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1. INTRODUÇÃO
Relação Processual
Inexistente
Inválida
Conseqüência
Processo em curso: a
partir do vício é
inexistente
Inexiste Sentença
Inexiste Coisa Julgada
Processo em curso: a
partir do vício é
Inválido
Ação Rescisória
Prazo para impugnação
Não há prazo
Possibilidade ou não de
saneamento pelo
decurso do tempo
Insanável
Sanável
20 Teresa Celina de Arruda Alvim, Nulidades da Sentença, p. 22.
21 Sobre os Pressupostos Processuais , in Temas de Direito Processual Civil, Quarta
Série, p. 90.
22 ARRUDA ALVIM, ob. cit., p. 319.
23 Direito Processual Civil, Vol. I, p. 270.
3. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
AUTOR RÉU
Como dissemos linhas atrás, os pressupostos processuais podem ser:
a) de existência, b) de validade e, c) negativos
ESTADO (JUIZ)
AUTOR RÉU
A incompetência que está sendo tratada é a absoluta, porquanto na
incompetência relativa se o réu sobre ela não apresenta exceção o juiz que
era incompetente passa a ser competente (prorrogação de competência -
46 ARRUDA ALVIM, ob. cit., p. 328.
artigo 114, CPC), não sendo causa de invalidade do processo. O vício de
incompetência, quando relativa, é saneado pela ausência de impugnação
(rectius: exceção), enquanto que a incompetência absoluta, mesmo sem
impugnação não é sanável, podendo ser suscitada a qualquer tempo e grau
de jurisdição, como qualquer pressuposto processual ou mesmo condição
da ação (art. 267, § 3º, CPC).
A imparcialidade, como requisito de validade da relação processual,
é não haver nenhum caso de impedimento do juiz (art. 134). As causas
relativas à suspeição não invalidam a relação processual, não sendo
pressuposto processual de validade.
A incompetência absoluta e o impedimento do juiz podem ser
declarados ex officio, não havendo preclusão (art. 267, §3º, CPC) e dão azo,
após o trânsito em julgado, à ação rescisória (art. 485, II)46.
5. Condições da Ação
Para o ordenamento processual civil brasileiro sentença é o
pronunciamento judicial que põe fim ao processo em primeiro grau de
65 Para um estudo mais profundo: TERESA ARRUDA ALVIM, Agravo de Instrumento, pp.
56 e seguintes.
66 ARRUDA ALVIM, Sentença no Processo Civil , in REPRO 2/45.
67 ARRUDA ALVIM, Manual de Direito Processual Civil, Vol. I, p. 259.
68 NELSON NERY JR. e ROSA NERY, Código de Processo Civil..., nota 9 ao art. 267, V
I, p. 475.
69 Leciona ARRUDA ALVIM: pela circunstância de que, embora não se confundam as questões
processuais, com a das condições da ação, umas e outras fundem-se numa categoria mais am
pla, a que
se deve denominar de pressupostos de admissibilidade de julgamento do mérito. Dest
a forma, os
pressupostos ou requisitos suscetíveis de proporcionar o julgamento do mérito, coloc
am-se de um
lado, e, de outro lado, o mérito, que deve ser objeto da sentença de fundo ou de mérit
o, a qual
resolverá a questão básica do processo: qual das partes tem razão. (Curso de Direito Proc
essual
Civil, Vol. II, p. 158).
jurisdição (art. 162, § 1º, CPC), sendo que se prevê duas modalidades de
sentença: sem julgamento do mérito, prevista no artigo 267 do CPC,
decisão esta cujo conteúdo encarta-se em uma das hipóteses insertas nos
incisos do dispositivo citado, ou então, com julgamento do mérito, prevista
no artigo 269 do CPC, que terá como conteúdo uma das hipóteses
preconizadas nos incisos deste dispositivo65. A primeira modalidade é a
que os doutrinadores costumam denominar, na terminologia do CPC
revogado, de sentença terminativa, e a segunda é a sentença definitiva.
A decisão que extingue o processo sem julgamento do mérito é uma
sentença de conteúdo processual66. Dentre as hipóteses encartadas no artigo
267 do CPC estão os pressupostos processuais (inciso IV) e as condições
da ação (inciso VI). Estes dois inserem-se na categoria dos requisitos de
admissibilidade do julgamento de mérito67, sem estarem presentes não será
lícito ao magistrado adentrar no exame do mérito da ação.
Nesta ordem deverão ser analisados pelo juiz, porque o exame dos
pressupostos processuais antecede o exame das condições da ação, pois
dizem respeito à existência e à validade do processo e por seu turno a
análise das condições da ação antecede o exame do mérito porque são elas
questões preliminares que dizem respeito ao próprio exercício do direito de
ação68 69. Cumpre salientar-se que o direito constitucional de ação pertence
a todos, também conhecido como direito de petição, todavia a ausência de
uma das condições da ação veda a possibilidade de análise do mérito da
ação, o que em nada prejudica o direito constitucional citado, já que o
acesso ao órgão jurisdicional está garantido. Podemos figurar esta situação
da seguinte forma, o Poder Judiciário tem suas portas abertas a qualquer
requerimento solicitando a tutela jurisdicional (acesso à justiça - direito
constitucional), no entanto, após adentrar, para circular perante os
corredores do Poder Judiciário o autor deverá provar que estão presentes
certos requisitos, sob pena de não lhe ser lícita esta circulação, ou seja, não
demonstrar possuir o direito de ação, em sua acepção exclusivamente
processual.
Diferentemente, CHIOVENDA sustenta que Las condiciones de la
acción son las condiciones para una resolución favorable al actor 70, ou
seja, as condições da ação se integram ao mérito da ação, e mais, desde que
presentes as condições da ação o julgamento do mérito será
obrigatoriamente favorável ao autor. Este posicionamento externado por
Chiovenda foi adotado, sob a égide do CPC revogado de 1939, por parte da
doutrina e pela maior parte da jurisprudência, sendo que havia ainda parte
da doutrina, em especial a chamada Escola Paulista do Processo, embasada
nos ensinamentos de Liebman, que admitia que as condições da ação eram
requisitos extrínsecos ao mérito, portanto, o fato de estarem elas
presentes não dava ao autor, necessariamente, direito a uma sentença
favorável, mas, tão-somente, a uma sentença de mérito que, por sua vez,
poderia ser-lhe favorável ou desfavorável. 71. Estes fundamentos
encartam-se na denominada teoria do direito abstrato de agir, como já
tratamos anteriormente.
70 Instituciones de Derecho Procesal Civil, Vol. I, p. 79.
71 ARRUDA ALVIM, Sentença no Processo Civil , REPRO 2/45.
72 Não destoa deste entendimento, ARRUDA ALVIM, Manual de Direito Processual Civil
, Vol. I, p. 257.
73 ARRUDA ALVIM, Curso de Direito Processual Civil, Vol. II, p. 158.
74 Manual de Direito Processual Civil, Vol. I, p. 162.
Ao que parece, as condições da ação surgiram exatamente da
necessidade de se justificar a autonomia do direito de ação em relação ao
direito material, não sendo por outro motivo que as condições da ação estão
relacionadas com as questões envolvendo o direito material, embora não
possamos olvidar que em nossa sistemática processual civil as condições da
ação não se confundem com o mérito72.
O Inciso VI do artigo 267 do CPC enumera as condições da ação:
a) possibilidade jurídica do pedido;
b) legitimidade para a causa (legitimatio ad causam) e
c) interesse.
Ao analisar-se as condições da ação, como preliminares ao
conhecimento do mérito, estaremos justamente verificando se existe ou não
o direito de ação do autor.
A ausência do direito de ação do autor revela que a análise do mérito
é impossível ou inútil73, nas palavras de LIEBMAN, as condições da ação são
os requisitos constitutivos da ação, presentes, deverá haver o exame e a
decisão do mérito, se os resultados do processo serão favoráveis ou não ao
autor, aqui não interessa74.
75 NELSON NERY JÚNIOR, Condições da Ação , in REPRO 64, p. 34.
76 Nota 106 na obra de LIEBMAN Manual de Direito Processual Civil, Vol. I, pp. 1
60/161.
A falta de condições da ação pode ser alegada em preliminar de
contestação (art. 301, X, CPC) ou a qualquer momento e qualquer grau de
jurisdição, tendo-se presente que sobre esta questão não ocorre preclusão
(art. 267, § 3º, CPC e art. 301, § 4º, CPC), podendo ser inclusive conhecida
ex officio pelo juiz75.
Passemos à análise das condições da ação.
6. MÉRITO
A lei considera como sentença de mérito as que possuam os
conteúdos encartáveis nos incisos do artigo 269 do Código de Processo
Civil. A apreciação do mérito só ocorrerá se forem verificadas as condições
da ação e os pressupostos processuais, bem como não ocorram nenhuma
das outras hipóteses previstas no artigo 267 do Código de Processo
Civil105.
106 Apud ARRUDA ALVIM, Manual de Direito Processual Civil, Vol. I, pp. 256/257.
107 Op. cit., p. 256.
108 Apud, ARRUDA ALVIM, ob. cit., p. 257.
109 Comentários..., p. 98.
110 Nota 108 inserta na obra de LIEBMAN, Manual de Direito Processual Civil, Vol
. I, p. 171.
Para LIEBMAN é o pedido do autor que fixa o mérito 106, portanto,
conforme explicita ARRUDA ALVIM o conceito de mérito é congruente ao
de lide, como ao de objeto litigioso, na terminologia alemã. 107.
Na doutrina germânica, em específico KARL HEINZ SCHWAB, se
esclarece que o pedido (utiliza a palavra pretensão: Anspruch) é o mesmo
que mérito (uso da palavra objeto litigioso: Streitgegenstand)108.
Logo, será através da análise da petição inicial que se encontrão os
elementos para identificar o objeto litigioso ou lide tal como delineado pelo
autor e sobre ele é que recairá a imutabilidade da coisa julgada. Na
definição de BARBOSA MOREIRA sentença de mérito aplica-se
precipuamente ao ato pelo qual, no processo de conhecimento, se acolhe ou
se rejeita o pedido, ou - o que é dizer o mesmo - se julga a lide, que
justamente por meio do pedido se submeteu à cognição judicial. 109.
Na exposição de motivos do vigente CPC, sob nº 6, afirma-se que a
lide constitui o objeto do processo, isto é, o mérito.
Ressalta CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO que na lei vários
dispositivos conduzem a esta afirmação, em especial o artigo 128 o juiz
decidirá a lide nos limites em que foi proposta , logo, o pedido é que aclara
a lide, que por sua vez esclarece o espectro que deve ser analisado pelo
magistrado. Aponta o doutrinador que na linguagem liebmaniana,
diríamos demanda, ou ação, está lide. 110. Portanto, a terminologia
empregada por nosso código afasta-se, neste ponto, dos postulados de
LIEBMAN, já que este não empregava a palavra lide.
Unificando as terminologias, BARBOSA MOREIRA111 constata que a)
chama-se demanda ao ato pelo qual alguém pede ao estado a prestação de
atividade jurisdicional , b) pela demanda começa a se exercer o direito de
ação, c) através da demanda a parte formula um pedido, d) sendo seu teor
que determina o objeto do litígio, e) consequentemente, o âmbito dentro do
qual é lícito ao órgão jurisdicional decidir a lide (art. 128).
Segundo NELSON NERY JR. É o autor quem, na petição inicial, fixa
os limites da lide (...). Por pedido deve ser entendido o conjunto formado
pela causa (ou causae) petendi e o pedido em sentido estrito. A decisão do
juiz fica vinculada à causa de pedir e ao pedido 112.
Na tentativa de conjugar as terminologias empregadas, embora
reconheçamos de difícil integração absoluta, acreditamos que:
a) demanda (ato de pedir) é empregada em um sentido genérico de pedido
de tutela jurisdicional; b) a formulação do pedido (o que se pede,
concretamente considerado) decorre justamente de seu antecedente lógico,
a demanda; c) o juiz não pode ultrapassar os limites do que nosso sistema
denomina de lide, que por sua vez, no Brasil, é aferível analisando-se o
pedido; d) portanto, o mérito (lide) da ação será constatado da análise do
pedido; para alguns, conjugado à causa petendi (ou, causae petendi).
111 O Novo Processo Civil Brasileiro, pp. 11/12.
7. ÚLTIMAS REFLEXÕES
Nestas breves linhas procurei esboçar uma série de pontos
envolvendo o tema Pressupostos Processuais, Condições da Ação e
Mérito. Nosso escopo era trazermos à baila o que acredito ser um dos mais
importantes temas relacionados com a tutela jurisdicional. O tema,
aparentemente, restringe-se a um debate eminentemente técnico e
acadêmico.
Digo aparência, por entender que a matéria é inquestionavelmente
técnica, todavia, é dotada de conseqüências práticas imensas e tal qual
mágica é a exploração dos oceanos, neste vasto campo cremos haver uma
vastidão inexplorada.
Durante estas linhas, dentre outras questões, analisamos:
As raízes constitucionais dos pressupostos processuais de existência;
Quanto às condições da ação questionamos sua mera aplicação
tecnicista, propugnando sua aplicação voltada a sua real importância que é
a sumarização do processo, conseqüência da aplicação dos princípios da
economia processual e da instrumentalidade;
Com referência ao disposto no inciso V do art. 267 do Código de
Processo Civil, procuramos adotar um posicionamento voltado a uma
interpretação sistemática, não apenas por uma questão meramente
terminológica, mas sim para que a denominação acolhida possa exprimir,
112 Código de Processo Civil...., notas 1 e 2 ao art. 128, CPC.
dentro do possível, a natureza jurídica do instituto, que, em última análise,
pode gerar uma série de reflexos no bojo de toda a sistemática processual.
Neste momento tão importante para o processo civil, em que grandes
alterações têm sido realizadas, acredito reafirmado o questionamento em
torno da verdadeira razão de existência do processo, se tal qual hoje
utilizado prestigia seu real ideário que é ser o meio, ou se está mais para o
percalço na obtenção da almejada tutela jurisdicional.
O processo inquestionavelmente clamava (e ainda clama!) por
profundas alterações, mas toda crítica deve ser feita como capítulo
introdutório, do tema central que deve tratar do que se fazer para melhorar,
sob pena de se for mera crítica, como tal, não animar a melhora, mas sim
amplificar a insatisfação, gerando séria comoção social.
Não podemos jamais olvidar que uma sociedade que não crê em sua
estrutura Judiciária, é uma sociedade sem esperança de Justiça, é uma
sociedade sem norte.
BIBLIOGRAFIA