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DEFINIÇÃO DE ATEÍSMO
WILLIAM LANE CRAIG

Pergunta:

Em minhas discussões com ateus, eles têm usado o termo [ateísmo] como “ausência de
crença em Deus.” Eles declaram que isso é diferente de não acreditar em Deus ou dizer que
Deus não existe. Não sei bem como responder a isso. Me parece que isso é um jogo de
palavras bobo e que logicamente é o mesmo que dizer que você não acredita em Deus,

Como seria uma boa resposta a isso?

Obrigado por seu tempo,

Steven

Dr. Craig Responde:

Seus amigos ateus estão certos ao dizer que há uma diferença lógica importante entre
acreditar que não há Deus e não acreditar que há um Deus. Compare a afirmação “Eu
acredito que não há ouro em Marte” com a afirmação “Eu não acredito que há ouro em
Marte.” Se eu não tenho opinião sobre o assunto, então eu não acredito que há ouro em
Marte, e não acredito que não há ouro em Marte. Existe uma diferença entre dizer “Em não
acredito em (p)” e “Eu acredito em (não-p).” Logicamente, o posicionamento da negação
faz toda a diferença.
Mas o erro de seus amigos ateus está em declarar que o ateísmo envolve apenas não
acreditar que existe um Deus em vez de acreditar que não existe um Deus.
Existe uma história por trás disso. Certos ateus na metade do século XX estavam
promovendo a chamada “presunção do ateísmo.” Resumidamente, essa parecia ser a
declaração de que, na ausência evidência de evidências para a existência de Deus, nós
deveríamos presumir que Deus não existe.
O ateísmo seria uma espécie de posição padrão, e o teísta carrega um ônus da prova
especial com respeito à sua crença de que Deus existe.

Tendo entendido isso, essa tal presunção é claramente incorreta. Pois a afirmação de que
“Não existe um Deus” é uma declaração de conhecimento, tanto quanto a afirmação “Existe
um Deus.” Assim, a primeira afirmação requer uma justificativa, assim como a última
requer. É o agnóstico que não faz nenhuma afirmação de conhecimento com respeito à
existência de Deus. Ele confessa que não sabe se existe ou não um Deus.

Mas, quando você olha mais atentamente para como os protagonistas da presunção do
ateísmo usaram o termo “ateu”, você descobre que eles estavam definindo a palavra de
uma forma não padrão, como um sinônimo de “não-teísta.” Entendido dessa forma, o
termo incluiria agnósticos e ateus tradicionais, junto com aqueles que pensam que a
questão é sem sentido (verificacionistas). Como Antony Flew confessa,

...a palavra „ateu‟ deve, no presente contexto, ser construída de uma forma não usual. Hoje
em dia, ela é normalmente vista como alguém que explicitamente nega a existência... de
Deus... Mas aqui ela deve ser entendida não positivamente, mas negativamente, com o
prefixo original grego „a-„ sendo lido da mesma forma em „ateu‟ como é costumeiramente
lida em... palavras como „amoral‟... Nessa interpretação, um ateu não se torna uma pessoa
que positivamente afirma a não existência de Deus, mas alguém que simplesmente não é um
teísta. (A Companion to Philosophy of Religion, ed. Philip Quinn and Charles Taliaferro
[Oxford: Blackwell, 1997], s.v. “The Presumption of Atheism,” by Antony Flew)

Essa redefinição da palavra “ateu” trivializa a declaração da presunção do ateísmo, pois


nessa definição, o ateísmo deixa de ser uma visão. É meramente um estado psicológico que
é compartilhado por pessoas que têm várias visões ou visão nenhuma. Nessa redefinição,
até mesmo bebês, que não têm nenhuma opinião no assunto, contam como ateus! Na
verdade, nossa gata Muff conta como um ateu nessa definição, uma vez que ela (que eu
saiba) não acredita em Deus.

Uma pessoa ainda precisa de justificativa para saber ou que Deus existe ou que Ele não
existe, que é a questão em que estamos realmente interessados.

Então porque, você poderia pensar, os ateus estão tão ansiosos para trivializar dessa forma
sua posição? Aqui eu concordo com você que um jogo enganoso está sendo jogado por
muitos ateus. Se o ateísmo for tomado como uma visão, a visão de que não há um Deus,
então os ateus teriam que sustentar sua parte do ônus da prova para suportar sua visão.
Mas muitos ateus admitem livremente que não podem sustentar esse ônus da prova. Então,
eles tentam fugir de sua responsabilidade epistêmica redefinindo o ateísmo de forma que
este não seja mais uma visão, mas uma condição psicológica que não faz afirmações. Eles,
na verdade, são agnósticos que não saíram do armário e querem usar o manto do ateísmo
sem assumir suas responsabilidades.

Isso é dissimulação e ainda nos deixa com a pergunta “Então, existe ou não um Deus?”

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