado às melhorias das condições de vida; enquanto que nos países
menos desenvolvidos esse aumento está diretamente relacionado às conquistas médico-
tecnológicas, pois passa a ser observado na segunda metade deste século, ou seja, após a
descoberta e difusão dessas conquistas.

À medida em que o homem vai ganhando mais anos de vida, cada dia mais
aproxima-se do limite biológico da espécie humana. Para HAYFLIC (1996) esse limite é
115 anos, para KALACHE (1987) o limite é 85 anos, não entrando no mérito dessa
discussão, o consenso é que há um limite biológico para a espécie humana e, por isso, em
um determinado momento a taxa de crescimento da expectativa de vida de uma população
tende a estabilizar-se, e, portanto, poucos ultrapassam esse limite. Há um consenso também
de que o limite biológico de vida para a espécie humana não parece ter se alterado ao longo
dos tempos, o que se observa, na verdade, são mais pessoas chegando próximo a esse
limite (KALACHE, 1987; RAMOS, 1987 & HAYFLIC, 1997). Neste sentido, KALACHE
(1987) refere que não há evidência de que o limite biológico de vida para os homens seja
32

diferente para as diferentes regiões do mundo e, portanto, hoje como em qualquer outro
momento da história, tornar-se um centenário continua sendo um fato excepcional.

O envelhecimento aqui relatado refere-se à esfera do coletivo, porém apresenta


algumas particularidades como o comportamento demográfico do envelhecimento em
relação ao sexo. KALACHE (1987) refere que, em especial nos países desenvolvidos, a
expectativa de vida da mulher é maior que a dos homens, representando uma diferença de
7,5 anos em 1980. Embora nos países menos desenvolvidos observe-se uma diferença
menor, de 2,2 anos para o conjunto desses países em 1980, ela está presente. Destaca que
em alguns países, devido às condições socioculturais e econômicas de profunda
desigualdade, pode-se observar inclusive uma inversão desses padrões. KINSELLA (1994)
refere que esta diferença entre a expectativa de vida de homens e mulheres é maior na
América Latina e Caribe que em outras regiões menos desenvolvidas, chegando em torno
de 7 anos a vantagem feminina.

Em relação ao envelhecimento populacional nas regiões em desenvolvimento,


KINSELLA (1994) afirma que o Caribe é a região em desenvolvimento mais velha do
mundo, sua população idosa hoje representa 9%. Segundo o autor, na América Central e na
América do Sul observa-se uma estrutura etária mais jovem, onde 6,9% da população têm
60 anos e mais.

A seguir, veremos o cenário do envelhecimento populacional no Brasil. Para


RAMOS (1987), o processo de envelhecimento populacional experimentado no país
assemelha-se em intensidade ao vivido pelos países desenvolvidos. Estando mais definido
em algumas regiões que em outras. Devido às diferenças regionais observa-se melhor essa
definição em estados do Sul e Sudeste que nos do Norte e Nordeste. Enquanto nos países
desenvolvidos o processo tende a estabilizar-se, aqui deverá acelerar-se cada vez mais.
Portanto, o país que ainda está por resolver os problemas da infância, defronta-se com os
impactos sociais e, em particular, de saúde relativos ao processo de envelhecimento de sua
população. O autor refere que no Brasil, a exemplo do que ocorreu em outros países menos
desenvolvidos, a queda significativa das taxas de fertilidade são observadas ao fim da
década de 60, estendo-se até os primeiros anos da década de 80. O autor destaca que no
final da década de 70 observa-se, nas populações urbanas, em geral, uma tendência à
estabilização das suas taxas de fertilidade. Até 1960, todos os grupos etários cresciam de
33

forma semelhante à população total, porém da década de 60 para cá, o grupo etário de 60
anos e mais apresenta taxas de crescimento mais altas e sempre mais elevadas que as da
população total e da população jovem. O autor chama atenção para o fato de que “até o
ano 2000 o grupo etário de 0 a 14 anos deverá crescer apenas 14% contra 107% de
crescimento do grupo de 60 anos e mais, e a população como um todo crescerá 56%.
Iniciaremos o próximo século com a população idosa crescendo quase oito vezes mais que
os jovens e quase duas vezes mais que a população total” (p. 215). Para BERQUÓ (1996)
o crescimento da população idosa no Brasil torna-se mais relevante por já superar o da
população total.

VERAS (1992) também discute a importância de se considerar as diferenças


regionais e as desigualdades sociais no Brasil no momento da análise dos dados que,
isolados, não refletem a realidade. O autor traz o exemplo dos estados do Rio de Janeiro e
da Paraíba, ambos apresentaram no Censo Demográfico de 1991, 9% de suas populações
com 60 anos e mais, no entanto, o índice do estado nordestino deveu-se principalmente ao
processo de migração da população jovem em busca de melhores condições de vida
somada à esterilização da mulher, em especial a de baixa renda. BERQUÓ (1992)
acrescenta que essa alta proporção de idosos observada em alguns estados nordestinos não
significa que as pessoas tenham maior expectativa de vida, pelo contrário, é a mais baixa
do país. A autora (1996) demonstra a partir da análise dos dados do último censo que 52%
da população idosa do Brasil está no Sudeste, 24% no Nordeste, 15% no Sul, 5% no
Centro-Oeste e 4% no Norte.

O crescimento da população idosa no Brasil é o mais acelerado do mundo


comparando-se apenas ao México e a Nigéria. Passamos em termos proporcionais de 7,3%
em 1971, ou seja, 11 milhões de idosos, para 15% em 2025, ou seja, 32 milhões de idosos,
colocando o Brasil, neste período, como a sexta população de idosos do mundo, em
número absoluto (SILVESTRE et al., 1996).

É importante entender que as mudanças demográficas não acontecem de forma


isolada em uma sociedade. KALACHE (1987) cita como exemplo dessas mudanças
simultâneas, o rápido processo de urbanização pelo qual passou o Brasil, que na década de
50, tinha dois terços de sua população de cinqüenta milhões de habitantes, vivendo em
zonas rurais; já na década de oitenta era possível observar segundo o autor, que quase três
34

quartos dos seus 130 milhões de habitantes viviam em áreas urbanas. Para CARVALHO
(1991) observa-se uma inversão de concentração populacional entre as áreas rural e urbana
no Brasil e estima-se para o ano 2000, que apenas 20,2% da população do país esteja
vivendo em áreas consideradas rurais. Ainda no contexto da urbanização, RAMOS (1987)
refere que este, entre outros fatores, influenciou o comportamento dos padrões
reprodutivos no Brasil. A nova forma de arranjo domiciliar urbano, acaba exigindo uma
limitação do número dos membros da família, além da incorporação da mulher ao mercado
de trabalho aliada à sua adesão aos programas de controle familiar, que, segundo o autor
demonstra não apenas uma necessidade, mas também um desejo de limitação do tamanho
da família. Com isso, a atenção prestada pela família aos seus membros acaba sendo
substituída pela intervenção cada vez maior do estado e de outras alternativas
institucionais, que em geral são inadequadas e mais onerosas.

Segundo RAMOS (1993) a Organização Mundial de Saúde estabeleceu em 1984


que se pode considerar uma população envelhecida quando a proporção de pessoas com 60
anos e mais representa 7% da população total, com tendência a crescer. Pernambuco não
foge à regra, de acordo com (IBGE, 1992), dados relativos ao último Censo Demográfico
de 1991, demonstram que hoje a população de 60 anos e mais no Estado representa 8,30%
em relação à população total. Sendo 3,72% de homens e 4,58% de mulheres, seguindo
também uma tendência mundial onde a proporção de mulheres idosas é superior a dos
homens idosos. É possível observar no Gráfico 1, que a proporção de mulheres idosas
aumenta à medida em que avança a idade, colocando para Pernambuco, situações em
relação ao envelhecimento da mulher, que também deverão ser enfrentadas em regiões
mais desenvolvidas do país. Segundo BERQUÓ (1996) “a feminização do envelhecimento
traz consequências para as políticas sociais, em especial, as de saúde” (p. 22).
35

Gráfico 1 - População Idosa (60 e mais) de Pernambuco, segundo


Faixa Etária e Sexo. Recife, 1999

70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%

100a e +
60-64a

65-69a

70-74a

75-79a

80-84a

85-89a

90-94a

95-99a
Masc. Fem.
Fonte: Fundação IBGE, Censo Demográfico, 1991.

O envelhecimento populacional se impõe como uma nova realidade e com


implicações para as instituições sociais; aqui, destacamos o impacto observado no setor
saúde. Para KALACHE (1987), no que se refere ao setor saúde, o crescimento da
população idosa implica em uma maior freqüência de casos de doenças crônicas exigindo
mais recursos financeiros e de outras ordens como por exemplo, tecnologia e profissionais
especializados. Para países subdesenvolvidos, torna-se um desafio equacionar recursos
para atender de um lado, questões sócio-sanitárias básicas; de outro, uma demanda
crescente de uma população que envelhece sofrendo de doenças não transmissíveis.
RAMOS (1987), acrescenta, à medida em que uma população envelhece, há uma tendência
a modificações no seu padrão de morbi-mortalidade, tornando-se mais difícil a prevenção
de doenças e mais complexa a intervenção. Por serem os episódios de doença apresentados
por uma população envelhecida, em sua maioria crônicos, há uma transferência do
processo de morte no ambiente doméstico para o hospitalar, o que onera em muito o
sistema de saúde.

CARVALHO et al. (1998), considerando a “artificialidade” do processo de


envelhecimento das populações dos países menos desenvolvidos, aqui incluído o Brasil, no
que se refere às conquistas médico-tecnológicas em detrimento de uma melhoria das
condições de vida em geral dessas populações, e analisando seu impacto para o setor saúde
nesses países afirmam que o perfil epidemiológico brasileiro está pautado pela iniquidade,
decorrente das profundas desigualdades sociais observadas em nosso país, configurando
um perfil complexo e heterogêneo, que apresenta ao mesmo tempo, enfermidades crônicas
e degenerativas, altos índices de enfermidades infecciosas e parasitárias e ainda
36

enfermidades emergentes ou reemergentes. A esse processo de transformação de um perfil


epidemiológico “arcaico” para um perfil epidemiológico “moderno”, denomina-se, no
campo da saúde, de “transição epidemiológica”. Porém, o autor chama atenção para o fato
de que o processo ocorrido no Brasil decorre de um processo histórico diferente do
ocorrido nos chamados países desenvolvidos. As análises devem estar sempre pautadas por
uma compreensão de contexto, e assim, entende que não se observa no Brasil uma situação
definida de transição, mas um novo padrão epidemiológico que difere do observado no
contexto internacional.

Ainda em relação ao setor saúde no Brasil, SILVESTRE et al. (1996), referem, a


partir da análise dos dados de internação hospitalar do SUS no ano de 1995 em relação às
autorizações hospitalares, à taxa de hospitalização, ao tempo médio de permanência, ao
índice de hospitalização e ao custo total de recursos consumidos, que a população de 60
anos e mais foi a que mais onerou cada um desses itens em relação à população mais
jovem. Exigindo, segundo o autor, um redimensionamento para esse segmento etário no
Sistema de Saúde Brasileiro; refere, ainda, que apesar desse novo desenho demográfico e
epidemiológico observado no Brasil, o sistema de saúde permanece priorizando o
segmento materno-infantil.

Segundo KALACHE (1987) o número crescente de idosos em uma população é


diretamente proporcional à demanda por recursos para atender às suas necessidades. E o
maior desafio para qualquer país, e em especial para o Brasil, é equacionar a alocação
desses recursos e utilizá-los da maneira mais adequada possível. Para o autor, apesar de se
observar uma maior prevalência de doenças crônicas em uma população envelhecida, o
conceito de saúde que se defende para os idosos está ligado à sua capacidade funcional e
não apenas à presença ou não de uma patologia crônica, mesmo quando essa vem
acompanhada de incapacidade associada. O importante é que os idosos possam manter-se
autônomos e independentes. Neste sentido refere ainda que: “Envelhecer mantendo todas
as funções não significa problema quer para o indivíduo ou para a comunidade; quando
as funções começam deteriorar é que os problemas começam a surgir. O conceito está
intimamente ligado à manutenção da autonomia” (p. 208). Para fins de planejamento, essa
abordagem é extremamente útil, pois nos países subdesenvolvidos, devido à grande
desigualdade social, o critério cronológico torna-se insuficiente, uma vez que muitas vezes,
o envelhecimento funcional antecede o envelhecimento cronológico.
37

Podemos fazer um paralelo entre o conceito de capacidade funcional como


indicador de saúde para pessoas idosas, com o conceito de “desgaste” abordado por
LAURELL (1989). Embora seja uma abordagem que a autora faz diretamente relacionada
às condições de trabalho e seus impactos na vida e na saúde dos trabalhadores, por
considerar: “as condições ambientais”; o trabalho como atividade humana, consciente e
com objetivos claramente definidos; vários tipos de “cargas de trabalho” como físicas,
químicas, biológicas, mecânicas, fisiológicas e psíquicas; que tudo isso se materializa no
corpo do trabalhador (da pessoa); que a monotonia, a repetitividade e a desqualificação são
danosos ao pensamento e a criatividade, é que podemos estabelecer a relação com as
situações de vida adversas (“cargas”), observadas principalmente em países como o Brasil,
que têm repercussões diretas sobre a vida e a saúde das pessoas e que dependendo do tipo,
podem causar danos ao pensamento e à criatividade (autonomia), comprometendo assim
sua capacidade funcional. A autora define “desgaste” como sendo “ ‘a perda da
capacidade efetiva e/ou potencial biológica e psíquica’, que pode ou não expressar-se no
que a medicina reconhece como patologia” (p. 115).

Segundo RAMOS (1987), com o aumento proporcional da população idosa em um


país, observa-se uma alteração nos gastos para manter essa parcela da população
economicamente improdutiva. Há o aumento da relação de dependência social entre a
parcela economicamente ativa e a não-produtiva, havendo sobrecarga da população
economicamente ativa. VERAS (1994) enfatiza que o aumento de idosos em uma
população ocasiona um alto índice de dependência-idoso. SILVESTRE et al. (1996),
acrescentam que nos países onde existem programas destinados à população idosa, os
gastos são 3 vezes maiores do que com a população de 0 a 14 anos.

Diante do cenário do envelhecimento populacional no Brasil, onde de um lado


ainda temos um grande quantitativo de população jovem e de outro um rápido e intenso
envelhecimento populacional em condições sócio-sanitárias desfavoráveis, RAMOS
(1993), propõe que esta nova realidade brasileira deva ser considerada uma questão de
Saúde Pública.
38

1.4 – Universidades Abertas à Terceira Idade: um pouco de História. A experiência


de Pernambuco.

“Viver e não ter a vergonha de ser feliz,


cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”.
(Gonzaguinha)

O cenário de envelhecimento populacional que se impõe ao Brasil, exige soluções


viáveis do ponto de vista social, político e econômico. Apesar dessa nova realidade, ainda
é insuficiente a preocupação por parte das instituições formadoras com o oferecimento de
serviços especializados à população idosa, com a qualificação de profissionais capacitados
a lidar com esse segmento populacional, bem como de produzir e difundir conhecimentos
em Gerontologia. Segundo VERAS (1996), propor ações para a terceira idade no Brasil,
torna-se tarefa difícil, já que os recursos para o desenvolvimento de políticas públicas são
sempre escassos. O autor acrescenta a esse fato, a pouca importância dada ao
envelhecimento no país.

A Lei nº 8842, de 4 de janeiro de 1994 (BRASIL, 1994) (Anexo 1), que dispõe
sobre a Política Nacional Idoso regulamentada pelo Decreto Lei nº 1948, de 3 de julho de
1996 (BRASIL, 1996) (Anexo 2), recomenda, no que compete ao Ministério da Educação,
o incentivo à criação de Universidades Abertas à Terceira Idade nas Instituições de Ensino
Superior (inciso III do art. 10). Porém, esta é uma experiência que já se desenvolve no
Brasil, mesmo antes da recomendação acima referida, como veremos a seguir.

PEIXOTO (1997), afirma que, desde a década de 60, surgiram na Europa


experiências no interior das universidades com o objetivo de ocupar o tempo livre dos
idosos, eram conhecidas como Universidade do Tempo Livre, consideradas como a
primeira geração dessas iniciativas; a segunda geração surge em 1973, em Toulouse na
França, Les Universitès du Troisième Age (Universidades da Terceira Idade - UTI),
voltadas para o ensino e a pesquisa. A terceira geração surge na década de 80, também na
França, como um programa educacional mais amplo, baseado em três eixos: participação,
autonomia e integração.
39

As Universidades da Terceira Idade foram concebidas por seu fundador Pierre


Vellas, como sendo “fundamentalmente instituições de saúde pública visando elevar os
níveis de saúde física, mental e social das pessoas de Terceira Idade, bem como colocar à
sua disposição programas de atividades particulares adaptados” (p. 46). Estas
experiências contribuíram para a formação de Centros de Pesquisa em Gerontologia
(PEIXOTO, 1997)

No Brasil, uma experiência pioneira nesse sentido se deu em 1977 no SESC/SP


com a criação da Escola Aberta para a Terceira Idade; em 1990, a PUC/Campinas criou
sua Universidade para a Terceira Idade; em 1993, a Universidade Estadual do Rio de
Janeiro criou a UnATI/UERJ. Na década de 90, estas experiências se multiplicaram por
vários estados brasileiros (PEIXOTO, 1997). Para VERAS:

Essas experiências de microuniversidades temáticas funcionam


como Centros de Convivência, minimizam a solidão, agrupam os
idosos em diversos tipos de atividades com a supervisão de
profissionais qualificados. Dentre as instituições públicas, a
Universidade é, no momento, a mais equipada para responder às
necessidades da população idosa. As Universidades para a Terceira
Idade podem se constituir num ponto de partida. Além de oferecer
atividades para os idosos no âmbito do ensino, cultura e lazer e
entre outros oferece também uma coorte para a pesquisa que
possibilita a produção do conhecimento e a formação profissional
(VERAS, 1995, p. 388).

O autor acrescenta que esses centros acabam se constituindo em espaços


privilegiados para as ações de prevenção com idosos, que diferem em muito dos modelos
de prevenção preconizados para os grupos mais jovens. No caso de pessoas idosas, as
atividades de prevenção buscam postergar o aparecimento das doenças e a instalação de
incapacidades associadas, tendo como seu principal objetivo melhorar a saúde e a
qualidade de vida dos idosos.

A exemplo de outras experiências aqui relatadas e em consonância com as


recomendações da Política Nacional do Idoso, foi criado em setembro de 1996, o Programa
Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade Federal de Pernambuco
(UnATI/UFPE). Trata-se de uma microuniversidade temática que aborda as questões do
envelhecimento através de atividades de ensino, pesquisa e extensão. Tem como objetivo
40

principal promover a integração universidade-idoso-comunidade, envolve vários


segmentos da comunidade universitária e da comunidade em geral (BARRETO, 1997).

Em relação às atividades de formação profissional, desenvolve-se o ensino sobre


envelhecimento, através da disciplina Gerontologia, ministrada pelo Departamento de
Terapia Ocupacional, com carga horária de 30 horas, de caráter eletivo e que portanto pode
ser cumprida por alunos e profissionais de todas as áreas do conhecimento que se
interessem pelo tema (BARRETO, 1997); de Grupos de Estudo Sobre Envelhecimento e
estágio curricular. Quanto às atividades de extensão, estas não se restringem aos cursos
livres oferecidos semestralmente aos idosos, estimula-se a participação nas mais variadas
atividades culturais e de lazer promovidas no Campus Universitário e também extra
Campus. No que se refere à produção do conhecimento, foram desenvolvidos vários
levantamentos sobre perfil social e de saúde dos idosos do Programa, que vêm sendo
apresentados em diversos eventos nacionais e internacionais; dois trabalhos de conclusão
de curso de alunos de outras IES; Projetos de Extensão dos Departamentos de Terapia
Ocupacional, Nutrição, Música e Odontologia e, até dezembro de 1999, deverão ser
concluídas duas dissertações de Mestrado sobre a UnATI/UFPE.*

A forma de ingresso ao Programa é bastante simplificada e vale salientar que os


cursos são públicos e gratuitos e não há exigência de nível de escolaridade. Cada idoso só
pode inscrever-se em um curso, uma vez que a demanda tem sido maior que a oferta,
porém uma vez freqüentando às aulas, caso haja alguma vaga disponível, essas são
novamente oferecidas de modo que aqueles que desejem possam freqüentar mais de um
curso. Ao ingressarem no Programa , os idosos recebem uma carteira de identificação de
aluno UnATI/UFPE, que lhes permite utilizar os diversos serviços oferecidos na
Universidade, como por exemplo, o uso das bibliotecas.*

Conta hoje com 14 docentes dos diversos Centros e Departamentos da UFPE, com
19 profissionais voluntários não vinculados à UFPE, 15 acadêmicos que atuam como
“monitores” no Programa e em torno de 530 idosos. O fato do Programa permitir que os
idosos freqüentem o Campus Universitário, coloca-os em contato com os alunos jovens e

*
Informações obtidas junto à Coordenação do Programa UnATI/UFPE em 1999.
41

essa convivência é importante pois deve-se ter cuidado para que essas iniciativas não sejam
segregadoras, mas sim proporcionadoras de convivência com seus pares e com outras
gerações.*

Atualmente, estão sendo oferecidas 32 turmas, distribuídas em 27 cursos, a saber:


relaxamento neuromuscular, natação, dinâmica dos corpos, hatha yoga, yoga para terceira
idade, iniciação ao sistema de biodanza, educação em saúde, bioenergética, primeiros
socorros no local do acidente, nutrição e envelhecimento, plantas medicinais conhecer para
melhor utilizar, segurança no lar, reciclagem de papel e encadernação artesanal, oficina de
artes, embalagem artesanal, papel vegetal, oficina de bijuteria, arte e criatividade, para
gostar de ler, redação: aspectos diversos, oficina literária, introdução ao estudo da língua
italiana, inglês, grupos interativos, técnicas de leitura, educação participativa e informática
básica.*

Ao longo de quase três anos de trabalho, contou-se com o apoio da Reitoria da


UFPE e de outros segmentos da comunidade universitária, a comunidade em geral tem
incentivado a continuar e diversificar as atividades, a UnATI/UFPE tem presença garantida
nos Fóruns locais e nacionais relacionados ao desenvolvimento das políticas públicas para
o idoso e em particular, da Política Nacional de Saúde do Idoso. A imprensa tem divulgado
constantemente o Programa, sempre de modo bastante positivo, funcionando como um
importante veículo de visibilidade para a questão do envelhecimento em nosso Estado. A
evasão observada é praticamente inexistente. Há um estímulo à participação mais efetiva
dos idosos, o que culminou na criação, em dezembro de 1998, da Associação dos Alunos
da UnATI/UFPE.*

Considerando o atual cenário de envelhecimento populacional no Brasil; as


dificuldades na captação e alocação de recursos públicos para atender às demandas de uma
população com necessidades tão polarizadas; a carência de estudos sobre a população idosa
no país e em particular na região Nordeste e, entendendo a Universidade enquanto espaço
potencial para responder a essas demandas, é que julgamos de muita valia uma
investigação com um grupo de idosos que freqüentam o Programa Universidade Aberta à
Terceira Idade em Pernambuco. Este Programa, por ser o único no Estado, permiti-nos

*
Informações obtidas junto à Coordenação do Programa UnATI/UFPE.
42

então, comparações com outros estudos realizados em outras Instituições de Ensino


Superior no Brasil e no exterior. O Programa de Pernambuco tem como característica uma
população formada por idosos a partir de 60 anos, o que difere de algumas experiências
análogas, que admitem pessoas com menos de 60 anos, por fim, enfatizamos que o estudo
aqui apresentado sobre perfil multidimensional de grupos de idosos que freqüentam
programas especiais destinados a idosos no Estado é inédito.

Temos consciência de que o universo de idosos aqui estudado, não possui


representação estatística da população idosa de Pernambuco, por várias razões: primeiro,
pelo quantitativo, pois comparado à população total de idosos do Estado, o número de
idosos do Programa é pequeno; segundo, por atrair basicamente idosos autônomos e
independentes, ou seja, com condições de decidir freqüentar uma experiência desse tipo e
poder fazê-lo independentemente; terceiro, por estar dentro de uma Universidade, impõe
uma seleção a priori em relação ao nível sócio-econômico e escolar. Porém, não
pretendemos aqui fazer generalizações, até porque, generalizações de estudos com
populações idosas, principalmente em um país como o Brasil, se constitui em um erro
metodológico, há que se considerar sua diversidade (VERAS, 1994). Pretendemos, pois,
contribuir com informações acerca de uma parcela particular de idosos que esperamos
possa somar-se a outras informações a fim de que possamos ir construindo o desenho do
idoso pernambucano. Segundo VERAS (1994) no Brasil, a exemplo de outros países
menos desenvolvidos, possuímos poucas informações sobre a população idosa.

Particularizando a investigação para os objetivos preconizados pelo Programa,


percebemos que esta torna-se então, fundamental. Para BERGER (1995), “em uma
proposta de trabalho educativo para o envelhecimento, na empresa, não se pode desprezar
ou ignorar as transformações demográficas, tecnológicas e pessoais. Conhecer as
características de uma população a ser trabalhada, é obrigatoriedade no sentido de se
elaborar uma abordagem adequada” (p. 56). Nesse sentido VERAS (1994), ressalta ainda
que, “esse conhecimento é essencial para o planejamento de estratégias visando
atendimento e intervenção, eficazes” (p. 51).

Imbuídos desse propósito, é que pretendemos conhecer do ponto de vista sócio-


epidemiológico, os idosos que freqüentam o Programa Universidade Aberta à Terceira
Idade (UnATI/UFPE). Acreditando que, conhecendo o perfil desse grupo será possível
43

uma aproximação da caracterização da população idosa que freqüenta programas especiais


a ela destinados em Pernambuco, podendo também nortear futuras experiências. Cremos
ainda, que este conhecimento subsidiará ações futuras para o Programa, embora este estudo
não investigue especificamente interesses, os resultados poderão apontar possibilidades
para a formulação de propostas. Para nós, esses propósitos, definem a relevância desse
estudo.
45

2. OBJETIVOS

Geral:

Traçar um perfil sócio-epidemiológico dos idosos que freqüentam o Programa


Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE).

Específicos:

1. Com o objetivo de traçar um perfil sócio-epidemiológico dos idosos da UnATI/UFPE,


pretendemos:

1.1 - Conhecer sua situação pessoal e familiar;

1.2 - Conhecer aspectos de sua condição econômica e social;

1.3 - Conhecer aspectos relativos à autonomia e independência funcional para o


desempenho das Atividades de Vida Diária (AVDs), bem como o modo de
ocupação do tempo livre;

1.4 - Conhecer a utilização de serviços de assistência médica e dentária.


47

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Tipo de Estudo

Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo de corte transversal no qual


realiza-se um censo, cujo conjunto dos dados é coletado no período compreendido de
março a setembro de 1998.

O estudo transversal, segundo ALMEIDA FILHO & ROQUAYROL (1993), tem


sido muito utilizado na epidemiologia moderna. O baixo custo e o alto potencial descritivo
proporcionados por esse tipo de estudo, são apontados como vantagens a serem
consideradas. Ainda, segundo os autores, podem ser identificados cinco subtipos de
estudos transversais, este estudo está definido como “estudos em populações especiais”, no
caso população de idosos.

3.2 População do Estudo

Neste estudo a população alvo está composta pelos idosos que freqüentaram o
Programa Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE), no ano de 1998.

Vimos como é difícil estabelecer um único critério para definir velhice, por isso
dentre os vários pontos de corte utilizados para tal, para os propósitos deste estudo
decidimos utilizar o critério cronológico, ou seja, são consideradas idosas neste estudo
todas as pessoas com 60 anos ou mais. Este critério além de facilitar a comparação dos
dados é o mais utilizado para fins de investigação e legislação pertinentes. Elegemos o
corte cronológico nos 60 anos por ser o mesmo preconizado pela Organização Mundial de
Saúde - OMS em 1982 (LA SALUD..., 1989) e por estar estabelecido para efeito legal no
Brasil, segundo a Lei Nº 8842 de janeiro de 1994 (BRASIL, 1994) que dispõe sobre a
Política Nacional do Idoso, onde é considerada idosa no país, a pessoa a partir dos 60 anos
de idade. Este corte estava definido a priori, uma vez que é requisito do Programa
UnATI/UFPE só aceitar pessoas a partir dos 60 anos, porém alguns poucos , no caso duas
48

pessoas, não tinham 60 anos e conseguiram inscrever-se no ano de 1998, estas foram
excluídas deste estudo.

Em relação ao universo do estudo, poderíamos ter optado por uma amostra, porém
avaliando a contribuição que seria dada em contrapartida ao Programa se realizássemos um
censo, decidimos então por fazê-lo, deixamos um banco de dados importante não apenas
para subsidiar o planejamento de ações para a UnATI/UFPE, mas também para a
realização de novos estudos.

A população estudada está composta por 358 idosos que freqüentaram o Programa
UnATI/UFPE no ano de 1998. Inicialmente foram contatados 369 idosos, porém onze
foram considerados perdas. Perda por recusa foram quatro. Tivemos também sete perdas
por não comparecimento do idoso no dia agendado para a entrevista, voltando a não
comparecer após novo agendamento. No total, as perdas representaram 2,68%.

3.3 Definição do Instrumento de Coleta de Dados

Decidimos por utilizar um instrumento já validado no Brasil. Os dados deste estudo


foram coletados através de inquérito utilizando-se um instrumento multidimensional, o
Brazil Old Age Schedule-BOAS (Anexo 3). Trata-se de um questionário estruturado onde é
possível investigar situação social e familiar, utilização de serviços de assistência de saúde,
desempenho nas atividades de vida diária, ocupação do tempo livre, recursos econômicos e
sociais, saúde física e mental. Setenta e oito perguntas distribuídas em nove seções
constituem o questionário. Para efeito deste estudo utilizamos as seções I, III, IV, V, VI e
VIII, num total de 58 perguntas, as referidas seções serão apresentadas abaixo.

Inicialmente, encontramos uma página de identificação contendo nome e endereço do


entrevistado como também, nome do entrevistador e a data da entrevista. No questionário,
encontramos muitas perguntas que são subdividas e se relacionam à pergunta principal.

• A seção I trata de informações gerais, é composta por 13 perguntas referentes ao sexo,


idade, alfabetização, educação formal e estado civil, a composição geral de onde a
49

pessoa idosa vive e o seu nível de satisfação com a vida; permite conhecer a situação
pessoal e familiar do idoso;

• A seção III investiga a utilização de Serviços Médicos e Dentários, são 15 perguntas


sobre o conhecimento e direitos de uso dos serviços, o uso real e qual o grau de
satisfação da parte do idoso com uma variação de serviços médicos e dentários.
Encontramos perguntas que visam estabelecer que ajuda ou assistência relacionada a
questões de saúde o idoso pode obter de sua família ou de outros. Também há
perguntas relativas aos tipos de auxílio para a vida ou dispositivos de apoio como
óculos, próteses auditivas e as dificuldades para conseguí-las e informações sobre uso
de medicamentos.

• A seção IV diz respeito às Atividades de Vida Diária – AVD, num total de seis
perguntas, sendo que a primeira se subdivide em 15 itens que em seu conjunto indicam
graus relativos de autonomia funcional para a realização de atividades da vida diária.
As demais perguntas objetivam constatar a existência de assistência real ou potencial
para estas atividades e identificar a pessoa que mais ajuda o idoso. Uma outra pergunta
também contendo 15 itens, busca avaliar a participação social e as atividades do idoso
em casa e na comunidade.

• A seção V sobre recursos sociais com seis perguntas objetiva buscar informações que
servirão para avaliar aspectos sociais da vida e dimensões da satisfação com a vida de
idoso, incluindo participação social, grau de isolamento social e padrões gerais de
interação familiar e atividades socioculturais;

• A seção VI trata de recursos econômicos, contem 17 perguntas a fim de obter


informações sobre a situação de emprego e/ou aposentadoria do idoso, relacionam-se à
situação de pensionistas e pessoas aposentadas, a idade na qual o idoso aposentou-se ou
tornou-se pensionista, e o(s) tipo(s) de pensão(ões) recebido(s). Encontramos questões
sobre propriedades e bens, condições habitacionais nas quais vive o idoso e o ambiente
local. Há ainda informações sobre fontes e montantes de renda pessoal e familiar, a
posição relativa do idoso em comparação com a dos tempos de juventude, e sua
opinião em relação à sua situação econômica geral em relação às necessidades básicas;
50

• A seção VIII refere-se às necessidades e problemas que afetam os idosos e com duas
perguntas que buscam uma indicação mais específica do tipo de necessidades
vivenciadas pelos idosos em suas vidas diárias, como são atendidas estas necessidades,
e os problemas que eles consideram mais importantes. Fornece informações sobre a
relação entre as atitudes dos idosos e uma avaliação objetiva das condições em que
vive.

Segundo refere VERAS (1994), até a década de 70 os estudos desenvolvidos com


idosos abordavam apenas um aspecto de suas vidas, é a partir do desenvolvimento nesta
década, do questionário elaborado por Gerda Fillenbaun, pesquisadora da Duke University,
onde propunha abordar várias dimensões da situação dos idosos, através de um
instrumento multidimensional, o Older Americans Resources and Services (OARS). Trata-
se do mais antigo questionário multidimensional em uso, tendo se constituído, segundo o
autor “no primeiro sistema integrado para avaliação de pessoas idosas na comunidade e
em ambientes residenciais. Quase certamente forneceu a base de muitos outros
questionários posteriores” (p. 62). Ainda segundo o autor, estes instrumentos buscam
investigar as principais dimensões da vida do idoso, como saúde física e mental, atividades
do dia-a-dia, e aspectos sociais e econômicos, permite realizar um diagnóstico global, um
perfil do idoso, mas não aprofunda um aspecto específico. Nesse sentido o autor aponta
algumas características de um questionário multidimensional para a terceira idade: é
composto de muitas variáveis (o que o torna um instrumento longo); por serem longos, são
em geral muito bem estruturados (com poucas perguntas abertas); por mais cuidadoso e
detalhado que seja, não pode entrar em minúcias e detalhes; oferece um formato no qual o
tempo exigido para conduzir a entrevista é aproximadamente fixo. “Uma vantagem
adicional de um instrumento altamente estruturado é que é apropriado para uso em uma
área onde os agentes de campo que coletarão os dados não serão suficientemente
experimentados ou altamente treinados para conduzir um questionário menos estruturado
que depende de intervenções especializadas por parte do entrevistador” (p. 56).

Um aspecto de muita relevância para o bem-estar do idoso é tratado na seção IV,


que se refere ao desempenho para a realização das atividades de vida díária (AVD),
possibilitando ao pesquisador obter um panorama do grau de autonomia e independência
do grupo investigado.
51

3.4 O Procedimento para a Coleta de Dados

Estando definidos a população alvo e o instrumento a ser utilizado, decidimos


coletar os dados através de inquérito. Passamos então, ao planejamento do trabalho de
campo.

Optamos por aplicar o questionário através de entrevista frente a frente. É a melhor


forma de aplicar um questionário, apesar de ser um procedimento caro e de exigir mais
tempo do pesquisador (VERAS, 1994). Porém, a realização das nossas entrevistas, não
contou com o impedimento financeiro de deslocamento dos entrevistadores, pois sendo
realizadas na UFPE, os idosos é que se deslocaram até o local da entrevista, o que
minimiza bastante o custo.

Quanto à escolha dos entrevistadores, utilizamos como critérios: ser monitor do


Programa; ter interesse por pesquisa e por fim ter disponibilidade de tempo para o trabalho
de campo no período pretendido. Os acadêmicos, em número de quatro, três da graduação
Terapia Ocupacional e um de Fisioterapia, com idade variando de 20 a 23 anos,
permaneceram do princípio ao fim no estudo.

O treinamento inicia-se com a apresentação dos objetivos do trabalho, em seguida


os entrevistadores entraram em contato com o questionário para que se familiarizassem
com o mesmo. Promovemos também um encontro dos bolsistas com o Professor
Orientador da dissertação para esclarecimentos e reforço do papel dos entrevistadores em
um estudo desse tipo. Iniciaram experimentando o instrumento através de entrevistas
simuladas a fim de esclarecer dúvidas no seu manuseio, realizamos entrevistas em
conjunto para comparação de compreensão de respostas e então após as primeiras
dezesseis entrevistas retomamos a avaliação dessa etapa e esclarecemos novas dúvidas que
surgiram, bem como, rediscutimos compreensão uniforme das respostas e reafirmamos
padrões a serem seguidos por todos. O trabalho de campo prosseguiu e os encontros de
supervisão eram agendados de acordo com o quantitativo de entrevistas realizadas, não
ultrapassando mais de duas semanas.

Inicialmente as entrevistas foram agendadas, por telefone, de acordo com o horário


disponível dos entrevistadores nos dias e locais onde os idosos tinham aula, de modo a
52

facilitar para que o mesmo não necessitasse se deslocar mais de uma vez na semana à
UFPE. A entrevista seria realizada ou no início ou no final da aula. Começamos a observar
alguns problemas com essa estratégia nos cursos que terminavam às 17h, devido ao horário
dos transportes, pois tornava-se inconveniente este horário para que retornassem às suas
residências. As entrevistas passaram então a ser agendadas para a sede administrativa do
Programa e a resposta foi positiva.

Sendo assim, prosseguimos com o trabalho de modo muito intenso da segunda


quinzena de abril até a primeira quinzena de junho de 1998, após esse período houve uma
redução do ritmo o qual atribuímos, inicialmente, às festividades do período junino* na
segunda quinzena de junho; em julho alguns idosos viajam de férias. Após alguns ajustes
retornamos às entrevistas tendo sido concluído o trabalho de campo em setembro de 1998.

3.5 Alguns conceitos importantes

A seguir, conceituaremos alguns termos que julgamos importantes serem definidos


neste estudo.

• Atividades de Vida Diária (AVD): referem-se às atividades relacionadas aos cuidados


pessoais: alimentar-se, tomar banho, vestir-se, usar vaso sanitário e à capacidade de se
movimentar de forma independente: deambular, levantar-se e deitar-se da cama ou da
cadeira, locomoção em geral (WILLIANS, 1997). Indicam o nível mínimo de
capacidade que tem o indivíduo de autocuidar-se.

• Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD): referem-se às atividades relacionadas


à administração do ambiente de vida, e estabelece relação entre o domicílio e o meio
externo. As atividades referidas são por exemplo: comprar e preparar alimentação,
administrar uso de medicação, administrar finanças, cuidar da limpeza da casa e da
lavagem das roupas, sair de casa para atividades diversas (necessidades pessoais e/ou
domésticas e de lazer), usar transportes, telefone entre outras (WILLIANS, 1997). São
de cunho menos pessoal que as AVDs e com maior nível de complexidade.

*
Em Pernambuco esta data faz parte do calendário religioso e cultural, havendo portanto, feriado local.
53

• Autonomia: Capacidade e direito do indivíduo poder eleger, ele mesmo, as regras de


sua conduta, a orientação de seus atos e os riscos que está disposto a correr, além da
possibilidade de realizar suas atividades sem ajuda de terceiros (VIEIRA, 1996).

• Independência: estado ou condição de quem é independente, bem-estar, restituição ou


aquisição de autonomia (FERREIRA, 1986).

• Capacidade funcional: Conceito novo de saúde que particularmente para idosos é


relevante pois mostra que saúde é a manutenção plena das habilidades físicas e
mentais, desenvolvidas ao longo da vida, necessárias e suficientes para a manutenção
de uma vida independente e autônoma (VIEIRA, 1996).
55

4. – RESULTADOS

Para dar consecução aos objetivos anteriormente propostos, passamos a expressar


os resultados do Censo realizado com 358 idosos da UnATI/UFPE por seção específica,
conforme descrito na metodologia. Portanto os percentuais apresentados neste item serão
referentes ao número de idosos entrevistados.

4.1. Informações Gerais – Seção I

O Gráfico 2 refere-se à distribuição por sexo, dos participantes da UnATI/UFPE em


1998. É marcante a diferença. As mulheres (308) representam 86,00% do total; enquanto
os homens (50), representam 14,00%.

Gráfico 2 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


ao Sexo. Recife, 1998.

14,00%

86,00%
Masc. Fem.

Em relação à idade observamos que a maioria encontra-se na faixa etária entre 60 e


69 anos de idade, inclusive podemos ver na distribuição etária, por nós proposta que, tanto
nas faixas dos 60-64 anos e 65-69 anos o percentual de idosos quase se equivale, com
36,31% e 35,75%, respectivamente, totalizando portanto 72,06%. (Gráfico 3)
56

Gráfico 3 – Distribuição do Idosos da UnATI/UFPE em Relação


à Faixa Etária. Recife, 1998.

36,31% 35,75%
40,00%
35,00%
30,00%
20,95%
25,00%
20,00%
15,00%
5,59% 1,40%
10,00%
5,00%
0,00%
60-64 65-69 70-74 75-79 80 e +

Quando estabelecemos uma relação entre sexo e idade, observamos que os


resultados apontam no geral para um equilíbrio na representação percentual por faixa etária
entre homens e mulheres. O Gráfico 4 demonstra que 72,00% dos homens (36) e das
mulheres (222) deste estudo, estão na faixa dos 60 aos 69 anos de idade; 24,00% dos
homens (12) e 26,94% das mulheres (83) encontram-se na faixa dos 70 aos 79 anos; já na
faixa dos 80 anos e mais é possível notar uma diferença mais marcante, 4,00% dos homens
(2) e apenas 0,97% das mulheres (3) encontram-se nesta faixa etária.

Gráfico 4 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


ao Sexo e à Faixa Etária. Recife, 1998.

80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
60-69 70-79 80 e +

Homens Mulheres

Entre os entrevistados, há uma predominância de nascidos na região Nordeste, entre


estes, 80,30% são pernambucanos. Existe estabilidade quanto à cidade de residência, onde
96,92% dos idosos residem há mais de dez anos na mesma cidade.

De Recife procedem 82,12%, dos 358 idosos do Programa; seguidos de 12,30%


procedentes de Olinda; 3,63%, de Jaboatão dos Guararapes e 1,95% restantes distribuem-
57

se entre 3 cidades a saber, Abreu e Lima, Paulista e Igarassu na Região Metropolitana do


Recife. (Gráfico 5).

Gráfico 5 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


à Cidade de Procedência. Recife, 1998.

PLT / IGS/ A e L 1,95%

Jaboatão 3,63%

O linda 12,30%

Recife 82,12%

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%

Com relação aos bairros de procedência dos entrevistados, os mais representados


foram: Boa Viagem, com 11,73% dos idosos; Cordeiro, com 6,14%; Engenho do Meio e
Iputinga, ambos com 5,87%; Jardim São Paulo, com 5,58%; Cidade Universitária e Ipsep,
com 3,91% cada; Rio Doce, com 3,07% e Jardim Atlântico e Madalena, com 2,80% cada.
(Gráfico 6)

Gráfico 6 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


ao Bairro de Procedência. Recife, 1998

2,80%
3,07%
11,73%
3,91%

5,58%

6,14%
5,87%
BV CRD EM / IPTG Jd SP CDU / IPSEP RD Jd AT / MD

No que se refere à escolaridade, apenas um baixíssimo percentual de idosos, 0,56%,


afirmam não saber ler nem escrever; enquanto 99,44%, referem ser alfabetizado, cuja
distribuição por níveis observamos no Gráfico 7. É possível verificar um nível escolar alto
entre os entrevistados, onde 33,52% possuem 2 º grau e 29,05% nível superior.
58

Gráfico 7 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


ao Nível de Escolaridade. Recife, 1998.

33,52%

35,00% 29,05%
30,00%
19,55%
25,00%
13,13%
20,00%
15,00% 3,91%
10,00%
5,00%
0,00%
2o.Grau Superior Primário Ginasial Primário
Comp. Incomp.

Estabelecendo uma relação entre o sexo e o nível de escolaridade dos idosos aqui
estudados, notamos que entre as mulheres (2) 0,64% referem não saber ler nem escrever,
enquanto que entre os homens não é referido analfabetismo. Entre os homens (5) 10,00%
possuem o primário completo, (27) 54,00% o segundo grau e (15) 30,00% o nível superior,
entre as mulheres esses valores são (64) 20,77%, (144) 46,75% e (88) 28,57%,
respectivamente (Gráfico 8).

Gráfico 8 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


ao Sexo e o Nível de Escolaridade. Recife, 1998.

60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
.

.
lf.

u
.
m

up
om

ra
na

co

S
G
r .C
A

In

.
2o
r.

P
P

Mulheres Homens

Quanto ao estado conjugal podemos observar como demonstra o Gráfico 9, que a


maioria dos idosos encontra-se entre viúvos, com 39,40% e casados, com 35,50%. Os
resultados apontam também para casamentos duradouros, (onde 86,61% dos idosos que
estão casados e/ou morando juntos, o faz há mais de trinta anos.)
59

Gráfico 9 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


ao Estado Conjugal. Recife, 1998.

Divorciado 10,30%

Viúvo 39,40%

Cas ado 35,50%

14,80%
Ñ Casou

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00%

Relacionando os dados referentes ao estado conjugal e ao sexo dos idosos da


UnATI/UFPE, encontramos resultados que apontam diferenças importantes. Entre as 308
mulheres observamos que (137) 44,48% são viúvas, enquanto apenas (4) 8,00% dos
homens são viúvos; (83) 26,94% das mulheres são casadas e (225) 73.06% não referem
companhia conjugal. Entre os homens encontramos que (41) 82,00% são casados; os
números se equivalem quanto aos divórcios, temos (5) 10,00% para os homens e (36)
11,69% para as mulheres e entre os 14 idosos que referem nunca terem casado, todos são
mulheres, representando 14,80% do total. (Gráfico 10)

Gráfico 10 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


ao Sexo e ao Estado Conjugal.

100,00%

80,00%

60,00%

40,00%

20,00%

0,00%
casado nunca vúivo divorciado
casou
Homens Mulheres

Perguntados sobre o fato de terem ou não tido filhos, 83,50% afirmam que sim.
Notamos muita semelhança quanto ao número de filhos, bem como em relação à
distribuição por sexo. A média verificada é de dois filhos e/ou filhas por idoso. Temos,
portanto, em relação ao número total de filhos, uma média de quatro filhos por idoso.
(Gráfico 11).
60

Gráfico 11 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao


Número de Filhos, Filhas e Número Total de Filhos. Recife, 1998

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%
Um 2a3 4a5 6 e mais

Filha Filho Total

No que se refere ao arranjo domiciliar verificamos que os entrevistados residem em


média com duas pessoas. No Gráfico 12, observamos que 52,89% dos entrevistados
moram com 2 a 5 pessoas; 24,02%, moram com uma pessoa e 15,92%, moram sós. Entre
os idosos que moram sós é possível apontar uma diferença entre sexo e arranjo domiciliar,
entre as mulheres (54) 17,53% moram sós, enquanto que entre os homens esse valor é de
(3) 6,00%.

Gráfico 12 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


ao Arranjo Domiciliar. Recife, 1998.

6,42%
15,92%

24,02%
52,80%

Mora Só Uma 2a5 6 a 10 Mais de 10

Abaixo, na Tabela 1, podemos observar quem são as pessoas com as quais os


idosos residem. É possível identificar a seguinte distribuição: 36,00% moram com filhas;
34,40% com cônjuge; 32,10% com filhos. Vemos ainda que 22,30% moram na companhia
de netos, ou seja, com uma terceira geração.
61

Tabela 1. Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


ao Grau de Parentesco entre o Idoso e as Pessoas com as quais Reside. Recife – 1998

QUEM SIM % NÃO % NA* % TOTAL %


Cônjuge 123 34,40 178 49,70 57 15,90 358 100,00
Pais 7 2,00 294 82,10 57 15,90 358 100,00
Filhos 115 32,10 186 52,00 57 15,90 358 100,00
Filhas 129 36,00 172 48,00 57 15,90 358 100,00
Irmãos 36 10,10 265 74,00 57 15,90 358 100,00
Netos 80 22,30 221 61,70 57 15,90 358 100,00
Outro familiar 65 18,20 236 65,90 57 15,90 358 100,00
Outro ñ parente 65 18,20 236 65,90 57 15,90 358 100,00
*NA (não se aplica)

Esta seção termina questionando os entrevistados sobre como eles se sentem em


relação às suas vidas em geral. Os resultados apontam um elevado grau de satisfação, onde
(319) 89,10% dizem-se satisfeitos. (Gráfico 13)

Gráfico 13 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


à Satisfação com a Vida em Geral. Recife, 1998.

10,90%

89,10%

Satisfeito Insatisfeito

Entre os motivos citados pelos (39) 10,90% de idosos que se disseram insatisfeitos
com suas vidas, os mais referidos foram: solidão, falta de autonomia, desvalorização do
povo brasileiro por parte dos órgãos públicos e uma insatisfação geral sem apontar um
motivo específico.

Quando relacionamos sexo e satisfação com a vida em geral observamos que as


mulheres deste estudo, mostram-se mais satisfeitas com suas vidas que os homens. Entre as
308 idosas, 31 dizem-se insatisfeitas representando 10,60%; já entre os 50 homens, 8
referem insatisfação representando 16,00%. (Gráfico 14)
62

Gráfico 14 - Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


ao Sexo e à Satisfação com Vida em Geral.

100,00%

80,00%

60,00%

40,00%

20,00%

0,00%
satisafeito insatisfeito
homem mulher

4.2. Utilização de Serviços Médicos e Dentários - Seção III

No quesito utilização de serviços médicos, a maioria dos entrevistados, 69,00%,


está composta por idosos usuários de plano e/ou seguro de saúde privado; 23,18% são
usuários do serviço público; 4,19%; procuram médicos ou clínicas particulares e 3,35%
referem outro tipo de procura como por exemplo, parentes médicos. É notório o alto
quantitativo de idosos que utilizam serviço médico privado, sendo um total de 73,19%.
(Gráfico 15)

Gráfico 15 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


à Utilização dos Serviços Médicos. Recife, 1998.

69,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00% 23,18%
30,00%
20,00% 4,19% 3,35%
10,00%
0,00%
Plan/Saúde Público Particular Outros

Sobre a utilização de serviços de saúde, levantamos a freqüência de uso de alguns


tipos de serviços médicos, pelos idosos, nos últimos três meses, cujos resultados estão
demonstrados na Tabela 2. As perguntas são complementadas de modo a saber se o idoso
utilizou os serviços referidos mais de uma vez. Verificamos que foram utilizados mais de
uma vez as consultas médicas e os exames clínicos.
63

Tabela 2 –Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


à Freqüência de Uso de Alguns Serviços Médicos nos Últimos Três Meses. Recife – 1998

SERVIÇO SIM % NÃO % TOTAL %


Consultou Médico/consultório/casa 279 77,90 79 22,10 358 100,00
Exames clínicos 236 65,90 122 34,10 358 100,00
Tratamento fisioterápico 32 8,90 326 91,10 358 100,00
Socorrido de emergência 34 9,50 324 90,50 358 100,00
Hosp. Clínica p/ receber medicação 33 9,20 325 90,80 358 100,00
Internado em hospital ou clínica 13 3,60 345 96,40 358 100,00
Foi ao Dentista 85 23,70 273 76,30 358 100,00

Perguntados sobre a satisfação em relação aos serviços médicos que costumam


utilizar, observamos que 88,55%, demonstram satisfação; enquanto (37) 10,33%, referem
insatisfação; dentre estes, (20) 54,06% são usuários de serviço público de saúde; (12)
32,43%, de plano e/ou seguro de saúde privado e (4) 10,81% procuram médico e /ou
serviço particular. (Gráfico 16)

Gráfico 16 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


à Satisfação na Utilização de Serviços Médicos. Recife, 1998.

10,33%

88,55%

Satisfeito Insatisfeito

Ainda em relação à utilização dos serviços médicos, perguntamos os problemas que


mais desagradam aos entrevistados quando da utilização desses serviços. O tempo de
espera para ser atendido no consultório representa a queixa de 21,22%; a demora para a
marcação de consultas/exames 12,84% e 9,77% referem outros motivos que quando
qualificados, permitiu-nos observar que estes outros motivos referidos manifestam-se
através de: burocracia, falta de confiança no sistema e nos procedimentos médicos, medo
da medicação falsificada, dificuldades e receio em realizar alguns exames.
64

No que se refere à utilização de serviços dentários, por parte dos entrevistados, os


resultados no Gráfico 17 demonstram que 42,50% utilizam serviço particular; 17,30%
plano e/ou seguro saúde privado; 5,90% utilizam serviço odontológico público. Entre os
usuários destes serviços, há um bom nível de satisfação, onde 66,80% dizem-se satisfeitos.
Observamos ainda que 5,90%, fazem referência a outras opções entre as quais destacamos:
filho dentista, dentista amigo da família, entre outras. Por fim, verificamos que 26,80% dos
idosos não têm procurado serviços odontológicos.

Gráfico 17 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


à Utilização de Serviços Dentários. Recife, 1998.

5,90% 5,90%

17,30%

42,50%

26,80%

Particular Ñ tem procurado Plan.Saúde Público Outros

Em relação à utilização de órteses e/ou próteses, ou seja, ajuda/apoio, observamos


na Tabela 3, que 94,70%, utilizam óculos e/ou lente de contato e 88,80%, utilizam
dentadura, ponte e/ou dente postiço. Questionados sobre a necessidade de trocar essas
ajudas/apoios, 39,10% referem necessidade de trocar as dentárias; 39,4% as visuais e
apenas 0,60% as ajudas auditivas. Observamos ainda, que os idosos do Programa são
independentes quanto à deambulação, uma vez que não referem necessidade de utilizar
ajuda técnica do tipo bengala, muleta e cadeira de rodas.
65

Tabela 3 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


à Utilização de Ajudas/Apoios. Recife – 1998

AJUDA/APOIO SIM % NÃO % TOTAL %


Dente postiço, dentadura, ponte 318 88,80 40 11,20 358 100,00
Óculos ou lente de contato 339 94,70 19 5,30 358 100,00
Aparelho p/ surdez 8 2,20 350 97,80 358 100,00
Bengala 1 0,30 357 99,70 358 100,00
Muleta --- --- 358 100,00 358 100,00
Cadeira de Rodas --- --- 358 100,00 358 100,00
Outros 4 1,10 354 98,90 358 100,00

Sobre o uso de remédios, 80,70% dos idosos referem tomar medicação. Destes,
77,40% dizem que esta é prescrita por um médico e 47,50% não declaram dificuldade em
obtê-la. Para os que têm alguma dificuldade, o fator econômico é a principal.(Gráfico 18)

Gráfico 18 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


à Utilização de Medicamentos. Recife – 1998

19,30%

80,70%

Uiliza Não Utiliza

Não observamos diferença importante quanto ao uso de medicação e gênero. Entre


os 50 homens (40) 80,00% fazem uso de medicação e entre as 308 mulheres (249) 88,85%.

Quando perguntamos aos idosos se, caso viessem a ficar doentes ou incapacitados,
que pessoa poderia dispensar-lhes “cuidados”, a maioria, 38,30%, acredita ser a filha;
16,50% o cônjuge; 14,00% acreditam que poderia ser uma outra pessoa da família que não
cônjuge e filhos; 13,40%, acreditam que podem contar com os filhos e 10,60%, acreditam
poder contar com alguém fora da família, por exemplo: um profissional de enfermagem
(enfermeiros ou auxiliares) ou ainda um leigo. Essas pessoas seriam contratadas.
Observamos ainda que 4,20% dos idosos referem não poder contar com ninguém e 3,10%
66

não respondem, ou seja, 7,30% dos idosos deste estudo não sabem com quem contar em
caso de uma necessidade desse tipo. (Gráfico 19)

Gráfico 19 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


a Pessoas que Poderiam Cuidá-los em Caso de Doença e/ou Incapacidade. Recife, 1998

4,20% 3,00%
10,60%
38,30%

13,40%

14,00%
16,50%

Filha Conjugue Outro Fam. Filho Outro ñ Fam. Nenhuma NS/NR

Relacionando sexo e dificuldade em identificar “cuidadores potenciais”,


observamos, neste estudo, que esta apresenta-se apenas para as mulheres. Entre as 308
idosas entrevistadas 8,44% não sabem com quem contar em caso de doença e/ou
incapacidade.

4.3. Atividades de Vida Diária (AVD) – Seção IV

Os resultados que se seguem demonstram um panorama do grau de autonomia e


independência dos entrevistados no desempenho das Atividades da Vida Diária (AVD).

Os idosos entrevistados são autônomos e independentes, uma vez que para a


maioria das atividades listadas, mais de 90,00% deles referem-se com capacidade para
desempenhá-las sem ajuda. Sendo a única exceção, cortar as unhas dos pés, onde 14,20%
declaram-se incapazes para fazê-lo sozinhos. Em relação a essa dificuldade, o percentual
de homens e de mulheres que a referem se equivale, estando em torno dos 12,00% para
ambos os sexos, porém os homens que a apresentam têm mais de 70 anos, enquanto que as
mulheres com dificuldade para cortar as unhas dos pés sem ajuda, estão entre os 60 e os 69
anos de idade. Considerando condições mínimas de autonomia e independência, com baixo
nível de complexidade, como tarefas do tipo: comer sua comida, vestir-se sozinho, pentear
67

e escovar seus cabelos, deitar e levantar da cama sozinho, 100,00% dos idosos, dizem-se
capaz para realizá-las sem ajuda. (Tabela 4)

Tabela 4 –Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao Grau de


Autonomia e Independência no Desempenho das Atividades da Vida Diária (AVD). Recife, 1998.

ATIVIDADES SIM % NÃO % NA* % TOTAL %


Sair p/ média distância - necessita transporte 349 97,50 9 2,50 --- --- 358 100,00
Sair p/ pequena distância – compra/armazém 353 98,60 5 1,40 --- --- 358 100,00
Preparar sua própria refeição 345 96,40 13 3,60 --- --- 358 100,00
Realizar atividade doméstica – manter/ordem 334 93,30 24 6,70 --- --- 358 100,00
Tomar seus remédios 350 97,80 4 1,10 4 1,10 358 100,00
Comer sua comida 358 100,00 --- --- --- --- 358 100,00
Vestir-se sozinho 358 100,00 --- --- --- --- 358 100,00
Pentear / escovar seus cabelos 358 100,00 --- --- --- --- 358 100,00
Caminhar em superfície plana 357 99,70 1 0,30 --- --- 358 100,00
Subir escadas 343 95,80 15 4,20 --- --- 358 100,00
Deitar e levantar da cama sozinho 358 100,00 --- --- --- --- 358 100,00
Tomar banho sozinho 357 99,70 1 0,30 --- --- 358 100,00
Cortar as unhas dos pés 307 85,80 51 14,20 --- --- 358 100,00
Pegar ônibus 347 96,90 11 3,10 --- --- 358 100,00
Ir ao banheiro em tempo 354 98,90 4 1,10 --- --- 358 100,00
*acrescentamos a categoria NA(não se aplica) para atender a resposta “não tomo remédios”,

Questionados se há alguém que os ajude na realização das tarefas domésticas,


77,70% referem que sim. Entre as pessoas que ajudam a mais citada é a faxineira, outra
categoria referida é a de moças que são como filhas de criação que já moram com os
entrevistados há muito tempo.

Ao estabelecermos uma relação entre o desempenho para AVDs, observamos que


no item “preparar sua própria refeição”, entre as 13 pessoas que referem não fazê-lo sem
ajuda, 8 são homens e 5 são mulheres, portanto 16,00% dos homens não se acham em
condições de preparar sua própria refeição sozinhos; enquanto que entre as mulheres este
número é de apenas 1,62%, refletindo mais uma vez a diferença de gênero entre este grupo.
Em relação ao item “realizar atividades domésticas / manter a casa em ordem” também
observamos diferenças entre os homens e as mulheres. Dos 24 idosos que referem não
realizarem esta atividade sem ajuda, 6 são homens e 18 são mulheres, logo temos que
68

12,00% dos homens apresentam dificuldade para a realização desta atividade e apenas
5,84% entre as mulheres.

Quando verificamos o nível de sociabilização e ocupação do tempo livre,


observamos que este é bom e que a ocupação do tempo é adequada, uma vez que a maior
parte dos idosos, refere realizar quase todas as tarefas listadas. No entanto, nas atividades
relacionadas à prática esportiva, 93,90% declaram não praticarem esportes e 87,20% dizem
não comparecerem a eventos esportivos. (Tabela 5).

Tabela 5 –Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


às Atividades Realizadas no Tempo livre. Recife, 1998.

ATIVIDADES SIM % NÃO % NS/NR* % TOTAL %


Ouvir rádio 262 73,20 96 26,80 --- --- 358 100,00
Assistir a televisão 337 94,10 21 5,90 --- --- 358 100,00
Ler jornal 291 81,30 67 18,70 --- --- 358 100,00
Ler revistas e livros 294 82,10 64 17,90 --- --- 358 100,00
Receber visitas 305 85,20 53 14,80 --- --- 358 100,00
Ir ao cinema, teatro, etc. 161 45,00 197 55,00 --- --- 358 100,00
Andar pelo seu bairro 311 86,90 47 13,10 --- --- 358 100,00
Ir à igreja (serviços religiosos) 307 85,80 50 14,00 1 0,30 358 100,00
Ir a jogos (esportes) 46 12,80 312 87,20 --- --- 358 100,00
Participar de jogos (esportes) 22 6,10 336 93,90 --- --- 358 100,00
Fazer as compras 344 96,10 14 3,90 --- --- 358 100,00
Sair para visitar os amigos 306 85,50 52 14,50 --- --- 358 100,00
Sair para visitar os parentes 321 89,70 37 10,30 --- --- 358 100,00
Sair / passeio longo (excursão) 256 71,50 102 28,50 --- --- 358 100,00
Sair/encontro social/comunitário 247 69,00 111 31,00 --- --- 358 100,00
Coser, bordar, tricotar 208 58,10 150 41,90 --- --- 358 100,00
Ativid/distr: cartas, xadrez, jardim 154 43,00 204 57,00 --- --- 358 100,00
Outros (especificar) 223 62,50 134 37,50 --- --- 358 100,00
* NS/NR (não sabe/não respondeu)

Os idosos que se mostram satisfeitos com a ocupação do seu tempo livre


representam 91,10%. Os 8,90% que referem insatisfação na utilização desse tempo,
justificam sua resposta dizendo-se pouco motivados e sentindo falta de mais atividades,
inclusive de lazer.
69

4. Recursos Sociais – Seção V

Aqui os resultados demonstram como se dá a interação social dos entrevistados e


nos permite verificar que esta é adequada, onde 78,80% dos idosos mostram-se satisfeitos
com o relacionamento mantido com as pessoas com as quais residem; 87,20% estão
satisfeitos quanto ao relacionamento com vizinhos, e onde mais observamos satisfação é na
relação com os amigos, onde 97,50%, dizem-se satisfeitos. (Gráfico 20)

Gráfico 20 –Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


à Convivência com as Pessoas com quem residem, com amigos e vizinhos. Recife, 1998

100,00% 97,50%
78,80% 87,20%
80,00%

60,00%

40,00%
5,30% 1,10% 4,70%
20,00%

0,00%
Com quem Amigos Vizinhos
residem
Satisfeito Insatisfeito

Quanto ao tipo de assistência que a família oferece ao idoso, observamos que, de


modo geral, não há dependência dos entrevistados em relação aos seus familiares. Mais
importante do que o aspecto financeiro e de moradia, onde 69,60% e 78,50%,
respectivamente, não dependem da família, foi referido pela maioria dos idosos, 75,40%, a
companhia e cuidado pessoal, como o aspecto onde os familiares fazem-se mais presentes.
(Tabela 6).

Tabela 6 –Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


à Assistência Oferecida pela Família ao Idoso. Recife, 1998.

Tipo de Assistência Sim % Não % NS/NR* % Total %


Dinheiro 108 30,20 249 69,60 1 0,30 358 100,00
Moradia 76 21,20 281 78,50 1 0,30 358 100,00
Companhia/Cuidado Pessoal 270 75,40 87 24,30 1 0,30 358 100,00
Outro tipo de cuidado Assistência 105 29,30 252 70,40 1 0,30 358 100,00
* NS/NR (não sabe/não respondeu)
70

Quando questionamos os entrevistados sobre que tipo de assistência oferecem à


família, os resultados demonstram que estes referem-se como provedores em potencial de
seus familiares. O item companhia e cuidado pessoal aparece com 86,90%; seguido de
assistência financeira, com 61,20% e moradia com, 57,80%. Outro item aparece
demonstrando um tipo de ajuda que em geral os idosos oferecem - cuidar de criança - com
37,40%, é um percentual elevado e denota esse papel desempenhado pelo idoso na família.
(Tabela 7)

Tabela 7 –Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


à Assistência que o Idoso Oferece à Família. Recife, 1998.

Tipo de Assistência Sim % Não % NS/NR* % Total %


Dinheiro 219 61,20 138 38,50 1 0,30 358 100,00
Moradia 207 57,80 150 41,90 1 0,30 358 100,00
Companhia/cuidado pessoal 311 86,90 46 12,80 1 0,30 358 100,00
Cuidar de criança 134 37,40 223 62,30 1 0,30 358 100,00
Outro tipo de cuidado/assistência 99 27,70 258 72,10 1 0,30 358 100,00
* NS/NR (não sabe/não respondeu)

Finalizando essa seção perguntamos aos idosos sobre as visitas que haviam
recebido na última semana. A maioria dos idosos costuma receber visita de amigos e
familiares, principalmente dos filhos. (Gráfico 21)

Gráfico 21 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


às Visitas Recebidas na Última Semana. Recife, 1998.

100,00%
69,30%
80,00% 63,40% 56,70%
60,00%

40,00%

20,00% 10,10%

0,00%
Viz/Amigos Filhos Outro Fam. Outros

Sim Não
71

4.5. Recursos Econômicos – Seção VI.

Nesta seção serão mostrados os resultados referentes aos aspectos econômicos tais
como: tipo de trabalho desenvolvido, tempo de trabalho, idade que começou a trabalhar e
há quanto tempo parou, fonte de renda, valor da renda do idoso e da família e algumas
informações sobre o domicílio.

Quando perguntados sobre o tipo de trabalho que realizaram por mais tempo em
suas vidas, é possível observar nos resultados expressos no Gráfico 22, que o trabalho de
dona de casa foi o mais referido, com 34,40%; professor veio em seguida com 14,20%;
funcionário público aparece com 9,80%; costureira representa 5,30% e função
administrativa no setor privado representa 5,02%.

Gráfico 22 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação ao


Tipo de Trabalho que Realizaram por Mais Tempo em Suas Vidas. Recife, 1998.

Adm. Privado 5,02%


Costureira 5,30%
Func. Publ. 9,80%
Professor 14,20% 31,28%
Outros
34,40%
Do Lar
0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00%

Quando relacionamos sexo e profissão observamos um arranjo bem distinto daquele


apresentado anteriormente para o grupo como um todo. Entre as 308 mulheres, 39,40%
referem ser dona de casa; a profissão de professora aparece em seguida com 15,25%, para
os 50 homens o percentual de professor é de 4%; costureira representa 5,30% entre
mulheres.

Com relação à quantidade de anos trabalhados a maior parte dos entrevistados,


26,81%, trabalhou de 21 a 30 anos; 18,99% trabalharam de 31 a 40 anos; 8,65%, trabalham
de 10 a 20 anos e 6,14%, trabalharam de 41 a 50 anos. (Gráfico 23)
72

Gráfico 23 –Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


ao Tempo de Trabalho Durante a Vida. Recife, 1998

1,67% 2,23%
6,14% 8,65%

18,99% 26,81%

Até 10a. 11 a 20a. 21 a 30a 31 a 40a. 41 a 50a. Mais de 50a.

Sobre a idade em que começaram a trabalhar, observamos que 39,94% iniciaram


atividade de trabalho entre os 10 e 19 anos de idade; 16,48%, entre os 20 e 29 anos; nos
extremos encontramos 5,02% que começaram a trabalhar a partir dos 30 anos e 3,07% que
iniciaram antes dos 10 anos de idade.(Gráfico 24)

Gráfico 24 –Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


à Idade em que Começaram a Trabalhar. Recife, 1998

Menos de 10a. 3,07%

30 e mais 5,02%
16,48%
20 a 29a.
39,94%
10 a 19a.

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00%

Quanto à idade em que pararam de trabalhar, verificamos que a maioria dos idosos,
15,36%, parou entre os 55 e 59 anos; 13,41% é o percentual referente tanto àqueles que
pararam entre os 50 e 54 anos quanto dos que ainda trabalham; 9,22% pararam entre os 60
e 64 anos e apenas 2,51% pararam de trabalhar após os 70 anos de idade. (Gráfico 25)
73

Gráfico 25 –Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


à Idade em que Pararam de Trabalhar. Recife, 1998

16,00%
14,00%
12,00%
10,00%
8,00%
6,00%
4,00%
2,00%
0,00%

Maisde 70a.
Ainda Trab.
55 a 59a.

50 a 54a.

60 a 64a.

65 a 69a.

45 a 49a.

Antes-45a.
Os resultados em relação à renda demonstram que apenas (17) 4,74% dos
entrevistados referem não ter renda própria e todas são mulheres. Entre aqueles que
possuem renda, 66,80% recebem aposentadoria e 38,30%, pensão do cônjuge.
Questionados se essa renda é suficiente para suprir suas despesas, as respostas positivas e
negativas se equivalem, 43,90% dizem que sim e 42,50% que não.

Quando utilizamos o Salário Mínimo como parâmetro para expressar a distribuição


da renda do idoso, verificamos que entre os 337 idosos que referiram ter rendimentos, a
maior parte dos entrevistados, 27,89%, percebe de 7 a 10 salários mínimos; 24,33% de 4 a
6; 18,40 % de 1 a 3 e nos extremos encontramos 6,53% percebendo menos de um salário
mínimo e 6,23% mais de 20. (Tabela 8).

Tabela 8 –Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE, que Possuem Renda,


Tomando como Parâmetro o Salário Mínimo. Recife, 1998

Salário(s) Mínimo Total %


Menos de Um 22 6,53
1a3 62 18,40
4a6 82 24,33
7 a 10 94 27,89
11 a 15 31 9,20
16 a 20 25 7,42
Mais de 20 21 6,23
Total 337 100,00

O mesmo critério acima utilizamos para a distribuição da renda familiar e


observamos que 25,78 % dos idosos referem renda familiar entre 7 e 10 salários mínimos;
74

18,21%, renda familiar acima de 20 salários mínimos e apenas 6,19% declaram renda
familiar inferior a um salário mínimo. (Tabela 9)

Tabela 9–Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Renda das 291


Famílias que a Possuem, Tomando como Parâmetro o salário mínimo. Recife, 1998

Salário(s) Mínimo Total %


Menos de Um 18 6,19
1a3 15 5,15
4a6 41 14,09
7 a 10 75 25,78
11 a 15 44 15,12
16 a 20 45 15,46
Mais de 20 53 18,21
Total 337 100,00

As condições do domicílio demonstram que os entrevistados contam com condições


favoráveis de moradia, como: água encanada, eletricidade, ligação com rede de esgotos e
geladeira, além de a maioria possuir televisão, rádio e telefone. O percentual de 19,60% de
idosos que referem possuir computador, é baixo quando comparado aos demais itens,
indicando pouco uso desse equipamento por parte dos idosos estudados. (Tabela 10)

Tabela 10 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


a Algumas Condições do Domicílio. Recife, 1998

Condições Sim % Não % Total %


Água encanada 352 98,30 6 1,70 358 100,00
Eletricidade 357 99,70 1 0,30 358 100,00
Ligação com a rede de esgotos 310 86,60 46 12,80 358 100,00
Geladeira/congelador 357 99,70 1 0,30 358 100,00
Rádio 347 96,90 11 3,11 358 100,00
Televisão 356 99,40 2 0,60 358 100,00
Videocassete 235 65,60 123 34,40 358 100,00
Computador 70 19,60 288 80,40 358 100,00
Telefone 319 89,10 39 10,90 358 100,00
Automóvel 184 51,40 174 48,60 358 100,00

No que se refere à condição de residência, a maioria dos entrevistados, 75,10%, é


proprietário do imóvel onde reside; 12,30% moram em residência cedida sem custo e
8,10%, residem em moradia alugada. (Gráfico 26)
75

Gráfico 26 –Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


à Situação de Residência. Recife, 1998

12,30% 2,50%

8,10%

2,00%
75,10%

Propriet. Conjug. Alug. Ced. Outro

Perguntados sobre sua situação econômica atual, comparada a de quando tinham 50


anos de idade, 40,80% dos idosos acreditam que está melhor; 32,40%, que está pior e
26,80% referem ser a mesma.(Gráfico 27)

Gráfico 27 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação à Percepção


Sobre Sua Situação Econômica Atual em Comparação a Quando Tinham 50 Anos. Recife, 1998.

40,80%
50,00% 32,40%
26,80%
40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%
Melhor Pior A mesma

4.6. Necessidades e Problemas que Afetam os Entrevistados – Seção VIII

Perguntados sobre suas principais necessidades, os entrevistados, relatam por


ordem de grandeza: a necessidade econômica, com 57,00%; de segurança, com 55,90% e
necessidade de companhia e contato pessoal com 34,60%. (Tabela 11)
76

Tabela 11 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


às Suas Principais Necessidades/Carências. Recife, 1998

Necessidades/Carências Sim % Não % Total %


Econômica 204 57,00 154 43,00 358 100,00
Moradia 32 8,90 326 91,10 358 100,00
Transporte 64 17,90 294 82,10 358 100,00
Lazer 121 33,80 237 66,20 358 100,00
Segurança 200 55,90 158 44,10 358 100,00
Saúde 119 33,20 239 66,80 358 100,00
Alimentação 22 6,10 336 93,90 358 100,00
Companhia e contato pessoal 124 34,60 234 65,40 358 100,00

Sobre o problema mais importante do dia-a-dia, observamos que 35,50%, não


relatam problema importante; 14,80%, problema econômico; 12,00% referem preocupação
com filhos e netos e ao qualificarmos outros problemas encontramos: solidão e carência
afetiva; dificuldades em ajudar mais as pessoas; dificuldades com problemas domésticos,
tanto em relação às tarefas quanto a empregados e preocupação com a saúde de familiares
como, cônjuge, irmãos, sobrinhos, entre outros. (Gráfico 28)

Gráfico 28 – Distribuição dos Idosos da UnATI/UFPE em Relação


ao Principal Problema do Seu Dia-a-Dia. Recife, 1998.

Outros 17,00%
Filhos/netos 12,00%
Solidão 7,80%
Famil/conflito 3,10%
Moradia 1,40%
Violência 4,70%
Saúde 5,00%
Econ. 14,80%
S/ prob. 33,50%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00%


78

5. DISCUSSÃO

De acordo com os objetivos propostos, para proceder a discussão dos resultados


seguiremos o mesmo critério utilizado para sua apresentação, qual seja, o faremos por
seções. A relação de variáveis entre uma seção e outra ou na mesma seção, será feita à
medida em que julguemos necessária ou importante para uma melhor compreensão.

5.1 – Informações Gerais – Seção I

Comparando os primeiros resultados deste estudo com perfis de outras experiências


de Universidades Abertas, notamos que há muita semelhança, ou seja, a proporção maior
de mulheres é uma característica constante. Uma pesquisa realizada nas Universidades da
Terceira Idade na França (UTIs)*, referida por PEIXOTO (1997), revelou que entre os
participantes, 70% são mulheres. Em pesquisa realizada no Projeto Senior* da
Universidade Estadual Paulista (UNESP), TELAROLLI et al. (1997) referem que 86,46%
dos participantes são do sexo feminino, GOLDMAN (1997) afirma que em um estudo com
idosos de Universidades Abertas, tanto pública quanto privada, também há uma
predominância maciça de mulheres. VERAS & KENNETH (1995), referem em pesquisa
realizada na Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro (UnATI/UERJ) que mais de 80% dos participantes são mulheres e no perfil da
Universidade Aberta para a Terceira Idade no Nordeste, situada do Maranhão (UNITI)*
referido por CARNEIRO (1998), aponta também para uma clientela predominantemente
feminina.

VERAS (1994) enfatiza que o padrão de envelhecimento por sexo e idade,


observado no Brasil, segue o mesmo padrão observado em países desenvolvidos. O autor
refere que além dos fatores genéticos e biológicos comumente utilizados para tentar
explicar uma maior expectativa de vida da mulher, outras explicações também são
referidas: a diferença na exposição a riscos, diferença no consumo de tabaco e álcool,
diferença na atitude em relação às doenças e a evolução no atendimento médico obstétrico.

*
Essas experiências admitem pessoas com menos de 60 anos.
79

BERQUÓ (1992a) também verifica que a proporção maior de mulheres idosas em relação
aos homens idosos é comum tanto no primeiro quanto no terceiro mundo. Para a autora, os
dados apontam para uma associação direta entre o envelhecimento populacional e a
mulher, não só pelos números, mas também pelos cuidados dispensados aos idosos ser uma
função feminina: “tem cabido tradicionalmente e vai continuar cabendo à mulher o
cuidado com a família” (p. 28). A autora chama atenção para as transformações ocorridas
nos arranjos familiares nos últimos tempos e alerta que para que o idoso seja mantido junto
à sua família é preciso, primeiro, que esta exista.

Com relação à proporção de gênero para a população idosa, os dados demográficos,


no Brasil e em muitos países, demonstram que existem mais mulheres do que homens e
que esta proporção feminina aumenta conforme aumenta a idade (PRATA & SAAD, 1992;
VERAS, 1994; TELAROLLI et al. 1997; PEIXOTO, 1997 e EL ENVEJECIMIENTO...,
1999). Segundo VERAS (1994) as brasileiras vivem em média cinco anos mais que os
homens. Em Pernambuco, segundo IBGE (1992) os dados censitários de 1991 demonstram
que da população com 60 anos e mais, as mulheres representam 4,58%, observamos
também que no Estado o número proporcional de idosas aumenta em relação direta com o
aumento da idade, ou seja, segue o mesmo comportamento referido acima.

Em estudos populacionais realizados com população acima de 60 anos encontram-


se mais mulheres do que homens como já referimos, porém, essa diferença é menor do que
a encontrada neste estudo e do que as experiências análogas aqui referidas. Em se tratando
de programas especiais destinados a essa população, o número proporcional de mulheres
cresce, uma vez que os homens procuram menos esse tipo de participação, e também para
esse fato várias são as explicações: as mulheres ficam viúvas e mais solitárias na terceira
idade; já os homens, tendem a outro casamento, culturalmente os homens resistem a
engajar-se em atividades de cunho mais cultural, educacional e lúdico, já que o lazer ainda
é visto como oposto ao trabalho e à responsabilidade, porém, essas inferências carecem de
melhores investigações.

Portanto, qualquer ação destinada à população idosa, seja ela ampla ou não, deverá
considerar o universo feminino na terceira idade e suas peculiaridades, pois como afirma
BERQUÓ (1996), “não cabe dúvida de que a feminização do envelhecimento precisa ser
considerada na atenção que os idosos venham a merecer” (p. 33). Vale ressaltar que,
80

Dressel (1988) apud VERAS (1994, p. 49), afirma que “as desigualdades sociais não
podem ser meramente atribuídas ao sexo, mas também à classe social e à raça, e que esses
dois fatores são estratificadores primários das vidas das pessoas, tanto quanto o sexo. As
mulheres idosas apenas refletem a estratificação e a discriminação da sociedade contra os
idosos”.

Devido à grande proporção de mulheres presente neste estudo, as discussões aqui


apresentadas estarão sempre perpassadas pela característica de gênero. Gênero aqui
entendido como refere SILVA (1998), “como uma relação entre sujeitos historicamente
determinados, e não apenas como conceito descritivo que designa o masculino e o
feminino” (p.148).

No que se refere à idade, a população estudada apresenta em sua maioria (72,06%),


o que se denomina de “jovens idosos”, compreendidos entre a faixa dos 60-69 anos de
idade. VERAS (1994), refere essa denominação acrescentando os “meio idosos” para
àqueles entre 70-79 anos e “idosos velhos” para os que têm 80 anos e mais. O autor
acrescenta que as duas primeiras categorias são mais significativas, porém, nos países
desenvolvidos a cada dia estuda-se mais a população acima dos 80 anos. Tal interesse
deve-se ao aumento do número de idosos nessa faixa etária.

Dados da Organização Panamericana de Saúde-OPS (EL ENVEJECIMIENTO...,


1999) indicam que, haverá nas próximas décadas um importante crescimento do grupo de
pessoas acima de 75 anos na região das Américas, chegando a dobrar no período de 1990 -
2020. Para o Brasil, a previsão é de que esse grupo etário aumente mais que o triplo no
mesmo período, passando de 1,9 milhão para 7,1 milhões. Um cenário que aponta para o
aumento do consumo de serviços sanitários, maior necessidade de suporte de saúde para
doenças de longa duração, internamentos hospitalares e institucionalização, além de exigir
revisão nos sistemas previdenciários. Neste sentido, SAYEG (1996) também chama
atenção para o crescimento do grupo etário de 80 anos e mais e apresenta dados que
colocam Pernambuco entre os estados que superam a média nacional em relação à
população idosa de 80-89 anos, 90-99 e 100 anos e mais.

Ao compararmos a idade do grupo aqui estudado com algumas outras experiências


similares como em pesquisa realizada nas UTIs francesas, onde PEIXOTO (1997) refere
81

que 48% dos participantes tinham entre 60-69 anos, 25% tinham 70 anos e mais,
percebemos que a maioria é de “jovens idosos”; VERAS & KENNETH (1995),
encontraram em pesquisa realizada na UnATI/UERJ que mais de 80% dos participantes
têm menos de 65 anos e quase todos menos de 70 anos;. GOLDMAN (1997) refere em
seus estudos que na experiência de universidade privada, 74,35% têm menos de 70 anos e
na pública esse número de “jovens idosos” cresce para 91,51%, tendência esta também
observada na UNITI (CARNEIRO, 1998), ou seja, os dados aqui apresentados mostraram-
se semelhantes aos da UnATI/UFPE.

A julgar que, para freqüentarem programas como o da UnATI/UFPE é necessário


uma competência e manejo razoáveis em termos de desempenho das atividades
instrumentais de vida diária (AIVD), que possuem um nível de complexidade maior que as
atividades de vida diária (AVD) e que, com o aumento da idade aumenta
proporcionalmente o aparecimento de algum grau de dependência tanto nas AVDs quanto
nas AIVDs, é compreensível a maior freqüência de idosos jovens que estão com sua
capacidade funcional preservada. Porém, a ausência de estudos populacionais e de perfil de
outros grupos de idosos no Estado, não nos permite afirmar qual(is) a(s) causa(s) mais
provável(is) da pouca participação de idosos mais velhos no Programa. Em relação à esta
questão VERAS & KENNETH (1995) referem que a composição etária observada em
populações de Universidades Abertas refletem não apenas a composição etária da
população geral, como também que os usuários serviços desse tipo, tendem a apresentar
melhores condições econômicas, de saúde e de mobilidade, do que a média dos idosos.

RAMOS (1999) refere em Conferência na Oficina de Trabalho para discussão da


Política Nacional de Saúde do Idoso, seu estudo de seguimento com população idosa
realizado no município de São Paulo, onde os idosos com maior dependência para o
desempenho das AVDs, apresentaram um risco três vezes maior de morrer do que aqueles
mais autônomos e independentes. Portanto, ações de promoção e manutenção da
autonomia e independência, bem como educação para o autocuidado, são estratégias
importantes a serem desenvolvidas com a população de idosos da UnATI/UFPE.

Quando estabelecemos uma relação entre a idade e o gênero dos participantes da


UnATI/UFPE, encontramos que o grupo se mostra equilibrado em relação à representação
nas faixas de 60-69 anos e 70-79 anos, porém na faixa dos que têm 80 anos e mais
82

encontramos que entre os homens 4% estão nesta faixa, enquanto que entre as mulheres
apenas 0,98% têm 80 anos e mais.

Para PEIXOTO (1997) um dos motivos pelo qual os homens entram em programas
desse tipo mais tarde do que as mulheres, deve-se, provavelmente, à diferença de idade
para aposentadoria, os homens aposentam-se mais tarde.

Quanto à cidade de procedência nos parece justificada, no grupo estudado, a maior


participação (82,12%) de moradores de Recife, já que o Programa situa-se nesta cidade,
porém é importante salientarmos a presença de 17,88% de idosos que se deslocam de
cidades vizinhas para freqüentarem as atividades do Programa na UFPE, denotando uma
demanda por programas específicos nas suas cidades e também a extensão das nossas
ações. Vale ressaltar que todos os idosos do Programa residem em área urbana.

BERQUÓ (1996), refere que desde a década de 50 até os dias de hoje a população
idosa*, em especial as mulheres, concentra-se em áreas urbanas. Atualmente, segundo a
autora, observa-se que as diferenças entre os idosos em meio urbano e a população total
diminuiu. Refere ainda que, deve-se considerar como motivos para esse fato: a migração
campo-cidade, a alta taxa de mortalidade no meio rural e a mortalidade diferencial por
sexo, motivos que são consonantes com o crescimento da urbanização, a maior
sobrevivência nas cidades e consequentemente com o maior número de idosas nas cidades.
A autora alerta que “na virada do século 82% da população idosa estará vivendo nas
cidades, estas precisam aparelhar-se para poder oferecer recursos de várias ordens
demandados pelos idosos” (p. 33).

No que se refere ao bairro de procedência, comparando os achados atuais a


levantamentos dos cadastros de inscritos no Programa em 1997**, observamos uma maior
participação de idosos residentes no entorno da UFPE, ou seja, em bairros como Cidade
Universitária, Engenho do Meio, Várzea e Iputinga, totalizando (15,65%). Não é objetivo
deste estudo investigar o porquê do aumento dessa adesão, porém nos parece muito
positiva, uma vez que a comunidade vizinha está se beneficiando das ações desenvolvidas
pela Universidade. Boa Viagem, um bairro que fica distante da UFPE, continua sendo o

*
Aqui considerada pela autora a partir de 65 anos e valerá p/ esta discussão, sempre que aparecer BERQUÓ (1996).
83

bairro de onde mais procedem idosos (11,73%). O Programa hoje atinge 69 bairros do
Recife e Região Metropolitana, reforçando o comentário já feito de que o Programa está
com uma abrangência territorial considerável. O bairro de Santo Antônio apresenta a maior
proporção de idosos, e não está representado no Programa.

É importante ressaltar ainda em relação ao bairro de procedência, que os resultados


deste estudo diferem dos encontrados no grupo da UnATI/UERJ, referido por PEIXOTO
(1997), onde quanto ao bairro de procedência, a maioria (57,2%) dos participantes mora
nos bairros próximos à Universidade, enquanto na UnATI/UFPE, a maioria vem de locais
mais distantes. VERAS & KENNETH (1995), em pesquisa também referente à
UnATI/UERJ, confirmam que 50% dos idosos vêm de bairros próximos e que são bairros
de pessoas com uma renda média mais alta quando comparada ao resto do município. No
caso, os nossos resultados diferem dos acima referidos uma vez que a UFPE situa-se em
uma área menos privilegiada sócio-economicamente em relação à área do bairro de Boa
Viagem, de onde procedem a maioria dos idosos, ou seja, a maioria dos idosos da
UnATI/UERJ procedem de bairros próximos, cuja renda é diferenciada; a maioria dos
idosos da UnATI/UFPE procedem de um bairro mais distante, porém com renda média
também diferenciada. Poderíamos então supor que a participação de idosos em programas
como este dá-se mais pela diferenciação sócio-econômica que pela
proximidade/oportunidade geográfica e/ou pela proporção de idosos por bairro.

O nível de escolaridade encontrado entre os idosos estudados difere daquele


observado para a população idosa em geral, demonstrando uma diferenciação deste grupo
no que se refere ao nível de instrução, que em sua maioria é composta por indivíduos que
possuem segundo e terceiro graus. Experiências análogas mostram resultados semelhantes,
segundo referem os estudos de VERAS & KENNETH (1995) e de PEIXOTO (1997). Os
dados são consonantes e parecem ir confirmando que o idoso que freqüenta Universidades
Abertas tem um padrão sócio-econômico e cultural acima da média da população idosa em
geral.

BERQUÓ (1992b), referindo-se a dados relativos à década de 80, afirma que 53%
das pessoas entre 60-69 anos são analfabetas e entre aquelas com 70 anos e mais esse

** Levantamento documental das fichas de inscrição no Programa UnATI/UFPE no ano de 1997.


84

índice é de 44%. A maior parte dos idosos possui pouca educação formal (PRATA &
SAAD, 1992;VERAS, 1994 e BERQUÓ, 1996). No Brasil, segundo VERAS (1994)*,
“50,3% dos homens com 70 anos e mais referiam saber ler e escrever, porém entre estes,
50,4% referiam terem terminado apenas o curso primário” (p. 49). O autor afirma ainda
que, hoje, a faixa onde encontram-se pessoas com maior proporção de alfabetização está
compreendida entre os 29 a 39 anos e onde encontra-se a mais baixa proporção é na faixa
de pessoas acima dos 60 anos.

BERQUÓ (1992b), chama atenção para o fato de que quando consideramos os


idosos da população do país como um todo, essa coorte de idosos de hoje, vem de uma
época onde o acesso à educação era precário, portanto, essa diferenciação no nível
educacional dos idosos aqui estudados, os coloca com maior chance de enfrentar a velhice,
do que os demais idosos.

Ao estabelecermos uma relação entre as variáveis escolaridade e gênero


encontramos em nosso estudo que entre os homens o nível de escolaridade, embora a
diferença seja pequena, é mais alto que o das mulheres. Essa diferença, segundo VERAS
(1994) e BERQUÓ (1996), reflete a organização social do início do século, onde o acesso
à educação era para uma elite social e particularmente para os homens. Acrescentam
portanto, uma reflexão importante, hoje as mulheres idosas estão sós e com menos chance
de lidarem com as dificuldades de sua velhice, principalmente quando as políticas públicas
são insuficientes para atendê-las. Segundo BERQUÓ (1996), 40% dos homens e 48% das
mulheres declaram-se analfabetos, 50% possuem o curso primário completo, esse baixo
nível escolar se agrava à medida em que avança a idade, assim como a diferença por
gênero, que também aumenta quanto mais avança a idade.

Observamos que os dados deste censo, relacionando nível de instrução e sexo, são
semelhantes aos encontrados na UnATI/UERJ, referidos por PEIXOTO (1997), onde entre
os homens a maioria possui segundo e terceiro graus e nenhum é analfabeto; para as
mulheres os achados foram, que entre aquelas com 70 anos e mais, o nível de instrução era
proporcionalmente mais baixo. Para as mais jovens, ou seja, até os 69 anos, um terço não

*
Dados relativos à década de 1980.
85

completou o primeiro grau. Segundo a autora “essas mulheres foram socializadas para o
casamento e para cuidarem de maridos e filhos” (p. 61).

No nosso censo, os resultados quanto ao estado conjugal demonstram que de uma


maneira geral, a maioria dos idosos encontra-se entre viúvos e casados, estes dados são
bastante semelhantes aos encontrados para a UnATI/UERJ por VERAS & KENNETH
(1995). GOLDMAN (1997) também refere resultados semelhantes para a experiência
privada, a maioria é de viúva e para a pública observou uma maior proporção de casadas.
Por fim, CARNEIRO (1998) refere que na UNITI a maioria dos participantes é de casados.

Porém, quando desagregamos nossos resultados por sexo, os dados são


surpreendentes, a diferença entre homens e mulheres corroboram com achados
demográficos para o Brasil segundo dados referidos por BERQUÓ (1996) e para as
Américas, onde a diferença entre sexo e idade se reflete claramente no estado civil (EL
ENVEJECIMIENTO..., 1999). Essa diferença evidencia-se bastante na população
estudada, ou seja, a maior parte das mulheres está viúva e essa proporção aumenta à
medida em que aumenta a idade; já os homens em sua maioria encontram-se casados,
podendo ser a primeira união ou não. Entre as mulheres quase a metade é viúva, contra
apenas 8,00% de homens viúvos; pouco mais de um quarto das mulheres encontram-se
casadas, enquanto entre os homens esse quantitativo cresce para mais de 80%. Os que
referiram nunca terem casado, todas são mulheres. Em relação a esse último dado
BERQUÓ (1996), refere que 7,6% das mulheres idosas chegam à terceira idade, solteiras.

Foi possível observarmos ainda que entre os idosos com cônjuges de idade inferior
a 60 anos, (83,30%) são homens e dos (16,67%) de mulheres essa diferença de idade é de
um ou dois anos, já em relação às companheiras femininas as diferenças são maiores,
chegando até a 20 anos. Nesse sentido BERQUÓ (1996), refere que em apenas 9% dos
casais as mulheres eram mais velhas do que seus maridos. Aqui, mais uma questão se
coloca, sendo o cuidado uma função exercida basicamente pelas mulheres, esses homens
mais velhos e casados com mulheres mais jovens, têm em potencial com quem contar caso
necessitem de cuidados, já as mulheres não podem contar com essa possibilidade, essa
reflexão encontra respaldo em BERQUÓ (1996), a autora refere que são muito maiores “as
chances das mulheres viverem as perdas da capacidade física e mental sem apoio do
marido no caso das descasadas e viúvas e sem filhos no caso das solteiras e das sem filhos
86

sobreviventes” (p. 30). VERAS (1994) refere ainda que as chances da viuvez aumentam
para as mulheres à medida que a idade avança e também diminuem as chances de um
segundo casamento, principalmente com homens mais jovens e mesmo não sendo comum
casar-se após os 60 anos, os homens tem mais chance de fazê-lo do que as mulheres, tanto
os viúvos quanto os solteiros. Ainda segundo o autor, outros estudos revelam que homens e
mulheres casados apresentam taxas de mortalidade mais baixas do que homens e mulheres
divorciados, viúvos e solteiros, e portanto sugerem, que “a companhia é um fator positivo
para o prolongamento da vida na idade avançada” (p. 45).

Quanto à relação entre estado civil e gênero é possível percebermos que os dados
por nós encontrados para os idosos da UnATI/UFPE são consonantes aos encontrados por
PEIXOTO (1997) para a UnATI/UERJ.

Várias são as justificativas para esse cenário, sendo possível observar um consenso
entre vários autores e referências. Os autores referem que a maior longevidade das
mulheres, associada a um conjunto de fatos históricos de caráter sócio-culturais que
determinam que as mulheres casem-se com homens mais velhos (em média 3 anos),
acabam favorecendo um maior número de mulheres viúvas, (chegando a 3,6 para 1), além
do que as mulheres descasadas e viúvas recasam-se menos que os homens nas mesmas
situações, o resultado são períodos de solidão mais longos para as mulheres viúvas do que
para os homens viúvos. (VERAS, 1996; BERQUÓ, 1996 e EL ENVEJECIMIENTO...,
1999)

No grupo estudado observamos que no arranjo domiciliar o aspecto “morar só”


chama atenção, pois no geral (15,92%) dos idosos apresentam-se nesta condição, mesmo
que, segundo PEIXOTO (1997) isto possa refletir as transformações ocorridas na estrutura
familiar nos últimos anos, não significando necessariamente abandono ou isolamento;
sabemos também, que pode constituir-se em algum nível de risco para o idoso e, portanto,
esse é um dado muito importante de ser analisado em conjunto com outras informações
referentes a autonomia e independência e também à rede de suporte social. Observamos
que (24,02%) dos idosos vivem em arranjo unigeracional, ou seja, com o cônjuge e embora
seja numericamente pouco expressivo é possível observar também o arranjo
multigeracional, onde residem o idoso mais filhos e netos.
87

Ao compararmos os resultados deste estudo com os dados referidos por BERQUÓ


(1992b) para a população geral, onde 8,26% das pessoas de 60 anos moram sós,
observamos que os achados para os idosos da UnATI/UFPE chegam a quase o dobro.
Relembramos porém, que os nossos dados não podem ser extrapolados e não são
representativos da população total e, considerando o cenário feminino do envelhecimento
populacional já referido anteriormente, permite-nos entender essa diferença ilustrativa aqui
observada, que comparada ao achado de RAMOS (1992), para o município de São Paulo,
onde 12% dos idosos vivem sozinhos, com os de PEIXOTO (1997), para a UnATI/UERJ,
onde do geral (37%) vivem sós e com os de GOLDMAN (1997), onde na experiência de
universidade privada quase a metade dos participantes mora só, enquanto que na
universidade pública essa proporção gira em torno de um quarto dos participantes,
percebemos que à medida que se particulariza o grupo as semelhanças podem ou não se
estabelecerem.

PEIXOTO (1997) refere que a proporção de idosos que mora só aumenta à medida
que avança a idade segundo seus achados para a UnATI/UERJ onde, entre as pessoas de
até 69 anos, 33% moram sós e esse número cresce para 45% para àqueles com 70 anos e
mais.

Ao desagregarmos o arranjo domiciliar por gênero, vamos cada vez mais


reforçando a relação entre o feminino e o envelhecimento. Neste caso os nossos achados
são bastante consonantes com outros achados para a população geral e para grupos
análogos. Encontramos que apenas 6% dos homens vivem sós, enquanto que entre as
mulheres esse número cresce para 17%. Comparando com experiências semelhantes,
observamos a partir dos dados referidos por PEIXOTO (1997), para a UnATI/UERJ, que
37% das mulheres vivem sós e para os homens a proporção cai para 14%, são resultados
bastante semelhantes aos nossos.

PEIXOTO (1997) traz uma reflexão importante a partir dos seus estudos na
UnATI/UERJ. Refere que as mulheres que não estão casadas, tem opção de arranjos
domiciliares que variam desde morar com filho ou filha solteiros, com filho casado ou com
outras pessoas não familiares. Já os homens que não estão casados, moram sós ou com
filho solteiro, portanto, têm menos possibilidades de outros arranjos e conclui que “após os
70 anos se não vivem mais com o cônjuge, o destino dos homens é de viver sós” (p. 59).
88

Para a autora esse fato parece justificar-se devido ao forte vínculo afetivo entre mães e
filhos e por isso estes têm mais disponibilidade de cuidar das mães do que dos pais idosos.

Acreditamos que temos também que considerar que, além da questão do vínculo
afetivo ser mais forte com as mães do que com os pais, talvez, no caso dos homens idosos,
sejam mais limitadas as possibilidades de arranjo com os filhos casados, pelo fato de ser
mais difícil encontrar “um lugar” para o homem idoso nessa dinâmica familiar, enquanto
que para a mulher, as funções domésticas são mais facilmente absorvidas e “o lugar” mais
facilmente encontrado. O homem idoso era “chefe” de sua família e de sua casa e,
portanto, dava o tom da dinâmica, é mais difícil para ele também adaptar-se a uma família
à qual não chefia.

Em relação aos dados demográficos para a população geral BERQUÓ (1992 a)*,
refere que 50% das mulheres moram sós e para os homens a condição de morar só é
transitória. A autora (1996) acrescenta ainda que a proporção de mulheres, a partir dos 65
anos de idade, vivendo sozinha aumenta com a idade o que não ocorre com os homens.
RAMOS (1992) refere que os arranjos multigeracionais são mais comuns entre as mulheres
e os viúvos em geral, e entre os viúvos a maioria é mulher.

5.2 – Utilização de Serviços Médicos e Dentários – Seção II

Quanto à utilização de serviços médicos, nos resultados observados no nosso censo


com os idosos da UnATI/UFPE, encontramos que a maioria dos entrevistados (69,00%) é
usuária de plano e/ou seguro de saúde privado, portanto os usuários de serviço público
constituem uma minoria. Dessa forma, é notório o alto quantitativo de idosos que utilizam
serviço médico privado (plano/seguro saúde), quando somados aqueles que utilizam
consultas e médicos particulares. Denotando um grupo com um poder aquisitivo
diferenciado o suficiente para ter assistência à saúde privada, pois sabemos que os valores
pagos para pessoas a partir dos 60 anos são em geral altos.*

*
Dados censitários para 1980.
*
A pesquisa foi realizada antes da reforma que hoje regulamenta os planos e/ou seguros de saúde privados.
89

Questionando sobre a freqüência de uso de alguns tipos de serviços médicos


durante os três meses que antecederam a entrevista, observamos que os mais utilizados
foram consultas médicas, exames clínicos e consulta ao dentista, embora esta última em
menor proporção (23,70%). Os serviços referidos quando utilizados mais de uma vez no
mesmo período são as consultas médicas e os exames clínicos. A maior parte dos idosos
estudados (88,55%) demonstra-se satisfeita com os serviços médicos utilizados, porém
entre os insatisfeitos, a maioria estava entre usuários de serviço público de saúde, embora
um número considerável de usuários de planos e/ou seguros privados também tenham
referido alguma insatisfação. MEDEIROS & KARSCH (1992) referem que para idosos de
um bairro de São Paulo o atendimento à saúde do idoso que não tem convênio, é
considerado péssimo.

A principal queixa dos idosos em relação aos serviços médicos, tanto público
quanto privados, foi relacionada ao tempo, seja de espera no consultório ou para a
marcação de consultas/exames. A burocracia, a falta de confiança no sistema de saúde e
nos procedimentos médicos, o medo da medicação falsificada e a dificuldade e receio em
realizar alguns exames também foram referidos, nesse último caso os exames que mais
constrangem são os ginecológicos.

No que se refere à utilização de serviços dentários observamos um comportamento


semelhante àquele dos serviços médicos, ou seja, apenas uma minoria utiliza serviço
odontológico público, havendo um predomínio de uso de serviço odontológico particular
para o qual a maioria dos usuários também refere bom nível de satisfação. Um dado
preocupante é o fato de que (26,80%) dos idosos referem que “não procuram serviços
odontológicos há muito tempo”, esta pergunta como está formulada no questionário não
permite que se precise esse “há muito tempo”, porém, subjetivamente, o idoso nos informa
que não vem dando à sua saúde oral o cuidado merecido, logo é um dado que merece
destaque uma vez que, segundo dados do Ministério da Saúde referentes a 1986, 75% das
pessoas acima de 60 anos no Brasil não têm mais nenhum dente natural, entre estes alguns
usam próteses, em sua maioria imperfeitas ou mal adaptadas, e muitos nem as usam. Isso
compromete a boa alimentação e, consequentemente, o estado nutritivo. Observa-se,
também, comprometimento da estética facial e da fala, o que pode influir em sua
socialização.
90

As únicas ajudas/apoios que os idosos da UnATI/UFPE referem fazer uso são


óculos e próteses dentárias. Os que referem necessidade de substituir essa ajuda
representam 40%. Este fato demonstra indiretamente o alto grau de independência desse
grupo. Vale ressaltar que, atualmente em gerontologia as atenções voltam-se cada dia mais
para as ajudas técnicas ou dispositivos de ajuda, que convencionalmente estão sendo
denominados de tecnologia assistiva para referir-se aos equipamentos que são
desenvolvidos por profissionais de saúde em parceria com profissionais das áreas de
tecnologia, engenharia e artes, e são utilizados para a facilitação do cotidiano dos idosos
e/ou dos cuidadores. Estes equipamentos seguem um nível de complexidade compatível
com o grau de dependência de cada usuário, podendo as intervenções serem realizadas em
nível ambiental que favorecerá também grupos de idosos com algum grau de dependência.

Segundo ABREU (1998), tecnologia assistiva é definida pela Technology-Related


Assistance for Individuals with Disabilities Act, de 1998, como: “qualquer item, parte de
equipamento ou sistema de um produto, adquirido comercialmente, modificado ou
construído de acordo com necessidades ou preferências pessoais, que é usado para
aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais de indivíduos com
incapacidade” (p. 82).

Portanto, a indicação adequada de dispositivos de ajuda para idosos com algum


grau de dependência, significa estar promovendo e preservando sua capacidade funcional e
consequentemente, sua saúde, relembrando que em gerontologia o conceito de saúde na
idade avançada estabelece relação direta com a capacidade funcional.

O uso de medicação por idosos é uma grande preocupação dos profissionais de


saúde, pois sabe-se que a maioria dos idosos, por apresentarem polipatologias em geral de
natureza crônica, acabam consumindo fármacos em quantidade e qualidade diversas.
COLLEY & LUCAS (1993) apud RAMOS (1995, p. 4), chama atenção para duas
situações que podem ser observadas na administração da terapêutica medicamentosa em
idosos, a primeira é a polifarmácia, que segundo o autor, “está relacionada ao uso de pelo
menos uma droga desnecessária num rol de prescrições supostamente necessárias”, a
segunda situação é a iatrogenia, que “configura o efeito patogênico de uma droga ou da
interação de várias drogas”; o autor enfatiza que estas são duas situações que acontecem
muito em nosso meio. Segundo ROCHA (1996), há a necessidade de um conhecimento
91

sólido sobre as alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas que ocorrem com o


envelhecimento, pois a alta prevalência de problemas clínicos somada ao uso de
medicamentos concomitantes, torna a prescrição medicamentosa para a população idosa
muito particular. Para RAMOS (1995) esse conhecimento é fundamental para que se
obtenha “um efeito terapêutico máximo com reações adversas mínimas” (p.4).

ROZENFELD (1997) refere que a iniqüidade social observada, principalmente em


países em desenvolvimento, não permite o acesso ao uso de medicamentos a boa parte da
população que necessitaria de seu uso. Porém, alerta a autora, isto não significa que quem
tem acesso à medicação esta adequadamente tratado, pois, existem distorções importantes
nesse perfil de utilização dos medicamentos. Ela acredita que sejam prescritos mais
medicamentos para idosos que para outros grupos, sem que esteja clara a adequação dessa
prescrição. Ainda segundo a autora, 23,5% dos idosos recebe, no mínimo, um fármaco
considerado impróprio.

O baixo número ou ausência de geriatras em serviços públicos ou privados de


saúde, resulta na freqüência de consultas por parte dos idosos a vários especialistas que
tratam cada um de sua “especialidade” não atendendo os idosos em sua integralidade. Em
conseqüência, acaba ocorrendo uma terapêutica medicamentosa para cada queixa, o que
aumenta em muito a chance da polifarmácia.

ROZENFELD (1997) refere que “em países desenvolvidos, o percentual de


indivíduos acima dos 65 anos que não toma nenhum remédio oscila entre 4% a 7%,
podendo chegar a 25% dependendo das características metodológicas do estudo e dos
aspectos culturais do país focado” (p. 13)..

Nesse sentido, MARUCI & GOMES (1996) referem dados para a população norte-
americana, onde o grupo etário de 65 anos e mais (11% da população total) consomem
25% dos medicamentos prescritos no país. Entre os idosos norte-americanos, 70%
consomem medicamentos e, entre aqueles não institucionalizados, o consumo é de em
média 4,5 medicamentos. DIAZ (1996) refere que dados semelhantes se observam na
Inglaterra, onde 17% da população é composta por idosos e consomem pelo menos 30%
dos medicamentos. MARUCI & GOMES (1996) chamam atenção para a automedicação,
pois esse comportamento aumenta ainda mais o risco de interações inadequadas além de,
92

continuam as autoras, poder provocar efeitos adversos sobre o estado nutricional dos
idosos. MOSEGUI (1998) encontrou em um estudo com os participantes* da UnATI/UERJ
que 83,8% das idosas referem consumir medicação prescrita por médico, os demais por
vizinhos, amigos, veículos de comunicação, balconistas de farmácias e drogarias. RAMOS
(1995) refere que em um inquérito domiciliar com idosos residentes no município de São
Paulo, 76% dos idosos tomam pelo menos uma medicação regularmente, as mulheres
muito idosas (80 anos ou mais) são quem mais consomem medicamentos, 92% referem
usar drogas prescritas pelo médico e apenas 6% se automedicam.

DIAZ (1996) alerta, ainda, para dois outros problemas em relação ao uso de
medicação em pessoas idosas, um refere-se ao uso inadequado, o outro à não-adesão à
terapêutica medicamentosa. A autora refere os estudos de BODY e col. (1974), onde foi
demonstrado que em pacientes ambulatoriais, a não compreensão do esquema
medicamentoso correspondeu ao uso inadequado das prescrições, sendo que os doentes
com 65 anos ou mais de idade apresentaram o mais baixo nível de compreensão. Este
acaba sendo um problema maior do que mesmo a não-adesão, ocasionando falha na
obediência ao esquema terapêutico. A autora refere ainda que existem outros fatores além
da falta de compreensão que influem na não-adesão ao uso dos medicamentos, como:
fatores técnicos, fatores biológicos, fatores predominantemente psicológicos e sociais e
ainda fatores mistos, alertando que os profissionais de saúde devem estar atentos a essas
questões.

Neste estudo, um número bastante elevado de idosos do Programa (80,70%),


referem fazer uso de remédios, a maioria diz que são prescritos por um médico e a maior
parte não declara dificuldade para obtenção da medicação, este achado é semelhante ao
encontrado por MOSEGUI (1998) já referido acima. O questionário por nós utilizado não
aprofunda em quantos e quais são essas medicações, porém, diante do exposto acima,
podemos inferir que os resultados corroboram de alguma forma essas reflexões e indicam
possibilidades de que esses idosos venham a ser vítimas da polifarmácia, carecendo
receber informações sobre o tema. Os 19,30% que não referem uso de medicamentos
demonstram um número equivalente ao dobro do encontrado por MOSEGUI (1998) para
os participantes da UnATI/UERJ, onde apenas 9% das participantes não tomavam nenhum

*
Nesse estudo foram investigadas apenas as mulheres.
93

tipo de medicamento, vale relembrar que neste estudo só as mulheres foram estudadas.
Embora em nosso estudo as informações sejam referentes ao uso de medicamentos por
homens e mulheres, não encontramos diferenças importantes, entre os 50 homens (40)
80,00% fazem uso de medicação e entre as 308 mulheres (249) 88,85%.

Quanto ao tipo de medicamentos usados por idosos, MEYER & REIDENBERG


(1992) apud RAMOS (1995, p. 4) refere que as drogas mais usadas mundialmente por
idosos são: primeiro as cardiovasculares, seguidas de analgésicos e antiflamatórios,
laxativos e antiácidos, ansiolíticos, hipnóticos e por fim, drogas que não requerem
prescrição como vitaminas e sais minerais.

A figura da filha aparece, para os idosos do nosso censo, como sendo a pessoa
eleita para dispensar-lhes cuidados caso venham a ficar doentes ou incapacitados; o
cônjuge, o filho e outra pessoa da família são citados, porém em menor escala. Quando se
referem a alguém fora da família, trata-se sempre de um profissional, que pode ser de
enfermagem (enfermeiros ou auxiliares) ou ainda um leigo. Esses profissionais são,
obviamente, contratados, sendo portanto externos ao arranjo familiar. MEDEIROS &
KARSCH (1992), encontraram em estudo realizado em um bairro no município de São
Paulo resultados semelhantes aos desse estudo com relação à importância da filha para os
idosos e afirmam: “A filha é a pessoa mais importante para qualquer velho, nesta cidade
ou neste país. É quem ajuda a resolver os problemas de saúde, de doença, de ajuda física”
(p. 36).

Esta questão é preocupante e permite-nos diversas reflexões, primeiro a crença de


que a filha irá dispensar-lhes cuidados e nesta crença está embutida uma cobrança, mais
uma vez retomamos a função feminina do cuidado para com os idosos, lembrando que há
uma grande chance de que esta filha esteja inserida no mercado de trabalho e ainda que
esta possa ter sua própria família com filhos inclusive, que naturalmente demandam
cuidados. Para VERAS (1996) essa é uma função, tradicionalmente ligada à mulher, e o
fato de não serem recompensadas financeiramente, passa a exigir novas formas de
administração dessa questão, principalmente nos grandes centros urbanos. SILVA (1998)
refere que em seus estudos tem encontrado dados consonantes com a literatura em geral,
que constatam que a maior parte dos cuidadores domiciliares é mulher. A autora, alerta
para o fato de que o cuidar do outro, e no caso, a mulher cuidadora, não é, como se
94

concebe, tarefa “natural” da mulher, mas sim uma construção histórico-social, que se dá,
essencialmente, na família. Esta reflexão, continua a autora, “derruba as concepções que
associam o cuidar a uma condição biológica e, portanto, natural” (p. 149).

FELGAR (1998) refere dados relativos a um estudo realizado em São Paulo, com
cuidadores de adultos* com seqüelas de acidente vascular cerebral – AVC, onde encontrou
que mais de 90% dos cuidadores são do sexo feminino.

Outra crença observada é a de que poderão contratar um profissional da


enfermagem para o cuidado, seja ele de nível superior ou não; colocam-se aqui duas
questões importantes, uma que há carência de formação, tanto em nível superior quanto em
nível médio, sobre geriatria e gerontologia para os profissionais da enfermagem e de outras
categorias profissionais, a outra é que o custo desses serviços é muito alto, além de ser em
geral uma necessidade de cuidados de longa duração. Portanto, como é pequeno o número
de profissionais habilitados para tal finalidade, implica necessariamente no crescimento do
valor da remuneração. Alguns ainda referem que podem contratar um leigo para essa
tarefa, o que nos faz perceber um desconhecimento da necessidade de formação de pessoas
para o cuidado com idosos. Para estes é como se essa fosse uma tarefa simples que
qualquer um pode desempenhá-la. As pessoas que cuidam de idosos são denominadas na
área da geriatria e gerontologia de “cuidadores”, sendo que de acordo com o grau de
dependência do idoso haverá necessidade de um cuidador melhor preparado.

A maioria dos idosos estudados referiu terem tido filhos. Há uma equivalência de
proporção quanto ao gênero, estes são em média quatro filhos por idoso, indicando um
nível razoável de possível rede de ajuda em caso de doença e/ou dependência. Segundo
LEME & SILVA (1996), a população idosa atual vem de um tempo onde a família, no
caso a família ampliada, com convivência multigeracional (avós, filhos, tios, primos ...)
tinha um papel importante na vida das pessoas e assegurava o cuidado dos seus membros.
Essa referência, creio, se concretiza quando os idosos esperam ser cuidados por membros
da família. Com o declínio da família ampliada e estruturação da família nuclear várias
vezes referidas neste estudo, fica claro que o cuidado em família torna-se cada vez mais
difícil.

*
Adultos a partir dos 50 anos.
95

O cenário da família nuclear em relação ao cuidado dos seus membros, em


particular do idoso, é denominado como sendo a “síndrome de insuficiência familiar”, ou
seja, o não dispor dessa possibilidade de cuidado pode trazer para o idoso situações de
morbidade de caráter físico, psíquico ou social. Essa síndrome pode ser dividida em dois
tipos: a do filho único e a dos maus-tratos. A primeira é referida inclusive como sendo
endêmica, pois há uma tendência mundial de famílias muito pequenas, de um único filho,
aqui observa-se uma impossibilidade física de prestação de cuidados a seus idosos
dependentes, não se tratando pois de rejeição, mas de impossibilidade real que acaba
culminando na institucionalização. Na síndrome dos maus-tratos, observa-se realmente
uma animosidade para com a pessoa cuidada, no caso o idoso dependente. Essa é uma
questão recente e ainda pouco estudada entre nós, mesmo em países mais desenvolvidos e
em termos proporcionais há pouca literatura a respeito. O mau-trato pode ser voluntário ou
involuntário, este último por falta de conhecimento ou possibilidade física real para prestar
o cuidado, já o mau-trato voluntário, é cometido em geral pelo cônjuge feminino e em
seguida pelos filhos adultos e, em menor grau, pelo cuidador profissional. É importante
que se perceba aqui o estresse do cuidador de idoso com alta dependência, chamado
“doente oculto” e que também precisa ser cuidado (LEME & SILVA, 1996). Para
VELASQUEZ et al. (1998,), “há que se criar mecanismos de proteção social que garanta
a família a possibilidade de exercer seu papel de cuidador” (p.141). Segundo FELGAR
(1998), mais de 90% dos participantes de seu estudo residem com a pessoa da qual cuidam.
Fica claro, a partir dessa afirmação, que o real suporte a idosos dependentes está no
domicilio, a cargo da família.

Retomando a problemática do cuidador, vemos que atualmente há uma grande


discussão em nível nacional sobre esta questão, mas ainda não se chegou a um consenso.
Informalmente, pessoas estão “cuidando” de idosos, seja em instituições de longa
permanência ou em domicílios, em geral sem nenhuma formação para tal (BARETO,
1995). Há a necessidade e a família identifica alguém que vai aprendendo (ou não) com a
prática; e nas instituições acontece mais ou menos o mesmo processo, alguns auxiliares de
enfermagem tratam das tarefas mais específicas, como curativos e administração de
medicação, porém os demais cuidados são desempenhados por pessoas contratadas que
também aprendem (ou não) com a prática.
96

Existem, atualmente, diversos cursos de formação, capacitação, treinamento ou


outra denominação similar, por todo Brasil, que se destinam às pessoas que cuidam e/ou
desejam cuidar de idosos, podendo também ser um familiar. Os cursos têm como objetivo
instrumentalizar para o cuidado com o idoso com algum grau de dependência, e assim
facilitar o cotidiano do idoso e do cuidador, oferecendo mais qualidade nessa atenção e
maior chance de independência e bem estar para o idoso.

MENDES (1998) refere que nos países desenvolvidos os cuidados domiciliares


para idosos são considerados como necessidade social e conta-se com uma rede de serviços
públicos destinados a esse suporte domiciliar. Existem, continua a autora, instituições
oficiais que recrutam e treinam os voluntários da comunidade; este trabalho é normatizado
e regulado por políticas públicas. Ainda segundo a autora, esta não é a prática observada
no Brasil, onde os cuidados prestados por um “voluntário da comunidade” aos idosos
dependentes, “ocorrem de forma espontânea”, isto é, são os familiares, amigos, vizinhos
que aparecem para ajudar nos momentos críticos, não havendo nenhuma política pública
destinada a esse fim.

Segundo MENDES (1998) BARER e JOHNSON (1990) referem que a definição


de STONE, CAFFERATA e SANGL (1987) é a mais explícita, pois distingue o cuidador
principal e o secundário de acordo com o grau de envolvimento de cada um nos cuidados
prestados ao idoso dependente. O cuidador principal é aquele que tem a total ou a maior
responsabilidade pelo cuidado prestado ao idoso dependente, no domicílio. Os cuidadores
secundários seriam os familiares, voluntários e profissionais que prestam atividades
complementares.

O tema dos “cuidadores de idosos” tem gerado, por parte dos especialistas e dos
poderes públicos no Brasil, grandes polêmicas. Vários fóruns* nacionais e regionais têm
acontecido no sentido de se chegar a um denominador comum quanto à questão, de modo a
permitir a proposição de políticas públicas que venham a normatizar as ações de cuidados a
idosos no país.

*
I Curso de Aperfeiçoamento. para Instrutores no Cuidado com o Idoso - GO/1998 (Ministério da Previdência e
Assistência Social); I Congresso Brasileiro da Associação Nacional de Gerontologia - RS/1998 (ANG); Oficicina de
Trabalho para Discussão da Política Nacional de Saúde do Idoso - DF/1999 (Ministério da Saúde).
97

Segundo MENDES (1998) não há clareza nos critérios que se utilizam para definir
os cuidadores, levando a diversas definições, algumas baseadas no vínculo parental, outras
no tipo de cuidado prestado. As dúvidas são de diversas ordens, discutiremos algumas a
seguir.

Quanto à denominação: (cuidador formal/informal, leigo/ou não leigo,


familiares/não familiares). A partir de vários autores, MENDES (1998) destaca uma
definição que permite distinguir o cuidador principal do secundário. Sendo o cuidador
principal aquele que tem maior ou total responsabilidade pelo cuidado prestado no
domicílio e o secundário seria o familiar, amigo, voluntário ou profissional que realiza
atividades complementares. Segundo a autora (1998) “usa-se o termo cuidador formal
(principal ou secundário) para o profissional contratado (atendente de enfermagem,
acompanhante, empregada doméstica, etc.) e cuidador informal, usualmente os familiares,
amigos e voluntários da comunidade. Essas dificuldades em se definir o cuidador implica
em dificuldade de entender o real processo de cuidado a um idoso dependente no
domicílio, assim como a dinâmica que vai definir o cuidador principal” (p. 173).

Quanto à categorização: trata-se de função/trabalho/profissão. Essa questão foi


discutida exaustivamente no I Curso de Aperfeiçoamento para Instrutores no Cuidado com
o Idoso, promovido pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, em 1998, onde
estavam reunidos cerca de 40 especialistas, mas não se conseguiu chegar a um consenso,
tendo sido retomada a discussão em Porto Alegre, no mesmo ano, onde foi apresentada
para discussão uma proposta de um Projeto de Lei criando a categoria profissional de
“cuidador”, na referida proposta o cuidador não seria apenas para pessoas idosas, mas
também para crianças e para pessoas portadoras de deficiência, o que causou mais
polêmicas ainda e, ao final, não se aprovou o prosseguimento da proposta, a avaliação dos
especialistas presentes foi de que era preciso mais amadurecimento da questão.

Quanto à formação: quem/como forma, qual o conteúdo/carga horária. Parte dessa


questão ficou definida pelos Ministérios da Saúde e Previdência e Assistência Social, ou
seja, foi informado durante a Oficina de Trabalho para discussão da Política Nacional de
Saúde do Idoso, em 1999, que a responsabilidade da formação de cuidadores de idosos no
Brasil será realizada pelos referidos Ministérios, porém a operacionalização dessa parceria
e da formação propriamente dita, não foi tratada na ocasião.
98

É muito importante que essas discussões estejam acontecendo, esperamos que em


breve alguns desses impasses tenham soluções, pois os cuidados continuam sendo
prestados seja por pessoas da família ou não (devido não apenas à necessidade da mulher
que está no mercado de trabalho, mas também à complexidade da tarefa quando a
dependência é alta), com ou sem formação (quando essa existe não se sabe ao certo a
seriedade da mesma e nem sempre há um acompanhamento, pois hoje essa é uma que
desponta no mercado e há que se ter cautela) e que recebem remunerações as mais
variadas. A solução para esses impasses tornam-se ainda mais urgentes quando pensamos
no risco de abusos e maus tratos (já referidos anteriormente) que podem ser cometidos
durante o cuidado, muitas das vezes por pura falta de conhecimento.

Encontramos para o total dos idosos estudados (358), que 7,30% ou não sabem com
quem contar em caso de uma necessidade desse tipo ou acreditam não poder contar com
ninguém e vale ressaltar que todos que deram esta resposta são mulheres, isso significa que
entre as 308 idosas entrevistadas 8,44% não sabem com quem contar em caso de doença
e/ou incapacidade, corroborando assim, a discussão já trazida anteriormente, quanto à
chance das mulheres envelhecerem sós e não terem com quem contar para cuidá-las;
diferentemente dos homens que estão em sua maior parte casados e são cuidados, na
maioria das vezes, pela companheira. Aqui temos mais uma questão polêmica, a do papel
do estado, que deve oferecer meios para manter uma rede tal que permita a essa pessoa
permanecer em sociedade ou a alternativa será institucionalização. No caso do Brasil o
caminho mais comum é a institucionalização. Na verdade, não seria o maior problema se
contássemos com um sistema de institucionalização geriátrica, hierarquicamente
organizado, equipado e humanizado, que atendesse ao idoso em suas diversas demandas,
pois em algumas situações, a institucionalização é a intervenção mais adequada, porém ela
se dá muitas das vezes por falta de opção, ou seja, por ainda não termos a implementação
da Política Nacional do Idoso e no caso das instituições, por falta de uma política pública
de orientação, regulação e fiscalização das instituições geriátricas no país.
99

5.3. Atividades de Vida Diária (AVD) – Seção IV

Segundo dados sobre os indicadores de saúde da Espanha


(INDICADORES...,1995), “o nível de capacidade funcional do idoso é possivelmente o
maior determinante de sua situação vital e do tipo de assistência que precisará no futuro”
(p. 115). Para RAMOS (1992), em uma avaliação do tipo multidimensional do idoso, como
a realizada nesse estudo, é indispensável mensurar o grau de autonomia e independência
para realizar as tarefas mais simples de autocuidado, ou seja, sua capacidade funcional. O
autor refere que um estudo realizado com população idosa em São Paulo revela que uma
elevada porcentagem dos idosos estudados, tem dificuldade para realizar as atividades da
vida diária.

Os resultados deixam bastante claro que os idosos desse estudo são autônomos e
independentes. Mais de (90,00%) deles referem-se com capacidade para desempenhar as
atividades que lhes foram perguntadas, sendo a única exceção, cortar as unhas dos pés
onde (14,20%) declaram-se incapazes para fazê-lo sozinho, dentre estes encontramos que a
maioria é mulher e tem entre 60 e 69 anos de idade; já os poucos homens que referem esta
dificuldade, só a referem em idade mais avançada, têm mais de 70 anos. São resultados
mais satisfatórios do que os encontrados na população geral como já referimos algumas
vezes neste estudo, ou seja, a maioria da população idosa apresenta-se com boa capacidade
funcional e vivendo na comunidade, porém, neste grupo, o nível de independência máximo
está presente, praticamente, na totalidade do grupo.

É importante relembrarmos que a capacidade funcional no idoso é mensurada a


partir do grau de autonomia e independência e que o conceito de saúde na terceira idade,
hoje postulado, diz respeito à capacidade funcional, ou seja, mesmo na presença de
patologia, se o indivíduo consegue manter um bom nível de funcionalidade para o
desempenho de suas AVDs e AIVDs ele é um idoso saudável, independente e autônomo.

CHIOVATTO (1996), referindo dados internacionais, permite-nos perceber a


associação entre presença de patologias em idosos e presença de incapacidades associadas
a essas patologias, quando afirma que na presença de apenas uma condição patológica, 5%
da população idosa refere necessidade de ajuda para uma ou mais AVDs, ou seja 95% dos
idosos, mesmo diante de “uma” patologia mantém sua capacidade funcional. Esse
100

percentual cresce à medida em que aumenta o número de doenças associadas, chegando a


55% entre os homens e 65% entre as mulheres, ou seja, quando há mais de uma patologia
presente o percentual de idosos com algum nível de dependência para a realização de
alguma AVD cresce de 5% para 55% ou 65% de acordo com o gênero. Esse dado reforça
para nós que o grupo estudado apresenta um bom nível de saúde, tendo-se como parâmetro
sua capacidade funcional.

Com relação à dificuldade para cortar as unhas dos pés é importante esclarecermos
que trata-se de uma atividade com alto nível de complexidade para sua realização. Ao
analisá-la é possível perceber que para sua execução há exigência de habilidade e destreza,
mobilidade corporal, força muscular, coordenação motora, coordenação viso-manual,
manejo de objeto cortante e boa acuidade visual entre outras. Ao mesmo tempo em que o
cuidado com os pés e as unhas do idoso vai além de um princípio básico de higiene, posto
que se constitui em uma condição importante para a sua saúde, pois pés e unhas bem
cuidados auxiliam a boa marcha, evitam cortes em pés diabéticos e/ou com problemas
vasculares, evitam ressecamento e endurecimento maior das unhas que podem encravar e
machucar a pele e em paralelo, cuidar bem dos pés e unhas exige, segundo KNACKFUSS
(1996) a escolha de calçados adequados que não machuquem e que previnam e/ou
possibilitem a correção ou minimizem as deformidades existentes.

CHIOVATTO (1996) em seu estudo, acima referido, encontrou uma diferença em


relação ao nível de dependência funcional entre homens e mulheres na presença de mais de
uma patologia, sendo essa dependência de 55% e 65% respectivamente. Em nosso estudo a
diferença entre os gêneros para o desempenho das AVDs, foi observada que nos itens
“preparar sua própria refeição” e “realizar atividades domésticas / manter a casa em
ordem”, onde 16,00% dos homens não se acham em condições de preparar sua própria
refeição sozinhos e 12,00% referem dificuldade para manter a casa em ordem, ou seja,
realizar tarefas domésticas; enquanto que entre as mulheres apenas 1,62% e 5,84
respectivamente. Mais um reflexo da diferença entre gêneros, neste grupo esta diferença
não se apresenta, provavelmente, devido apenas à idade avançada ou à presença de alguma
patologia, relacionando-se mais a um comportamento cultural.

Observamos a partir dos resultados um bom nível de sociabilização e adequada


ocupação do tempo livre, há uma variação de tarefas desempenhadas que vão desde assistir
101

a televisão até viagens longas, passando por atividades artísticas, culturais e religiosas.
Verificamos uma menor participação nas atividades relacionadas à prática esportiva, onde
os idosos declararam maciçamente não praticarem esportes. Praticamente todos os idosos
mostraram-se satisfeitos com a ocupação do seu tempo livre. Os que referem alguma
insatisfação dizem-se pouco motivados e sentindo falta de mais atividades, inclusive de
lazer.

A maioria dos idosos desse estudo, encontra-se de algum modo desobrigado das
tarefas do trabalho remunerado ou doméstico, o que segundo FERRARI (1996) lhes
concede um grande período de tempo livre. A autora chama atenção que a ocupação desse
tempo livre, salvo nos casos onde o idoso ingressa numa nova carreira ou busca atividades
remuneradas como forma de complementar o déficit de renda conseqüente à aposentadoria,
tende cada vez mais a ser ocupado com atividades de lazer, ou seja, atividades que
permitem o descanso, divertimento, recreação e entretenimento e ainda, o desenvolvimento
pessoal. Entre as opções de locais que possibilitam essa vivência às pessoas idosas, esta
autora refere as Universidades Abertas à Terceira Idade, onde a possibilidade de
desenvolvimento pessoal coloca-se imperativa. Esta refere ainda que, infelizmente, o lazer
ainda é visto de maneira preconceituosa nas sociedades regidas pela produtividade, daí a
dificuldade de alguns idosos, que viveram todo tempo anterior para o trabalho ou para o
cuidado da casa, em encontrar maneiras de ocupação adequada do tempo livre, além do
desconhecimento do benefício dessa prática para o seu bem estar.

Nesse sentido, MORAGAS E MORAGAS (1991) refere a importância dos


Programas de Preparação para a Aposentadoria que entre outros objetivos contribuem para
a descoberta de novas alternativas e interesses, pois, refere o autor, o aposentado precisa
estabelecer um novo ritmo de vida devido ao aumento do seu tempo livre.

Por tudo que já foi referido, “compreende-se que medir a qualidade de vida na
população idosa supõe uma abordagem de tipo multidimensional, que vá além dos
aspectos de saúde, sejam estes relativos ao bem estar do tipo físico, funcional, emocional
ou mental, para estender-se às circunstâncias sociais, familiares, econômicas e do meio
que rodeiam estas pessoas” (INDICADORES..., 1995, p.115).
102

5.4. Recursos Sociais – Seção V

Os resultados permite-nos verificar que os idosos deste estudo mantêm uma boa
interação social, a maioria mostra-se satisfeito com o relacionamento mantido com as
pessoas com as quais reside, no relacionamento com vizinhos, e onde mais observamos
satisfação é na relação com os amigos.

Observamos que, de modo geral, não há dependência dos entrevistados em relação


aos seus familiares, porém foi referido, pela maioria dos idosos, que a companhia e o
cuidado pessoal, são aspectos onde os familiares fazem-se mais presentes, presença essa
muito valorizada por eles.

Os idosos desse censo referem-se como provedores em potencial de seus familiares,


mais da metade ajuda seus familiares em termos financeiros e de moradia. Um percentual
elevado (37,40%) de idosos referem cuidar de crianças, denotando esse papel
desempenhado pelo idoso na família, que por um lado é muito importante à medida em que
permite o contato intergeracional, por outro pode constituir-se em uma “obrigação” para
liberar filhas e noras para o mercado de trabalho, podendo comprometer sua autonomia
para administrar o seu tempo.

Ao contrário do que pensa o senso comum, os idosos não são apenas os que
demandam, mas são também provedores e consumidores em potencial, os dados acima
referidos mostram-se consonantes com os apresentados para a população em geral. Os
idosos, independentemente do gênero, participam ativamente da receita doméstica e que
sua renda pode representar até 45% do orçamento familiar, à medida em que a idade
avança, essa participação diminui e perde mais valor a partir dos 75 anos de idade
(TERCEIRA...,1999).

As idosas dos países onde não há um bom sistema de previdência social, estão
fadadas a dependerem economicamente de terceiros, ou seja, dos mais jovens,
principalmente as mais velhas, que como já vimos estarão viúvas com pouca ou nenhuma
escolaridade e que em geral não possuem outros recursos e assim acabam constituindo-se
em um grupo especialmente vulnerável (EL ENVEJECIMIENTO..., 1999). Trata-se de
103

uma situação bastante diferente da experenciada pelos idosos da UnATI/UFPE. Mais uma
vez evidencia-se a particularidade do grupo estudado.

A maioria dos idosos costuma receber visitas de amigos e familiares,


principalmente dos filhos. MEDEIROS & KARSCH (1992) referem a “importância das
relações de vizinhança e a valorização dos grupos que dão à mulher oportunidades de
fazerem novas amizades” (p. 36). Nesse sentido, novamente a rede social assume
importância, pois como refere DEBERT (1996), é a partir da “solidariedade pública entre
gerações” (p. 45), que responderemos a muitas demandas da população idosa. A
experiência da UnATI/UFPE tem colocado a possibilidade de ampliação do território
existencial dos idosos à medida em que a cada curso conhecem novas pessoas e os
encontros têm extrapolado o Campus da UFPE, originando novos amigos e grupos sociais.

5.5. Recursos Econômicos – Seção VI.

O fato da maioria dos idosos deste estudo ser do gênero feminino e pertencer a uma
coorte onde o papel fundamental da mulher era principalmente o cuidado da casa e da
família, justifica que a função de dona de casa tenha predominado quando perguntamos o
tipo de trabalho exercido a maior parte do tempo em sua vida, com (34,40%) das respostas
para o grupo e (39,40%) para as mulheres. A segunda função mais referida foi a de
professor(a), onde dos 49 idosos que referem esta profissão 47 são mulheres; é um
resultado também previsível, já que entre as mulheres que exerciam algum tipo de trabalho
fora de casa, o magistério era consonante com o papel feminino; outra função também
referida foi a de costureira que era “permitida” à mulher e podia ser exercida em casa.

A maior parte dos entrevistados neste censo trabalhou durante um período


compreendido entre 21 a 40 anos, tendo iniciado essa atividade de trabalho ainda bem
jovens, ou seja, antes dos vinte anos de idade e pararam de trabalhar antes dos 60 anos. Um
percentual de apenas (9,22%) ainda permanecem trabalhando. No Brasil, “62% dos
homens que trabalham e têm entre 65 e 90 anos cumprem jornada mínima de 40 horas,
cerca de 30% a 40% dos homens entre 70 a 80 anos trabalham, enquanto as mulheres
cerca de 20 anos mais novas apresentam percentuais semelhantes” (TERCEIRA..., 1999,
p. 2).
104

BOUTIQUE & SANTOS (1996) referem que o período em que o idoso hoje
aposentado esteve inserido no mercado de trabalho, que girou entre a década de 50 e 80,
pode ser descrito como um período onde se consolidou o sistema capitalista no Brasil, sob
o governo Vargas. Só após 1955, é que, segundo as autoras, a mão de obra feminina é
incorporada com algum relevo no mercado de trabalho, porém em atividades que exigiam
pouca escolaridade e experiência. As autoras acrescentam que o número cada dia mais
crescente de trabalhadores oriundos de área rural, sem qualificação profissional, contribuiu
para uma nova composição da classe operária no período compreendido entre 1930 e 1945.

Desde os anos 80 convivemos com uma política econômica preocupada em pagar a


dívida externa e as questões de interesse nacional não são devidamente debatidas. O poder
central parece crer que a integração do Brasil à economia mundial depende de esforços que
comprometem a soberania nacional. É nessa conjuntura adversa do país, onde se vê um
arrefecer do movimento social e do movimento sindical, em particular, que os
trabalhadores, hoje idosos, saíram do mercado de trabalho na condição de aposentados
(BOUTIQUE & SANTOS, 1996).

Os resultados em relação à renda demonstram que apenas (4,74%) dos


entrevistados referem não ter renda própria e são todos do sexo feminino, mais uma vez
observamos a diferença entre os gêneros. Entre aqueles que possuem renda, a maior parte
recebe aposentadoria, ou seja, foram pessoas que tiveram 0acesso ao mercado formal de
trabalho e os demais recebem pensão do cônjuge. Metade refere que sua renda é suficiente
para suprir suas despesas, a outra metade refere que não. Os achados deste estudo são, em
parte, consonantes aos referidos por PRATA & SAAD (1992), para a população geral onde
45% dos idosos são aposentados, ou seja, quase a metade teve acesso ao mercado formal
de trabalho. Para as mulheres, a situação é pior, há um percentual muito grande de
mulheres sem rendimentos, este não é o caso da população feminina da UnATI/UFPE,
apesar de todos que não têm renda serem do sexo feminino o percentual é pequeno.

Tanto a renda pessoal* dos idosos desse censo quanto a renda familiar* é elevada
quando comparada à população idosa aposentada e geral, variando para a maioria entre 7 e
10 salários mínimos, seguida de um outro grupo que percebe entre 11 e 20 salários

*
Tomando como parâmetro o salário mínimo que à época da pesquisa era R$ 130,00.
105

mínimos. A renda familiar segue um padrão semelhante como já referimos, sendo a


maioria entre 11 e 20 salários mínimos e quase um quinto das famílias percebem acima de
20 salários mínimos.

Quando comparamos nossos resultados com os encontrados por PEIXOTO (1994),


para a UnATI/UERJ, percebemos que o nível econômico dos idosos da UnATI/UFPE é
mais alto, principalmente por tratar-se da região Nordeste, onde o nível econômico é mais
baixo em relação ao Sudeste, onde se localiza a comparação referida e lembrando que os
achados nos demais aspectos vêm-se equivalendo. Os resultados de GOLDMAN (1997)
demonstram que, para a experiência em universidade privada, observa-se um nível
econômico mais alto do que os encontrados neste estudo, enquanto que para a universidade
pública os índices foram equivalentes.

No geral, a percepção dos idosos estudados, ao comparar sua atual situação


econômica com quando tinham 50 anos, revela que a maioria acredita que está melhor ou
que permanece a mesma.

As condições de moradia referidas são favoráveis, quase a totalidade dos idosos


conta com água encanada, eletricidade, ligação com rede de esgotos e geladeira, a maioria
possui televisão, rádio e telefone. O computador pode ser considerado pouco utilizado
quando comparado aos demais itens; porém, olhando de um outro prisma, este aparece de
modo relevante, (19,60%) referem possuí-lo. Considerando a informatização mais ampla
como um processo recente, mais precisamente da década de 80 para cá, e o uso doméstico
do microcomputador mais recente ainda, basicamente desta década, é um equipamento que
não fez parte da atividade de trabalho de quase todos os idosos estudados. Entretanto,
devemos destacar que o número de idosos que possui computador neste grupo é
importante, denotando um interesse pela atualização de conhecimentos e pelo novo, de
modo a estarem sintonizados com o que há de mais atual, sendo este também um indicativo
de interação social, pois hoje a “linguagem” da informática faz-se necessária em diversas
dimensões das nossas vidas, facilitando, inclusive, a comunicação intergeracional.

A diferenciação sócio-econômica do grupo de idosos estudados, evidencia-se


quando observamos que a maioria reside em moradia própria e que apenas (8,10%),
residem em moradia alugada. PEIXOTO (1994) refere resultados semelhantes em seus
106

estudos e afirma que, para os idosos por ela estudados, o sonho da casa própria foi
alcançado em bairros mais distantes, no subúrbio e também o grupo beneficiou-se do
sistema financeiro de habitação que há tempos atrás era mais justo. A autora reforça que o
fato de terem seu próprio imóvel os torna menos dependentes dos filhos, e assim, procuram
outras formas de status social, como freqüentar uma universidade.

Participar da UFPE através da Universidade Aberta é, sem dúvida, uma condição de


status social. Essa afirmação pode ser observada nas suas condutas frente ao Programa,
tanto em relação a outros idosos como em relação à família, agora esses idosos “são” da
UnATI/UFPE, sentem-se universitários na essência da palavra e se orgulham muito disso.

5.6. Necessidades e Problemas que Afetam os Entrevistados – Seção VIII

Para os idosos deste censo, suas principais necessidades referem-se, por ordem de
grandeza a questões econômicas, de segurança, de companhia e contato pessoal, de saúde,
de lazer e de transporte, considerando que a metade possui automóvel, a questão de
transporte coloca-se para os demais associada a um sistema de transporte mal planejado, à
distância entre as paradas dos ônibus e à insegurança nos coletivos, além da opção do táxi
também ser insegura e onerosa. A julgarmos pela diferenciação econômica observada
nesse grupo, a questão econômica se coloca, no plano geral, no contexto da crise
econômica do país. A falta de segurança além de estar presente como algo generalizado
nas grandes cidades, para o idoso exacerba-se, pois sentem-se mais vulneráveis, limitando
inclusive, sua participação em atividades noturnas.

A necessidade de companhia e contato pessoal vem corroborar discussões já


trazidas anteriormente, a maioria são mulheres, viúvas e um número importante delas mora
só, talvez freqüentar programas de Universidades Abertas seja uma maneira de minimizar
a solidão e aumentar o universo de relações, que estabelece contato com a necessidade de
lazer, pois sem companhia as pessoas sentem-se desmotivadas para buscarem e realizarem
atividades prazerosas. Quando referem necessidade de saúde, cremos tratar-se de uma
condição básica, “em primeiro lugar a saúde”, diz o ditado, pois trata-se de um grupo
saudável, de acordo com o conceito de capacidade funcional, que possui plano e/ou seguro
107

de saúde privado e que, portanto, fala de saúde como uma necessidade inerente ao seu bem
estar.

Essas “impressões” são confirmadas quando ao final pedimos que refiram o


problema mais importante do seu cotidiano, (35,50%) não relatam problema importante; a
questão econômica reaparece, porém em menor escala. A preocupação com a família, em
particular com filhos e netos é referida em relação à saúde, segurança e futuro destes. A
solidão e a carência afetiva também reaparecem, inclusive expressando o desejo de
encontrar um(a) companheiro(a). Os dados dessa seção, são semelhantes aos encontrados
por VERAS (1994) para o Município do Rio de Janeiro.
109

6. CONCLUSÕES

Observamos que a metodologia utilizada neste estudo mostrou-se adequada para


responder aos objetivos pretendidos, que nos permitiu concluir com relação ao perfil sócio-
epidemiológico dos idosos da UnATI/UFPE, quanto:

• À situação pessoal e familiar – trata-se de um grupo predominantemente feminino, de


“idosos-jovens”, ou seja, na faixa etária entre 60 e 69 anos; nascidas em Pernambuco;
em sua maioria casadas e/ou viúvas; com bom nível de escolaridade, a maior parte com
segundo e terceiro graus. Residem em média com duas pessoas por domicílio; a
maioria teve filhos e refere satisfação com a vida em geral;

• À utilização de serviços médicos e dentários – são em sua maioria usuários de


plano/seguro saúde privado e referem satisfação quanto à utilização dos mesmos. No
que se refere ao uso de próteses e órteses, estas limitam-se às dentárias (dentadura,
ponte, dente postiço) e às visuais (óculos de grau); a maioria faz uso de medicamentos
que afirmam serem prescritos por um médico; crêem que em caso de doença ou
incapacidade poderão contar com os cuidados prestados pela filha e também pelo
cônjuge;

• Às atividades de vida diária (AVD) – os idosos deste censo compõem um grupo de


pessoas que gozam de bom nível de autonomia e independência funcional, são capazes
de desempenhar as atividades da vida diária sem necessidade de ajuda; ocupam o
tempo livre com atividades variadas, tanto no domicílio (leitura, televisão, receber
visitas, entre outras), quanto fora dele (viagens, atividades religiosas, visita a amigos
entre outras), além de atividades ligadas à arte, cultura e lazer, com as quais sentem-se
satisfeitas;

• Aos recursos sociais – são idosos que mantêm boas relações interpessoais com aqueles
com os quais residem, com os amigos e os vizinhos; são em algumas situações
(moradia e finanças), provedoras de suas famílias, destas, recebem companhia e
110

cuidado pessoal com os quais sentem-se muito bem; costumam receber visitas de
familiares, vizinhos e amigos;

• Aos recursos econômicos – a maioria dos idosos estudados possui renda própria
proveniente de aposentadoria e/ou pensão do cônjuge; tanto a renda pessoal quanto a
renda familiar deste grupo é diferenciada em relação à media de rendimentos da
população idosa em geral; residem em imóvel próprio e com boas condições de
moradia, contando com rede de esgotos e energia elétrica;

• Às necessidades e problemas que afetam o entrevistado – são idosos que não relatam
problemas importantes no seu cotidiano, quando referem alguma preocupação diz
respeito aos filhos e netos, pois preocupam-se com sua saúde e seu futuro.

O perfil aqui apresentado, em muitos aspectos não reflete a realidade da população


idosa de Pernambuco, aproxima-nos da realidade dos idosos que procuram programas do
tipo Universidades Abertas à Terceira Idade, que se constituem de fato em uma coorte
importante para investigação na área do envelhecimento.

Por apresentarem boa capacidade funcional, apontam-nos para a importância do


desenvolvimento, por parte do Programa, de atividades que visem a educação para o
autocuidado. É também de grande importância que se encontrem maneiras para ampliação
das atividades do Programa, de modo a contemplar idosos menos privilegiados sócio-
economicamente, esta possibilidade está em consonância com as proposições das ações
para o envelhecimento em todo o mundo, preconizadas para 1999, Ano Internacional do
Idoso.

Este estudo permite também o delineamento para futuras investigações.


112

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122

ANEXO 1

Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994

Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, cria o


Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I
Da Finalidade

Art. 1º A Política Nacional do Idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais
do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação
efetiva na sociedade.

Art. 2º Considera-se idoso, para todos os efeitos desta Lei, a pessoa maior de
sessenta anos de idade.

CAPÍTULO II
Dos Princípios e das Diretrizes

Seção I
Dos Princípios

Art. 3º A Política Nacional do Idoso reger-se-á pelos seguintes princípios:


I – a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os
direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua
dignidade, bem-estar e o direito à vida;
II – o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser
objeto de conhecimento e informação para todos;
III – o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;
123

IV – o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem


efetivadas através desta política;
V – as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições
entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e
pela sociedade em geral, na aplicação dessa Lei.

Seção II
Das Diretrizes

Art. 4º Constituem diretrizes da Política Nacional do Idoso:


I – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do
idoso, que proporcionem sua integração às demais gerações;
II – participação do idoso, através de suas organizações representativas, na
formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem
desenvolvidos;
III – priorização do atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em
detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições que
garantam sua própria sobrevivência;
IV – descentralização político-administrativa;
V – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e
gerontologia e na prestação de serviços;
VI – implementação de sistema de informações que permita a divulgação da
política, dos serviços oferecidos, dos planos, programas e projetos em cada nível do
governo;
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações
de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento;
VIII – priorização do atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados
prestadores de serviços, quando desabrigados e sem família;
IX – apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento;

Parágrafo único. É vedada a permanência de portadores de doenças que necessitem


de assistência médica ou enfermagem em instituições asilares de caráter social.
124

Capítulo III
Da Organização e Gestão

Art. 5º Competirá ao órgão ministerial responsável pela assistência e promoção


social a coordenação geral da Política Nacional do Idoso, com a participação dos conselhos
nacional, estaduais, do Distrito Federal e municipais do idoso.

Art. 6º Os conselhos nacional, estaduais, do Distrito Federal e municipais do idoso


serão órgãos permanentes, paritários e deliberativos, compostos por igual número de
representantes dos órgãos e entidades públicos e de organizações representativas da
sociedade civil ligadas à área.

Art. 7º Compete, aos conselhos de que trata o artigo anterior, a formulação,


coordenação, supervisão e avaliação da Política Nacional do Idoso, no âmbito das
respectivas instâncias político-administrativas.

Art. 8º À União, por intermédio do ministério responsável pela assistência e


promoção social, compete:
I – coordenar as ações relativas à Política Nacional do Idoso;
II – participar na formulação, no acompanhamento e na avaliação da Política
Nacional do Idoso;
III – promover as articulações intraministeriais e interministeriais necessárias à
implementação da Política Nacional do Idoso;
IV – (vetado)
V – elaborar a proposta orçamentária no âmbito da promoção e assistência social e
submetê-la ao Conselho Nacional do Idoso;

Parágrafo único. Os ministérios das áreas de saúde, educação, trabalho, previdência


social, cultura, esporte e lazer devem elaborar proposta orçamentária, no âmbito de suas
competências, visando ao financiamento de programas nacionais compatíveis com a
Política Nacional do Idoso;

Art. 9º (vetado)
Parágrafo único. (vetado)
125

CAPÍTULO IV
Das Ações Governamentais

Art. 10º Na implementação da Política Nacional do Idoso, são competências dos


órgãos e entidades públicos:
I – na área de promoção e assistência social:
a) prestar serviços e desenvolver ações voltadas para o atendimento das
necessidades básicas do idoso, mediante a participação das famílias, da sociedade e de
entidades governamentais e não-governamentais.
b) estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso, como
centros de convivência, centros de cuidados diurnos, casas-lares, oficinas abrigadas de
trabalho, atendimentos domiciliares e outros;
c) promover simpósios, seminários e encontros específicos;
d) planejar, coordenar, supervisionar e financiar estudos, levantamentos, pesquisas
e publicações sobre a situação social do idoso;
e) promover a capacitação de recursos para atendimento ao idoso;

II – na área de saúde:
a) garantir ao idoso a assistência à saúde, nos diversos níveis de atendimento do
Sistema Único de Saúde;
b) prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante programas e
medidas profiláticas;
c) adotar e aplicar normas de funcionamento às instituições geriátricas e similares,
com fiscalização pelos gestores do Sistema Único de Saúde;
d) elaborar normas de serviços geriátricos hospitalares;
e) desenvolver formas de cooperação entre as Secretarias de Saúde dos Estados, do
Distrito Federal, e dos Municípios e entre os Centros de Referência em Geriatria e
Gerontologia para treinamento de equipes interprofissionais;
f) incluir a Geriatria como especialidade clínica, para efeito de concursos públicos
federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais;
g) realizar estudos para detectar o caráter epidemiológico de determinadas doenças
do idoso, com vistas a prevenção, tratamento e reabilitação; e
h) criar serviços alternativos de saúde para o idoso.
126

III – na área da educação:


a) adequar currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais
destinados ao idoso;
b) inserir nos currículos mínimos, nos diversos níveis de ensino formal, conteúdos
voltados para o processo de envelhecimento, de forma a eliminar preconceitos e a produzir
conhecimentos sobre o assunto;
c) incluir a Gerontologia e a Geriatria como disciplinas curriculares nos cursos
superiores;
d) desenvolver programas educativos, especialmente nos meios de comunicação, a
fim de informar a população sobre o processo de envelhecimento;
e) desenvolver programas que adotem modalidades de ensino à distância,
adequados às condições do idoso;
f) apoiar a criação de universidade aberta para a terceira idade, como meio de
universalizar o acesso às diferentes formas do saber.

IV – na área de trabalho e previdência social:


a) garantir mecanismos que impeçam a discriminação do idoso quanto a sua
participação no mercado de trabalho, no setor público e privado;
b) priorizar o atendimento ao idoso nos benefícios previdenciários;
c) criar e estimular a manutenção de programas de preparação para aposentadoria
nos setores público e privado com antecedência mínima de dois anos antes do
afastamento.

V – na área de habitação e urbanismo:


a) destinar, nos programas habitacionais, unidades em regime de comodato ao
idoso, na modalidade de casas-lares;
b) incluir nos programas de assistência ao idoso formas de melhoria de condições
de habitabilidade e adaptação de moradia, considerando seu estado físico e sua
independência de locomoção;
c) elaborar critérios que garantam o acesso da pessoa idosa à habitação popular;
d) diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas.
127

VI – na área da justiça:
a) promover e defender os direitos da pessoa idosa;
b) zelar pela aplicação das normas sobre o idoso, determinando ações para evitar
abusos e lesões a seus direitos.

VII – na área de cultura, esporte e lazer:


a) garantir ao idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fruição
dos bens culturais;
b) propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços
reduzidos, em âmbito nacional;
c) incentivar os movimentos de idosos a desenvolver atividades culturais;
d) valorizar o registro da memória e a transmissão de informações e habilidades do
idoso aos mais jovens, como meio de garantir a continuidade e a identidade cultural;
e) incentivar e criar programas de lazer, esporte e atividades físicas que
proporcionem a melhoria da qualidade de vida do idoso e estimulem sua participação na
comunidade;

§ 1.º É assegurado ao idoso o direito de dispor de seus bens, proventos, pensões e


benefícios, salvo nos casos de incapacidade judicialmente comprovada.

§ 2.º Nos casos de comprovada incapacidade do idoso para gerir seus bens, ser-lhe-á
nomeado Curador especial em juízo.

§ 3.º Todo cidadão tem o dever de denunciar à autoridade competente qualquer forma de
negligência ou desrespeito ao idoso.

CAPÍTULO V
Do Conselho Nacional

Art. 11. ao Art. 18. (vetados)


128

CAPÍTULO VI
Das Disposições Gerais

Art. 19. Os recursos financeiros necessários à implantação das ações afeta às áreas
de competência dos governos federal, estaduais, do Distrito Federal e municípios serão
consignados em seus respectivos orçamentos.

Art. 20. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de sessenta dias, a
partir da data de sua publicação.

Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 4 de janeiro de 1994, 173º da Independência e 106º da República.

Itamar Franco
Presidente
129

ANEXO 2

DECRETO nº 1.948, de 03 julho de 1996

Regularmente a Lei nº 8.842, de 4 janeiro de 1994,


que Dispõe sobre Política Nacional do Idoso, e dá
outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art.


84, inciso IV e VI, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 8.842, de 4 de
janeiro de 1994,

DECRETA:

Art. 1º Na implementação da Política Nacional do Idoso, as competências dos


órgãos e entidades públicas são as estabelecidas neste decreto.

Art. 2º Ao Ministério da Previdência e Assistência Social, pelos seus órgãos,


compete:
I – coordenar as ações relativas à Política Nacional do Idoso;
II – promover a capacitação de recursos humanos para atendimento ao idoso;
III – participar, em conjunto com os demais ministérios envolvidos, da formulação,
acompanhamento e avaliação da Política Nacional do Idoso;
IV – estimular a criação de formas alternativas de atendimento não-asilar;
V – promover eventos específicos para discussão das questões relativas à velhice e
ao envelhecimento;
VI – promover articulações inter e intraministeriais necessárias à implementação da
Política Nacional do Idoso;
VII – coordenar, financiar e apoiar estudos, levantamentos, pesquisas e publicações
sobre a situação social do idoso diretamente ou em parceria com outros órgãos;
VIII – fomentar juntos aos Estados, Distrito Federal, Municípios e organizações
não-governamentais a prestação da assistência social aos idosos nas modalidades asilar e
não-asilar.
130

Art. 3º Entende-se por modalidade asilar o atendimento, em regime de internato, ao


idoso sem vínculo familiar ou sem condições de prover à própria subsistência de modo a
satisfazer as suas necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência social.

Parágrafo único. A assistência na modalidade asilar ocorre no caso da inexistência


do grupo familiar, abandono, carência de recursos financeiros próprios ou da própria
família.

Art. 4º Entende-se por modalidade não-asilar de atendimento:


I – Centro de Convivência: local destinado à permanência diurna do idoso, onde são
desenvolvidas atividades físicas, laborativas, recreativas, culturais, associativas e de
educação para a cidadania;
II – Centro de Cuidados Diurno: Hospital-Dia e Centro-Dia: local destinado à
permanência diurna do idoso dependente ou que possua deficiência temporária e necessite
de assistência médica ou de assistência multiprofissional;
III – Casa-Lar: residência, em sistema participativo, cedida por instituições públicas
ou privadas, destinadaS a idosos detentores de renda insuficiente para sua manutenção e
sem família;
IV – Oficina Abrigada de Trabalho: local destinado ao desenvolvimento, pelo
idoso, de atividades produtivas, proporcionando-lhe oportunidade de elevar sua renda,
sendo regida por normas específicas;
V – atendimento domiciliar: é o serviço prestado ao idoso que vive só e seja
dependente, a fim de suprir as suas necessidades da vida diária. Esse serviço é prestado em
seu próprio lar, por profissionais da área de saúde ou por pessoas da própria comunidade;
VI – outras formas de atendimento: iniciativas surgidas na própria comunidade, que
visem à promoção e à integração da pessoa idosa na família e na sociedade.

Art. 5º Ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) compete:


I – dar atendimento preferencial ao idoso, especificamente nas áreas do Seguro
Social, visando à habilitação e à manutenção dos benefícios, exame médico pericial,
inscrição de beneficiários, serviço social e setores de informações;
II – prestar atendimento, preferencialmente, nas áreas da arrecadação e fiscalização
visando à prestação de informações e ao cálculo de contribuições individuais;
III – estabelecer critérios para viabilizar o atendimento preferencial ao idoso.
131

Art. 6º Compete ao INSS esclarecer o idoso sobre os seus direitos previdenciários e


os meios de exercê-los.

§ 1º O serviço social atenderá, prioritariamente, nos Postos do Seguro Social, os


beneficiários idosos em via de aposentadoria.

§ 2º O serviço social, em parceria com órgãos governamentais e não-


governamentais, estimulará a criação e a manutenção de programas de preparação para
aposentadorias, por meio de assessoramento às entidades de classe, instituições de natureza
social, empresas e órgãos públicos, por intermédio das suas respectivas unidades de
recursos humanos.

Art. 7º Ao idoso aposentado, exceto por invalidez , que retornar ao trabalho nas
atividades abrangidas pelo Regime Geral de Previdência Social, quando acidentado no
trabalho, será encaminhado ao Programa de Reabilitação do INSS, não fazendo jus a outras
prestações de serviço, salvo às decorrentes de sua condição de aposentado.

Art. 8º Ao Ministério do Planejamento e Orçamento, por intermédio da Secretaria


de Política Urbana, compete:
I – buscar, nos programas habitacionais com recursos da União ou por ela geridos, a
observância dos seguintes critérios:
a) identificação, dentro da população alvo destes programas, da população idosa e
suas necessidades habitacionais;
b) alternativas habitacionais adequadas para a população idosa identificada;
c) previsão de equipamentos urbanos de uso público que também atendam as
necessidades da população idosa;
d) estabelecimento de diretrizes para que os projetos eliminem barreiras
arquitetônicas e urbanas, que utilizam tipologias habitacionais adequadas para a população
idosa identificada;

II – promover gestões para viabilizar linhas de crédito visando ao acesso a moradias


para o idoso, junto:
a) às entidades de crédito habitacional;
b) aos Governos Estaduais e do Distrito Federal;
132

c) e outras entidades públicas ou privadas, relacionadas com os investimentos


habitacionais;

III- incentivar e promover, em articulação com os Ministérios da Educação e do


Desporto, da Ciência e Tecnologia, da Saúde e junto às instituições de ensino e pesquisa,
estudos para aprimorar as condições de habitabilidade para os idosos, bem como sua
divulgação e aplicação aos padrões habitacionais vigentes;

IV – estimular a inclusão na legislação de:


a) mecanismos que induzam a eliminação de barreiras arquitetônicas para o idoso,
em equipamentos urbanos de uso público;
b) adaptação em programas habitacionais no seu âmbito de atuação, dos critérios
estabelecidos no inciso I deste artigo.

Art. 9º Ao Ministério da Saúde, por intermédio da Secretaria de Assistência à


Saúde, em articulação com as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compete:
I – garantir ao idoso a assistência integral à saúde, entendida como o conjunto
articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos nos diversos níveis de
atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS);
II – hierarquizar o atendimento ao idoso a partir das Unidades Básicas e da
implantação da Unidade de Referência com equipe multiprofissional e interdisciplinar de
acordo com as normas específicas do Ministério da Saúde;
III – estruturar Centros de Referência de acordo com as normas específicas do
Ministério da Saúde com características de assistência à saúde, de pesquisa, de avaliação e
de treinamento;
IV – garantir o acesso à assistência hospitalar;
V – fornecer medicamentos, órteses e próteses, necessários à recuperação e
reabilitação da saúde do idoso;
VI – estimular a participação do idoso nas diversas instâncias de controle social do
Sistema Único de Saúde;
VII – desenvolver política de prevenção para que a população envelheça mantendo
um bom estado de saúde;
133

VIII – desenvolver e apoiar programas de prevenção, educação e promoção da


saúde do idoso de forma a:
a) estimular a permanência do idoso na comunidade, junto à família,
desempenhando papel social ativo, com a autonomia e independência que lhe for própria;
b) estimular o auto-cuidado e o cuidado informal;
c) envolver a população nas ações de promoção da saúde do idoso;
d) estimular a formação de grupos de auto-ajuda, de grupos de convivência, em
integração com outras instituições que atuam no campo social;
e) produzir e difundir material educativo sobre a saúde do idoso;
IX – adotar e aplicar normas de funcionamento às instituições geriátricas e
similares, com fiscalização pelos gestores do Sistema Único de Saúde;
X – elaborar normas de serviços geriátricos hospitalares e acompanhar a sua
implementação;
XI – desenvolver formas de cooperação entre as Secretarias de Saúde dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios, as organizações não-governamentais e entre os
Centros de Referência em Geriatria e Gerontologia, para treinamento dos
profissionais de saúde;
XII – incluir a Geriatria como especialidade clínica, para efeito de concursos
públicos federais;
XIII – realizar e apoiar estudos e pesquisas de caráter epidemiológico visando a
ampliação do conhecimento sobre o idoso e subsidiar as ações de prevenção,
tratamento e reabilitação;
XIV – estimular a criação, na rede de serviços do Sistema Único de Saúde, de
Unidade de Cuidados Diurnos (Hospital-Dia, Centro-Dia), de atendimento
domiciliar e outros serviços alternativos para o idoso.

Art. 10. Ao Ministério da Educação e do Desporto, em articulação com órgãos


federais, estaduais e municipais de educação, compete:
I – viabilizar a implantação de programa educacional voltado para o idoso, de modo
a atender o inciso III do art. 10 da Lei nº 8.842, de janeiro de 1994;
II – incentivar a inclusão nos programas educacionais de conteúdo sobre o processo
de envelhecimento;
III – estimular e apoiar a admissão do idoso na universidade, propiciando a
integração intergeracional;
134

IV – incentivar o desenvolvimento de programas educativos voltados para a


comunidade, ao idoso e sua família, mediante os meios de comunicação de massa;
V – incentivar a inclusão de disciplinas de Gerontologia e Geriatria nos currículos
dos cursos superiores.

Art. 11. Ao Ministério do Trabalho, por meio de seus órgãos, compete garantir
mecanismos que impeçam a discriminação do idoso quanto à sua participação no
mercado de trabalho.

Art. 12. Ao Ministério da Cultura compete, em conjunto com os seus órgãos e


entidades vinculadas, criar programa de âmbito nacional, visando a:
I – garantir ao idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fruição
dos bens culturais;
II – propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços
reduzidos;
III – valorizar o registro da memória e a transmissão de informações e habilidades
do idoso aos mais jovens, como meio de garantir a continuidade e a identidade
cultural;
IV – incentivar os movimentos de idosos a desenvolver atividades culturais.

Parágrafo único: Às entidades vinculadas do Ministério da Cultura, no âmbito de


suas respectivas áreas afins, compete a implementação de atividades específicas,
conjugadas à Política Nacional do Idoso.

Art. 13. Ao Ministério da Justiça, por intermédio da Secretaria dos Direitos da


Cidadania, compete:
I – encaminhar as denúncias ao órgão competente do Poder Executivo ou do
Ministério Público para defender os direitos da pessoa idosa junto ao Poder
Judiciário;
II – zelar pela aplicação das normas sobre o idoso determinando ações para evitar
abusos e lesões a seus direitos.

Parágrafo único. Todo cidadão tem o dever de denunciar à autoridade competente,


qualquer forma de negligência ou desrespeito ao idoso.
135

Art. 14. Os Ministérios que atuam nas áreas de habitação e urbanismo, de saúde, de
educação e desporto, de trabalho, de previdência e assistência social, de cultura e da
justiça deverão elaborar proposta orçamentária, no âmbito de suas competências,
visando ao financiamento de programas compatíveis com a Política Nacional do
Idoso.

Art. 15. Compete aos Ministérios envolvidos na Política Nacional do Idoso, dentro
das suas competências, promover a capacitação de recursos humanos volatdos ao
atendimento do idoso.

Parágrafo único. Para viabilizar a capacitação de recursos humanos, os Ministérios


poderão firmar convênios com instituições governamentais e não-governamentais,
nacionais, estrangeiras ou internacionais.

Art. 16. Compete ao conselho Nacional da Seguridade Social e aos conselhos


setoriais, no âmbito da seguridade, a formulação, coordenação, supervisão e
avaliação da Política Nacional do Idoso, respeitadas as respectivas esferas de
atribuições administrativas.

Art. 17. O idoso terá atendimento preferencial nos órgãos públicos e privados
prestadores de serviços à população.

Parágrafo único. O idoso que não tenha meios de prover a sua própria subsistência,
que não tenha família ou cuja família não tenha condições de prover a sua
manutenção., terá assegurada a assistência asilar pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal e pelos Municípios, na forma da lei.

Art. 18. Fica proibida a permanência em instituições asilares, de caráter social, de


idosos portadores de doenças que exijam assistência médica permanente ou de
assistência de enfermagem intensiva, cuja falta possa agravar ou por em risco sua
vida ou a vida de terceiros.

Parágrafo único. A permanência ou não do idoso doente em instituições asilares, de


caráter social, dependerá de avaliação médica prestada pelo serviço de saúde local.
136

Art. 19. Para implementar as condições estabelecidas no artigo anterior, as


instituições asilares poderão firmar contratos ou convênios com o Sistema de Saúde
local.

Art. 20. Este decreto entra em vigor na data da sua publicação.

Brasília, 3 de julho de 1996; 175º da Independência e 108º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


Nelson A. Jobim
Paulo Renato Souza
Francisco Weffort
Paulo Paiva
Adib Jatene
Antônio Kandir
137

ANEXO 3

Seções I, III, IV, V, VI e VIII do Questionário Brazil Old Age Schedule - BOAS

Número do Questionário: _________________________

Nome do Entrevistado: _________________________________________

Endereço (Rua, Av.): ___________________________________________

Bairro: _____________________________ Cidade: __________________

CEP: ____________ - _________ Telefone: ________________

Nome do Entrevistador: ________________________________________

Data da Entrevista: _______/_______/_________

I. INFORMAÇÕES GERAIS

1. Sexo do Entrevistado:
Entrevistador: indique o sexo da pessoa entrevistada
1. Masculino
2. Feminino
2. Quantos anos o(a) Sr.(a) tem?
.......... anos
98. N.S./N.R.
3. Em que país o(a) Sr.(a) nasceu?
Entrevistador: se 1(Brasil) vá para a Q. 3a., 2 (outros países) vá para Q. 4 e marque N.A. na Q. 3a.
1. Brasil
2. Outros países (especificar) ..............................................................
8. N.S./N.R.
138

3a. Em que Estado do Brasil o(a) Sr.(a) nasceu?

Nome do Estado ..........................................................................


1. Região Norte
2. Região Nordeste
3. Região Sudeste
4. Região Sul
5. Região Centro-Oeste
7. N.A.
8. N.S./N.R.
4. Há quanto tempo (anos) o(a) Sr.(a) mora nesta cidade?

............. (número de anos)


98. N.S./N.R.
5. O Sr.(a) sabe ler e escrever?
1. Sim
2. Não (Vá para Q. 7 e marque N.A. na Q. 6)
8. N.S./N.R.
6. Qual é a sua escolaridade?
1. Nenhuma
2. Primário incompleto
3. Primário completo
4. Ginásio ou 1 grau completo
5. 2 grau completo (científico, técnico ou equivalente)
6. Curso superior completo
7. N.A.
8. N.S./N.R.
6. Atualmente qual é o seu estado conjugal?
Entrevistador: marque apenas uma alternativa
1. Nunca casou (Vá para a Q. 8 e marque N.A. nas Qs. 7a. e 7b.)
2. Casado/morando junto
3. Viúvo (a) (Vá para Q.8 e marque N.A. nas Qs. 7a. e 7b.)
4. Divorciado(a)/separado(a) (Vá para Q.8 marque N.A. nas Qs 7a e 7b .)
8. N.S./N.R.
139

7a. Há quanto tempo o(a) Sr.(a) está casado(a)/morando junto(a)?


Entrevistador: a pergunta se refere ao casamento atual

............. (número de anos)


97. N.A.
98. N.S./N.R.
7b. Qual é a idade de sua (seu) esposa (o)?

.............. anos de idade


97. N.A.
98. N.S./N.R.
8. O Sr.(a) teve filhos? (em caso positivo, quantos?)
Entrevistador: especifique o número de filhos/filhas

............ ( número total de filhos/as)


00. nenhum
98. N.S./N.R.
9. Quantas pessoas vivem com o(a) Sr.(a) nesta casa?

........... pessoas
00. Entrevistado(a) mora só (Vá para Q. 10 e marque N.A. na Q. 9a)
98. N.S./N.R.
9a.Quem são essas pessoas?
Entrevistador: para cada categoria de pessoas indicada pelo entrevistado marque a resposta SIM
SIM NÃO NA NS/NR
a. Esposo(a)/companheiro(a) 1 2 7 8
b. Pais 1 2 7 8
c. Filhos 1 2 7 8
d. Filhas 1 2 7 8
e. Irmãos/irmãs 1 2 7 8
f. Netos(as) 1 2 7 8
g. Outros parentes 1 2 7 8
h. Outras pessoas (não parentes) 1 2 7 8
140

10.Como o(a) Sr.(a) se sente em relação à sua vida em geral?


Entrevistador: leia p/ o entrevistado as alternativas listadas. Marque apenas 1 opção.
1. Satisfeito(a) (Vá para a Q. 11 e marque N.A. na Q. 10a.)
2. Insatisfeito(a)
8. N.S./N.R.
10a. Qual é o principal motivo de sua insatisfação com sua vida?
Entrevistador: não leia para o entrevistado as alternativas listadas.
01. Problema econômico
02. Problema de saúde
03. Problema de moradia
04. Problema de transporte
05. Conflito nos relacionamentos pessoais
06. Falta de atividades
07. Outro problema (especificar) ...........................................................
97. N.A.
98. N.S./N.R.

III. UTILIZAÇÃO DE SERVICOS MÉDICOS E DENTÁRIOS


Agora , eu gostaria de lhe perguntar sobre os serviços médicos que o (a) Sr. (a) tem o
direito de usar.

26. Quando o Sr.(a) está doente ou precisa de atendimento médico, onde ou a quem o Sr. (a)
normalmente procura ?
Entrevistador: marque apenas uma alternativa.

Nome de onde ou a quem procura ........................................


01. A instituição pública que o entrevistado tem direito de utilizar
02. Médico/Clínicas particulares
03. Médicos/hospitais credenciados pelo seu Plano de Saúde
04. Outros (especificar) ..............................
9. N.S./N.R.
141

27. Nos últimos três meses, o(a) Sr. (a) :


SIM NÃO NS/NR
a. Consultou o médico no consultório ou em casa 1 2 8
b. Fez exames clínicos 1 2 8
c. Fez tratamento fisioterápico 1 2 8
d. Teve de ser socorrido(a) na Emergência 1 2 8
e. Foi ao hospital/clínica para receber medicação 1 2 8
f. Esteve internado em hospital 1 2 8
g. Foi ao dentista 1 2 8
27a. Dos serviços acima, qual (is) o (a) Sr. (a) utilizou mais de uma vez ?
Entrevistador: repita para o (a) entrevistado (a) apenas os itens citados na pergunta acima como
utilizados. Para os não utilizados marque NÃO.
SIM NÃO NS./N.R
a . Consultou o médico no consultório ou em casa 1 2 8
b . Fez exames clínicos 1 2 8
c . Fez tratamento fisioterápico 1 2 8
d . Teve de ser socorrido (a) na Emergência 1 2 8
e. Foi ao hospital/clínica para receber medicação 1 2 8
f. Esteve internado em hospital ou clínica 1 2 8
g . Foi ao dentista 1 2 8
28. O (a) Sr. (a) está satisfeito com os serviços médicos que utiliza normalmente ?
1. Sim
2. Não
8. N.S./N.R.
142

29. Em geral, quais os problemas que mais lhe desagradam quando o (a) Sr. (a) utiliza os
serviços médicos ?
Entrevistador: não leia para o(a) entrevistado(a) as alternativas listadas. Classifique as respostas nas
categorias listadas, de acordo com as instruções do Manual para esta pergunta. Na dúvida, registre
a resposta do entrevistado no item 08. Outros problemas.
00 . O (a) entrevistado (a) não relata problemas.
01 . O custo dos serviços médicos
02 . O custo dos medicamentos que são prescritos
03 . Os exames clínicos que são prescritos
04 . A demora para a marcação da consulta/exame
05 . O tempo de espera para ser atendido (a) no consultório
06 . O tratamento oferecido pelos médicos
07 . O tratamento oferecido pelo pessoal não médico
08 . Outros problemas ( especificar ) ..............................................
30 . Quando o (a) Sr. (a) necessita de tratamento dentário, onde ou a quem o (a) Sr. (a)
normalmente procura ?
Entrevistador: classifique a resposta do (a) entrevistado e marque apenas uma alternativa.

Nome de onde ou a quem procura ..........................................................


0. Ninguém ou o entrevistado não procura o dentista há muito
tempo. (Vá para Q.31 e marque N.A. na Q.30 a.)
1 . Serviços dentário de uma instituição pública gratuita.
2. Serviço dentário credenciado pelo seu plano de saúde
3. Dentista particular
4. Outros ( especificar ) ..................................................................
8. N.S./N. R
30a. O (a) Sr. (a) está satisfeito (a) com o serviço dentário que utiliza ?
1. Sim
2. Não
7. N.A.
8. N.S./N.R.
143

31. Por favor , diga-me se o (a) Sr. (a) normalmente usa :


SIM NÃO NS./N.R
a. Dente postiço, dentadura , ponte 1 2 8
b. Óculos ou lentes de contato 1 2 8
c. Aparelho para surdez 1 2 8
d. Bengala 1 2 8
e. Muleta 1 2 8
f. Cadeira de rodas 1 2 8
g. Outros 1 2 8
31a. Atualmente, o (a) Sr. (a) está precisando trocar alguma destas ajudas ?
Entrevistador : Leia para o (a) entrevistado (a) apenas as ajudas mencionadas na questão anterior.
Marque as respostas correspondentes.
SIM NÃO NS/NR
a. Dente postiço, dentadura, ponte 1 2 8
b. Óculos ou lentes de contato 1 2 8
c. Aparelho para surdez 1 2 8
d. Bengala 1 2 8
e. Muleta 1 2 8
f. Cadeira de rodas 1 2 8
g. Outros 1 2 8
32. O (a) Sr. (a) toma remédios ?
1 . Sim
2 . Não ( Vá para Q.33 e marque N. A . nas Qs. 32a. e 32b. )
8 N.S./N.R.
32a. Quem receita ?
1. Médico
2. Farmacêutico
3 . Amigos/familiares/propaganda
4 . Outros
7. N.A.
8. N.S./N.R
144

32b. Em geral qual é o problema ou a dificuldade mais importante que o (a) Sr. (a) tem para
obter os remédios que toma regularmente ?
0 . O (a) entrevistado (a) não tem problema para obter o remédio
1 . Problema financeiro
2 . Dificuldade em encontrar o remédio na farmácia
3 . Dificuldade em obter a receita de remédios controlados
4 . Outro problema ou dificuldade ( especifique ) ................................
7. N.A.
8 . N.S./N.R.
33. No caso do(a) Sr.(a) ficar doente ou incapacitado (a), q. pessoa poderia cuidar do (a)
Sr. (a) ?
0 . Nenhuma
1 . Esposo (a) / Companheiro (a)
2 . Filho
3 . Filha
4 . Outra pessoa da família
5 . Outra pessoa de fora da família ( indique qual )............................
8 . N.S./N.R.
145

IV . ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA ( AVD )


Eu vou ler para o (a) Sr. (a) uma lista de atividades que as pessoas normalmente tem
de fazer durante o dia. Para cada pergunta eu gostaria de saber se o (a) Sr. (a) é capaz
de desempenhar estas atividades sozinho (a) sem precisar de ajuda de alguém. Vamos
às perguntas ?

34. O(a) Sr.(a) é capaz de:


Entrevistador: leia para o entrevistado todas as perguntas e marque as alternativas correspondentes.
No caso do entrevistado ter colostomia ou usar cateter, marque NÃO em “o”)
SIM NÃO NS/NR
a . Sair de casa para médias distâncias 1 2 8
(necessário o uso de transporte)
b . Sair para curtas distâncias 1 2 8
(pequenas compras no armazém)
c . Preparar sua própria refeição 1 2 8
d . Realizar as atividades domésticas 1 2 8
(arrumar e manter a casa em ordem)
e . Tomar seus remédios 1 2 8
f. Comer sua comida 1 2 8
g . Vestir-se sozinho 1 2 8
h. Pentear / escovar seus cabelos 1 2 8
i. Caminhar em superfície plana 1 2 8
j. Subir escada 1 2 8
k . Deitar e levantar da cama sozinho 1 2 8
l. Tomar banho sozinho 1 2 8
m . Cortar as unhas dos pés 1 2 8
n . Pegar ônibus 1 2 8
o . Ir ao banheiro em tempo 1 2 8
35. Há alguém que ajuda o (a) Sr. (a) a fazer algumas tarefas como limpeza arrumação a
casa, vestir-se, ou dar recados quando precisa ?
1 . Sim
2 . Não ( Vá para Q.36 e marque N.A. na Q.35a. )
8. N.S./ N.R.
146

35a. Qual a pessoa que mais lhe ajuda nessas tarefas ?


Entrevistador : marque apenas uma alternativa.
1. Esposo (a) / companheiro (a)
2. Filho
3. Filha
4. Uma outra pessoa da família
5. Um (a) empregado (a)
6. Outro ( quem ? ) .............................................................
7. N.A.
8. N.S./N. R.
36. No seu tempo livre o (a) Sr. (a) faz ( participa de ) alguma dessas atividades ?
Entrevistador: leia para o entrevistado todas as perguntas e marque as alternativas
correspondentes.
SIM NÃO NS/NR
a . Ouvir rádio 1 2 8
b . Assistir a televisão 1 2 8
c. Ler jornal 1 2 8
d. Ler revistas e livros 1 2 8
e. Receber visitas 1 2 8
f. Ir ao cinema, teatro, etc. 1 2 8
g . Andar pelo seu bairro 1 2 8
h . Ir à Igreja (serviço religioso) 1 2 8
i. Ir a jogos (esportes) 1 2 8
j. Participar de jogos(esportes) 1 2 8
k . Fazer as compras 1 2 8
l. Sair para visitar os amigos 1 2 8
m . Sair para visitar os parentes 1 2 8
n . Sair para passeios longos ( excursão ) 1 2 8
o . Sair para encontro social ou comunitário 1 2 8
p . Coser , bordar, tricotar 1 2 8
q . Alguma atividade para se distrair 1 2 8
( jogos carta, xadrez, jardinagem, etc. )
r. Outros ( especificar ) .................................... 1 2 8
147

37 . O (a) Sr. (a) está satisfeito (a) com as atividades que desempenha no seu tempo livre ?
1. Sim ( Vá para Q. 38 e marque N.A. na Q. 37a. )
2. Não
8. N.S./N.R.
37a. Qual é o principal motivo de sua insatisfação com as atividades que o (a ) Sr. (a)
desempenha no seu tempo livre ?
(Entrevistador : marque apenas uma alternativa)
1. Problema com o custo
2. Problema de saúde que o (a) impede de se engajar em uma atividade
3. Problema com falta de motivação em fazer coisas ( tédio, aborrecimento )
4. Problema de transporte que limita seu acesso aos lugares que deseja ir
5. Outras razões ( especificar ) .............................................................................
7. N.A.
8. N.S./N.R.

V. RECURSOS SOCIAIS
Nesta seção, eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas a respeito de suas relações de
amizade com as outras pessoas e a respeito de recursos que as pessoas idosas podem usar na
sua comunidade.

38. O(a) Sr.(a) está satisfeito com o relacionamento que tem coma as pessoas que moram
com o(a) Sr.(a)?
0. Entrevistado mora só
1. Sim
2. Não
8. N.S./N.R.
148

39. Que tipo de ajuda ou assistência sua família lhe oferece? ( familiares que vivem/ ou
que não vivem com o(a) entrevistado(a)).
Entrevistador: leia para o entrevistado as alternativas listadas.
SIM NÃO NS/NR
a. Dinheiro 1 2 8
b. Moradia 1 2 8
c. Companhia/ cuidado pessoal 1 2 8
d. Outro tipo de cuidado/ assistência 1 2 8
(especificar).........................................................
40. Que tipo de ajuda ou assistência o Sr.(a) oferece para sua família?
Entrevistador: Leia para o entrevistado as alternativas listadas.

SIM NÃO NS/NR


a. Dinheiro 1 2 8
b. Moradia 1 2 8
c. Companhia/ cuidado pessoal 1 2 8
d. Cuidar de crianças 1 2 8
e. Outro tipo de cuidado/ assistência 1 2 8
(especificar) ..........................................................
41. O(a) Sr.(a) está satisfeito com o relacionamento que tem com seus amigos?
0. Entrevistado(a) não tem amigos
1. Sim
2. Não
8. N.S./N.R.
42. O(a) Sr.(a) está satisfeito(a) com o relacionamento que tem com seus vizinhos?
0. Entrevistado(a) não tem relação com os vizinhos
1. Sim
2. Não
8. N.S,/N.R.
149

43. Na semana passada o(a) Sr.(a) recebeu visita de alguma destas pessoas?
SIM NÃO NS/NR
a. Vizinhos/ amigos 1 2 8
b. Filhos (as) 1 2 8
c. Outros familiares 1 2 8
d. Outros (especificar)............................................. 1 2 8

V. RECURSOS ECONÔMICOS

44.Que tipo de trabalho(ocupação) o(a) Sr.(a) teve durante a maior parte de sua vida?

Entrevistador: Anote o tipo de trabalho ........................................................................................


01. Nunca trabalhou ( Vá para Q. 45 e marque N.A. nas Qs. 44a. , 44b. e 44c.)
02. Dona de casa (Vá para Q.45 e marque N.A. nas Qs. 44a., 44b. e 44 c.)
98. N.S./N.R.
44 a. Por quanto tempo?

Número de anos: ...........................


97. N.A.
98. N.S./N.R.
44b. Com que idade o(a) Sr.(a) começou a trabalhar?

................anos
97. N.A.
98. N.S.?N.R.
44c. Com que idade o (a) Sr.(a) parou de trabalhar?
00. Entrevistado(a) ainda trabalha.
97. N.A.
98. N.S./N.R
150

45. Atualmente o(a) Sr.(a) está:


(Entrevistador: leia para o(a) entrevistado(a) as alternativas listadas. Se ambas as
respostas forem Não, vá para Q. 46 e marque N.A. na Q. 45a)
SIM NÃO NS/NR
a. Recebendo aposentadoria 1 2 8
b. Recebendo pensão do cônjuge 1 2 8
45a. A sua aposentadoria/pensão é suficiente para suprir suas despesas ?
1. Sim
2. Não
97. N.A.
98. N.S./N.R
46.Eu vou ler algumas fontes de recebimento de dinheiro. O(a) Sr.(a) poderia me
dizer de onde o(a) Sr.(a) recebe regularmente o seu dinheiro?
SIM NÃO NS/NR
a. Trabalho(salário, negócios) 1 2 8
b. Pensão (aposentadoria/ benefício de seguro social) 1 2 8
c. Investimento, aluguéis, juros, dividendos, etc. 1 2 8
d. Dinheiro do cônjuge 1 2 8
e. Dinheiro dos filhos 1 2 8
f. Dinheiro de amigos/familiares 1 2 8
g. Outras fontes ......................... 1 2 8
47. Por favor, eu gostaria de saber qual a sua renda mensal. Não preciso saber o valor
exato, basta me dizer o valor aproximado do rendimento mensal que o(a) Sr.(a) recebe
regularmente.
Entrevistador: Caso haja mais de uma fonte, anote a soma destes valores. Atenção: valor
líquido.

Rendimento mensal _____


00. Sem rendimento
98. N.S./N.R.
151

48. Por favor, agora eu gostaria de saber o total mensal dos rendimentos das pessoas que
vivem nesta residência. Não preciso saber o valor exato, basta dizer-me o valor
aproximado do rendimento mensal regularmente recebido pelas pessoas.
Entrevistador: se o entrevistado vive sozinho e tem rendimento, repita o valor informado na
Q.47. Se o entrevistado vive sozinho e não tem rendimento, marque N.A. nesta questão e na
Q.48a

Rendimento mensal _____


97. N.A.
98. N.S./N.R.
48a Quantas pessoas, incluindo o(a) Sr.(a), vivem com esse rendimento familiar (do seu
rendimento)?

..................pessoas
97. N.A.
98. N.R./N.S.
49. Por favor, informe-me se em sua casa/apartamento existem ou estão funcionado em
ordem os seguintes itens:
Entrevistador: leia para o entrevistado as alternativas listadas.
SIM NÃO NS/NR
a. Água encanada 1 2 8
b. Eletricidade 1 2 8
c. Ligação com a rede de esgoto 1 2 8
d. Geladeira/congelador 1 2 8
e. Rádio 1 2 8
f. Televisão 1 2 8
g. Vídeo cassete 1 2 8
h. Computador 1 2 8
i. Telefone 1 2 8
j. Automóvel 1 2 8
152

50. O (a) Sr.(a) é proprietário(a), aluga ou usa de graça o imóvel onde reside?
Entrevistador: para cada uma das três categorias(propriedade, aluguel ou usa de graça/ verifique
em qual o entrevistado se enquadra, Especifique apenas uma alternativa.
1. Propriedade de pessoa entrevistada ou do casal
2. Propriedade do cônjuge do(a) entrevistado(a)
3. Alugado pelo entrevistado
4. Morando em residência cedida sem custo para o entrevistado
5. Outra categoria (especificar) .............................................................
8. N.S./N.R.
51. Em comparação a quando o (a) Sr.(a) tinha 50 anos de idade , a sua atual situação
econômica é:
Entrevistador: leia p/ o entrevistado as alternativas listadas. Marque apenas 1 opção.
1. Melhor
2. A mesma
3. Pior
8. N.S./N.R
52.Para suas necessidades básicas, o que o(a) Sr.(a) ganha:
Entrevistador: leia para o entrevistado as alternativas listadas de 1 a 4. Marque apenas uma
opção.
1. Dá e sobra
2. Dá na conta certa
3. Sempre falta um pouco
4. Sempre falta muito
8. N.S./N.R.
153

VIII. NECESSIDADES E PROBLEMAS QUE AFETAM O ENTREVISTADO

77. Atualmente (da lista abaixo), quais são as suas principais necessidades
(carências)?
Entrevistador: leia para o entrevistado todas as perguntas e marque as alternativas
correspondentes.
SIM NÃO NS/NR
a. Carência econômica 1 2 8
b. Carência de moradia 1 2 8
c. Carência de transporte 1 2 8
d. Carência de lazer 1 2 8
e. Carência de segurança 1 2 8

f. Carência de Saúde 1 2 8
g. Carência de alimentação 1 2 8
h. Carência de companhia e contato pessoal 1 2 8
78. Para finalizar esta entrevista, eu gostaria que o(a) Sr.(a) me informasse qual o
problema mais importante do seu dia a dia?
Entrevistador: anote apenas uma alternativa.
00. Entrevistado(a) não relata problemas importantes
01. Problema econômico
02. Problema de saúde (deterioração da saúde física ou mental)
03. O medo da violência
04. Problema de moradia
05. Problemas de transporte
06. Problemas familiares (conflitos)
07. Problemas de isolamento (solidão)
08. Preocupação com os filhos/netos
09. Outros problemas (especificar) .........................................................
98. N.S./N.R.

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