Você está na página 1de 6

Reconhecendo as nuvens

Prof. Luiz Ferraz Netto


leobarretos@uol.com.br

Apresentação
Influenciado pela sistemática de Lineu, para classificar plantas e animais, L.
Howard, em 1803, produziu o primeiro sistema de classificação das nuvens
realmente utilizável. Contribuiu muito, para sua aceitação geral, não só o uso
de uma terminologia latina, muito em moda na época, como a constatação
científica de que as mesmas formas de nuvens aparecem sobre toda a Terra.

Gênero das nuvens


Na classificação internacional das nuvens incluem-se dez gêneros, cujos
nomes, aportuguesados na sua grafia (embora seja de uso quase universal a
grafia latina), são:

1) Cirros – Ci (vem de cirrus, cacho de cabelo, franja — como a penugem de


aves —) são as nuvens mais altas, são delicadas, brancas, fibrosas,
geralmente esbranquiçadas, com aspecto de penas ou flocos de lã. Para
alguns, lembra um “rabo de galo”. Pairam à altura média de 9 km.

2) Cirrocúmulos – Cc aparecem sob forma de bolinhas muito pequenas e


brancas, ordenadas em bancos ou campos de nuvens. São também
constituídas por cristais de gelo, mas aparecem raramente.
3) Cirrostratos – Cs mostram-se como véu esbranquiçado, fibroso ou liso,
mais espesso que os cirros, constituído predominantemente por cristais de
gelo.

4) Altocúmulus – Ac são as nuvens denominadas vulgarmente de


“carneirinhos”, como que novelos, habitualmente formadas por gotas de água
líquida, com os bordos claros e zonas sombreadas no interior, reunidas em
faixas alongadas.

5) Altostratos – As são, na maior parte das ocorrências, nuvens em forma


de véu uniforme, cinzento-azulado, raramente fibroso, através das quais o Sol
e a Lua surgem enfraquecidos na sua luminosidade, como se os víssemos
por um vidro fumaçado. Os altostratos contêm gotículas de água e cristais de
gelo, além de flocos de neve e gotas de chuva.
6) Nimbostratos – Ns : espessas camadas de nuvens cinzentas-escuras,
que tapam por completo a Lua ou o Sol e cuja base inferior é reforçada por
nuvens esfarrapadas, que dão chuva ou neve contínuas. A precipitação pode
não atingir o solo, por se evaporar antes. Os nimbostratos compõem-se, como
regra geral, de gotas de água em temperaturas mais baixas que aquela em
que ocorre a solidificação (chamado fenômeno de sobrefusão), gotas de
chuva, flocos e cristais de neve, ou de uma mistura de formas sólidas e
líquidas.

7) Estratocúmulos – Sc : nuvens brancas ou cinzentas, de formas


arredondadas, dispersas ou reunidas em bancos, mas sempre distribuídas
por uma camada horizontal pouco espessa. No inverno podem cobrir o céu, a
que dão um aspecto ondulado. Elas contêm partículas de gelo misturadas
com as gotas líquidas.
8) Estratos – St (vem de stratus, isto é, espalhado como um lençol) são
nuvens típicas dos crepúsculos. São baixas, alongadas e horizontais.
Aparecem em camadas uniformes, sem estrutura visível (aparentando
nevoeiro bem alto). São constituídas por gotas de água ou, se a temperatura
for muito baixa, por partículas de gelo; sua precipitação característica é o
chuvisco (precipitação muito uniforme em que as gotas de água, numerosas e
pequenas, parecem flutuar no ar, cujos movimentos acompanham).

9) Cúmulos – Cu (vem de cumulus, que quer dizer, montão de nuvens) são


nuvens arredondadas no topo, majestosas, com o aspecto de montanhas de
algodão, de base plana e quase horizontal. Indicam bom tempo e distam 1 a 2
km da superfície do solo. Quando na parte superior dos cúmulos muito
desenvolvidos se forma a bigorna, constituída por granizo, neve ou gelo,
obtém-se um novo tipo de nuvem, o Cumulonimbo – Cb.
10) Nimbos – Ni (vem de nimbus, nuvem) são nuvens espessas e escuras;
geralmente desfazem-se em chuva. Situam-se a menos de 2 km de altura.

Classificação por alturas


Outro modo de classificar as nuvens prende-se ao parâmetro altura:

Nuvens altas : Cirrus, Cirrostratus e Cirrocumulus.


Nuvens médias : Altocumulus e Altostratus.
Nuvens baixas : Cumulus, Cumulonimbus, Stratus, Stratoscumulus e
Nimbostratus.

Outras nuvens
Quando dizemos “nuvens”, pensamos sempre em nuvens do céu. Entretanto,
existem outros tipos de nuvens.
Nuvens, de modo geral, são objetos visíveis na atmosfera originados por
heterogeneidades do ar. Expliquemos e exemplifiquemos isso.

Nos desertos e estepes, as tempestades de areia e poeira levantam nuvens


até muitos quilômetros de altura, cuja superfície frontal se apresenta como
uma gigantesca parede cilíndrica. Também, de outras superfícies secas ou
das rochas vulcânicas pouco consistentes e expostas ao ar se levantam
volumosas nuvens de poeira por ocasião das tempestades.

As erupções vulcânicas não só originam nuvens de cinzas a grandes


altitudes, como também, nos casos de extrema intensidade, conquanto
raramente, fornecem os materiais necessários à formação de nuvens
noctilucentes, de que se observou exemplo notável sobre o estreito de Sonda
quando da tremenda explosão do vulcão Cracatoa, em 27 de agosto de 1883.
Estas nuvens, de um colorido que ia do branco de prata ao branco-azulado,
foram observadas até 1894, nas latitudes médias.

As nuvens de cinza monstruosas, originadas no noroeste do Canadá por um


pavoroso incêndio nas matas, em 22 e 23 de setembro de 1950, atingiram em
25, a Terra Nova, a 26 de manhã foram observadas de avião sobre o
Atlântico, com o aspecto de uma camada de fumo; no mesmo dia à tarde
passavam sobre a Escócia e a 27 apresentavam-se sobre a Alemanha, com o
aspecto de altostratos acastanhados e muito elevados.

Essas impressionantes formações de nuvens são na realidade episódicas. As


mais freqüentes, aquelas em que a bem dizer quase sempre se pensa
quando se faz alguma referência a nuvens, são constituídas por partículas de
água no estado sólido ou líquido. A água evaporada da superfície do globo
sobe rapidamente com os movimentos do ar, ordenados ou não.

Você também pode gostar