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Psicologia Infantil

Professora: Esp. Lisiane Thompson Flores


Curso: Psicologia
FAMETRO
Compreendendo o
Desenvolvimento Humano
Desenvolvimento Humano:
• Processo longo e gradual de mudanças;
• Cada pessoa,a sua maneira e no seu
tempo, dá sentido à sua vida;
• Presente, passado e futuro são
demarcações individuais da existência:
somos capazes de descrever nossa vida
cotidiana, relembrar nossa infância e
enumerar nossos planos para o futuro;
• Tempo tem um fluxo constante, mas sua
organização e ritmo são criados por nossos
pensamentos e atividades;
• A vida e os valores de uma pessoa só podem
ser compreendidos se considerarmos o
contexto histórico de sua existência. Ex:
homem da década de 40 e um homem da
década de 90
• Além da dimensão individual, o tempo também
tem uma dimensão social. Cada sociedade
divide a existência em períodos (infância,
adolescência e idade adulta) e cria um
sistema de comportamento
apropriado para cada um;
• Os padrões normativos de cada sociedade são
seguidos pela maioria de seus membros e
regulam os comportamentos de cada idade,
se tornando sistemas de controle de
normalidade;
• Mudanças que ocorrem no decorrer da
existência são caracterizadas por mudanças
psicológicas que geralmente acompanham
mudanças biológicas, mas não são os únicos
agentes responsáveis pelas transformações
ocorridas, os outros fatores são as relações
sociais e a própria pessoa, que estrutuarará
seus próprios padrões de comportamento,
dependendo do estágio em que se encontra,
do ambiente onde vive, do grupo a que
pertence, de suas experiências,
fantasias, aspirações, motivações;
Campo de Estudo da Psicologia
do Desenvolvimento
• Estuda as transformações psicológicas
que ocorrem no indivíduo durante toda
a sua vida. Essas transformações
acontecem em todas as áreas:
cognitiva, social, afetiva e
comportamental.
Alguns Conceitos de
Desenvolvimento
• Mudanças de forma e comportamento de cada ser
vivo, ora como formação do organismo, desde o
embrião até o indivíduo adulto (ontogênese) ora, como
evolução das espécies (filogênese) (DORSCH, 2001)
• Desenvolvimento implica em mudanças que ocorrem
nos seres humanos (ou animais) entre a concepção e a
morte.
• Desenvolver é mudar. As mudanças desenvolvimentais
são ordenadas, se mantém por um período
razoavelmente longo, são sempre para melhor e
resultam em comportamentos adaptativos,
organizados, eficazes e complexos
• Desenvolvimento físico mudanças na
estrutura e no funcionamento do corpo ao longo do tempo;
• Desenvolvimento pessoal mudanças na
• personalidade à medida em que o indivíduo cresce;
• Desenvolvimento social mudanças no modo que
os relacionamentos acontecem durante toda a vida;
• Desenvolvimento cognitivo mudanças graduais e
ordenadas por meio das quais os processos mentais se
tornam mais complexos e sofisticados
• Desenvolvimento sexual troca de zonas erógenas
• Maturação: mudanças geneticamente
programadas que acontecem
naturalmente ao longo do tempo
Objetivos da Psicologia do
Desenvolvimento
• Descrever, explicar e prever o
comportamento humano nas diferentes
idades, em relação aos aspectos cognitivos
(linguagem e raciocínio), físico (habilidades
motoras), afetivo (emoções, temperamento,
caráter, personalidade, motivação) e
psicossocial (relacionamento das diferentes
idades).
• Assim a Psicologia do Desenvolvimento
procura compreender mudanças universais,
explicando as diferenças individuais,
entendendo a influência do contexto,
durante toda a vida humana.
Três grandes objetivos:
1. Consiste na descrição da gênese das
condutas psicomotoras, afetivas, cognitivas
e sociais e do processo de mudança, dessas
condutas, ao longo da vida;
2. Descoberta dos fatores, mecanismos e
processos, responsáveis pelo aparecimento
das condutas e das mudanças;
3. Estabelecimento de períodos críticos no
processo de desenvolvimento que
possibilitam a previsão de condutas para o
período posterior,
Métodos científicos utilizados:
• Observação do comportamento e da atividade
mental em condições naturais e experimentais;
• Método de Observação;
• Método de Experimentação;
• Método Longitudinal: investigação através do
qual os sujeitos estudados são observados ou
testados repetidamente durante um período
de meses ou anos;
• Método Transversal: são realizados estudos no
qual diversos grupos de indivíduos de
diferentes idades são estudados ao mesmo
tempo
• Psicologia do desenvolvimento estuda como
e porque o organismo humano cresce e se
modifica ao longo da vida;
• Posição tradicional: enfatiza
exclusivamente a preponderância do fator
físico do desenvolvimento
• Posição mais atual que ressalta o ser
humano holístico, considerando que a
ocorrência do desenvolvimento humano
acontece da concepção até a morte.
• Ser holístico: homem por inteiro, com seus
pensamentos, ações, emoções, atuação
social, relacionamentos, fantasias,
motivações , experiências.
Importância do estudo da
psicologia do desenvolvimento
• Necessidade de se conhecerem os processos
e as mudanças do comportamento
apresentadas pelos indivíduos, ao longo de
sua existência, visando sua compreensão,
para prever suas novas características e
condutas oportunizando, assim a atenuação
de conflitos e a redução das frustrações,
inerentes a cada etapa, possibilitando a
existência de um ser mais feliz completo e
realizado.
Aspectos Históricos do
Desenvolvimento
• Surgiram interesse a partir das
colocações da teoria evolucionista de
Darwin (1809/1882)
• Até esta época predomina o conceito
da criança como um homúnculo, ou seja,
um homem em miniatura - acreditava
que os sentimentos, o raciocínio e as
ações infantis eram semelhantes ao
dos adultos com que conviviam.
• Esta idéia influenciava o tratamento
dispensado às crianças – recebiam tratamento
especial até +ou- 7 anos de idade.
• Depois desta idade eles passavam a integrar a
sociedade dos adultos, desenvolvendo as
mesmas atividades que estes.
• Classes menos favorecidas iniciavam-se nas
labutas diárias desde muito cedo.Lavravam a
terra, cuidavam dos animais....Não lhes era
dispensado nenhum cuidado ou atenção especial,
ao contrário eram, alvo de todo tipo de
atrocidades e cobranças por parte dos adultos.
• Ensino era privilégio unicamente das
crianças de famílias mais abastadas.
• Mesmo nestas classes era muito pequena a
distinção entre a infância e a idade adulta.
• Escolarização iniciava aos quatro/cinco
anos de idade e era árdua e dificil, pois a
preocupação residia principalmente no
desenvolvimento das faculdades mentais de
atenção, memória e na aquisição de
habilidades artísticas como canto e música.
• Método utilizado = repetição em voz alta
das informações recebidas do mestre.
• Dificuldades apresentadas não eram
consideradas nem questionadas, pois as
diferenças individuais não eram relevantes.
• Século XVII, conceito de infância
começa a mudar. Adultos passam a
ter cuidados especiais com suas
crianças.
• Com estas mudanças pretende-se
mudar respeitar a formação de
caráter e da moral infantil.
• Surgiram primeiros pensadores =
mente infantil é diferente da mente
adulta.
• Estas mudanças eram exclusivas das
classes mais abastadas, aristocratas
e burgueses.
• Até século XIX as classes sociais menos
favorecidas mantinham atitudes e
comportamentos antigos com relação às suas
crianças.
• Crianças = começam a trabalhar a partir dos
oito anos de idade nas mesmas funções que
os adultos.
• Adultos = maltratavam-nas quando não
cumprissem o que lhes era importo e exigiam
que apresentassem condutas e
comportamentos idênticos aos adultos.
• Nesta época era comum arranjar casamento
para as crianças, já no início da puberdade
visando acordos de interesse comercial ou
político.
• Filósofo francês Jean-Jaques Rousseau (1712-
1778) é considerado o “descobridor da criança”
por ter sido o verdadeiro iniciador dos estudos
sobre o desenvolvimento infantil.
• Em 1712 publicou livro Emilio, um romance onde
descreve a infância e o desenvolvimento de uma
criança imaginária criada por um preceptor em
contato com a natureza.
• Rousseau tenta uma descrição dos estágios
pelos quais, a criança vai passando do
nascimento à puberdade e faz uma tentativa de
entendimento de como acontece o
desenvolvimento de uma criança.
• Em 1770, o professor suíço Johan Heinrich
Pestalozzi escreve um diário sobre o
desenvolvimento de seu filho, mas somente
em 1787, na Alemanha, Dietrich Tiedemann
publica a primeira observação sistemática
do desenvolvimento de uma criança. Estas
observações consistiam no registro do
comportamento de seu filho, do nascimento
até os três anos de idade.
• O registro de observações de crianças
mais conhecido foi o realizado por
Guilherme T. Preyer, publicado em 1881
com o título “A alma da criança”.
Perspectivas Teóricas
• A Psicologia do Desenvolvimento estruturou-se
enquanto campo do conhecimento científico
através da contribuição de três principais
teóricos:
• Charles Darwin (1872) contribuiu com a sua
teoria evolutiva
• Sigmund Freud (1981) foi o primeiro teórico a
estabelecer uma relação entre o
desenvolvimento e a formação da
personalidade. Sua teoria da evolução da libido
representou um marco da psicologia do
desenvolvimento.
• Stanley Hall (1904-1922)
PERSPECTIVAS PSICANALÍTICAS:
Enfatizam o inconsciente e os conflitos
no início da vida.
A – Teoria Psicossexual de FREUD: forças
motivacionais inconscientes motivam o
comportamento humano e que as perturbações
emocionais que o indivíduo venha a apresentar
durante toda a sua vida se devem a conflitos no
início de sua vida: do nascimento até a
puberdade.
Personalidade é formada pelas estruturas
psíquicas: ID (instintos), EGO (consciência do
EU), SUPEREGO (código moral) e se desenvolve
pelas fases oral, anal, fálica,
período de latência e fase genital.
B – Teoria Psicossocial de Erikson:
enfatiza que os estágios psicossociais
por toda a vida influenciam o
desenvolvimento do ego.

Cada etapa do desenvolvimento implica


em uma crise psicossocial, sendo
resolvida conforme a maturação do
indivíduo com aspectos positivos ou
negativos balanceados.
C – Teoria relacional de MILLER: defende que a
personalidade se desenvolve no contexto dos
relacionamentos emocionais cuja ênfase está
na interação de fatores inatos da experiência.
Conceito de personalidade de Miller: se inicia na interação
dinâmica com o outro.
Para esta teoria o bebê não se identifica com a primeira
pessoa que lhe cuida, em função do que a pessoa é, mas
em função do que a pessoa faz. O bebê responde às
emoções das outras pessoas, sente-se confortável
quando os outros se sentem confortáveis e atua para
construir relacionamentos mais íntimos.
Durante a primeira e segunda infância, em vez de lutarem
por autonomia e individuação, tanto meninos como
meninas continuam a das mais importância às ligações
íntimas. A cisão entre o desenvolvimento feminino e
masculino ocorrerá somente durante os anos escolares.
PERSPECTIVAS DA APRENDIZAGEM: enfatiza a
importância do ambiente e o comportamento
observável. O desenvolvimento é contínuo.
A – Behaviorismo: Interesse reside no comportamento
observável e não no inconsciente.
O desenvolvimento resulta da aprendizagem com base
na experiência e na adaptação ao ambiente. O
ambiente modela o comportamento da criança,
portanto a ênfase dessa teoria reside na
importância da experiência.
No Behaviorismo clássico há o condicionamento clássico
de Pavlov (1849/1936) e o condicionamento operante
teorizado por Skinner e Watson.
Segundo Skinner (1988), o behaviorismo é a filosofia
do comportamento que mediante a análise
experimental do comportamento sugere que o
ambiente desempenha as funções anteriormente
atribuídas aos sentimentos e estados internos do
organismo.
B – Sociocognitivismo ou aprendizagem
social: reconhece a importância da
cognição. A criança atua sobre o ambiente
e aprende por imitação de um modelo por
meio da observação. Aprender a língua, a
lidar com a agressão, a desenvolver senso
moral e os comportamentos adequados para
o seu sexo.
As crianças aprendem no contexto social
observando e imitando modelos: a pessoa é
um contribuinte ativo na
aprendizagem.`Para Bandura (1992) a
experiência pode ser modificada por
fatores inatos.
PERSPECTIVAS COGNITIVAS: as
pessoas são ativas e por sua ação
conhecem o mundo
A – Teoria cognitiva: O teórico dessa
corrente é Jean Piaget (1896-1980)
psicólogo e epistemólogo suíço,
descreve como as pessoas desenvolvem
o conhecimento, como pensam.
Piaget propõe estágios diferentes do
desenvolvimento. Em cada estágio a
pessoa pensa diferente. Cada estágio
também é alicerce para o próximo
estágio.
Os três princípios da
teoria cognitiva de Piaget:
1. Organização cognitiva: tendência para os
sistemas de conhecimento cada vez mais
complexos no desenvolvimento dos estágios
cognitivos usando esquemas que são padrões
organizados de comportamento.
2. Adaptação: dois momentos: assimilação e
acomodação. A assimilação é a incorporação da
nova informação as já existentes e a
acomodação é a estrutura cognitiva que se
modifica pela assimilação.
3. Equilibração: resultado do funcionamento do
complexo cognitivo em cada estágio.
• A psicologia genética de Piaget
(1995) surgiu para explicar o
problema epistemológico da origem,
da possibilidade, dos limites e da
validade do conhecimento.
• Para Piaget as mudanças são
qualitativas no pensamento: entre a
primeira infância e a adolescência. A
pessoa é um iniciador ativo do
desenvolvimento. Há interação de
fatores inatos e da experiência.
A psicologia genética de Piaget promove uma
descrição do desenvolvimento cognitivo
humano que se apóia em três grandes eixos ou
princípios.
1. A inteligência humana representa uma determinada
forma de adaptação biológica. Por meio da inteligência,
o organismo humano alcança um equilíbrio nas suas
relações com o meio;
2. O conhecimento manifesta-se como fruto de um
autêntico processo de construção. Para Piaget as
pessoas não nascem providas das noções e categorias
de pensamento, mas que são elaboradas no decorrer do
desenvolvimento. Assim sendo a herança traz os
reflexos iniciais do bebê e determinadas variantes
funcionais, responsáveis pela direcionalidade e
organização do processo, o que construiria a base a
partir da qual a construção cognitiva inicia.
3. O conhecimento é elaborado e nasce
nos intercâmbios entre o sujeito e o
objeto. Logo, o conhecimento nunca é
uma cópia da realidade, nem tampouco
algo que se possa originar
completamente à margem das
características dos objetos, mas surge
por força da interação entre o sujeito
e objeto. Conhecer significa sempre em
atuar sobre a realidade de maneira
ativa e transformadora, física ou
mentalmente.
• Unidade básica de organização é o esquema.
• O esquema de uma ação define-se como o
conjunto estruturado das características
generalizáveis dessa ação.
• Piaget indica o processo de desenvolvimento
cognitivo que se define como uma sucessão
de estágios qualitativamente diferentes e
que se vinculam na aparição das diferentes
estruturas.
• As formas de equilíbrio do indivíduo formam
as estruturas variáveis que são quatro:
• 1. estágio sensório-motor;
• 2.estágio pré-operatório;
• 3. estágio operatório concreto;
• 4. estágio operatório formal.
B- Teorias neopiagetianas ou de
processamento da informação: analisam
os processos fundamentais
subjacentes ao comportamento:
percepção, atenção, memória, resolução
dos problemas.
Estuda como as pessoas adquirem,
transformam e usam a informação por
meio da manipulação de símbolos ou
imagens mentais.
Os seres humanos são processadores de
símbolos. Há interação entre os
fatores inatos e da experiência.
C – Teoria da Metacognição: aponta o conhecimento e o
monitoramento sobre os próprios processos mentais.
O principal representante é o psicólogo americano Howard
Gardner (2005) com sua teoria das Inteligências
Múltiplas.
Nesta teoria, Gardner tentou ampliar o alcance do
potencial humano além dos confins do escore de QI.
Ele questionou seriamente a validade de se determinar a
inteligência de um indivíduo tirando-se este indivíduo de
seu meio ambiente natural e pedindo-lhe para fazer
tarefas isoladas que jamais havia feito antes – e jamais
escolheria para fazer novamente.
Gardner sugere que a inteligência tem mais a ver com a
capacidade de 1) resolver problemas e 2) criar produtos
em ambientes com contextos ricos e naturais.
Gardner ofereceu um meio de mapear a ampla gama de
capacidades dos seres humanos, ao agrupar essas
capacidades em oito categorias, ou,
“inteligências abrangentes.
PERSPECTIVAS CONTEXTUAIS: Contexto
vai além do espaço, refere as condições de
vida (físicas, sociais, emocionais) em
diferentes culturas, países, ideologias,
religiões, credos, momentos sócio-históricos
• Estudos sobre práticas de criação entre pais
de diferentes níveis sócio-econômicos
encontraram os seguintes resultados:
• Pais com funções mais simples enfatizaram
valores mais voltados para a conformidade e a
obediência
• Pais que ocupam funções mais executivas
enfatizaram mais valores ligados á autonomia
e à iniciativa (pensar por sí próprio e de
maneira lógica).
• Abordagens do desenvolvimento como o co-
construtivismo e a ecológica tem enfatizado as
mútuas influências entre o indivíduo e o contexto,
inclusive o sistema cultural no qual o desenvolvimento
se dá.
• No co-construtivismo o foco de atenção são os
processos bidirecionais entre sujeito e ambiente.
Considera-se o desenvolvimento como determinado
pela relação entre o organismo e o ambiente
circundante, com destaque para a cultura, com seus
valores e crenças. Assim as práticas de cuidado e de
educação de filhos estão diretamente relacionados
com as crenças e valores construídos por uma cultura
que é também produto de história dos indivíduos.
• Na teoria bioecológica de Brofrenbrenner (1990) há
uma ênfase na relação de reciprocidade, de tal forma
que mãe e filho se influenciam, assim como são
influenciados por outras pessoas, não
necessariamente presentes no ambiente físico
imediato.
A- Teoria Bioecológica: de acordo com
Brofenbrenner (1996) as interconexôes entre
os diversos níveis ou subsistemas que
compõem o ambiente ecológico são
importantes forças que afetam o crescimento
psicológico.
Nessa concepção, o macrossistema (que inclui
os conjuntos de crenças ou ideologias)
influencia no cuidado à criança podendo
resultar em diferenças desenvolvimentais.
Assim, a responsabilidade pode depender de
numerosos fatores do ambiente, incluindo as
concepções dos indivíduos sobre a
maternidade, filhos e sistemas de criação,
dependentes em última análise, das idéias e
práticas culturais compartilhadas por um
grupo social.
B – Teoria sociocultural de Vygotski
(1896-1934) compõe a perspectiva
contextual, pois propõe uma perspectiva
histórico-cultural, enfatizando a
interação dialética do homem e o seu
meio sócio-cultural.
“Ao mesmo tempo em que o ser humano
transforma o seu meio para atender
suas necessidades básicas, transforma-
se a si mesmo” (Vygotski, 1991, p.89).
• Para este autor o contexto sociocultural de
uma criança tem impacto importante no seu
desenvolvimento.
• A ênfase do desenvolvimento reside na
experiência.
• Ele enfatiza também a origem cultural das
funções psíquicas: a linguagem é um signo
mediador por excelência (pensamento e
linguagem), enfatizando que a aprendizagem e
o desenvolvimento estão inter-relacionados
desde o primeiro dia de vida do indivíduo, o
que chama de zona de desenvolvimento
proximal ZDP.
• “A Zona de Desenvolvimento Proximal
da criança é a distância entre seu
desenvolvimento real, que se
acostumam determinar através da
solução independente de problemas sob
a orientação de um adulto ou em
colaboração com companheiros mais
capazes”. (VYGOTSKI, 1998, 9.96).
• A teoria de Vygotski também propõe a
valorização da interação e a
necessidade de desafiar a criança,
ressaltando, porém, que sempre há um
limite.
PERSPECTIVA ETOLÓGICA:
• Para a etologia humana grande parte dos
comportamentos do homem é proveniente
da carga genética da espécie e
aprendizagem ocorre somente em cima da
estrutura já existente ou, ainda, depende
dele.
• Existe um padrão fixo de desenvolvimento
que é universal e natural para todos,
independentemente das condições sociais e
culturais.
A – Teoria do apego de Bowlby e Ainsworth:
• Para estes teóricos os seres humanos tem
mecanismos adaptativos para sobreviver,
defendem a ênfase nos períodos críticos e
sensíveis, reforçando a base biológica e
evolutiva de comportamento e a predisposição
para a aprendizagem são importantes.
• Há interação de fatores inatos e da
experiência.
• Bowlby dá importância do laço mãe-bebê e
advertia contra a separação destes sem um
bom cuidado substituto.
MODELOS TEÓRICOS DO
DESENVOLVIMENTO HUMANO
• Os modelos teóricos são
representações fundamentadas em
determinados princípios gerais
científicos e filosóficos.
• Os fatores biológicos e sociais
influenciam o curso das
transformações psicológicas que
ocorrem no processo evolutivo do
homem.
• As teorias psicológicas do desenvolvimento
humano procuram explicar este processo a
partir de diferentes concepções
filosóficas de homem e de mundo, que
representam visões científicas diferentes.
Uma teoria científicas constitui-se em um
modo de pensar de maneira organizada e
sistemática.
• Algumas teorias enfatizam os aspectos
inatos (hereditariedade) outras, os
aspectos ambientais (experiência,
social/cultural) procurando explicar o
desenvolvimento humano a partir de
diferentes concepções filosóficas de
homem e de mundo, que representam
visões cientificas diferentes.
• As teorias atuais defendem, entretanto, a
interação ambiente X aspectos inatos,
apontando a inter-relação existente no
processo desenvolvimentista humano de
todos os aspectos presentes em sua vida.
• Algumas teorias consideram
estágios/etapas, ou fases separadas,
outras enfatizam o processo contínuo dee
desenvolvimento.
• É possível se agruparem as teorias do
desenvolvimento em dois grandes grupos:
as teorias que se fundamentam num modelo
naturalista e as teorias que se
fundamentam num modelo histórico.
MODELO NATURALISTA
• Defende que o homem é um produto da
evolução natural da espécie, sendo o resultado
de um processo de adaptação ao meio
ambiente.
• Base da teoria é o processo de seleção
natural, formulado pelo naturalista Charles
Darwin que preconiza que existe uma linha de
evolução direta que vai do animal inferior até
o superior, incluindo o homem.
• O modelo naturalista do desenvolvimento
humano não considera a especificidade das
formas de organização e evolução, nos
seus aspectos sociais e culturais.
• Ele se estrutura na corrente filosófica
empirista e racionalista.
• O empirismo atribui à origem do
conhecimento humano a aquisição
progressiva que ocorre por meio da
experiência sensorial.
• Já o racionalismo considera que o
conhecimento humano é um atributo das
estruturas mentais pré-existentes.
• O modelo naturalista não apresenta uma
teoria unificada do desenvolvimento humano.
• Deste modo temos as teorias inata,
ambientalista e interacionista.
A Anatomia do Desenvolvimento
DESENVOLVIMENTO BIOLÓGICO
• Concepção marca o início do período pré-natal
e consequentemente do desenvolvimento
humano, portanto a organização do
comportamento inicia-se muito antes do
nascimento.
• Espermatozóide após percorrer um longo
caminho, pela vagina até atingir a trompa de
Falópio, penetra no óvulo da mulher.
• Informações contidas nos espermatozóides
mais as informações transmitidas pela
mãe constituirão as futuras
características biológicas do bebê.
• Desenvolvimento no período pré-natal
compreende três etapas: zigoto,
embrião e feto.
• Após a concepção, logo nos primeiros
dias, a célula inicial se divide, num
processo chamado mitose e se
locomove da trompa de Falópio até se
implantar no útero, ocorrendo na
primeira semana após a fecundação,
quando a diferenciação das células vai
formando a placenta, o cordão
umbilical e a cavidade amniótica.
• Na concepção, pai e mãe, cada um contribui
com seus 23 cromossomos para a formação
do ovo ou zigoto. Informações sobre sexo,
crescimento, cor dos olhos, tipo de cabelo
são transmitidas através destes
cromossomos ao feto.
• A próxima etapa do embrião, vai da 2º à 8º
semana após fecundação, quando ocorre a
formação dos órgãos e sistemas. Neste
período, chamado embrionário, ocorrem as
primeiras contrações autônomas do
organismo e, depois, no período fetal,
ocorrem os primeiros movimentos ativos.
• Um refinamento dos órgãos e sistemas já
constituídos ocorre a partir do 3º mês de
gravidez até o momento do nascimento.
• Este período é muito importante para o
desenvolvimento do sistema nervoso,
responsável pelo substrato biológico da
atividade psíquica, uma vez que, o
desenvolvimento neuropsíquico do feto,
está intimamente associado ao crescimento
e diferenciação progressivos do sistema
nervoso central, especificamente do
córtex e, há um equilíbrio gradual e
constante entre as funções do organismo e
as condições ambientais.
• É no período pré-natal que anomalias
genéticas como a fenilcetonúria e a
Síndrome de Down e algumas doenças
contraídas pela mãe como sífilis e rubéola
podem prejudicar o feto, provocando lesões
físicas e mentais irreparáveis.
• O uso de drogas pela mãe também pode
provocar consequências no crescimento
durante este período, fazendo com que
nasçam bebês prematuros e/ou com peso
abaixo da média.
• O teste do pezinho realizado nos primeiros
dias de vida do bebê diagnostica
precocemente algumas destas doenças.
• Outra questão importante é a que se
refere à dieta materna durante a
gestação, pois se sabe que a
subnutrição materna é prejudicial ao
desenvolvimento do feto, provocando
alterações no peso e na estatura do
bebê.
• Estudos também tem referido que
podem haver prejuízos irreparáveis
ao desenvolvimento e à aprendizagem
da criança.
• As principais características
maternas que afetam o
desenvolvimento do feto no período
pré-natal são:

1. A idade materna (acima de 35 anos


ou abaixo dos 15 anos);
2. Número elevado de gestações
(esgotamento biológico);
3. Estado emocional (estresse ou
ansiedade);
• A interação organismo-meio ambiente é
conseguido pelo equilíbrio contínuo entre o
sistema nervoso e o mundo exterior, através
de respostas definidas.
• Este processo é predominantemente
desempenhado pelo sistema nervoso, na forma
de reflexos.
• Considerando a imaturidade do sistema nervoso
da criança, são grandes as exigências de ajuste
deste sistema no recém nascido que possui
características morfológicas específicas que os
torna menos maduros e diferenciados, quando
comparado aos órgãos e sistemas
• Tais características são a base do
desenvolvimento físico e mental do recém
nascido e de suas reações ao mundo exterior
e aos seus agravos.
• Somente ao final do primeiro ano de
vida é que a estrutura do cérebro da
criança se aproxima daquela do
adulto.
• Com o amadurecimento do córtex
cerebral, os movimentos da criança
vão se tornando mais livres e cheios
de propósitos.
• A reserva básica do sistema nervoso
são os múltiplos reflexos. Contudo a
atividade reflexiva é estabelecida
gradualmente na criança.
• O recém nascido é quase impermeável à
estimulação ambiental, pois o efeito desses
estímulos no seu córtex imaturo é excessivo,
induzindo a um estado de inibição, isto é, o
sono.
• Entretanto, embora o córtex seja
funcionalmente deficiente e
morfologicamente imaturo ao nascimento, o
recém nascido possui inúmeros reflexos natos
alimentares (sucção, deglutição) e protetores
(piscar os olhos com uma luz forte).
• Estes reflexos são realmente reflexos de
condução, sendo preservados mesmo
com a remoção do córtex.
• Somente entre o fim do primeiro, ao
segundo mês de vida é que aparecem
os reflexos condicionados que
provarão o início da atividade
funcional do córtex que se desenvolve
paralelamente à maturação da sua
estrutura.
• O efeito dos sinais do mundo exterior
na formação dos reflexos
condicionados na criança está ligado
ao ambiente que a cerca, aos cuidados
a ela destinados e ao seu potencial.
• Os recém formados reflexos
condicionados ainda não são estáveis
na criança devido à insuficiente
diferenciação de suas células
ganglionares.
• Qualquer estímulo recorrente e
intenso é causa de perda temporária
do novo reflexo adquirido. Essa
condição é manifesta ou por agitação
ou por inibição, causando sonolência,
• O desenvolvimento da atividade nervosa central
da criança é regulado, em grande parte, pela
influência do ambiente.
• Exemplo: o sono do recém nascido alterna-se
com reações periódicas do meio que o cerca:
 Início do 2º mês o bebê sorri e olha objetos
brilhantes;
 3º mês aparecem os movimentos voluntários dos
braços e pernas;
 Em torno do 5º mês a criança é capaz de segurar
objetos;
 Após 6º meses a criança começa a ter interesse
pelos arredores, mostra emoções (medo, prazer)
e reconhece rostos familiares.
Isso marca o aparecimento da atividade
analítica do córtex cerebral.
• Em torno de 1 ano a criança não só
percebe impressões vindas de fora, mas
também, seu córtex começa a analisar e
sintetizar.
• Como resultado da atividade dos
receptores e dos grupos de células
nervosas correspondente, ocorre uma
formação gradual da atividade nervosa
central da criança que mostrará gostos
definidos pela comida, brinquedos, etc.
• O desenvolvimento da fala, função
específica do cérebro humano, inicia-se
por volta do 8º mês.
• A estimulação produz não apenas emoções de
medo e prazer, mas também induz a imitação de
sons que atraíram a atenção da criança.
• Logo o bebê começa a pronunciar suas primeiras
sílabas, ao término do primeiro ano, pronuncia
palavras de duas sílabas, e no segundo ano
começa a falar.
• O comportamento da criança mostra a aquisição
de comportamentos conscientes, exprime seus
desejos, e mostra gostos seletivos por certos
alimentos.
• Durante os dois primeiros anos de vida a
formação de reflexos condicionados em
resposta aos estímulos que chegam dos
receptores não só induzem reações complexas
diretas, mas essas reações estão sujeitas aos
desejos da criança e comporão as
primeiras características de sua
personalidade.
• Nesses anos, é muito importante
estabelecer um regime educacional
adequado criando um ambiente
favorável à criança e ao seu
desenvolvimento global.
• É nesta época, também, que ela começa
a andar e correr mostrando o seu
complexo processo de desenvolvimento
psicomotor que é regulado pelo córtex
cerebral e tem efeitos recíprocos no
desenvolvimento posterior.
• A criança de 2 a 3 anos é cheia de impressões do mundo
exterior, que ela não é capaz de analisar
independentemente, assim, constantemente, pede ajuda
às pessoas que a cercam (idade dos porquês).
• Entre 3 e 5 anos o discurso se torna gradualmente mais
complexo, quando começa a formar suas próprias
opiniões.
• Entre os 5 e 7 anos, o desenvolvimento morfológico do
cérebro cessa como um todo.
• A atividade nervosa superior da criança mostra mudanças
importantes: o aperfeiçoamento da capacidade de análise
continua e a criança perde, em parte, sua naturalidade,
compreende mais sobre o que acontece em sua volta e as
características de sua personalidade aparecem.
• Seu discurso torna-se mais coerente e ela é capaz de
transmitir seus pensamentos e impressões. Durante
esse período os reflexos condicionados de leitura e
escrita são facilmente formados.
• Não se pode esquecer que o
desenvolvimento da atividade nervosa
superior é intimamente ligado às
condições ambientais da criança, nível
cultural das pessoas que ficam em contato
com ela e com a qualidade da atenção que
ela recebe.
• Ao mesmo tempo o desenvolvimento
adequado da mente e da fala são
inteiramente independente da organização
da vida cotidiana da criança, pois ocorrem
sistematicamente de acordo com as
necessidades de sua idade cronológica.
• O sono é um estado de inibição e sua
essência é a cessação da atividade
normal dos hemisférios cerebrais,
seguida do relaxamento dos músculos
esqueléticos.
• As necessidades de sono variam com
a idade e muitos distúrbios
psicológicos e de comportamento são
associados à violação dos esquemas
do sono.
Estágio Pré-Natal –
concepção até nascimento

• Formação da estrutura e órgãos


corporais básicos;
• O crescimento físico é o meio rápido
de todos os períodos;
• Grande vulnerabilidade às influências
ambientais.
Primeira Infância –
nascimento até 3 anos
• O recém nascido é dependente porém competente;
• Todos os sentidos funcionam no nascimento;
• Crescimento físico e desenvolvimento das habilidades
motoras são rápidos;
• A capacidade de aprender e de lembrar esta presente
até mesmo nas primeiras semanas de vida;
• Compreensão e fala se desenvolve no segundo ano;
• Apego aos pais e a outros se forma aproximadamente no
final do primeiro ano de vida;
• O interesse por outras crianças aumenta.
Segunda Infância – 3 a 6 anos
• Força e habilidades motoras simples e
complexas aumentam;
• Comportamento é predominantemente
egocêntrico, mas a compreensão da perspectiva
dos outros aumenta;
• Imaturidade cognitiva leva a muitas idéias
lógicas acerca do mundo;
• Brincar, criatividade e imaginação tornam-se
mais elaboradas;
• Independência, autocontrole e cuidado próprio
aumentam;
• Família ainda é o núcleo da vida, embora
outras crianças comecem a se tornam
importantes.
Terceira Infância – 6 a 12 anos
• Crescimento físico diminui;
• Força e habilidades físicas se aperfeiçoam;
• Egocentrismo diminui;
• Crianças passam a pensar com lógica, embora
predominantemente concreta;
• Memória e habilidades da linguagem aumentam;
• Ganhos cognitivos melhoram e capacidade de
tirar proveito de educação formal;
• Auto-imagem se desenvolve, afetando a auto-
estima;
– Amigos assumem importância
fundamental.
Desenvolvimento Sensorial
• Os órgãos do sentido são receptores
periféricos que através de formações
especializadas transmitem sinais do mundo
ao sistema nervoso central.
• O funcionamento apropriado da percepção
dos sinais requer um grau suficiente de
diferenciação e maturidade dos
receptores periféricos finais, ausência de
lesão nas vias condutores e
desenvolvimento adequado dos centros
corticais correspondentes.
• O exame dos órgãos do sentido é difícil nas
crianças, principalmente nos primeiros meses
de vida, tendo em vista, a dificuldade de
interpretar as reações infantis em face de
estimulação.
• Segundo Gesell (1977), durante as três
semanas de vida o recém nascido apresenta
fotofobia fisiológica, quando seus olhos ficam
quase que constantemente fechados.
• Entre a 3º e 5º semanas a criança olha
fixamente objetos brilhantes por um pequeno
período (em torno de 5 segundos) e por mais
tempo (alguns minutos) ao fim do segundo mês.
• No 1º e 2º meses após o nascimento, as
crianças exibem um estrabismos
fisiológico e no 1º mês de vida há também
incoordenação dos movimentos do globo
ocular e pálpebras, isto acontece quando
o olho se movimenta para cima ou para
baixo e, a pálpebra nem sempre
acompanha seu movimento.
• Após os três meses, crianças saudáveis
percebem conscientemente o que estão
olhando.
• É difícil definir se as crianças abaixo dos
dois meses realmente vêem.
• O reflexo pupilar à luz e o reflexo
conjuntival estão presentes em
crianças de semana de vida.
• A pupila geralmente é contraída nos
primeiros meses de vida, enquanto na
idade de seis a sete anos é um pouco
maior que a dos adultos.
• Bebês abaixo de três a quatro meses
não produzem lágrimas ao chorar
devido a imaturidade do sistema
nervoso.
• Com relação à audição é muito difícil
clinicamente definir se o recém nascido
escuta ou não. Entretanto, nota-se que
lactentes reagem aos sons já na
segunda semana de vida. Um som
prolongado como um apito faz com que
eles parem de chorar ou de se
movimentar. Aos quatro meses uma
criança sadia vira sua cabeça em
direção ao som.
• Quanto ao paladar, a maioria das
crianças já nasce com alguma
distinção. Distingue doce, amargo e
ácido. Mesmo recém nascidos pré-
termos de mais de setes meses de
gestação possuem certas sensações
de sabor.
• Dos quatro aos cinco meses lactentes
são altamente sensíveis ao sabor
reagindo a quaisquer mudanças em
sua alimentação. O sentido do paladar
de pré-escolares e escolares difere
muito pouco dos adultos.
• O olfato mesmo nos primeiros meses de
vida, as crianças percebem odores fortes,
pois as porções sensitivas terminais do
nervo trigêmeo são estimuladas pelos
odores fortes.
• Ainda não está muito claro quando e como
as crianças começam a distinguir odores
mais delicados, que estimulam os terminais
do nervo olfativo.
• Investigações mostraram que após os sete
ou oito meses as crianças são capazes de
distinguir odores e que, após um ano de
vida, reagem prontamente a qualquer coisa
que cheire bem.
• Com relação ao tato, recém nascidos e lactentes
jovens possuem um grau suficiente de sensibilidade
tátil.
• As áreas mais sensíveis ao toque são os olhos, testa,
boca, palmas das mãos e planta dos pés.
• Irritação da pele desencadeia reações gerais
manifestas por movimentos “irritados”.
• Entre os três e sete meses o bebê já é capaz de
tocar a área precisa da irritação.
• Crianças respondem às sensações dolorosas com
reações locais e generalizadas.
• Quando se pica um dedo de um recém nascido ele
retira sua mão e manifesta irritação geral.
• Contudo, a resposta às sensações dolorosas é
retardada no recém nascido. A reação dos
lactentes às mudanças de temperatura
ambiente (sensação térmica) é muito forte.
Desenvolvimento Motor
• O sistema muscular é comporto por milhões de
fibras musculares que recebem impulsos de
uma autêntica floresta de células nervosas do
encéfalo e da medula espinhal. Assim o
sistema muscular é, na verdade, um sistema
neuromuscular.
• O processo de organização desse sistema se
inicia antes do nascimento e se prolonga
aproximadamente por 20 anos, embora a maior
parte ocorra nos primeiros 10 anos de
vida.
• As células musculares são mais primitivas que
as células nervosas, O desenvolvimento leva
tempo e é um processo continuado. Cada fase
representa um grau, ou nível de maturidade
do ciclo de desenvolvimento.
• Entretanto o fator de individualidade é tão
poderoso que não há duas crianças de uma
determinada idade que sejam exatamente
similares.
• Embora as variações individuais estejam
numa fase apertada de uma tendência central
porque as seqüências e o plano básico do
desenvolvimento humano são características
relativamente estáveis.
• A organização do comportamento inicia-se
muito antes do nascimento e a orientação geral
desta organização é da cabeça para os pés e
dos segmentos proximais para os distais.
• Um bebê recém nascido não recebe o alimento
passivamente como antes do nascimento, mas
precisa realizar ações de sucção e deglutição.
• Os mecanismos desses movimentos reflexos
estão bem desenvolvidos.
• As ações de chupar e engolir estão
estreitamente coordenadas. Deixando o leite
de ser engolido assim que a criança se
desprende do seio.
• Tão importante quanto à alimentação é a
absorção de oxigênio, pois a criança deve
garantir o abastecimento mediante a
respiração com seus próprios pulmões.
• Todo o primeiro mês de vida é caracterizado
pela adaptação instável ao novo ambiente.
• O funcionamento dos órgãos, inclusive o
coração, ainda é irregular porque a organização
do sistema nervoso autônomo está incompleta.
• Mas ao final do primeiro mês de vida, nota-se
uma melhora do tônus muscular, bem como da
respiração, da deglutição e do controle da
temperatura corporal,refletindo uma
melhor organização como um todo.
• A criança nesta idade já fixa o olhar
numa posição e segue um objeto com o
olhar, para um lado ou outro na linha
média.
• Apresenta, também, nesta época a
atitude cérvico-tônico-reflexa; cabeça
para um dos lados com o braço
estendido desse lado e fletido para o
ombro do outro.
• Essa atitude é uma forma natural de
assimetria que serve para estabelecer
a coordenação dos olhos e das mãos. As
mãos estão geralmente fechadas e não
se abrem para agarrar objetos.
• Por volta dos três ou quatro meses a criança firma a
cabeça e roda-se livremente de um lado para o outro
quando está deitada no berço.
• Ela também move os olhos ativamente e fixa-os nisto
ou naquilo.Alcança um domínio elementar dos
músculos dos olhos e dos que fazem erguer e rodar a
cabeça.
• As mãos já não se conservam fechadas, os dedos, são
mais ágeis. Juntam as mãos sobre o peito, mexe numa
mão com a outra, conseguindo ao mesmo tempo tocar
e ser tocado. Essa dupla sensação é uma auto-
descoberta, levando-o a aprender o que são as seus
dedos e que os objetos são coisas diferentes de seu
corpo.
• Mete os dedos na boca assim como os objetos, o que
lhe ajuda a esclarecer diferenças. Nesta fase, sorri
e dá gargalhadas e tem grande avidez visual.
• Com sete meses, levanta a cabeça e seus
gestos de manusear objetos estão no auge.
Está descobrindo o tamanho, a forma, o
peso e a textura das coisas, por isso brinca
sozinha calmamente por algum tempo, pois
suas brincadeiras são assuntos sérios.
• O sistema nervoso está agora bem
desenvolvido e funcionalmente tão bem
coordenado que a criança pode manejar
ativamente vários objetos.
• Fica sentada com o apoio e, às vezes, pode
tentar pegar um objeto que está fora de
seu alcance, pois ainda precisa aprender
sobre as distâncias.
• Com 10 meses tem mais controle das partes
periféricas do seu corpo, devido ao contínuo
desenvolvimento do sistema nervoso.
• Já não fica deitada, vira-se no berço e senta-
se. Adota a posição ereta para liberar as
mãos, pois nessa época está numa fase de
transição da emancipação das mãos.
• Começa a fazer pinça, pinça polegar-indicador
e usa o indicador estendido para empurrar,
apalpar, sondar, desenvolvendo as noções de
oco e maciço, continente e conteúdo, em cima
e embaixo, lado a lado, dentro e fora, junto e
separado.
• Começa a ver e manuseia objetos na
perspectiva e tem noções de dois
assim como tem de um. Com efeito,
junta duas coisas, uma à outra.
• Tem uma nova capacidade de
imitação, “aprendendo” habilidades
infantis como bater palmas e dar
adeus, mas ainda não é capaz de
imitar toda e qualquer ação porque o
repertório de movimentos está
dependente da maturidade do
sistema nervoso.
• Com um ano está a caminho de andar e falar. Pode ficar
em pé e andar com apoio.
• Já é capaz de uma coordenação mais delicada dos
dedos das mãos, podendo pegar pedacinhos de comida e
colocá-los na boca. Agarra a colher pelo cabo, mas ainda
não come, adequadamente, com ela. Adquire a
capacidade de comer com os dedos, antes de comer
sozinho com a colher.
• Gosta de brincar com vários objetos, pegando-os e
largando-os, o que mostra um comportamento ordenado
do ponto de vista do desenvolvimento por ser um gênero
rudimentar de contagem.
• Exercita a capacidade de largar manejando os objetos,
apanhando-os e deixando-os cair.
• Ainda não domina com precisão seus músculos
extensores, por isso seus movimentos são bruscos,
assim como também é incapaz de largar os objetos na
altura própria. Sua capacidade de imitação
voluntária se alarga, aprendendo a jogar bola ou bater
um sino.
• Aos 15 meses a criança já não é
apenas um bebê. Está substituindo o
caminhar pelo andar, embora ainda
com passos incertos.
• Quer comer sozinha, pega um copo
com as duas mãos, mergulha a colher
na sopa e depois a leva à boca, virada
ao contrário. Levará ainda um tempo
para conseguir executar essa
manobra corretamente. É capaz de
imitar um traço de lápis no papel.
• Aos 18 meses a postura ereta ainda não é
perfeita. Para andar, sustenta-se numa
base larga com os pés afastados. Corre
arrancando e parando bastante bem, mas
ainda não sabe virar esquinas. Sobe
escadas e agacha-se para apanhar objetos
no chão.
• As mãos não tem muita agilidade nos
pulsos e mostra dificuldade em coordenar
os movimentos das mãos dos pés.
• Nas suas brincadeiras gosta de
transportar objetos de um lado para o
outro, aprendendo desse modo o que é um
lugar.
• O período entre os 2 e os 6 anos se
constitui numa época de mudanças
profundas das propriedades do corpo
humano, que se evidenciam tanto na
criança quanto em seus pais, uma vez
que são criadas condições de incerteza
que não têm paralelo em nenhuma outra
fase da vida.
• Para a criança as incertezas estão
associadas às mudanças físicas,
conduzindo-a, frequentemente, a
colocar em prova suas novas
habilidades.
• Aos 2 anos a marcha ainda não é ereta, restando na
sua postura um encurvamento das costas.
• Para apanhar os objetos no chão, contudo, a criança
dobra-se tanto pela cintura como pelos joelhos.
• Dobrar-se é um comportamento mais adiantado do
que se agachar.
• Ainda corre inclinado para frente.
Sobe e desce escadas avançado sempre com o mesmo
pé de degrau em degrau.
• É capaz de dar um pontapé numa bola.
• Roda o antebraço o que lhe permite fazer girar uma
maçaneta.
• Ocorre rápida organização da aparelhagem
lingüística: boca, lábios, língua e laringe. Começa a
falar.
• Imita grosseiramente o traçado de um círculo
no papel.
• Aos dois anos e meio a criança experimenta
uma fase de aprendizagem dos contrários
oscilando entre os dois extremos: sim e
não, ir e vir, correr e parar, dar e receber.
Pegar e largar, puxar e empurrar.
• Sua capacidade de escolha é fraca, escolhe
ambas as alternativas.
• Não possui o domínio perfeito dos músculos
flexores e extensores.
• Agarra com demasiada força e larga com
um impulso exagerado.
• Tem dificuldade em descontrair-se para
adormecer.
• Aos 3 anos a criança chega ao autodomínio, que
tem uma base motora. Os pés são firmes e ágeis,
anda ereta e balança os braços ao andar, á
maneira dos adultos.
• Pode correr mais graciosamente, dobrar
bruscamente uma esquina e aumentar ou diminuir a
velocidade com mais eficiência.
• Aprende bem as formas, o que indica que os
músculos que comandam os seus olhos estão
atuando com maior facilidade do que antes.
Abotoa e desabotoa os botões, sem arrancá-los.
• Repete três algarismos conta até três.Conhece o
círculo, o quadrado e o triângulo. Imita o desenho
de uma cruz.
• A sua noção de tempo é fraca, mas bem definida
dentro de suas limitações. Distingue o dia da noite
e é capaz de compreender e dizer “quando for à
hora de...”.
• Aos três anos e meio, a criança entra numa fase
de confusão e oposição. Ocorre uma temporária
incoordenação motora manifesta por tropeços e
medo de altura.
• A coordenação motora fina está prejudicada, com
tremores.
• Apresenta grande sensibilidade auditiva,
assustando-se facilmente com ruídos altos, como
trovões e sirenes.
• Mostra incoordenação da fala, ás vezes com
gagueira, geralmente passageira.
• A visão apresenta-se dificultada para distâncias
intermediárias.
• Esta é uma fase de tensão, expressa às vezes por
numerosos escapes como gaguejar, piscar os olhos,
roer as unhas, esfregar os órgãos genitais, morder
o lençol, salivar em excesso, cuspir e ter tiques.
• A criança de 4 anos domina melhor todo o seu
equipamento motor, incluindo a voz.
• Sobe e desce escadas correndo, anda de triciclo,
fala e come mais ou menos simultaneamente.
• É capaz de atirar uma bola ou um objeto qualquer,
com a mão levantada para cima do ombro, usa uma
tesoura, amarra os sapatos.
• Fica em pé numa perna só. Mãos, braços, pernas e
pés estão se tornando independentes da
totalidade do conjunto postural.
• Esta criança esta interessada na socialização.
• Sente grande prazer em se vestir como adulto e
imitar suas ações.
• Gosta de fazer caretas, um processo de
identificação com os adultos e, de
aperfeiçoamento de sua habilidade de leitura das
expressões faciais.
• Aos cinco anos as crianças estão melhorando o
domínio de si próprias e aperfeiçoando as suas
habilidades sob muitos aspectos.
• O domínio motor fino, expresso através do
desenho melhorou.
• Começam a mostrar interesse pelas letras e
números, bem como pelos diversos lados das
coisas, desenvolvendo noções de “parte da frente
e de trás, lado de dentro e lado de fora”.
• Mostra grande equilíbrio e perícia nas
coordenações motoras dos grandes e pequenos
músculos.
• Desce escadas pondo alternadamente um pé em
cada degrau, salta alternadamente sobre um e
outro pé. Sobe e salta com segurança de um lugar
para outro.
• Nesta fase ocorre a definição da mão dominante,
• direita e esquerda.
• Os seis anos são uma idade ativa. A criança
encontra-se numa atividade quase
constante, quer esteja de pé, quer sentada.
• Parece que é toda ela braços e pernas.
• As tarefas domésticas proporcionam
muitas atividades motoras. Gosta de ajudar
a mãe, colocando a mesa, indo buscar
coisas.
• Parece ter mais consciência das mãos como
instrumentos de trabalho e procura servir-
se delas como tal.
• Mostra particular interesse pelos jogos de
construção e pelas ferramentas,
interessando-se menos naquilo que executa
com elas do que no seu manejo.
• Durante a terceira idade, as habilidades
motoras das crianças continuam a se
aperfeiçoar.
• As crianças tornam-se mais fortes, mais
rápida e mais bem coordenadas e obtém
grande prazer testando seus corpos e
aprendendo novas habilidades.
• A terceira infância é uma época
relativamente segura na vida da criança.
• O desenvolvimento de vacinas para as
principais doenças infantis e a exigência das
escolas quanto às imunizações, nesses anos,
faz com que as crianças estejam protegidas.
• A taxa de mortalidade nesses anos é a mais
baixa em todo o ciclo da vida.
• À medida que a experiência das crianças
com doenças aumenta, também aumenta
sua compreensão cognitiva das causas da
saúde e da doença e das possibilidades que
as pessoas têm de promoverem a própria
saúde.
• Um dos aspectos importantes a salientar é
que nessa faixa etária os danos acidentais
são a principal causa de morte.
• Os ferimentos aumentam entre as idades
de 5 e 14 aos, quando as crianças se
envolvem em mais atividades físicas e são
menos supervisionadas.
Habilidades motoras gerais na
segunda infância

CRIANÇAS DE 3 ANOS DE IDADE:


• Não sabe virar ou parar repentina ou
rapidamente;
• Saltam uma distância de 38 a 60 cm;
• Sobem escadas sem ajuda, alternando
os pés;
• Sabem soltar, quando basicamente uma
série irregular de pulos com algumas
variações.
Crianças de 4 anos de idade:

• Tem melhor controle para parar, iniciar


e virar;
• Podem saltar a uma distância de 62 a
84cm;
• Podem descer uma longa escadaria
alternando os pés caso tenham apoio;
• Podem saltar sobre um dos pés de
quatro a seis vezes.
Crianças de 5 anos de idade

• Começam, viram e param com eficiência ao


brincar;
• São capazes de dar um salto de 71 a 91 cm
enquanto correm;
• Descem uma longa escadaria sem auxílio,
alternando os pés;
• Saltam facilmente uma distância de 87cm.
O comportamento motor de meninos e meninas
difere na terceira infância e conforme
progridem os anos
Idade 6 anos:
• As meninas são superiores na precisão do
movimento, e os meninos são superiores em
ações menos complexas que envolvem força,
Pular (com os dois pés) é possível. Ambos sabem
arremessar com transferência de peso e passo
adequados.
Idade 7 anos:
Equilíbrio em um dos pés sem olhar. São capazes
de caminhar sobre barra fixa de 5cm de
largura. Pulam e saltam com precisão pequenos
quadrados. Executam polichinelos.
Idade 8 anos:
• Dispõem de poder de preensão de
5,4kg. É a faixa etária com maior
número de jogos nos quais ambos os
sexos participam. Executam saltos
rítmicos alternados. Arremessam
bolas pequenas a aproximadamente 12
metros.
Idade 9 anos:
• Meninos são capazes de correr a uma
velocidade de 5m por segundo.
Arremessam bola pequena a
aproximadamente 21,3m de distância.
Idade 10 anos:
• Avaliam e interceptam a trajetória de
pequenas bolas arremessadas à
distância. Meninas correm a uma
velocidade de 5,1m por segundo.
Idade 11 anos:
• Salto à distância de 1,5m para os
meninos e 1,2cm menos para as
meninas.
Idade 12 anos:
–Salto em altura de 91cm é
possível.
As Necessidades Infantis
A ALIMENTAÇÃO
• A sucção e a deglutição aparecem
precocemente, existindo mesmo na
fase fetal e, após o nascimento.
• Se observa também, desde o
nascimento, uma atividade de
orientação em direção a fonte
estimulante.
• O bebê procura aviadamente o bico
do seio sempre que a mãe lhe coloca
• ao colo
• Desde os primeiros dias de vida há
uma relação íntima entre a
alimentação-fome e o sono, podendo-
se parafrasear Gesell (1977) que diz
“o bebê desperta para comer e come
para dormir”. (p.95)
• Para o recém nascido, a fome é uma
sensação imperativa que influencia a
postura corporal: a boca abre-se
juntamente com os olhos, seguindo-se
o choro e movimentos de busca
alimentar.
• O trato digestivo e a sua mucosa são
fontes de estímulos interoceptivos,
que no início da vida são capazes de
proporcionar, ao recém nascido, um
amplo bem estar, ou um intenso mal-
estar, uma vez que o grau de
maturação neurológica lhe
proporciona um tipo de atenção
constantemente orientada para estes
estímulos.
• Gesell (1977) propõe que se examine
o esquema de alimentação sob o
prisma de três aspectos:

1. Apetite
2. Retenção
3. Auto-ajuda e aculturação
• O apetite situa-se na base da auto-regulação e
é o anseio demonstrado por alimentos, sendo
variável através do tempo e de intensidade
diferente no decurso de um mesmo dia.
• Entre 8 a 12 semanas de vida, o apetite é
particularmente intenso, enquanto a retenção
alimentar é bastante precária, só se
organizando por volta dos 4 meses, quando a
capacidade de sucção se torna altamente
eficiente e a propensão para sugar é tão forte
que tende a interferir com a aceitação de
alimentos sólidos.
• Nesta época a energia para comer torna-se
moderada e a retenção melhora devido à
maturação neurológica.
• A curva do apetite se tornará
novamente irregular, por volta dos 5
aos 7 meses, quando a criança passa a
exigir uma refeição extraordinária,
em geral, às primeiras horas da
manhã.
• Entretanto neste período há uma
redução de suas exigências de
sucção, o que permite a aceitação de
alimentos sólidos em vez de
alimentarem-se somente ao seio ou à
mamadeira.
• Em torno de 9 e 10 meses a criança
apresenta uma intensificação do
apetite pela simples visualização do
alimento.
• Em geral, nesta idade, come tudo o
que lhe é dado.
• Mas este vigor do apetite assim como
a quantidade de alimento ingerido em
cada refeição decresce no período
entre 1 e 2 anos, notando-se a partir
dos 18 meses um apetite mais
seletivo.
• Aos dois anos a criança começa a dizer o
nome dos alimentos quando define as
preferências.
• Nesta época liga-se entusiasticamente a
determinados alimentos.
• É também quando algumas cores a deixam
curiosa, e gosta que os pratos sejam
arrumados de forma condizente uns com os
outros.
• Nesta fase, pode-se dizer que está havendo
uma expansão do complexo alimentar que vai
se diferenciando e ganhando características
ambientais, assim como, está acontecendo
com o desenvolvimento em seu todo.
• Este comportamento pode ser
considerado auto-afirmativo e se baseia
tanto na evolução do organismo como nos
processos de aculturação.
• Com isso, a criança vivencia, seleciona e
opta por padrões alimentares, fazendo a
transição dos líquidos para as comidas
pastosas e sólidas.
• É desta forma, que vai se aproximando
dos hábitos e adquirindo padrões
alimentares do adulto, e assim, formando
os hábitos e padrões alimentares que
• manterá na vida adulta.
• O ato de comer possui um lado
socializante, e grande parte da
sociabilidade humana é constituída em
torno das refeições.
• No decurso do desenvolvimento do
comportamento alimentar da criança,
nota-se uma auto-dependência
progressiva conjugada a uma
conformidade cultural, quando o uso de
objetos e a aprendizagem de maneiras
à mesa estão acopladas à maturação
neurológica.
• Assim, aos 5 meses a criança já faz a
transição para os alimentos pastosos,
iniciando o processo de autodesmame.
• Por volta dos 6 aos 8 meses é capaz de
segurar uma mamadeira com segurança,
além de levar comida à boca com os
dedos.
• Aos 10 meses, se for independente, pode
deixar a mamadeira de lado, passando a
fazer uso da xícara/copo, mas, em geral,
se apega à mamadeira até por volta dos
20 ou 24 meses e ao peito,
eventualmente até os 12 ou 15 meses.
• Um fato interessante é o aparecimento
dos primeiros sorrisos, a partir da
saciedade, a qual conduz a um aumento
dos períodos de vigília e firmando o
ciclo abaixo:
• O aspecto socializante do ato de comer, desde
a mais tenra idade se manifesta.
• Para Gesell (1978) “uma das tarefas do
desenvolvimento é a de dissociar o dormir e o
comer acoplados à maturação neurológica.”
(p.86)
• A maturação do sistema nervoso, no sentido de
melhor coordenação das conexões mãos-
cérebro, permitirá à criança que em torno dos
15 meses de idade consiga inibir o seu impulso
de se agarrar ao prato e à mesa, segurando a
colher e começando comer sozinha,
mesmo derramando parte da comida.
• Aos 2 anos já possuirá a maturação do
sistema nervoso que lhe permitirá comer
sozinha, de forma aceitável, sem
derramar, ou, espalhar a comida.
• Esta tarefa exige uma coordenação
completa e o seu domínio ainda é instável.
• A partir desta idade a maturação motora
vai proporcionando à criança elementos
para uma incorporação crescente das
regras de seu ambiente cultural, também
na área alimentar, aproximando-a do
comportamento adulto, gradativamente,
• É importante salientar que paralelamente
aos aspectos de auto-ajuda e
aculturação, os desejos mais profundos e
essenciais da criança pequena estão
relacionados ao alimento e ao sono e,
portanto, seus horários de comer e
dormir, bem como suas preferências
alimentares têm profundo significação
psicológica.

• Assim, um regime personalizado torna-se


significativo quanto à proporcionar
segurança e saúde mental.
O SONO
• O sono é um tipo de conduta na qual
há associação de diversos tipos de
atividade cerebral e corporal.
• O sono é basicamente dividido em
dois estágios:
1. Sono de Movimento Ocular Não
Rápido (NREM)
2. Sono de Movimento Ocular Rápido
(REM)
• O sono e a vigília formam um padrão
contínuo de comportamento do ser
humano que se influenciam mutuamente.
• O cérebro,a atividade elétrica cerebral, a
atividade mental e a regulação sono-vigília
amadurecem segundo um processo
ordenado e inter-relacionado.
• Assim, no recém-nascido, longos períodos
de sono se alternam com curtos períodos
e estes últimos, vão se prolongando, à
medida que a criança cresce, até que na
puberdade atinge o padrão adulto.
• A evolução do sistema vigília-sono na
criança é a seguinte:

• Nas primeiras semanas a criança dorme quase


que continuamente. O estado de vigília está
ligado à fome e o sono à saciedade.
• O sono é lábil, facilmente interrompido e pouco
diferenciado da vigília, sendo um pouco maior à
noite.
• Entre a 3° e 8° semanas o sono noturno vai-se
tornando mais definido, a criança está mais
ativa e necessita de mais ocupação e estímulo.
• Prefere ficar em decúbito dorsal
• Do fim do primeiro trimestre, ao
primeiro ano de vida, o sono é mais
profundo que no período anterior.
• O adormecer está menos vinculado às
refeições torna-se mais claro
também que o despertar noturno
esteja ligado à fome
• A criança torna-se mais ativa nos
períodos de vigília, desejando
atividades motoras e fazendo
solicitações afetivas.
• Dos 3 aos 4 meses de idade costuma
estar desperta nas últimas horas da
tarde, brinca e pede contatos.
• Aos 6 e 7 meses interessa-se pelo
ambiente, inicia a lalação e manipula
objetos, dorme de 10 a 12 horas à noite,
três pela manhã e uma a duas horas pela
tarde.
• Dorme também curtos intervalos de 5 a
10 minutos que a descansa, distrai-se com
movimentos rítmicos, dá voltas e
• A partir de 8 meses senta-se, contempla o
ambiente e já dorme períodos maiores e mais
tranqüilos de sono.
• No 2 ano de vida, o ato de dormir se torna mais
consciente, após deitar chora, brinca e/ou
engatinha no berço.
• Muitas vezes a criança apresenta resistência
para dormir, suportando mal a separação dos
pais que acontece no período de sono.
• Torna-se exigente com relação à mãe e acorda
à noite com certa freqüência.
• Começam a surgir manifestações ansiosas e
sonhos, bem como rituais de
adormecimento.
• Ao fim do 1° ano e começo do 2° ano
muitas vezes suspende a sesta
matutina, mas ainda necessita dela
após o almoço.
• Durante o sono, costuma movimentar-
se com freqüência e não gosta da
restrição feita pelos lençóis ou
cobertas.
• Dos 3 aos 5 anos, o sono se torna bem
organizado, mas a criança é lenta
para dormir.
• Em torno dos 4 anos a sesta costuma
desaparecer.
• Aos 3 anos gosta de descansar na cama, o que já
não é bem aceito aos 4 anos, quando também
começam a surgir sonhos inquietantes.
• Dos 5 aos 7 anos, o sono passa a ser mais
tranqüilo e a criança passa a se lembrar e contar
os seus sonhos. Podem ocorrer pesadelos
ocasionais.
• No período escolar, em média a criança necessita
de 12 a 13 horas de sono, com freqüência
completada por uma sesta à tarde, de cerca de
uma hora de duração.
O MUNDO INFANTIL
• A experiência motora serve de base para o
estabelecimento de uma série de relações da
criança com o mundo, de suas relações consigo
mesmo e com os outros, com as coisas, com o
tempo e o espaço, enfim, com o mundo que a
cerca.
• O sentimento de si próprio está praticamente
limitado à pressão de seu peso sobre as costas.
• Tem momentos de tranqüilidade e de angústia
provocados pela saciedade e conforto, ou pela
fome e frio.
• No início, seu mundo exterior é quase
destituído de fome.
• As idéias de espaço e de tempo são
adquiridos durante o processo do
desenvolvimento.
• As percepções desenvolvem-se com as
experiências e com a maturação
crescente das células nervosas
sensoriais, motrizes e de conexão.
• As percepções de tempo e espaço são
complexas e levam anos para serem
aperfeiçoadas.
• Inicialmente o mundo visível é constituído de
manchas em fundos negro e os sons são
fragmentados sob um fundo de silêncio.
• O domínio dos olhos e das mãos é a experiência que
inicia a modelação do mundo.
• Por volta dos 9 meses adquire a visão em
profundidade, descobrindo a terceira dimensão,
com a percepção do oco e do maciço.
• A manipulação dos objetos e a aquisição das noções
“dentro e fora”, “em cima e embaixo”, “em frente,
atrás e ao lado”, auxiliam a aquisição da
espacialidade.
• O domínio da locomoção completa esta noção,

trazendo o sentido do “aqui e lá”,


“perto e longe”.
• O desenvolvimento do sentido de tempo
também é gradual.
• Aos 18 meses aprende o significado de
“agora” aos 2 anos, ou mais, compreende
o “daqui a pouco”, ou seja, está
aprendendo a esperar.
• Os conceitos de tempo são de mais
difícil aquisição que os de espaço e a
idéia de presente e futuro se
desenvolvem antes daqueles referentes
ao passado.
• O entendimento numérico desenvolve-se tão
lentamente quanto o sentido de tempo.
• Aos 6 meses, quando brinca com um bloco, a
criança preocupa-se unicamente com ele, aos 9
meses é capaz de lidar e associar dois blocos e
prestar atenção a um terceiro.
• Por volta de 1 ano de idade é capaz de manejar
vários cubos, um a um, colocando-os em série, o
que constitui um rudimento motor de
contagem.
• Aos 2 anos distingue entre um e muitos, aos 3
domina razoavelmente a idéia de dois, aos 4
anos conta até três objetos e
aos 5 conta até dez.
• A noção de textura e as palavras que as
designam são adquiridas pela experiência
motora mais precocemente que as noções de
cor (estas são conhecidas a partir dos 4
anos)
• O domínio de tempo, espaço, número, forma,
textura, cor e causalidade, elementos
principais do mundo, que a criança tem que
encontrar por sí própria ela o faz,
gradualmente, através de seus músculos, da
manipulação e locomoção através dos olhos,
das mãos e dos pés.
• As bases dos juízos e seus conceitos futuros
assentam-se, igualmente, na experiência
motora.
OS INTERESSES DAS
CRIANÇAS
Faixa Etária Variações das Interesses
condições Vitais e
Interações Sociais
1. Necessidade maior 1. Vivências baseadas nas
de agir, ingerir polaridades: agrado-
2. Reflexos oral e de desagrado, bem e mal
sucção estar, quietude-
predominantes inquietude, relacionados
3. Ausência de à carência, ou, a

0 a 3 meses controle de satisfação de suas


movimentos necessidades;
4. Necessidade de 2. Impressões de
ajuda materna abandono pelo
quanto ao corpo afastamento da mãe;
(ingestão e ação)3. Sentimentos de
5. Não distingue a passividade, dependência
mãe de si mesmo. e reincorporação do
corpo materno.
Faixa Etária Variações das Interesses
condições Vitais e
Interações Sociais

1. Descobre a mão e 1. Incorpora a


se utiliza dela em mãe
atividades
ativamente
exploratórias;
2. Reage ativamente
(“chama”,
3a6 quando frustrado apega);
meses (chega a morder o 2. As mãos são
seio) pontes para
3. Descentraliza o
formar as
interesse bucal.
noções de
4. Abre o campo
visual.
“dentro” e
“fora”.
Faixa Etária Variações das condições Interesses
Vitais e Interações Sociais
1. Domina a preensão; 1. Aumenta os contatos que
produzem dor;
2. Senta-se e quer 2. Aumenta o número de
levantar para aumentar motivos de frustrações e
sentimentos desagradáveis,
a área de alcance das dada à freqüente
mãos incompreensão dos adultos;
3. As reações afetivas
3. Concentra-se nos
6 a 9 meses apresentam
músculos do tronco e progressivamente, matizes,
chegando ao ponto de serem
tenta dominar o
claras as suas emoções e
equilíbrio sentimentos (evolução em
que há significativa
4. A visão em participação dos itens 1 e 2
profundidade vai se acima)
estruturando. 4. A aquisição de movimentos,
posturas e visão em
profundidade fornece um
panorama dentro do qual
indica para onde quer ir e
que serve de novas fontes
de estimulação.
Faixa Etária Variações das condições Interesses
Vitais e Interações
Sociais
1. Desloca-se andando ou 1. Interesse por
engatinhando; experiências;
2. Coleciona vivências no
2. Domina a postura ereta;
sentido de compreensão
3. Sofre imposições dos
9 a 12 e sentimentos;
adultos (proibições e 3. Satisfaz a necessidade
meses algumas obrigações); de domínio do equilíbrio e
4. Explora novos espaços, não se intimida com
descobre formas e quedas, até se divertindo
objetos e aprende com elas;
normas; 4. Sentimentos de triunfo
com a quebra de objetos,
5. Joga coisas e as quebra;
como se isto fosse uma
6. É proibida pelos adultos capacidade de
em grande parte de suas multiplicação;
tentativas, que lhes 5. Progride na matização de
impõem algumas suas reações afetivas.
obrigações de higiene.
Faixa Etária Variações das condições Interesses
Vitais e Interações
Sociais

1. Luta continua 1. Conflito que acelera


entre o que tem a evolução afetiva e
emocional; no fim do
vontade de fazer segundo ano a criança
e a vontade de já tem uma extensa
1 a 2 anos
seus educadores gama de sentimentos
como receio,
de conseguirem desgosto, decepção,
fazê-lo inveja, impaciência,
alegria, ternura,
comportar-se prazer, ciúme,
como um ser hostilidade, simpatia,
etc.
social.
Faixa Etária Variações das Interesses
condições Vitais e
Interações Sociais
1. Os interesses 1. Maior
positivos e interesse por
negativos já não si própria com
2 a 3 anos estão orientados aumento do
apenas para conhecimento
objetos, animais e de si;
pessoas; 2. Relação mais
2. Aumento complexa com
significativo das os semelhantes
palavras e começo pelo uso da
do uso do pronome linguagem.
EU.
Faixa Etária Variações das condições Interesses
Vitais e Interações
Sociais
1. Fase das perguntas; 1. Interesses intelectuais
e sentimentos de
2. Aumento da
curiosidade, com
sociabilidade infantil, a
sensações de
criança procura o seu
3 a 7 anos impotência, frustração
espaço entre outras e e antipatia, quando sua
entre os adultos, quer necessidade de saber
ser admirada; não é satisfeita;
3. Compete com o adulto 2. Sentimentos de
no mundo imaginário, satisfação, segurança e
fazendo um mundo em superioridade quando é
atendida;
que desenvolve seus
3. Descobre valores cuja
sentimentos.
estimativa é
principalmente afetiva
como “bom” e “mau”,
“bonito” e “feio”, etc.
A REAÇÃO DO SORRISO

• A partir do 2° e 3° mês o bebê já


coordena uma parte de seu
equipamento somático e responde ao
estímulo da face humana com um
sorriso que é a primeira manifestação
comportamental ativa, dirigida e
intencional.
• Para Splitz (1977) o sorriso do bebê,
entre 3 e 6 meses, não é provocado pela
face de um ser humano, mas por um
indicador gestáltico
• O reconhecimento de uma face individual
é um desenvolvimento posterior, levará
de 4 a 6 meses antes que o bebê se torne
capaz de distinguir uma face entre as
muitas, quando ele então, é capaz de
transformar o que era apenas um sinal

gestáltico em seu único objeto de


amor individual.
O PAPEL DO AFETO NA
RELAÇÃO MÃE-FILHO
• Os sentimentos maternos variam numa
escala muito ampla.
• Não se pode entender porque quase
todas as mulheres que se tornam mães
se mostram meigas, amorosas e
dedicadas, criando um clima emocional
favorável sob todos os aspectos, ao
desenvolvimento da criança.
• São os sentimentos maternos que criam
este clima emocional.
• O amor e a afeição pelo filho tornam-no
um objeto de contínuo interesse para ela.
• Ela oferece, também, uma gama sempre
renovada, rica e variada, um mundo
completo de experiências vitais.
• O que torna estas experiências tão
importantes para a criança é o fato de
que elas são interligadas, enriquecidas e
caracterizadas pelo afeto materno e a
criança responde afetivamente a esse
amor.
• Isso é essencial na infância, pois nessa
idade os afetos são de importância
muitíssimo maior do que em qualquer outro
período posterior da vida da criança.

• No decorrer dos primeiros meses, a


percepção afetiva e os afetos predominam
na experiência do bebê, praticamente com
exclusão de todos os outros modos de
percepção.
• Do ponto de vista psicológico, o
sensório, o aparelho perceptivo e a
descriminação sensorial ainda não
estão suficientemente desenvolvidos.

• Portanto, a atitude emocional


materna com seus afetos, servirá
para orientar os afetos do bebê e
conferir a qualidade de vida às
experiências do recém-nascido.
• Mas existem variações de mãe para
mãe.
• Cada mãe, individualmente é diferente
de dia para dia, de situação para
situação.
• A personalidade do bebê choca-se com
esse modelo atuante em processo
circular. Influenciando a gama de
afetos da mãe, por seu comportamento
e por suas atitudes.
• Dependendo da personalidade da mãe,
o fato do filho ser precoce ou
deficiente, fácil ou difícil, submisso
ou rebelde, fará muita diferença.
Dependendo das atitudes do bebê, as
reações maternas diferem.
• O ambiente compreende pai, irmãos,
parentes e outros, não somente a mãe
que influencia emocionalmente.
• Mesmo o ambiente cultural e seus
costumes têm influencia na criança já
no decorrer do primeiro ano de vida.
• A relação mãe-filho é o fator psicológico
mais sensível.
• Na relação mãe-filho, a mãe representa
os dados ambientais, ou seja, a mãe é a
representante do ambiente.
• Do lado da criança, os dados
compreendem o equipamento congênito
do bebê.
• Para Freud a simbiose mãe-criança
representa a ilusão desejada do pênis.
• Bolwby e Robertosn investigaram o
problema dos efeitos de separação da
mãe nos primeiros anos da infância
sobre o desenvolvimento da
personalidade da criança.

• Para estes teóricos “todas as provas


apontavam para a perda da figura
materna como uma variável dominante”
(BOLWBY, 1998)
• Bolwby coloca ainda que a “avidez da
criança pelo amor e a presença da mãe
é tão grande quanto à fome de
alimento”. (p. 35)

• Para Mahler (1982), a gênese do “senso


de identidade” reside na demarcação
da imagem corporal, partir da imagem
do objeto mãe como núcleo do
processo.
• Pode-se concluir que o bebê tem
experiências repetidas de prazer e
satisfação adequadas às suas
necessidades biológicas vitais e estas
devem predominar temporalmente sobre
as situações insatisfatórias.
• A criança que tem preenchidos anseios e
fantasias no interjogo de suas relações
com sua mãe e familiares próximos, que é
gratificada em seus desejos, introjetará
objetos bons e aprenderá a tolerar a
angústia decorrente de eventuais falhas
ou indisponibilidades.
AS EMOÇÕES INFANTIS
• Várias são as tentativas de
classificação das emoções e todas se
caracterizam por posições extremas.

• Uma das tentativas é a de reduzí-las


a poucas dimensões básicas, podendo-
se considerar emoções primárias e
secundárias.
Emoções Primárias

• São aquelas observadas e provocáveis


no recém-nascido, parecendo ser de
natureza congênita e estando
profundamente arraigadas à
organização biológica.
• São três as emoções primárias: medo,
ira ou raiva e as reações emocionais
hedônicas, como a curiosidade.
Emoções Secundárias
• São estágios que servem para a
transição entre as emoções primárias
e os sentimentos.

• Estas emoções são essencialmente


dependentes da experiência
existencial e com o tempo vão se
transformando em sentimentos.
• Essa transformação em sentimentos,
na realidade reside na diferença de
intensidade, duração, extensão,
ressonância íntima e manifestações
corporais envolvidas.

• Assim, alegria, tristeza, inveja,


desconfiança, fé, são emoções
secundárias que com o passar do
tempo e a evolução individual se
transformam em sentimentos.
• As emoções secundárias têm caráter muito
mais complexo do que as emoções primárias.

• Esta maior complexidade é devida tanto aos


seus aspectos decorrentes da experiência
existencial como aos aspectos devidos à vida
imaginativa e intelectual, responsáveis pela
formação de novas tentativas de adaptação e
de novas perspectivas.

• Na criança o número de respostas às emoções


secundárias é menor e sempre que elas falham,
mostram uma reação simples e intensa.
• A maturação neurológica e social da
criança faz com que haja uma
aquisição de controle das emoções,
como decréscimo progressivo da
violência com que se manifestam.
• O decréscimo de intensidade das
emoções permite à criança aumentar
seu interesse por variadas situações e
atividades que acabam por dotá-la de
novos recursos, na utilização de seus
potenciais, moderando os perigos que
as emoções primárias são capazes de
trazer para sua integridade.
• Esta evolução é possível pela
aprendizagem condicionada, inclusive
a sociabilidade, o aproveitamento da
experiência de vida (memória) e
aquisição de hábitos, a visão interior
e a inteligência (compreensão).

• A atenuação das emoções é que


chamamos de sentimento ou vivência
de emoção.
As emoções básicas: formas de
manifestação efeitos e níveis
MEDO

Manifestação Efeitos Níveis

Vivência Íntima: insegurança, Imediatos: desorganização das Controle de Conduta:


angústia, impotência, condutas intelectual e 1. Prudência
invalidez, incapacidade motórica, perturbação do 2. Cautela
pensamento, debilitação. 3. Alarme
Conduta subjetiva: fugir da
situação ou, ocultar-se do Mediatos: enfermidade Descontrole de Conduta:
objeto causador do medo. corporal e anímica, 4. Ansiedade
sobressaltos, tensão, 5. Pânico
Conduta objetiva: inquietude, temor ao futuro, 6. Terror
inadequação dos exaustão, ausência de
movimentos, inclusive da entrega para reagir.
fala, fenômenos de vaso Reações e traços
constrição (palidez facial). caractereológicos
Extremidades frias, suor, disfarçam e atenuam estes
frio, dificuldade respiratória, efeitos até certo ponto na
tendência à dilatação vida social, neurastenia,
pupilar, lentidão ou timidez, desconfiança,
paralisação digestiva. receios, escrúpulos,
Predominância do tônus ironias, ceticismo, apatia,
simpático. cinismo.
IRA OU RAIVA
Motivação Manifestação Efeitos
Aumentam com o São diversas e com Imediatos:
desenvolvimento da diferentes níveis de Perda de atenção por
individualidade e tem intensidade e, quanto tudo que não entre
como função eliminar maior a idade, mais no campo visado
o agente causador difícil visualizá-las na pela raiva e aumento
de desequilíbrio forma pura: da pressão arterial.
existencial. 1. Ira direta Mediatos
Níveis: 2. Ira reprimida Exaustão de reservas
1, Firmeza 3. Ira impotente vitais, queda de
2. Indignação Não descarregar o resistência,
3. Rebelião rancor = à neoplasia, síndrome
4. Agressão conversão, na qual o neurocirculatórias e
5. Raiva (difusa e potencial agressivo digestivas,
atingindo correlatos se dirige contra o síndromes
do objeto odiado) próprio indivíduo, organoneuróticas,
6. Fúria incontrolável. explodindo estado melancólico e
lentamente dentro sérias tendências
dele e provocando auto-agressivas.
alterações
psicossomáticas.
REAÇÕES EMOCIONAIS HEDÔNICAS
Motivação Manifestação Efeitos
Vincula-se a qualquer tipo de .Atitudes condutistas, Efeitos menos conhecidos que
satisfação de uma sensoriais. das outras emoções uma
necessidade primária, Reação psicossomática que vez que os médicos não
constituindo em si mesma acompanha a descarga são procurados por este
o principal motivo da de tensões acumuladas tipo de emoções e elas
conduta do sujeito. ao repouso e ao sono. são de defícil reprodução
Prazer corporal ou sensual: laboratorial.
Pode-se diferenciar em estimulação intensa e Dependem de intensidade,
diversas formas agradável de órgãos duração, temperamento,
vivenciais. sexuais. individualidade.
Efeitos amorosos: o amor é Não são sempre favoráveis,
mais que uma emoção, uma vez que
com vários matizes, não desestruturam os ritmos
devendo ser confundido vitais normais, podendo
com o simples prazer propiciar exaustão.
genital que é apenas um
elemento transitório e
acidental; os efeitos
amorosos não se referem
apenas as pessoas.
Entusiasmo: estado em que a
previsão pode trazer mais
prazer do que a
realização.
Os medos Infantis:
Idade Medos
0 – 6 meses Perda de apoio, ruídos fortes.
7 – 12 meses Estranhos, alturas, objetos inesperados repentinos e
indistintos.
1 ano Separação de um dos pais, banheiro, ferimentos,
estranhos.
2 anos Uma variedade de estímulos, incluindo ruídos fortes
(aspiradores, sirenes e alarmes, caminhões e
trovões), animais, salas escuras, separação do
pai ou da mãe, objetos ou máquinas grandes,
mudanças no ambiente pessoal, companheiros
estranhos.
3 anos Máscaras, escuro, animais, separação do pai ou da
mãe.
4 anos Separação do pai ou da mãe, animais, escuro, ruídos
(inclusive ruídos à noite).
5 anos Animais, pessoas más, escuro, separação do pai ou
da mãe, dano corporal.
6 anos Seres sobrenaturais (fantasmas, bruxas), danos
corporais, trovões e relâmpagos, escuro, dormir
ou ficar sozinho, separação do pai ou da mãe.
7 – 8anos Seres sobrenaturais, escuro, acontecimentos da
mídia (notícias de guerra, rapto de crianças,
etc.) ficar sozinho, dano corporal.
9 – 12 anos Testes e provas escolares, apresentações escolares,
danos físicos, aparência física, trovão e
relâmpagos, morte e escuro.

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