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Organizadores
Antônio Campos
Cyl Gallindo
P A NO R A M I C A D O
CONTO
EM P ERNAMBUCO
2ª edição
Ampliada, revista e atualizada
de acordo com a nova ortografia.
Inclui índice onomástico.
Recife, 2010
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Copyright dos textos© dos autores
Copyright da edição© 2010 Carpe Diem - Edições e Produções
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida, nem apropriada ou
estocada em sistema de banco de dados, sem a expressa autorização da Editora.
Organização
Antônio Campos | Cyl Gallindo
Impressão
Gráfica Santa Marta
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
6
Liana Ribemboim Feldman, Dela, Adina, 395
Lourdes Nicácio, Sobreviventes, 399
Lourdes Sarmento, O perdão, 402
Luce Pereira, Clóvis, 407
Lúcia Cardoso, O chapéu de Gary Cooper, 411
Lúcia Moura, A chuva de sábado à noite, 415
Luciene Freitas, Detalhes no azul, 418
Lucilo Varejão, Duquesa, 420
Lucilo Varejão Neto, Zero, zerinho, 425
Lúcio Ferreira, Joca do Boi, 428
Luís André Negrão, Ansiedade, 430
Luís Jardim, O homem que galopava, 434
Luiz Arraes, O remetente, 449
Luzilá Gonçalves Ferreira, O enterro de João, 452
Majela Colares, O fantasma de Samoa, 459
Marco Albertim, Soler, emoção e morte, 465
Marco Polo Guimarães, Valentia, 470
Marcus Accioly, Uma égua chamada Sua-Mãe, 472
Margarida Cantarelli, O retrato e as flores, 477
Maria de Lourdes Hortas, O bruxo de Santiago, 482
Maria Inêz Oludé, Tio Zambelê, 487
Maria Lúcia Chiappetta, A decisão, 498
Mário Márcio, Luna, 502
Mário Rodrigues do Nascimento, Papéis sombrios, 512
Mário Sete, Juros do coração..., 515
Maurício Melo Júnior, Amanhã eu vou, 519
Mauro Mota, O criador de passarinhos, 525
Maximiano Campos, Na estrada, 535
Medeiros e Albuquerque, As calças do Raposo, 547
Micheliny Verunschk, A menina do nome de flor, 562
Milton Lins, Os cinco reinos ganhos e o reino perdido, 566
Montez Magno, A construção do tempo, 571
Múcio Leão, A última viagem do almirante Silva, 583
Nelson Rodrigues, A dama do lotação, 589
7
Nivaldo Tenório, A reforma, 595
Olímpio Bonald Neto, Mestre João de Dão, 599
Osman Lins, Elegíada, 605
Paulo Caldas, Refresco de cajá, 610
Pelópidas Soares, A grande reta, 617
Perseu Lemos, O carro vermelho, 622
Pietro Galindo, O louco, 630
Raimundo Carrero, Aika Tharina, 633
Rosa Lia Dinelli, Madeira perfumada, 638
Rubem Rocha Filho, Desfile na Dantas Barreto, 644
Sérgio Moacir de Albuquerque, Decisão, 652
Si Cabral, Tal pai, tal filho, 656
Telma de Figueiredo Brilhante, O voo, 659
Urariano Mota, Daniel, 661
Valdecir Freire Lopes, Sanatório, 667
Valdi Coutinho, Ângelus, 671
Vanja Carneiro Campos, O bem, 675
Verônica Nery, Separação por assassinato, 681
Vital Corrêa de Araújo, Vida simples, 685
William Ferrer, Excluídos, 688
William Porto, Aconteceu no Natal, 691
Zenaide Pedrosa, Mudando a vida, 696
Zenilda Pinheiro Borges Santiago, Encanto, 699
Zuleide Duarte, Nome, 703
Zuyla Cartaxo, Revelação, 707
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Apresentação
Pernambuco em Antologias
Antônio Campos*
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Graciliano Ramos, visto que morou em Buíque durante
boa parte de sua infância, assim como a ucraniana Clarice
Lispector, que se dizia recifense por ter morado no Recife
quando criança e onde realizou os estudos primários. Essas
inserções são possíveis, porque, a partir da primeira obra,
adotamos o critério de “Domicílio Literário”, que trans-
cende ao do simples registro biográfico da naturalidade.
Histórias da infância, amizades, aventuras e grandes
amores são narrados por escritores como Amílcar Dória
Matos (recém-falecido), Benito Araújo, Fátima Quintas,
Gilberto Freyre, Luzilá Gonçalves, Raimundo Carrero e
tantos outros não menos importantes que estes antes ci-
tados. Como afirmou Gallindo, “as coletâneas são como
as publicações de obras completas de autores vivos: ficam
sempre incompletas”, mas acredito piamente que fizemos
um belo trabalho.
Lançada a antologia de contos, era chegado o momento
de voltar a atenção para a publicação de uma antologia de
crônicas. Desta feita, a parceria na organização seria com
o professor Luiz Carlos Monteiro. A antologia Cronistas de
Pernambuco reflete um esforço literário de forte expressivi-
dade cultural, no sentido de trazer a lume escritores de pe-
ríodos diferenciados da vida e da história pernambucanas.
São autores de variada origem e tendência profissional e
artística, do século XIX até os dias atuais. A importância
dessa contribuição cultural evidencia-se pelo registro lite-
rário que tais autores empreenderam na forma da crôni-
ca, reunindo pequenos ou grandes acontecimentos, fatos e
eventos cotidianos que a notícia de jornal não pode expri-
mir com a poesia e a sutilidade que a crônica requer.
O mundo, cada vez mais individualista e fragmentado,
precisa unir-se, e uma antologia é uma tentativa de união.
João Cabral de Melo Neto mostra que a reunião de diver-
sos cantos é a responsável por uma grande manhã:
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“Um galo sozinho não tece uma manhã
ele precisará sempre de outros galos.
(...) para que a manhã, desde uma teia tênue
se vá tecendo, entre todos os galos.”
O sociólogo Renato Carneiro Campos, em um ensaio
intitulado Joaquim Nabuco: um agitador de ideias, afirma que,
se tivesse que escolher um Estado, na Federação, para re-
presentar D. Quixote, este Estado seria Pernambuco, pois
“Não lhe faltam magreza, loucura e sonho para tanto”.
Realmente, Renato tinha razão. Pernambuco, com suas
revoluções falhadas e seus movimentos libertários abafados
a ferro e a fogo, é uma espécie de D. Quixote da Federação.
Em virtude dos seus ideais republicanos, manifestados em
1817, quando foi proclamada a República de Pernambuco,
e em 1824, quando se desenrolou a Confederação do Equa-
dor, o território da antiga Província de Pernambuco perdeu
as Comarcas das Alagoas e a do São Francisco. Contudo, Per-
nambuco resistiu e nunca deixou de sonhar e de fazer arte.
Certa vez, Alceu Amoroso Lima disse que, quando o
Brasil está em crise, se volta para cá, para a região cortada
pelo Rio São Francisco, que é conhecido como o “Rio da
Integração Nacional”.
Que o sol de Pernambuco e a força de sua poesia e
de seus ideais libertários, forjados na luta de gerações,
acendam uma luz no meio da escuridão e nos mostre o
verdadeiro caminho da nação brasileira. A série Pernam-
buco em Antologias é exatamente isso. É um meio de mos-
trar ao Brasil e ao mundo o valor desta terra iluminada,
tanto pelo sol estampado em nossa bandeira, quanto no
valor histórico, cultural e intelectual do nosso povo. Além
de ser uma homenagem sincera que prestamos ao nosso
Estado e a cada um dos pernambucanos.
12
Prefácio
Cyl Gallindo
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do primeiro contista pernambucano Medeiros e Albuquer-
que até inéditos como Liana Ribemboim, Pietro Galindo
e Luiz André Negrão, metade do recado estaria dado.
A outra metade, tentarei transmitir com a seguinte ex-
plicação: Fala-se demais em Literatura Brasileira, em que
se apontam Machado de Assis, Olavo Bilac, Raul Pompéia,
Oswald de Andrade, Cecília Meireles, Carlos Drummond
de Andrade, e uma lista imensa de grandes autores cario-
cas, paulistas, mineiros, paranaenses e gaúchos. Acontece,
porém, que a literatura de um país, de um Estado, de uma
região, por mais que se enquadre na definição do poeta
Manuel Bandeira: Literatura é arte que se exprime por meio
de palavras, não é constituída apenas da obra de um autor
isolado, por importante que seja esse autor e grandiosa
que seja a sua obra.
No conceito de Aurélio Buarque de Holanda: Litera-
tura é um conjunto de trabalhos literários dum país ou duma
época. R. W. Emerson, mesmo que omita o indispensável
termo conjunto, é um pouco mais exaltado e preceitua:
Literatura é a expressão pessoal das nacionalidades. Ajuntan-
do os dois conceitos, Antônio Cândido conclui: ...convém
principiar distinguindo manifestações literárias, de literatura
propriamente dita, considerada aqui um sistema de obras ligadas
por denominadores comuns.
Denominadores comuns que, no meu entendimento,
definem a Literatura como conjunto de obras profunda-
mente entrelaçadas, entre si, com conexões estabelecidas
pela palavra, com o som, a cor, o espaço, o volume, o mo-
vimento, e o senso abstrato do ser, entre todas as demais
artes, que revelem um povo, uma região, um estado, um
país, ou mesmo uma época.
Longe de mim está a pretensão de negar o valor de
qualquer um desses grandes escritores nacionais. Mas não
vejo meios de amarrar a obra de Machado de Assis à de
Simões Lopes Neto ou de Erico Verissimo, ou à de Carlos
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Drummond de Andrade, ou à de Dalton Trevisan, nem às
de centenas de outros intelectuais das demais regiões do
País, em todas as épocas. São valores indiscutíveis, mas in-
dividuais, desagregados, dissociados uns dos outros. Eles
não compõem o tal conjunto de obras, como expressão pes-
soal da nacionalidade, salvo exceções como Macunaíma,
de Mário de Andrade; Cobra Norato, de Raul Bopp; livros
de Monteiro Lobato; a pintura de Portinari, que realmen-
te são obras de identidade brasileira, grandiosas e sem frau-
de, no dizer de Oswald de Andrade saudando Cobra No-
rato. A não ser que se invoque a linha urbana explorada
pela maioria deles, desde Machado de Assis, ou mesmo
antes, mas perfeitamente identificada como produto de
importação. Especialmente porque é temerário falar de
urbanismo, neste país, ainda hoje, onde o anacrônico e o
hodierno se cruzam nas avenidas das grandes cidades de
todas as regiões, ou até mesmo no interior das residências.
J. Baptista Chabot define cidade por suas funções e por um
gênero de vida e os elementos menos visíveis, mas indispensáveis
da noção de cidade: passado histórico ou forma de civilização,
concepção e mentalidade dos seus habitantes.
O que me leva a dizer que urbanismo é mais um apu-
rado complexo de civilização científico-artístico-tecno-
crática do que simples agrupamento humano, residente
em casas ou edifícios dispostos em logradouros. Nos paí
ses altamente civilizados, citadinos e rurícolas, até certo
ponto, formam uma sociedade única, participam de uma
mesma civilização e de um mesmo mercado econômico,
como constatei visitando o interior da Holanda.
Não se pode esconder que alguns autores, como Carlos
Heitor Cony, em Tijolo de segurança, e José Condé, em Noite
contra noite, já se lançaram com revelações de uma angústia
urbano-burguesa, mas não deixam de ser atos isolados.
Enquanto as obras produzidas pelos autores nordesti-
nos, como que perpassadas por um fio de Ariadne, desde o
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Romantismo, apresentam criações profundamente entrela
çadas umas às outras, com reflexo de todas as demais artes
produzidas na região.
Assim sendo, podemos afirmar que o Brasil tem uma
literatura, mas a espinha dorsal dessa Literatura Brasi-
leira está no Nordeste. E de tal forma mostra-se como
expressão pessoal da nacionalidade brasileira, pois nada
produzido neste país, em termos de cinema, teatro, ar-
tes plásticas, televisão, rádio, música, dança, gastronomia,
tem intrínseco o sentido de brasilidade sem que tenha raí
zes na cultura nordestina.
Aqui há uma forte sinergia incontestável entre o passa-
do e o presente; o rural e o urbano; o popular e o erudi-
to, Deus e o Diabo, o sofrimento e o prazer. Os melhores
exemplos dessa expressão são as obras de Graciliano Ra-
mos e as de Ariano Suassuna. Este tornou eruditos per-
sonagens como João Grilo; compôs a sua obra-prima, o
romance A pedra do reino, dividida em folhetos, criou o
Movimento Armorial, com Cussy de Almeida, seguidos
por inúmeros artistas e escritores, com vista ao aproveita-
mento erudito dos valores populares, ruralistas e telúricos
do Nordeste. Ariano nas suas conferências é um Ascenso
Ferreira declamando, com a espetaculosa dimensão dada
por Manuel Bandeira no prefácio do livro Catimbó, ao pa-
tentear: quem não ouviu Ascenso dizer, cantar, declamar, rezar,
cuspir, dançar, arrotar os seus poemas, não pode ter ideia das
virtualidades verbais neles contidas, do movimento lírico que
lhes imprime o autor. Assim também se pode definir Aria-
no, ouvindo-o nas suas palestras, sem nenhum desmaio
das verdades que são ditas. Ele próprio as define de aulas
espetáculos. Já o mestre Graciliano, especialmente nas suas
Histórias de Alexandre, uma das mais cristalinas expressões
da cultura nordestina, continua a enfeitar as telinhas nos
programas humorísticos, sem que seu nome sequer seja
citado. É mentira, Terta?
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As razões dessa produção uníssona vêm dos tempos co-
loniais. A primeira delas foi a perda da hegemonia político-
econômica pelo Nordeste, o que resultou no isolamento, no
esquecimento e no empobrecimento da Região. Seguem-se
as adversidades climáticas, causadoras das secas e estiagens
e promotoras da fome, da desnutrição e das doenças, tão
bem demonstradas por Josué de Castro e Nelson Chaves.
Outra mais é a posição geográfica do Nordeste: exceto na
banda leste, a nos oferecer a luz do sol nascente e as águas
oceânicas, nos demais pontos cardeais, todos os nossos limi-
tes são com o próprio Brasil. Noutras regiões, cada Estado
limita-se com um ou dois países de cultura hispânica, in-
clusive na região Norte, não obstante, aí, a influência seja
quase nula, porque ainda lhe cabe a definição do paraense
Leandro Tocantins, que é: um mundo de água, um tanto de
terra e um quê de gente. Gente que já nos deu José Veríssimo,
Artur César Ferreira Reis, Thiago de Mello, Astrid Cabral,
Benedito Monteiro, e uns tantos mais jovens, todos de boa
cepa. No Centro-Sul, as fronteiras eram intestinas, delimita-
das pelos muros dos consulados e das embaixadas, algumas
das quais exercendo mais poderes sobre a nossa vontade do
que os governantes tupiniquins. Veio daí o ar cosmopolita
das suas grandes cidades, e o hábito de olhar quase que
exclusivamente para o exterior, para as nações mais desen-
volvidas, em detrimento dos reclamos das demais regiões
e dos países vizinhos. Dessa forma, as diferenças regionais
viraram fossos intransponíveis, geradores de muitos brasis,
naquilo que poderia ser uma única nação.
O cruzamento de europeus, negros e índios, segundo
Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro, engendrou esse povo bra-
sileiro, de etnia singular no mundo.
No Nordeste não se formaram bolsões étnicos como
no Sul e Centro-Sul. Jamais, por aqui, o papa João Paulo
II teria uma recepção tão polonesa como a que teve em
Santa Catarina; nem o imperador Hiroito, tão japonesa
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como a que lhe foi oferecida em São Paulo. Quem se fixou
no Nordeste virou brasileiro, nesses quinhentos anos.
Dos tempos coloniais, apesar das perdas, contamos
com a presença de Maurício de Nassau, que para aqui
trouxe uma plêiade de intelectuais: pintores, como Albert
Eckhout e Frans Post, botânicos, como Georg Marcgra-
ve, e médicos como William Piso, mais arquitetos, geó-
grafos, religiosos, historiadores, cartógrafos, estes autores
do Atlas Vingboons, contrastando com a grande maioria de
mercenários e degredados enviados pelos ibéricos.
A verdade é que no Recife edificou-se a primeira Sinago-
ga das Américas, a Kahal Zur Israel; e em Igarassu, a primei-
ra Igreja Católica do Brasil, a dos Santos Cosme e Damião;
assim como existiram, por certo, muitos centros de Xangô,
ao lado dos Ouricuris, indígenas, que foram engolidos pelo
tempo. Europeus cultuavam Cristo; negros, Xangô; e indí-
genas, Tupã. A diferença não tinha importância.
Importa, porém, é frisar que pela primeira vez se viveu
uma democracia religiosa nas Américas. Tudo isso sob a
visão calvinista, intolerante nos Países Baixos, mas liberali-
zante na colônia. E na época em que predominava o Santo
Ofício, com a Inquisição, para quem índios e negros não
tinham alma e podiam ser mortos como os gados.
Pela primeira vez um governante pretendeu pagar sa-
lário ao trabalhador braçal, exatamente índios e negros.
Pela primeira vez uma cidade foi urbanizada e saneada.
Foi estabelecida a liberdade de comércio. Aqui foram es-
critos os primeiros poemas da Literatura Brasileira, por
Bento Teixeira, e pela primeira vez a nossa História foi
escrita, por Barlaeus, e tantas coisas mais que dariam
tratados, como têm dado os ensaios de Evaldo Cabral de
Mello, José Antônio Gonsalves de Mello, e alguns outros.
Para fechar o assunto, lembro que ainda hoje se fala
em Maurício de Nassau, mesmo que os seus palácios te-
nham sido varridos do mapa da cidade do Recife, e se põe
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em questão se o Nordeste sob seu governo não teria outra
feição, diferente da atual. Vale dizer sobre as influências
do século XVII, que não se perderam por completo no
tempo, pois ainda vivem na documentação que vem sen-
do estudada, no imaginário fantástico do pernambucano,
em torno dessa ocupação e nas centenas de Lendas que
corriam Brasil afora. Lendas já em grande parte reunidas
no livro O holandês imaginário – lendas do Brasil Holandês,
idealizado por Pablo Marcyl Bruyns Gallindo e produzi-
do por Ann Blokland e Judith de Jong Andrade Oliveira,
editado pela CEPE, Recife, 2007, sob patrocínio da Em-
baixada do Reino dos Países Baixos/ABN-Amro Bank.
Com o isolamento e o esquecimento impostos, o nor-
destino criou os seus próprios meios de sobrevivência ma-
terial e emocional. Temática é o que não lhe falta. Bro-
ta na própria carne. Anote-se que autor nenhum pode
arrogar-se proprietário de uma temática. Quem se pode-
ria proclamar dono do amor, das guerras, do sofrimento,
da fé, da ganância, da traição, da vingança, do encontro
e desencontro, da exploração do homem pelo homem,
com patriarcalismo, feudalismo e a mais-valia, da fome,
da miséria e de milhões de motivos que geraram e geram
as literaturas de todos os povos? Adicionem-se a esses in-
gredientes, a despeito de tantas adversidades, a alegria
de ser, a música, a dança, a luz, o calor, que terá como
resultado um Nordeste com uma forte literatura, ou um
só corpo cultural e, como diz Emerson, como expressão
da nacionalidade. Expressão esta que Euclides da Cunha
afixou na História com esta frase irretocável: O Nordeste é
o cerne da nacionalidade brasileira.
Além do legado colonial, o misticismo, nesta terra,
que atingiu seu ápice na figura de Antônio Conselheiro,
magistralmente retratado por Euclides da Cunha, em Os
sertões, criou uma quase dinastia mística, ao transmitir sua
liderança à figura do Padre Cícero Romão Batista, tam-
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bém de atuação belicosa, ao lado de Floro Bartolomeu,
no Ceará, descrita por Rui Facó em Cangaceiros e fanáticos.
Com acentuada queda de autoridade, porém de gran-
de significado no terreno religioso/místico, permaneceu
até poucos dias Frei Damião, prometendo o fogo do infer-
no para os amancebados e para os descrentes das leis de Deus.
Os coronéis e senhores de engenho, patriarcalistas e feu-
dais, fizeram uma história particularista nas fazendas e
engenhos de cana-de-açúcar, assim como os fazendeiros
de cacau, na Bahia, e os cangaceiros, em toda a região,
souberam marcar suas presenças nos anais do Nordeste,
com o suor e o sangue das senzalas. Senzalas que também
fizeram história com seus quilombos, com reverências ao
Quilombo dos Palmares.
Todo esse caldeirão exigiu um especial tratamento da
parte dos intelectuais. Motivou uma grande criação ar-
tístico-literária e fez de cada nordestino um artesão do
próprio sentimento. E quase todos souberam dar a sua
contribuição, desde os grandes romancistas, teatrólogos,
musicólogos e poetas eruditos, até os romancistas, teatró-
logos, musicólogos e poetas populares e semianalfabetos.
Aqui, enquanto Manuel Bandeira ameaça ir embora para
Pasárgada, Manoel Camilo dos Santos relata sua Viagem a
São Saruê; Cícero Dias e Vicente do Rego Monteiro pon-
tuam, em Paris, ao lado de Picasso; Dila e J. Borges gra-
vam nas feiras do interior; Ariano Suassuna produz Auto
da Compadecida, João Ferreira de Lima descreve as Proezas
de João Grilo; o poemário de Ascenso Ferreira veio, quase
todo, da boca do povo; a famosa música Águas de março,
arranjada pelo maestro Tom Jobim, já era cantada pelo
meu avô, talvez sem esse título. Vem daí a reação popu-
lar à sua utilização na propaganda de um refrigerante de
uma multinacional. E não para nesses exemplos.
É quase impossível separar um autor de outro, uma
obra de outra: O fio que desponta no século XVII passa
21
por Gonçalves Dias, Castro Alves, costura Franklin Távora,
José de Alencar, Aluísio Azevedo, Augusto dos Anjos, Ma-
nuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Luís da Câmara
Cascudo, Jorge de Lima, Ascenso Ferreira, Gilberto Freyre,
Hermilo Borba Filho, Jorge Amado, Rachel de Queiroz,
José Américo de Almeida, José Lins do Rego, Graciliano
Ramos, Osman Lins, até escritores atuais como Ferreira
Gullar, Luiz Berto, Gilvan Lemos, Maria do Carmo Barre-
to Campello de Melo, Vamireh Chacon, Maximiano Cam-
pos, Marcus Accioly, Ângelo Monteiro, Alberto da Cunha
Melo, Raimundo Carrero e todos os nomes que compõem
esta Coletânea. Fio esse que sobe aos céus e desce aos in-
fernos, e tece, e tece, ora com a temática, ora com o voca-
bulário, ora com o ritmo e se desembesta e se mistura às
outras artes, nessa contagiante magia atemporal. Isso é a
Literatura produzida no Nordeste.
Como separar desse contexto a música do rei do baião
Luiz Gonzaga, o mestre Sivuca, Capiba, Caymmi, Nelson
Ferreira, Cussy de Almeida, Gilberto Gil, Caetano Veloso,
Alceu Valença, Lia de Itamaracá, e os cultores das nossas
centenas de ritmos? Na cerâmica, do erudito Francisco
Brennand a artesãos como o mestre Vitalino, de Caruaru,
e Ana das Carrancas, de Petrolina? Os gravuristas Dila e J.
Borges? No entalhe, do inconfundível Corbiniano Lins ao
mestre Nosa, de Juazeiro? Todos eles com sutis expressões
inseridas no trabalho pela antememória. O núcleo, ou
epicentro dessa explosão cultural, foi e é o Recife. Como
ensina Gilberto Freyre, no prefácio de Tempo dos flamengos,
de Gonsalves de Mello, Cidade que, na sua história intelectu-
al, é quase tão dos sergipanos e dos cearenses, dos paraibanos e
dos rio-grandenses-do-norte, dos maranhenses e dos paranaen-
ses, e tão do Brasil inteiro, e não apenas de um Estado ou de uma
região, como o Rio de Janeiro e a Bahia...
Razão essa que impõe a inclusão de autores nascidos
em Pernambuco e daqueles que têm formação intelectual
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pernambucana. Para quem Lêdo Ivo receitou: Amar mu-
lheres, várias. Cidade, só uma, o Recife.
Para categorizar a força e a importância da cultura nor-
destina, cito apenas dois grandes exemplos, com trabalhos
estruturais, pela adesão a essa realidade brasileira: O pri-
meiro deles é Euclides da Cunha, natural de Cantagalo,
Rio de Janeiro, que ao tomar conhecimento de Canudos,
apontada como foco antirrepublicano, saiu do Sul para a
Bahia, defendendo o extermínio do Conselheiro e seus
jagunços. Uma vez no palco da guerra, ao fazer as suas
anotações, das quais resultou o livro Os sertões, concluiu
essa monumental obra com a declaração de que o que pre-
senciara fora um crime, e lamenta que ainda não exista um
Maudsley para as loucuras e os crimes das nacionalidades.
Mas a importância dessa obra não está apenas no fato
de ele reconhecer o erro do prejulgamento, como tan-
tos outros, ainda hoje, feito sem conhecimento de causa
daquela comunidade. A obra, em si própria, tornou-se,
perante o mundo, a mais importante da historiografia na-
cional, traçou um perfil exato deste país, por ter coragem
de reconhecer e comprovar que o Nordeste é o cerne da na-
cionalidade brasileira.
O segundo exemplo é Guimarães Rosa. Para falar do
autor de Sagarana, antecipo que o Brasil está dividido em
cinco regiões, o que não existe. Uma região não é defi-
nida por um grupo de geógrafos num escritório. O que
determina uma região são a fauna e a flora nela existentes
ou inexistentes. Dessa forma, no Brasil há apenas quatro
regiões: da Serra da Mantiqueira para a bacia do Prata
temos a região Sul; no lado oposto, com a bacia do São
Francisco, a região Nordeste, que se estende de Minas Ge-
rais até a metade do Maranhão. Daí em diante, começa a
bacia amazônica, que forma a região Norte. Para Oeste,
tem-se o Planalto Central, ou região Centro-Oeste. Pode
haver trechos formando sub-regiões, mas região, mesmo,
23
não há. O São Francisco é considerado o rio de integra-
ção nacional, pelo fato de que por ele descem as águas, e
navegam as embarcações levando notícias, hábitos, costu-
mes, fuxico, rezas, pragas, e mil coisas menos visíveis, mas
que vêm a redundar no cerne da nacionalidade, captado
por Euclides. Se Guimarães Rosa tivesse descido em dire-
ção à bacia do Prata, por certo teria escrito um Ulisses à
brasileira. Como desceu para o São Francisco, o resultado
foi Grande sertão: veredas.
Assim entendido, Euclides e Guimarães Rosa, ao lado
de Gilberto Freyre, com obras estruturais, constituem os
principais elementos anatômicos dessa coluna vertebral
chamada Literatura Brasileira.
Quem quiser, através da Literatura Comparada, pode
conferir, a começar pelos 116 autores, enfeixados nesta
Panorâmica do conto em Pernambuco, sem a pretensão de
reunir obras-primas, selecionada a partir da leitura de
quase 500 trabalhos, seguindo a orientação estabelecida
pelo Instituto Maximiano Campos (IMC), a exemplo do
trabalho realizado com a poesia.
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Natal com criminosos
Abdias Moura
26
Abdias Moura
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Natal com criminosos
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Abdias Moura
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Natal com criminosos
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A menina
Admaldo Matos de Assis
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Admaldo Matos de Assis
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A menina
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Admaldo Matos de Assis
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A menina
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O exterminador
Alberto Lins Caldas
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Alberto Lins Caldas
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O exterminador
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Alberto Lins Caldas
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A visita da saúde
Albuquerque Pereira
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A visita da saúde
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Albuquerque Pereira
45
A visita da saúde
46
Albuquerque Pereira
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A história de Bentinho
Alexandre Santos
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A história de Bentinho
50
Alexandre Santos
51
A história de Bentinho
52
Alexandre Santos
53
Para além dos campos semeados
Aluízio Furtado de Mendonça
55
Prelúdio
Amílcar Dória Matos
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Prelúdio
58
Amílcar Dória Matos
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Prelúdio
60
Amílcar Dória Matos
61
Prelúdio
62
Amílcar Dória Matos
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Incidente ao meio-dia
Ana Maria César
65
Incidente ao meio-dia
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O julgamento
Antônio Campos
68
Antônio Campos
69
O julgamento
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O casamento
Ariano Suassuna
72
Ariano Suassuna
4
Conjunto das cartas usadas em cartomancia. O baralho é composto de setenta e
oito cartas.
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O casamento
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Ariano Suassuna
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O casamento
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Ariano Suassuna
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O casamento
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Ariano Suassuna
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O casamento
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Ariano Suassuna
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O casamento
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Ariano Suassuna
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O casamento
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Ariano Suassuna
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O casamento
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Ariano Suassuna
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O casamento
88
Ariano Suassuna
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O casamento
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Ariano Suassuna
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O casamento
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Ariano Suassuna
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O casamento
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Clarinha
Arnaldo Tobias
Capítulo 1
Acompanhei a sua roupa crescendo no varal. Do meu
quintal eu assistia a esse espetáculo sob o sol e ventos.
A anágua azul e a calcinha de rendas e flores bordando
setembro e a primavera. Do seu quintal ela olhando para
mim com a indiferença de ontem. A Menina crescendo
não sabia que eu escrevia poemas para ela e os guardava
dentro de livros com pétalas de rosas vermelhas.
Capítulo 2
A menina se fez moça e a roupa diminuiu no espaço do
corpo. A blusinha curta mostrando o umbigo vertical com
a covinha. Não vi mais anáguas azuis no varal. A saiinha
ou o vestido no meio das coxas róseas. Clarinha já tinha
abolido o sutiã e o decote desceu oferecendo pretensa-
mente o vértice dos seios. Um dia a surpresa foi tamanha
que me invadiu o peito.
Fui convidado de palavra para o seu aniversário de
quinze anos. Senti o seu hálito tão perto que me subiu
um calor no rosto e ela deve ter notado a minha emoção
tímida. Prometi ir à festa e fui comprar uma camisa de
cetim e um sapato social. Na festa (sem champanhe e de
poucas pessoas) Clarinha confessou sua paixão por mim
desde os nove anos. A paixão cegava os sonhos e desejos
perturbáveis. O pecado consentido. Disse: Mas Clarinha
Clarinha
Capítulo 3
Quando nos casamos no mesmo ano (sem véu e grinal-
da) a festa foi simples como a festa dos seus quinze anos.
Clarinha não acompanhou minha idade avançando. De-
pois de quinze anos, ela ficou a balzaquiana mais bela do
mundo e eu sessentão acometido de fortes dores na ure-
tra. Tive de um dia submeter-me a uma inadiável cirurgia
(que me impediu de fazer um filho em Clarinha) na im-
potencialidade sexual. Então o urologista arrancou-me a
castanha da próstata deixando lá no fundo um câncer me
matando de sofrimentos. Clarinha escusando-se dos meus
tratos e asseios. Esquecendo o meu remédio na farmácia.
Hoje a acompanho com resignação e tristeza vendo-a ter
filhos com o jardineiro. Pago muito bem ao rapaz para ele
trazer rosas vermelhas e fazer Clarinha feliz. Satisfeita.
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O Engole Cobra
Ascenso Ferreira
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Bestas piedosas
Augusto Ferraz
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Augusto Ferraz
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Bestas piedosas
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Augusto Ferraz
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Bestas piedosas
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A supremacia feminina
Barbosa Lima Sobrinho
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Barbosa Lima Sobrinho
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A supremacia feminina
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Estradas do mar
Bartyra Soares
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Bartyra Soares
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Estradas do mar
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O sono
Beatriz Brenner
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Beatriz Brenner
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O sono
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O rio
Benito Araújo
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Benito Araújo
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O rio
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Regresso
Carlos Newton Júnior
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Carlos Newton Júnior
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Regresso
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Carlos Newton Júnior
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O teco-teco
Carlos Cavalcanti
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O teco-teco
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Felicidade clandestina
Clarice Lispector
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Clarice Lispector
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Felicidade clandestina
passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com
manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, acha-
va-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas difi-
culdades para aquela coisa clandestina que era a felicidade.
A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece
que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia
orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede balançando-me com o li-
vro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mu-
lher com o seu amante.
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O comedor de sonhos
Cláudio Aguiar
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Cláudio Aguiar
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O comedor de sonhos
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Cláudio Aguiar
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A dama do paço
Cloves Marques
Só amor em abundância
É que nos dá liberdade.
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A dama do paço
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Cloves Marques
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A dama do paço
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Os dois corações
Cristovam Buarque
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Cristovam Buarque
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De como descobri que não existo
Cyl Gallindo
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De como descobri que não existo
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Cyl Gallindo
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De como descobri que não existo
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Cyl Gallindo
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De como descobri que não existo
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O dançarino de bolero
Dioclécio Luz
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Dioclécio Luz
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O dançarino de bolero
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Dioclécio Luz
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O dançarino de bolero
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Dioclécio Luz
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Teodora
Djanira Silva
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Teodora
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Corina
Edna Alcântara
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O jardim
Eduardo Lucena
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Eduardo Lucena
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O jardim
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Eduardo Lucena
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Pião na unha ou o campeão
Everaldo Moreira Véras
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Pião na unha ou o campeão
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Everaldo Moreira Véras
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Pião na unha ou o campeão
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Everaldo Moreira Véras
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De profundis
Fátima Quintas
Dez horas.
Benedita fecha a tampa do relógio de carrilhão. Cum-
prira o seu dever.
A vela acesa, o santuário, a devoção de sempre. O
menino Deus sobre a manjedoura, a chama ardendo em
eterno rogo, o manto vermelho a acomodar as imagens.
A cabeça baixa. As emoções em feridas abertas. A leitura
da Bíblia – “Das profundezas clamo a ti, Iahweh: Senhor
ouve o meu grito! Que teus ouvidos estejam atentos ao
meu pedido por graça!”.
De profundis.
O ritual se repete na casa da velha senhora. As rugas
acentuadas sulcam-lhe a pele, conferindo-lhe um ar abati-
do; nada esmorece a fé inabalável. Após a liturgia, com es-
forço, agasalha-se no canto da desolação. As miragens do
Senhor conduzem-na a paraísos idílicos, onde os amores
não vividos ressuscitam em desejos libidinosos – prêmio
por flagelos e sublimações. O ascetismo lhe suga a menor
das vontades; a carne decompõe-se, vítima de cilícios e
disciplinas; a virtude arranca-lhe os gozos últimos.
Faz calor, o que não impede que o xale envolva o cor-
po esquálido, exposto às agressões da exterioridade. Reza
em voz baixa, sentada na cadeira de balanço, gesto que a
acompanha ao longo da sua história. Noventa anos. Não
se queixa das dores no joelho, menos ainda de qualquer
infortúnio que a maltrate. Gosta de viver, mas pressente
a morte, próxima como o instante que se acerca. E a cada
Fátima Quintas
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De profundis
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Fátima Quintas
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Stromboli
Fernando Monteiro
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Ninguém ouve os sabiás
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O sonho de Ulpiano
Flávio Chaves
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Rua do Encantamento
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Crônica de uma tarde de domingo
Francisco Bandeira de Mello
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As escravas1
Francisco Julião
1
Título original: As escravas e filhas de escravas que, à semelhança do
milagre bíblico, transformaram cachaça em leite, para alimentar os seus se-
nhores.
As escravas
era uma máscara que não exprimia dor nem cinismo, mas
antes indiferença e desprezo. Magra, de cotovelos agudos,
sem vestígios dos seios, as canelas secas, duras, as mãos
calosas e grandes, os pés zambetas, Chica ia arrastando o
seu fardo, sem queixa. A vida, para ela, resumia-se num
copinho de “suor de cana torta”, desde que acertou com
a venda e se deixou arrastar, seduzida, sem forças, pelo
primeiro trago. Essa paixão pela “sinhazinha”, como cha-
mava ela, com ternura, começou na mesma noite em que
perdeu Neco Beque. Chica ainda estava taluda, cheia de
corpo, de peitaria robusta, capaz de tirar uma “conta” no
cabo da enxada, de uma vez, sem arriar.
Quando Neco trouxe Chica pelo braço da matriz de
Queimadas, onde o reverendo Serafim os unira, com a ne-
gralhada a segui-los e a dar vivas, ninguém pensaria que a
pobre por dentro vinha chorando. O remorso, como um
cupim, roía o seu coração desde o momento em que os dois
se levantaram do altar. Que iria acontecer quando Neco
soubesse de tudo? Matá-la, não mataria. O negro era man-
so, sem bravata. Mas poderia entregá-la aos pais, encher o
eito, o mundo todo: “Ela me enganou. Não tava inteira”.
Seria o diabo. Os pais não a receberiam mais, os irmãos
também. Ela teria de deixar aquela terra, de arranjar um
homem, de ficar conhecida... Chica tinha-se deixado levar
por um mulato de sorriso dengoso, de voz quieta, de gestos
lentos, preguiçosos. Fora um feitiço, uma zelação que lhe
passou na vista. Ela viu o caiana, ficou presa como passa-
rinho no visgo, seguiu-o fascinada, deixou-se envolver nos
seus braços, ficou embriagada com o seu cheiro. Agora,
quando Chica se lembrava dele, tinha uns laivos de tristeza
na voz, no pergaminho do rosto, uma nesga de saudade.
– Como era ele, Chica?
Ela sorria e repetia sempre a mesma coisa.
– Ele era assim cuma aguardente de cabeça. Tinha o
cheiro da “virge” quando sai do alambique.
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Francisco Julião
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As escravas
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Francisco Julião
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As escravas
– Aqueta, gente!
– Manda chamar o inspetor.
– Deixe os “meninos” brincar; pediu um velhote cabe-
ludo que mal se mexia de seu canto.
Sem que ninguém pudesse acreditar, viu-se, num re-
pente, Zé Grosso desembaraçar-se de Neco e empinar de
rampa abaixo. Neco seguiu-lhe atrás a gritar-lhe “Cuia,
caco…”, quando o outro se agachou, deu de garra de
uma pedra e descarregou-a com toda a força na cabeça
de Neco. O negro deu um urro, andou dois passos e caiu
como um molambo velho. Zé Grosso avançou outra vez
para a pedra, mas antes que pudesse esmigalhar o negro,
foi desarmado e preso. Zé Grosso começou a chorar como
um menino quando espiou e viu Neco estrebuchando com
a cara lavada de sangue. Quiseram destampar a cabeça de
Zé Grosso com um tiro. Houve interferência de todo lado.
Zé Grosso foi pendurado pelos braços numa gameleira, e
quando o inspetor chegou, já estava de munhecas incha-
das e sem forças para pedir misericórdia.
Neco seguiu num banguê pra casa. A pedra destambo-
cou a cabeça de Beque, do miolo aparecer, espumando no
sangue. Não deu mais sinal de vida. Juntou gente pra re-
zar na casa do turuna. Chica não sentiu grande dor. Neco
guardava na camarinha um cabaço cheiinho de mandure-
ba para as eventualidades.
Chica distribuiu a droga com os presentes. Todos fi-
caram tocados. Ela encheu-se também para afogar a má-
goa. Pelas tantas, quando estava aos tombos, abraçou-se
chorando ao cadáver de Neco, arrependida de tudo o que
fizera com ele.
A madrugada veio encontrar toda aquela gente entu-
bibada de cana, rouca de berrar rezas macabras, terríveis,
por entre goles e mais goles de truaca. Quando a rede
saiu, Chica não viu. Dormia como um tronco. Mas os mo-
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Francisco Julião
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Josias e a Imperatriz
Gastão de Holanda
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Osteopatia
Geraldo Falcão
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Os brincos prateados
Gerusa Leal
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Gerusa Leal
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Fred, o Tio Comandante
Gilberto Freyre
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Ex-noite
Gilvan Lemos
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Gilvan Lemos
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Ex-noite
– Sei, sei.
– Bom… Seu padrasto? Pensei que estivesse aqui.
– Deve estar lá para os fundos.
– Recomende-me a ele. E não esqueça de nos avisar.
Qualquer coisa, já sabe. Não passe esse momento sozinha,
querida, chame-nos, qualquer uma de nós, é só telefonar
para a repartição.
– Sei que conto com as colegas de mamãe, principal
mente com você, Lala. Muito obrigada.
– Está aberta a porta? Não precisa ir comigo até o por-
tão. Até a próxima vez, querida. Mas espere, Nice, minha
filha, não sei como dizer...
– Que é, Lala?
– Esse homem…
– Seu Leitão? Que tem ele?
– Minha filha, não repare, falo em confiança, afinal
tenho idade de ser sua mãe.
– Que é, Lala? Pode falar.
– Esse seu Leitão! Você disse que ele estava lendo, mas
reparei: não retirava os olhos de você.
– Tolice, Lala, pode ir em paz. Quanto a isso não tenha
receio, não há perigo, pode ficar tranquila.
– Bem, adeus, esqueça o que eu disse. Olhe, estamos
prontas para ajudá-la a qualquer hora do dia ou da noite.
Três dias depois, Lucinda morreu. Enquanto Leitão
providenciava o necessário junto à casa funerária, Nice
vestiu-a – tendo o cuidado de manter no lugar próprio
o enchimento que lhe servia de peito –, penteou-lhe o
cabelo, botou a dentadura em sua boca. Quando o cai-
xão chegou e foi colocado na sala sobre duas cadeiras,
transportou-a para ali, com a ajuda do padrasto. Só então
telefonou para as colegas, amigos e parentes.
Nesse mesmo dia, à noite, logo que a casa ficou deso-
cupada de todas as pessoas solidárias e de suas respectivas
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Gilvan Lemos
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Dois dedos
Graciliano Ramos
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O almirante
Hermilo Borba Filho
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Desempregado
Hugo Vaz
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O rosário
Iran Gama
... assim como nós perdoamos aos que nos têm ofendi-
do, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do
mal. Amém, que mais um se foi, minha santa mãe!
A conta de biurá partiu-se sob a pressão dos dentes...
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Essa mosca morde
Jacques Ribemboim
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Essa mosca morde
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João sem Pernas e Maria dos Jornais
Jayme Torban
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Jayme Torban
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Brassávola
Joaquim Cardozo
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Brassávola
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Coração de dona Iaiá
José Carlos Cavalcanti Borges
“Meu filho:
*
José Carlos Cavalcanti Borges
“Meu filho:
“Meu filho:
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Coração de dona Iaiá
“Meu filho:
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José Carlos Cavalcanti Borges
“Meu filho:
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Coração de dona Iaiá
“Meu filho:
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José Carlos Cavalcanti Borges
“Meu filho:
Faz três dias que seu pai não dorme com o aperto da
cabeça. Seu Quincas não quer que ele tome mais aspiri-
na. Seu pai não tem comido quase nada, a Coletoria ele
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Coração de dona Iaiá
“Meu filho:
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José Carlos Cavalcanti Borges
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Lucky, mártir da Copa
José Cláudio
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Lucky, mártir da Copa
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O regresso
José Condé
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José Condé
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O regresso
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Como as nuvens que passam
José Rodrigues de Paiva
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José Rodrigues de Paiva
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Como as nuvens que passam
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O dia em que a cidade endoidou
Juareiz Correya
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Juareiz Correya
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O dia em que a cidade endoidou
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Um gesto ancestral
Ladjane Bandeira
I
Quando eu era pequena e olhava para o meu avô, ele
não me parecia, absolutamente, fantástico. Não tanto an-
tes quanto depois que essa ideia de fantasticidade se en-
casquetou na minha cabeça.
Ele era estranho. Sim, o que tem isso? Eu sabia o que
era ser estranho?
Era soturno, mal-humorado em sua situação de novo-
pobre. Pois sim, e o que tinha isso? Eu distinguia valores
financeiros? Se havia duas palavras que nada me diziam
essas eram: “pobre” e “rico”.
E se havia coisas que nem ao menos existiam, essas coi-
sas eram as classes sociais. Chegassem a mim e dissessem:
– “Aquele safado daquele varredor de rua”.
Pois sim, e daí? Era possível que o “safado” me impres-
sionasse muito mais – e “safado” não distingue classe – do
que o pretendido insulto de “varredor de rua”.
Era por isso que meu avô não me parecia fantástico
absolutamente em nada. Olhava para ele muito calado
dentro de sua moldura de novo-pobre – moldura também
deslustrada – e não me dizia nem fazia coisa alguma do
fantástico. Talvez porque eu tinha os olhos vagos, a cabeça
grande para o corpo e o corpo mole dentro das mãos dos
outros. Mas nem eu também era fantástica por ter cabeça
grande senão na medida em que o são todas as crianças
recém-nascidas.
Um gesto ancestral
E era por isso que eu não achava que meu avô fosse
fantástico e nem mesmo sabia que a palavra existia. Mas a
verdade é que ele era fantástico e rabugento. E o pessoal na
cidade se encarregava de propagar o que ele fizesse e dis-
sesse, e, possivelmente, o que nem fizesse e nem dissesse.
Um dia ele chamou minha avó e disse:
– Ô, Nana, traz aí o martelo e a caixa de pregos.
Minha avó lhos entregou sem perguntar para que os
queria, como teria perguntado qualquer mulher que não
fosse ela. Mas o povo se pôs a dizer, antes mesmo que ele
batesse o primeiro prego:
– É hoje! Vai fazer o caixão.
E era certo. Só então, depois que todos já haviam fala-
do e tornado a falar foi que ele disse:
– Vou fazer minha arca, Nana, recebi aviso.
O rosto de minha avó quase dissolveu de ternura e
compaixão. Tremeu como os pudins que ela fazia, mas
não disse nada. Chorou em silêncio e longe da presença
do marido sentiu que o céu talvez não fosse perto.
Quase todos os processos utilizados por Utnapishtim
e por Noé no feitio de sua arca ele usou recitando em voz
alta:
“– Junte madeira, com tantos côvados de largura por
tantos de altura e faça o seu caixão. Forre-o bem por den-
tro, fazendo-o acolchoado para ser confortável durante o
dilúvio que Eu vou mandar sobre você. Quando o dilú-
vio passar, sua arca já não terá mais préstimos, nem seu
corpo. Tenha cuidado para pôr quatro alças pelo lado de
fora e um travesseiro para a cabeça pelo lado de dentro.
Faça-o todo negro e de veludo. Pode acrescentar-lhes en-
feites prateados sobre o veludo, inclusive cabeças de anjos
gorduchos, festões e tudo o que lhe der na cabeça que
também isso perderá o seu valor quando o dilúvio houver
passado. Acrescente-lhe uma cruz para que se pense que
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Ladjane Bandeira
II
Dez dias depois o caixão ainda estava no mesmo lugar
e meu avô o rondava meio fascinado recitando orações
estranhas e excitando a imaginação do povo que manti-
nha suas antenas de pé para captar as mais insignificantes
notícias sobre os feitos.
Chamaram um padre dizendo: “Ele precisa”, e minha
avó, protestando, reclamou: “Não é tempo ainda, ele sa-
berá”.
E então começaram a pensar que ele havia enfeitiçado
minha avó e ninguém o percebera. Puseram as mãos na
cabeça e se lastimaram de terem sido enganados durante
tanto tempo e se sentiram como anjos. Eram todos tão
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Um gesto ancestral
360
Ladjane Bandeira
to. Todavia, minha avó achava que meu avô estava cada vez
mais casmurro e distante e pensando nele meneava a cabe-
ça e falava sua frase ternamente: “Pobre do meu velho”.
III
Seis meses, um ano e as antenas do povo não tiveram
mais o que captar em relação à arca do meu avô. Mas de
quando em vez ele subia ao sótão, entrava no caixão, experi-
mentando-o, tentando sentir a sensação da morte sobre seus
braços e pernas, sobre seu coração já seriamente abalado.
Quando minha avó não o via dentro de casa olhava
para cima, como se fosse para o céu – o sótão – e ba-
lançava a cabeça desaprovativamente sem contudo ousar
repreendê-lo.
Ele mal falava, talvez treinando, consciencioso para o
grande silêncio que lhe parecia muito próximo.
Detestava qualquer ruído, especialmente se fosse feito
pelos outros. Mas nada o deixava tão irritado quanto ou-
vir alguém assobiar.
Um dia, ao voltar da sede da banda de música, já de
longe estava ouvindo uma coisa inacreditável! Sim, al-
guém estava assobiando dentro da sua casa.
Entrou, olhou o sujeito trepado numa escada pincelan-
do as paredes num ritmo lento de valsa vienense, mediu-o
de alto a baixo e passou bufando.
Lá dentro chamou minha avó:
– Ô, Nana, bota esse apanhador de capim para fora.
Manda ele embora.
– Mas meu velho, ele está caiando a casa.
– Nana! Não ouviu o que eu disse? – Usou sua melhor
ênfase.
Desde então a casa permaneceu metade caiada meta-
de não, o que intrigava a gente da cidade, sempre pronta
a cuidar do que não lhe dizia respeito.
361
Um gesto ancestral
IV
Quando souberam que meu avô havia morrido, já
dentro do caixão, lamentaram que minha avó insistisse
para vesti-lo com a farda da Guarda Nacional porque as-
sim – diziam – não valeu a pena ele ter morrido ali dentro
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Ladjane Bandeira
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A casa do velho Cirilo
Lailson de Holanda Cavalcanti
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A casa do velho Cirilo
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Lailson de Holanda Cavalcanti
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Lailson de Holanda Cavalcanti
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Efemeridade da vida
Laura Areias
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Efemeridade da vida
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Franz Kafka voa de Zepelim
Leônidas Câmara
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Leônidas Câmara
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Leônidas Câmara
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Franz Kafka voa de Zepelim
– Sobre?
– Literatura.
– Ah, sim. Já sabemos. Faz mais alguma coisa?
– Traduções do alemão. Aulas particulares, poucas.
– Ah, sim. Por parte de minha mãe descendo de ale-
mães. E o senhor?
– Pais brasileiros.
– Ah, sim. Como aprendeu o alemão?
– Com um padre amigo do meu pai, acho que o início
foi aos doze anos.
O capitão levantou-se e começou a percorrer a sala,
aos círculos, sentido horário, agitando no ar uma espécie
de relho.
– Quer o senhor caminhar, também? É bom para pen-
sar.
O oficial se deteve às minhas costas. Não me virei. Ele
bateu, de leve, com o relho no meu ombro direito. Sen-
tou-se e perguntou:
– Sabe por qual motivo se encontra aqui?
– Não, senhor. Não faço ideia.
– Como em Kafka, não é?
Surpreendi-me e sorri, respondendo:
– Exatamente, como em Kafka.
– O processo, não é?
– Exatamente, senhor!
Sorrimos. Ele acionou uma estridente sineta e logo
veio um ordenança:
– Lucas, quero café forte e quente e biscoitos de maise-
na. Sorriu, comentou:
– O pretinho Lucas, coitado, nada tem em comum
com o evangelista das gravuras ilustradas do meu velho
catecismo!
Houve um breve silêncio até a chegada do café com
biscoitos. O capitão serviu-se, com gosto:
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Leônidas Câmara
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Franz Kafka voa de Zepelim
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Leônidas Câmara
– Enfim?
– Entre essas suas visitas havia a de um jovem imberbe
extremamente perigoso, um estudante de Filosofia cha-
mado Tito Lívio. Tive o prazer de entrevistá-lo, faz algum
tempo, mas ele já foi transferido daqui. Usei a palavra
prazer por se tratar de um moço pobre, porém de boa
educação, muito ilustrado para a idade. Até mesmo joga-
mos umas partidas de xadrez.
– Não sabia do seu credo, capitão, ele apenas me leva-
va textos para traduzir.
– Credo? Material subversivo, explosivo e internacio-
nal. Por acaso, traduz sem ter consciência do que está es-
crito?
– Eu apenas traduzia propagandas de edições, cartas
comerciais, coisas assim.
– Nada disso. Tudo em código, meu rapaz.
– Como saber?
– Está metido numa grande encrenca. Pessoalmente,
lamento. Estou sendo transferido para outra unidade,
não me acham útil nesta guarnição. Dou ao amigo um
conselho: Cante os nomes, diga tudo o que sabe.
Ergueu o alto corpo com lentidão, aprumou o que-
pe na cabeça, empertigou-se, cumprimentou-me com um
aceno de mão, apenas um elegante gesto aéreo, e se foi,
julguei que para sempre da minha vida.
Não consegui conciliar o sono durante a noite. Pensa-
va em Nassira, a egípcia. Estaria presa, torturada, jogada
às feras por causa de um simples caderno de notas?
Pela manhã, ainda cedo, mesmo antes do café, logo ao
primeiro trinado do canário, já me encontrava numa sala
destinada à prática de ginástica. Sujeitos encapuzados
começaram um longo, doloroso e infrutífero interrogató-
rio. Não sei precisar a quantas sessões eu fui submetido.
A imagem de Nassira não saía do meu pensamento. Um
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to lhe dizer, meu caro, mas sua mãe foi despedida da casa
de repouso que o senhor deixou de pagar e morreu num
asilo público, faz um mês. É só. Meus sinceros pêsames.
Não deixei que dissessem a ela que o senhor se encontra
aqui, entre nós...
Ficamos em silêncio. O capitão levantou-se, com ele-
gância cumprimentou-me, juntando os pés, apertando
a minha mão com suavidade, com suas luvas brancas de
pelica, dando-me um maço inteiro do cigarro azul cine-
matográfico, e se foi, a passos lentos, compungido, como
num grande plano de um filme dramático.
Noite e dia torturava-me a suspeita de saber Nassira sub-
metida a terríveis castigos corporais, quem sabe até mesmo
no limite da sua curta vida por causa de um simplório cader-
no de notas. Entristecia-me saber que a minha mãe morreu
com a grande mágoa por seu único filho tê-la abandonado.
Adoeci, não resisti aos interrogatórios, levaram-me para a
enfermaria. No meu delírio volto à infância, revejo a minha
mãe no seu vestido de voile, o capitão Stein numa grande
tela, travestido em Greta Garbo com seu longo cigarro azul
de ponta dourada, os aeroplanos de Bréscia volteando no
céu de estio, e na minha carne a sentença – Sê justo! Não
sei quantas noites e dias tenho atravessado, perco a noção
de tempo e espaço. Pioro muito. Decifro o código, do alto
de um pedestal na sala de ginástica e delato, por fim e ao
acaso, os nomes pelos quais tanto me fizeram sofrer: – Ed-
gar Allan Poe, Joseph Conrad, Arthur Rimbaud, Frédéric
Chopin, Federico García Lorca, Milena Jesenská, Joaquim
Maria Machado de Assis, Friedrich Nietzsche, Jorge Luis
Borges, Juan Rulfo, Ernesto Nazaré, Madame Satã... Omito
o nome de Franz Kafka. Pessoas encapuzadas concordam,
balançam a cabeça, assentindo com satisfação. O capitão
Stein grita com uma surpreendente voz viril aos seus subor-
dinados enfileirados no pátio:
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Leônidas Câmara
– “Considerai isto:
– Estou inocente do sangue desse justo”. E ao orde-
nança Lucas, o evangelista:
– “Solte o homem que nele não vejo culpa alguma,
não quero manchar as minhas mãos com o sangue desse
inocente. Nem as mãos nem as luvas!”
Olho para o céu tão claro naquela manhã de dezembro,
sentindo a proximidade das festas de Natal. Vejo um ponto
cinzento entre as poucas nuvens, um ponto que se movi-
menta e que se amplia. Não, não é mais dia, é noite, uma
sombra comprida vem se deitar no quintal da minha casa.
Há uma guerra lá fora. Devo ter sete, oito anos. O gigan-
tesco balão, que ora me amedrontava, ora me fascinava, re-
gressa nesta justa estação difícil da minha vida. Agora, sim,
eu o vejo distintamente. Maravilhoso, todo iluminado. Vai
baixando, lentamente, e pousa sem ruído, com suavidade,
como uma grande nuvem de luz. Não sinto mais medo al-
gum. Só encantamento. Um jovem elegante e esbelto, ma-
gro e pálido, vestido com uma casaca negra, alvo colarinho
alto, chapéu negro, vem ao meu encontro. Sorri para mim,
vejo que é um tímido. Não diz nada, apenas segura com
leveza o meu braço direito e me conduz para o interior da
nave. Foi com grande alegria que pude ver no seu bojo,
ricamente iluminado, os objetos do meu antigo quarto da
pensão Mourisca: – meus livros bem arrumados na mesi-
nha de cedro, o abajur japonês com sua cúpula celeste e
a base de translúcida pérola, Made in Japan – 1880, minha
cafeteira sueca, meus cigarros, meus Noturnos, Goethe em
bronze, minha estampa de Picasso, a gravura da Virgem,
minha segurança anterior e meu caderninho azul. Olhei
em volta e vi que estavam reunidos, à minha espera, o meu
pai, ainda moço, com o seu terno branco de brim diagonal
e o seu inseparável chapéu Panamá; a minha mãe, no auge
da juventude e da beleza, com seu inesquecível costume
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Dela, Adina
Liana Ribemboim Feldman
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Sobreviventes
Lourdes Nicácio
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O perdão
Lourdes Sarmento
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O perdão
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O perdão
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Clóvis
Luce Pereira
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Luce Pereira
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Clóvis
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O chapéu de Gary Cooper
Lúcia Cardoso
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O chapéu de Gary Cooper
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A chuva de sábado à noite
Lúcia Moura
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Detalhes no azul
Luciene Freitas
Recife, 14.03.2001
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Duquesa
Lucilo Varejão
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Zero, zerinho
Lucilo Varejão Neto
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Joca do Boi
Lúcio Ferreira
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Ansiedade
Luís André Negrão
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Luís André Negrão
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O homem que galopava
Luís Jardim
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Luís Jardim
– Também já é demais.
– Quem está preso está preso – admitiu o barbeiro
Bidu.
Do fundo do quintal chegava o barulho contínuo das
pancadas. Já não se ouviam os gemidos.
João Borrego apareceu na calçada da cadeia. A mulher
de outro vendeiro pediu:
– Diga ao sargento que basta, seu Borrego, também já
é judiaria.
João Borrego encaminhou-se para o fundo do quintal.
Os soldados na porta não deixaram ninguém entrar. O gru-
po dos curiosos aumentava cada vez mais, e discutiam, da-
vam palpites. Daí a pouco cessaram as pancadas, e o vendei-
ro apareceu, rindo, satisfeito, declarando para a multidão.
– Já dei o basta.
Afastou as pessoas que lhe tomavam o caminho, cum-
primentando a um, a outro. Atendendo à pergunta do
barbeiro, respondeu aos berros:
– Aparece lá na venda que te conto tudo, homem!
Do grupo diante da cadeia alguns seguiram o comer-
ciante, que se distanciava a passos largos, olhando para
trás de vez em quando; outros ficaram indecisos, rodando
por perto, espichando-se nas pontas dos pés para ver se
divisavam alguma coisa lá no quintal.
João Galindo, quando soube da história, confessou-se
decepcionado:
– O homem enganou-se. Pensei que fosse macho. De
bom todo sinal ele tinha. Enfim…
No domingo, ao meio-dia, João Borrego procurou o
sargento e perguntou:
– Contou direitinho, o manhoso?
– Nada. Morre e não conta. Uma palavra não diz. É
cada olho do tamanho duma rodeira de carro, cravado
num canto da parede, e disso não passa. Mas ele conta.
Na segunda ele desembucha.
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O remetente
Luiz Arraes
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O enterro de João
Luzilá Gonçalves Ferreira
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O fantasma de Samoa
Majela Colares
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Soler, emoção e morte
Marco Albertim
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Valentia
Marco Polo Guimarães
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Uma égua chamada Sua-Mãe
Marcus Accioly
1. OURO-FINO
O cavalo – chamado de Ouro-Fino –/era ouro fino mes-
mo, ou el dorado/de uma poeira, um pó de luz de ouro./
Alazão tão vermelho como aquele/cavalo que, no banho,
foi pintado/por Petrov-Vodkine, pelo russo./Recebi-o na
infância, ele corria/atrás de quem passava pela solta./Ho-
mens, bichos e pássaros voavam/das chamas que eram
crinas agitadas./“O cavalo é o cachorro do menino”/– di-
ziam – “rincha e late feito o cão!”/As mulheres, vestidas
de vermelho, fugiam do miúra cor de sangue./Ele havia
enfrentado outro cavalo/e partido, na briga, o seu pes-
coço./Manso ficava só quando me via,/pois me escolheu
por dono e cavaleiro./À escola me levava e me trazia,/to-
dos os dias, desembandeirado./Corria feito o tempo e a
tempestade,/os raios e os relâmpagos do inverno./Cres-
cemos juntos, éramos amigos,/irmãos – ditos siameses ou
xifópagos –/que os dois, em um somente, era o centauro./
Ele nadava quase feito um peixe./Atravessei o Rio Siriji/
agarrado ao seu rabo muitas vezes./Quando comigo foi
para o outro engenho/(chamado Jaguaraba) estava velho./
Envelheceu antes de mim – coitado! –/não aguentava o
tranco das viagens/de horas e léguas pela mesma estrada./
Estava acostumado ao outro engenho,/dele e meu – Lau-
reano – à Mata-Seca,/ou Norte, onde – encarnado contra
o verde –/flecha dos arcos dos canaviais,/era, acima da ter-
ra, o vento aceso./Ele – invejado pela própria inveja –/foi
Marcus Accioly
2. O CAVALO DE JOÃO
O cavalo de João não tinha nome,/era chamado apenas
de cavalo./Não de cavalo, como se qualquer,/mas do cavalo
de, cavalo do:/de João, ou do menino – era um corcel/que, em
vez de nome, tinha sobrenome./O cavalo de João era tão
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Uma égua chamada Sua-Mãe
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Marcus Accioly
3. A ÉGUA SUA-MÃE
Fernando Moura apelidou, no engenho/Falcão, a sua
égua mais bonita,/de Sua-Mãe e assim era chamada./Ela
lembrava um verso do poeta/Jorge de Lima – no Invenção
de Orfeu:/“A garupa da vaca era palustre/e bela” (o verso ti-
nha 12 sílabas/e falava da vaca e não da égua)/mas mesmo
assim lembrava o outro verso:/“uma penugem havia no seu
queixo/formoso”. A égua era mais formosa./Era melada e
era lustrosa a égua./Tinha umas crinas (éramos meninos)/
que causavam amor e até ciúme!/Fernando Moura olhava
da varanda/olhava da janela a sua égua,/ficava impacien-
te, punha esporas,/apanhava a tabica – o cipó-pau./“Hoje
vamos tomar banho de açude,/lá do engenho Falcão, pois,
dentro d’água/podemos ver a égua Sua-Mãe/puxando os
nossos dedos” – nós, meninos,/nós, moleques, dizíamos
no rio/cheio de calda e sem as lavadeiras/que lavavam
as roupas nos lavando./De Falcão escutávamos histórias,/
ouvíamos, talvez, Fernando Moura:/“Vá selar sua mãe” –
ele gritando/ao estribeiro – “eu quero montar nela!”/O es-
tribeiro saindo com o cabresto/e voltando com as mãos e
com a cabeça/abanando: “Impossível, seu Fernando,/não
há quem hoje pegue Sua-Mãe!/Está daquele jeito com os
cavalos/e jumentos e burros no cercado./Dá coice até no
vento e morde mais/do que cachorro quando pega raiva”./
Era assim todo dia, o dia todo./Todos riam e a égua Sua-
Mãe/vivia em liberdade, solta à solta,/sedutora, atraente,
perigosa,/limpa e sempre esperando outra barriga,/sem
dar no engenho nada de serviço,/por causa do seu nome:
Sua-Mãe./Quanta inveja dos burros, dos cavalos,/dos ju-
mentos, não tínhamos, meninos!/Namorávamos já com as
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O retrato e as flores
Margarida Cantarelli
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O bruxo de Santiago
Maria de Lourdes Hortas
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Tio Zambelê
Maria Inêz Oludé
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A decisão
Maria Lúcia Chiappetta
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Mário Márcio
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– Sim, quero.
Disse-lhe o nome. Luna. Não explicou de onde viera,
se tinha família ou se lhe restava algum parente. Tudo
quanto trazia estava numa trouxa de pano que colocou
nas pernas ao se sentar na garupa do cavalo.
A viagem até Varame só não transcorreu em silêncio
porque Luís Pedro falou sobre o tempo e as coisas que os
rodeavam. Ela se limitava a responder: sim, não. Ao ver
serem inúteis as tentativas de fazê-la conversar, calou-se.
Estava feliz. Luna era retraída, mas conformou-se. Me-
lhor. Quem gosta de mulher tagarela? A verdade é que
levava consigo uma moça bonita. Mais bonita que a do
calendário da fábrica Lafaiete: cabelos castanhos escuros,
pele suave. Estava apaixonado e tinha vontade de beijar
as mãos que o seguravam pelas costas para não cair da
montaria.
Entardecia quanto avistaram Varame. O azul profundo
do céu luzia por cima da copa das árvores e o chão cor de
telha tomava forma entre as sombras da mataria. Os pás-
saros cantavam. O ar estava cheio do tilintar alegre dos
chocalhos das vacas, que aqui, ali, nas encostas, pastavam
o capim curto e cálido dos prados. Mais adiante, avistaram
a porteira. Luís Pedro apontou mostrando a casa em que
ela ia morar. Neste momento, súbito, tudo mudou. Nu-
vens cinzentas surgiram por cima dos serrotes que circun-
davam as terras da fazenda. Um vento frio, cortante, an-
tecedeu a chuva que não tardou a cair, seguida de muitos
raios e trovões. Chegaram molhados. O vaqueiro levou-a
à camarinha. Havia pouca coisa. Um baú, um jirau cober-
to por um lençol de chita rosa, velho, puído. Na parede,
uma estampa de São Sebastião com o tronco transpassado
por dardos e flechas. Luna examinou sem nada comentar.
Ele saiu. Foi esquentar a água do café. Ela aproveitou para
trocar a roupa e livrar-se do vestido molhado.
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Mário Márcio
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Luna
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Mário Márcio
– Eu sei.
Deitou-se e afastou com firmeza a mão que tentava se-
gurar-lhe o seio. Apanhou o candeeiro. Quando ia apagar
a chama, Luís Pedro teve tempo de ver-lhe os olhos. A cor
deles combinava entre o azul esverdeado e o preto. Olhos
capazes de envolvê-lo em trevas misteriosas. Por uma fra-
ção de segundo, sentiu que eram frios e aquele verde es-
curo delatava a existência de uma outra vida à qual jamais
teria acesso.
Apesar de adestrar potros bravos, achava-se impotente
para se impor àquela mulher. Tinha certeza, se forças-
se, ela tornava a refazer a trouxa de roupa e ia embora,
da mesma forma decidida com que tinha vindo. Depen-
dia dela, mas Luna não dependia dele. Procurava-a uma,
duas, três vezes cada noite. No dia seguinte, ao vê-la na
cozinha a ferver a água do café, preparar o cuscuz ou co-
locar alpista nas gaiolas, tornava a desejá-la. Se pudesse
não saía de casa, deixava gado, roça, tudo. Deitaria a ca-
beça em seu ventre. Ficaria horas afagando-lhe o púbis,
alisando-lhe as coxas, beijando-a toda. Quando se afas-
tava de casa e abria a porteira, sentia-se dividido entre
o desejo de retornar à camarinha e a vontade de fugir,
libertar-se daquele sortilégio. Mudara muito. Aos poucos,
sentia perder a força, a energia, o ânimo. A continuar, daí
uns meses, o que lhe restasse de vitalidade seria consumi-
do na fornalha daqueles braços.
Emagreceu, ficou pálido. Fugia dos amigos, recusava
convites para festas e vaquejadas. Executava as tarefas
diárias com vagar, sem entusiasmo, só pensava no mo-
mento sofregamente aguardado, quando Luna, à luz do
candeeiro, despia-se, soltava os cabelos, deitava-se a seu
lado. Como um avarento, guardava o que restava de vigor
para aquele instante. Temia que houvesse um descom-
passo entre o desejo e a impossibilidade de sustentá-lo.
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Luna
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Papéis sombrios1
Mário Rodrigues do Nascimento
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Papéis sombrios
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Juros do coração...
Mário Sette
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Mário Sette
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Juros do coração...
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Amanhã eu vou
Maurício Melo Júnior
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Maurício Melo Júnior
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Amanhã eu vou
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O criador de passarinhos
Mauro Mota
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Na estrada
Maximiano Campos
gava com a sua vontade. Sempre dissera que tirar gado era
profissão para ser conhecida e provada, senão era desvalia,
precipício e atropelo: morria gado, desgarravam e se per-
diam garrotes, vacas, bois ou bezerros. Quando fez vinte
anos, foi ao pai, velho vaqueiro, e disse que ia arriscar uma
das duas escolhas: o rifle ou a estrada. Queria estar lon-
ge dos gritos dos patrões, solto na natureza. “Era pobre,
mas ia ser desgarrado, não ficaria preso pelas cercas dos
fazendeiros.” A sua sina bateu na estrada, mas podia ter
sido o rifle o instrumento da sua profissão. Os vaqueiros
nas fazendas tinham todos os dias os mesmos trabalhos,
parecidos até nos imprevistos. Na estrada, era diferente, o
mundo corria ao seu lado. Por isso, fizera da sela-roladeira
o trono do seu reino. O pior, nem gostava de pensar: ia
ser quando o corpo afracasse de vez, o aboio e o braço
perdessem a força e o chão tivesse que ficar parado. Não
possuía nada além da montaria, os arreios, duas roupas de
couro. Um filho existindo longe, tinha sido uma pousada
mais longa. Nesse acontecer, Luís Jatinã quase para de vez.
Havia visto muitas coisas nas estradas, aprendera que o boi
é vivente, mais do que simples animal. Há os geniosos, os
malvados, os fujões, os bravos, os traiçoeiros, os brandos na
estrada, mas brabos de corda. Viu boi fazer coisas de pa-
recer mentira a quem não os conhecesse de muito tempo,
ver e lidar. Aquela viagem ia ser das maiores: de Belmonte
a Vitória, ida e volta. Na véspera, havia sido chamado pelo
Coronel Ribeiro Paz. O homem dava ordem como quem
ensina caminho a viajante perdido:
– Menino, você está vendo aquela chapada? Pois vá
lá levando uma corda boa. Sele o cavalo Corisco e cor-
ra um pouco mais do que puder. Não vá pelo caminho
da Pedra Serena, atalhe para encurtar distância, distraia
aquelas pedras e cercas de avelós, solte as rédeas do cava-
lo, pregue as esporas, ligeiro feito mau pensamento, que
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Maximiano Campos
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Na estrada
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Maximiano Campos
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Na estrada
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Maximiano Campos
O cavalo misterioso
quem trata dele sou eu
o homem que montar nele
pode dizer que morreu
outro não pode existir
besta não há de parir
cavalo bom como o meu.
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As calças do Raposo
Medeiros e Albuquerque
Os lábios incluem,
Os olhos não!
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As calças do Raposo
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As calças do Raposo
Como o descobri!
Espiei pelo buraco da fechadura do gabinete de Física
e lá o vi espreitando também pelo da porta, que comu-
nicava para o salão. A porta ficava justamente ao lado da
mesa do diretor: dali ele via tudo. O Raposo estava de
sobrecasaca e colete, mas sem as calças: as abas da sobre-
casaca caíam sobre as ceroulas. As calças, tinha-as ele de-
penduradas no braço.
O Fuinha, no momento em que saíamos da sala de es-
tudo, havia tomado uma pena molhada em tinta e sorra-
teiramente salpicado as calças claras do inspetor. Quando
o velho ia entrar no salão, um colega fez-lhe notar o fato:
sobre o fundo cinzento claro, cinco ou seis manchas pretas
destacavam-se bem na frente. Não podia assim assistir à ce-
rimônia. Ao perceber a coisa, as lágrimas saltaram-lhe dos
olhos. Fechou-se naquele gabinete, tomou uma escova e,
tiradas as calças, começou a lavar as nódoas para ver se elas
saíam. Não foi possível! Nisto, a solenidade começara.
No momento em que o surpreendi, nada era mais gro-
tesco do que ver aquele velhote, de sobrecasaca e ceroulas,
em um dos braços as calças e no outro a escova, espiando
por um buraco de fechadura!
Pobre diabo! Até naquele dia o caiporismo o perse-
guia! Todos tinham o direito de gozar o triunfo de seus
filhos, todos podiam abraçá-los, beijá-los... Só ele, ali es-
tava, preso, ridículo... O diretor foi dando os prêmios a
um por um. E era sempre o mesmo espetáculo, as mesmas
demonstrações de alegria dos parentes jubilosos!
Afinal, chegou a vez do Raposinho. O diretor tinha-o
reservado para o fim. Não vendo chegar, nem eu, nem o
velho, e não faltando mais ninguém, teve de chamá-lo.
Chamou-o, entregou-lhe o que lhe cabia e, em honra
dele, pronunciou um pequeno discurso, anunciando que
aquele rapazola ia ser um dos professores do colégio. Disse
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Medeiros e Albuquerque
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A menina do nome de flor1
Micheliny Verunschk
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A menina do nome de flor
tava nos braços do pai e do minha flor, minha flor que ele
dizia, remédio bom. Os médicos falavam palavras ácidas,
elétricas, internação, eletrochoques, coisas que desqueria
o pai veementemente, tirando do sobretudo engomado
de giz motivos e motivos, que era como chamava os seus
medos. Que ela era um bichinho incômodo, bem sabia,
mas como trancar a sua menina tão longe do seu amor?
Melhor que permanecesse em casa mesmo.
Entretanto, Deus fizera a mulher do professor de uma
costela impaciente, até intolerante e de sua boca sempre
saía a palavra detestada, internação. Palavra que ele fingia
e fingia não escutar. Muitas vezes em que ela estava com a
cabeça em seu colo, ele cismava em pensar de onde viera
afinal o quinhão da loucura: da família dele, se da famí-
lia da mulher. Muitas vezes era mesmo tentado a crer na
superstição do povo e do seu pássaro enlouquecedor de
crianças, mas a lembrança do parto difícil era mais aceitá-
vel como causa que essas invenções e crendices.
Um dia, a tempestade chegou por meio das mãos de
relâmpago da menina de nome de flor que as enterra-
ra com força no pescoço do irmão, pagãozinho ainda. E
Deus nos socorra que ela quase mata o pequeno, e não
conseguindo, quebra-quebra contrariado dentro de casa,
depois o uivo na rua e muito trabalho de homens para a
conter em sua fúria de 12 anos. A exigência da mulher,
dessa vez seria cumprida e ele, o professor, no gatilho de
concordar, levou a filha no primeiro trem para o sanatório
distante, cortante. Noites e noites escutava seu grito que
viajara trezentos quilômetros para encontrá-lo caído num
alçapão de saudades. Sempre que podia a visitava e se
espantava como diferente era a cada vez que a via, menos
ela, alheada, em que luas passearia agora?
Certa vez, numa visita, o professor sentiu que a mor-
talha da morte a cobria e decidiu levar a moça de nome
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Micheliny Verunschk
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Os cinco reinos ganhos e o reino perdido
Milton Lins
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Os cinco reinos ganhos e o reino perdido
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Milton Lins
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Os cinco reinos ganhos e o reino perdido
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A construção do tempo
Montez Magno
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Montez Magno
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A construção do tempo
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Montez Magno
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A construção do tempo
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Montez Magno
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A construção do tempo
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Montez Magno
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A construção do tempo
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A última viagem do almirante Silva
Múcio Leão
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Múcio Leão
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A última viagem do almirante Silva
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Múcio Leão
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A última viagem do almirante Silva
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A dama do lotação
Nelson Rodrigues
A suspeita
Casados há dois anos, eram felicíssimos. Ambos de óti-
ma família. O pai dele, viúvo e general, em vésperas de
aposentadoria, tinha uma dignidade de estátua; na família
de Solange havia de tudo: médicos, advogados, banqueiros
e, até, ministro de Estado. Dela mesma, se dizia, em toda
parte, que era “um amor”; os mais entusiastas e taxativos
afirmavam: “É um doce de coco”. Sugeria nos gestos e mes-
mo na figura fina e frágil qualquer coisa de extraterreno. O
velho e diabético general poderia pôr a mão no fogo pela
nora. Qualquer um faria o mesmo. E todavia... Nessa mes-
ma noite, do aguaceiro, coincidiu de ir jantar com o casal
um amigo de infância de ambos, o Assunção. Era desses
amigos que entram pela cozinha, que invadem os quartos,
numa intimidade absoluta. No meio do jantar, acontece
uma pequena fatalidade: cai o guardanapo de Carlinhos.
Este curva-se para apanhá-lo e, então, vê, debaixo da mesa,
apenas isto: os pés de Solange por cima dos de Assunção ou
vice-versa. Carlinhos apanhou o guardanapo e continuou a
conversa, a três. Mas já não era o mesmo. Fez a exclamação
interior: “Ora essa! Que graça!”. A angústia se antecipou
ao raciocínio. E ele já sofria antes mesmo de criar a sus-
peita, de formulá-la. O que vira, afinal, parecia pouco. To-
davia, essa mistura de pés, de sapatos, o amargurou como
um contato asqueroso. Depois que o amigo saiu, correra à
casa do pai para o primeiro desabafo. No dia seguinte, pela
manhã, o velho foi procurar o filho:
– Conta o que houve, direitinho!
O filho contou. Então o general fez um escândalo:
– Toma jeito! Tenha vergonha! Tamanho homem com
essas bobagens!
590
Nelson Rodrigues
A certeza
Entretanto, a certeza de Carlinhos já não dependia de
fatos objetivos. Instalara-se nele. Vira o quê? Talvez muito
pouco; ou seja, uma posse recíproca de pés, debaixo da
mesa. Ninguém trai com os pés, evidentemente. Mas de
qualquer maneira ele estava “certo”. Três dias depois, há
o encontro acidental com o Assunção, na cidade. O amigo
anuncia, alegremente:
– Ontem viajei no lotação com tua mulher.
Mentiu sem motivo:
– Ela me disse.
Em casa, depois do beijo na face, perguntou:
– Tens visto o Assunção?
E ela, passando verniz nas unhas:
– Nunca mais.
– Nem ontem?
– Nem ontem. E por que ontem?
– Nada.
Carlinhos não disse mais uma palavra; lívido, foi no
gabinete, apanhou o revólver e o embolsou. Solange men-
tira! Viu, no fato, um sintoma a mais de infidelidade. A
adúltera precisa até mesmo das mentiras desnecessárias.
Voltou para a sala; disse à mulher entrando no gabinete:
– Vem cá um instantinho, Solange.
– Vou já, meu filho.
Berrou:
– Agora!
591
A dama do lotação
A dama do lotação
Sem excitação, numa calma intensa, foi contando. Um
mês depois do casamento, todas as tardes, saía de casa,
apanhava o primeiro lotação que passasse. Sentava-se num
banco, ao lado de um cavalheiro. Podia ser velho, moço,
feio ou bonito; e uma vez – foi até interessante – coinci-
diu que seu companheiro fosse um mecânico, de macacão
azul, que saltaria pouco adiante. O marido, prostrado na
cadeira, a cabeça entre as mãos, fez a pergunta pânica:
– Um mecânico?
Solange, na sua maneira objetiva e casta, confirmou:
592
Nelson Rodrigues
– Sim.
Mecânico e desconhecido: duas esquinas depois, já
cutucara o rapaz: “Eu desço contigo”. O pobre-diabo ti-
vera medo dessa desconhecida linda e granfa. Saltaram
juntos: e esta aventura inverossímil foi a primeira, o pon-
to de partida para muitas outras. No fim de certo tempo,
já os motoristas dos lotações a identificavam a distância;
e houve um que fingiu um enguiço, para acompanhá-la.
Mas esses anônimos, que passavam sem deixar vestígios,
amarguravam menos o marido. Ele se enfurecia, na cadei-
ra, com os conhecidos. Além do Assunção, quem mais?
Começou a relação de nomes: fulano, sicrano, beltra-
no... Carlinhos berrou: “Basta! Chega!”. Em voz alta, fez
o exagero melancólico:
– A metade do Rio de Janeiro, sim senhor!
O furor extinguira-se nele. Se fosse um único, se fosse
apenas o Assunção, mas eram tantos! Afinal, não poderia
sair, pela cidade, caçando os amantes. Ela explicou ainda
que, todos os dias, quase com hora marcada, precisava es-
capar de casa, embarcar no primeiro lotação. O marido a
olhava, pasmo de a ver linda, intacta, imaculada. Como é
possível que certos sentimentos e atos não exalem mau chei-
ro? Solange agarrou-se a ele, balbuciava: “Não sou culpada!
Não tenho culpa!”. E, de fato, havia, no mais íntimo de sua
alma, uma inocência infinita. Dir-se-ia que era outra que se
entregava e não ela mesma. Súbito, o marido passa-lhe a
mão pelos quadris: – “Sem calça! Deu agora para andar sem
calça, sua égua!”. Empurrou-a com um palavrão; passou pela
mulher a caminho do quarto; parou, na porta, para dizer:
– Morri para o mundo.
O defunto
Entrou no quarto, deitou-se na cama, vestido, de pale-
tó, colarinho, gravata, sapatos. Uniu bem os pés; entrela-
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A dama do lotação
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A reforma
Nivaldo Tenório
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Nivaldo Tenório
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A reforma
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Mestre João de Dão
Olímpio Bonald Neto
O trato
Naquele município alagoano, que já foi notícias de ho-
micídios famosos, sendo até o reduto do que os jornais da
época intitulavam “o sindicato do crime”, vivia, há muitos
anos, um célebre matador profissional.
Homem frio e decidido – Mestre João de Dão – carre-
gava fama de assassino assalariado, responsável por mais
de 15 mortes, o que não o impedia de circular livremente
pela cidade, admirado por muitos, respeitado e temido
por todos.
Um dia foi contratado por um poderoso fazendeiro de
cidade vizinha para liquidar um desafeto político, atrevi-
do e influente, que o vinha incomodando, com implicân-
cias e desacatos, chegando ao desaforo de soltar gado em
roçado de sua propriedade.
Como de costume, o matador recebeu as instruções
do que considerava o “seu serviço”, apalavrando o trato e
embolsando, por conta, a metade do valor.
Largando a sua tenda de sapateiro – profissão que
exercia regularmente – arreou o cavalo e dirigiu-se para
as terras da sua vítima, no município vizinho, a fim de
identificá-lo e, mais seguramente, poder agir.
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Olímpio Bonald Neto
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Mestre João de Dão
O negócio
O criminoso procurou afastar-se das vistas das crianças
dirigindo-se para os fundos do curral em companhia do
homem que chegava, suado e esbaforido, curioso do ines-
perado visitante.
– O senhor é seu Vital Silveira?
– Sim, senhor. E Vosmecê, a que vem? Com quem trato?
– Mestre João de Dão, da Vila de Dentro, e vim para
matá-lo. Estou com o “serviço” meio pago e queria conhe-
cê-lo antes de terminar o meu trabalho.
E, antes que o pobre agricultor pudesse esboçar um
gesto de defesa ou de fuga, o homicida, travando-lhe o
braço com energia, fê-lo encostar-se ao mourão querendo
não alarmar os pequenos, que de longe apreciavam o en-
contro. E continuou em voz mais baixa:
– Sossegue, homem de Deus! Não quero sua vida! Não
vou derramar seu sangue. Vi seus filhos. Conheci o aper-
reio que passa sua família e não posso fazer mais uma
desgraça, deixando no abandono tantas crianças. Volto
ao coronel Sizenando, devolvo os dez contos já recebidos
pelo adiantado. Desisto dessa empeleitada.
E, soltando o agricultor, prosseguiu calmamente:
– É a primeira vez que faço assim, desmanchando um
“serviço” apalavrado e meio pago. Mas não posso infelici-
tar a vida de tanta criança inocente. O coronel que procu-
re outro ou faça ele mesmo, seus acertos com o senhor.
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Olímpio Bonald Neto
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Mestre João de Dão
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Elegíada
Osman Lins
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Osman Lins
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Elegíada
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Refresco de cajá
Paulo Caldas
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Refresco de cajá
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Refresco de cajá
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Paulo Caldas
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Refresco de cajá
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A grande reta
Pelópidas Soares
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Pelópidas Soares
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Pelópidas Soares
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O carro vermelho
Perseu Lemos
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O carro vermelho
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O louco
Pietro Galindo
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O louco
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Aika Tharina
Raimundo Carrero
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Raimundo Carrero
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Aika Tharina
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Raimundo Carrero
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Madeira perfumada
Rosa Lia Dinelli
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Madeira perfumada
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Rosa Lia Dinelli
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Madeira perfumada
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Rosa Lia Dinelli
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Desfile na Dantas Barreto
Rubem Rocha Filho
La dernière innocence et
la dernière timidité.
Apprécions sans vertige
l’éxtendue de mon innocence.
Arthur Rimbaud1
1
A última inocência e a última timidez./Apreciemos sem vertigem a
extensão da minha inocência. Arthur Rimbaud
Rubem Rocha Filho
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Desfile na Dantas Barreto
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Rubem Rocha Filho
disso. Fique frio. Não foi nada. Mas a dona bolinada reclama
alto. Se compactuavam os outros chefes de família, estendi-
dos também em feudos de filhos, agregados, sogra, avó, di-
ques de bolsas e sacolas, preservados dos desconhecidos em
torno. Foi empurrão de cá, de lá. Um fiscal da prefeitura,
de crachá e nenhum moral, pedia calma. O garotão parecia
esquentado, como se lhe tivessem pisado no calo. Aliás, ele
estava com um par novinho de tênis. Tênis da moda. Per-
cebi de longe, tipo Nike, Topper, Adidas. Gastava dinheiro
o gatão pra se calçar bem. Por fim, expulsaram o incon-
veniente. Os clãs confirmados em seus limites. Vitorioso, o
machão viu que o chamavam dos degraus de cima. Sorriu.
Alguém conhecido da rua o apreciara em plena ação.
– Olha: o filho do seu Armando. Já vem sozinho pra ci-
dade, hem. Puxa, parecia um garotinho faz pouco tempo.
A bichinha desceu lá do alto, gazelinha juvenil, mas
contida, discreta. Uma colegial confiante por estar indo
ao encontro da proteção dos vizinhos, sem mais temer o
perigo de ataques da gente baixa. Não que bicha fosse
coisa inédita no pedaço. Mas as várias que brincavam por
ali estavam em grupo, bem-dispostas, sabendo se defen-
der. Ele veio saltitando, o calção preto bem justo, camise-
ta com alça pendendo do ombro, uma Lolita. A Brigitte
Bardotou a Kim Novak no terceiro ginasial.
– Humm, pelo menos ele fica conversando e não in-
venta mais de dormir no meu colo. A coxa ia acabar roxa.
Dá cãibra o peso da cabeça, e eu sem me mexer. Humm,
bonitinho, esse Valdo. Mas não me engana. Às vezes não,
é só o jeito educado, a madrinha pega nele um jeito de
mariquinha sem ser. Mas promete.
– Aqui você me protege, né? Tem tanta gente mal-educa-
da. Mas pra ver minha Escola, aguento qualquer mundiça.
Não, não quero beber, não. Pensei que fosse só pra segurar
pra você. Não estou com sede. Não é cerimônia, não.
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Desfile na Dantas Barreto
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Rubem Rocha Filho
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Desfile na Dantas Barreto
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Rubem Rocha Filho
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Decisão
Sérgio Moacir de Albuquerque
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Decisão
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Sérgio Moacir de Albuquerque
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Tal pai, tal filho
Si Cabral
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Tal pai, tal filho
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O voo
Telma de Figueiredo Brilhante
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Daniel
Urariano Mota
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Urariano Mota
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Daniel
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Urariano Mota
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Daniel
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Sanatório
Valdecir Freire Lopes
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Valdecir Freire Lopes
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Sanatório
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Ângelus
Valdi Coutinho
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Valdi Coutinho
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Ângelus
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O bem
Vanja Carneiro Campos
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Vanja Carneiro Campos
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O bem
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Vanja Carneiro Campos
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O bem
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Separação por assassinato
Verônica Nery
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Verônica Nery
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Separação por assassinato
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Vida simples
(Ou trágico prélio de irmãos)
Vital Corrêa de Araújo
Hermeticamente profundos.
Os fossos da depressão são escuros, largos, circulares e
atentos. Estreitas só as portas do céu da normalidade.
Se ao menos eu fosse escritor, poderia curar-me por
alguns dias, aqueles em que mergulhasse no interior cau-
daloso do processo criador:
Enterrado nos unguentos vivos da palavra, libertaria
o mal que me alucina os dias, evitaria, sei-o, as suas gar-
ras antigas e precisas, aduncas como as de um lobo que
voasse.
A escritura, se não queria ordenar o mundo, quisesse,
talvez, esclarecer seus ângulos mais mundanos ou petu-
lantes.
A energia mental desprendida na escrita nasce do
dínamo da autoestima, de cujo bloqueio ou pane vive a
depressão. Assim, por omissão, nutre-se o pânico que se
move em minhas veias e assoma ao rosto.
Agora, imobilizado, na pasmosa rede de intrigas men-
tais, no pântano que me enloda o olho, na movediça som-
bra que me faz emergir, permaneço.
Sei – quem sabe?, que a ruína do meu ser progride,
lenta e avassaladoramente; a atenção voa como um papel
sujo ao vento árido do meio-dia; a percepção se inibe, os
focos das coisas multiplicam-se caoticamente.
Anuvia-se o ímpeto, ou cala-se.
E, para usar uma imagem cara a Styron, falham as co-
nexões da vida como em uma velha central telefônica.
Vida simples
686
Vital Corrêa de Araújo
P.S.: Só sinto que não possa descrever, deixar escrito, para os outros,
meu pobre drama.
N.E. Três meses e doze dias depois do suicídio de Alfeu, sua irmã
mais velha, Ofélia, suicidou-se.
687
Excluídos
William Ferrer
689
Excluídos
690
Aconteceu no Natal
William Porto
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William Porto
693
Aconteceu no Natal
694
William Porto
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Mudando a vida
Zenaide Pedrosa
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Mudando a vida
698
Encanto
Zenilda Pinheiro Borges Santiago
700
Zenilda Pinheiro Borges Santiago
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Encanto
…
Não me podes nunca mais.
E descansarás nas minhas ramas.
702
Nome
Zuleide Duarte
704
Zuleide Duarte
705
Nome
.........................................
706
Revelação
Zuyla Cartaxo
708
Zuyla Cartaxo
709
Dados Biobibliográficos
por Cyl Gallindo
711
sobre a Rússia, viagem, 1999; Coerência, discursos,
2000; A máscara veneziana, contos, 2001; O dono do
girassol e outros contos, 2003, e Astúcias da imaginação,
contos, 2005; Sete dias na Terra Santa, Edições Bagaço,
Recife, 2008.
712
e jornal, em Fortaleza e no Recife. Produziu e cola-
borou com mais de uma centena de vídeos culturais
idealizados pela Fundaj.
Albuquerque Pereira foi laureado como contista no II
Prêmio Banco Real de Talento da Maturidade, 2002,
e conquistou o Prêmio de Poesia da APL, 2005.
É membro da Alane e da UBE-PE.
Ademais, este autor tem-se dedicado, com singular
talento, à adaptação para a poesia de obras que enfo-
cam temas das raças negras e indígenas. Ele próprio
explica essa tarefa:
“Quando escrevi o poema ‘Oração pelo negro’, Prê-
mio de Poesia da APL, 2005, pretendia falar sobre o
lado intelectual da raça negra no Brasil. Mas percebi
a desproporcionalidade em relação a outros aspectos
da saga da escravidão. Desmembrei o trabalho em
outro livro, a que dei o título de Cantares ao gênio afro-
brasileiro, onde entram autores, sem distinção, que
escreveram sobre os africanos e seus descendentes
no Brasil, indo do Padre Vieira a muitos outros pro-
sadores e poetas de ontem e de hoje. Assim, de Cyl
Gallindo versifiquei o conto ‘Milagre no jardim da ca-
sa-grande’. De Olímpio Bonald, os contos ‘Um negro
volta ao mangue’, 1957, ‘O Conde do Vira-Mundo’,
2003; e o poema ‘Dura e breve história da Ilha do
Maruim’, 1961. De Rosa Lia Dinelli, o conto ‘Cabo
velho’, e de Milton Lins, os contos ‘Depois do sumiço
no horizonte’, ‘O touro’ e ‘O cisne negro’”.
713
do Mérito do Instituto de Estudos Políticos e Sociais.
Diretor acadêmico da Aesupe. No magistério supe-
rior, especializou-se no ensino das disciplinas Teoria
Econômica, Matemática Financeira, Administração
Financeira e Administração de Materiais.
Casado com Deinha, pais do poeta Guilherme Wan-
derley.
Alexandre foi presidente da Alane, hoje com secções
no Ceará, na Paraíba e em Alagoas. É presidente do
Clube de Engenharia de Pernambuco e da UBE-PE,
formando com Waldenio Porto, presidente da APL, e
Jacques Ribemboim, presidente da ONG Civitate, a
linha de frente de um grande movimento para valori-
zação da Literatura e do escritor nordestino.
Bibliografia: Os retirantes, ensaio, CEPE, Recife, 1986;
A inefável primavera, ensaio, Editora Sol, Recife, 1991;
Teoria do valor, ensaio, Fundarpe, Recife, 1994; Solida-
rismo: o Brasil para todos, ensaio, Editora Sol, Recife,
1995; Economia & poder, IEPS – Sopece, Recife, 1995;
Curso básico de matemática financeira, didático, Sope-
ce, Recife, 1995; Subsidiariedade econômica: a opção
decisiva, ensaio, CPCP, Recife, 1997; Em debate, arti-
gos, CPCP, Recife, 1997; O fim do ciclo liberal, ensaio,
Recife, 1999; O direito ao trabalho remunerado, CEPE,
Recife, 1999; O Attaché, comédia, Bagaço, Recife,
2002. G’Dausbbah, poesia, CEPE, Recife, 2005; O moi-
nho, romance, 3. ed. Bagaço, Recife, 2008 – traduzido
para o espanhol, Editorial Arte y Literatura, Havana,
2007; Um livro de contos, AJFS, Recife, 2009.
714
Luz Definitiva da Manhã”, apontado pelo Mestre
Luís da Câmara Cascudo como “um dos mais belos e
fortes contos que lera, entre autores de diversos paí-
ses”. Através de concurso foi nomeado fiscal aduanei-
ro, em Areia Branca/RN, depois foi transferido para o
Recife, onde permanece até os dias atuais.
Sobre a batuta de Esmaragdo Marroquim, ao lado de
Audálio Alves e Ladjane Bandeira, Aluízio teve gran-
de atuação como editor do Suplemento Literário do
Jornal do Commercio: onde acolhia os novos escritores,
que hoje são denominados de Geração 65. Ganhou
vários prêmios, entre eles o primeiro lugar no Prêmio
de Literatura do Ipase, 1956, com a novela O velho,
os gatos e a noite, que lhe assegurou reconhecimento
nacional. Atualmente, Aluízio Furtado dirige o jornal
Ponto de encontro, dedicado à divulgação e promoção
cultural. É membro da Academia de Artes e Letras de
Pernambuco e da Alane.
Bibliografia: O silêncio das horas, contos, 1952; O sol-
dado de ronda, contos, 1953; Contos inéditos, 2000; Ali,
do outro lado da maçã, nov., 2002. Participa de diversas
coletâneas de contos e poesias.
715
Prêmio Fernando Chinaglia, RJ, 1981; Prêmio Carlos
Pena Filho, Recife, 1984; Prêmio José Condé, 1988;
Prêmio Vânia Souto Carvalho, da APL, 1995.
É membro efetivo da APL, da UBE-PE e sócio hono-
rário da Alane.
E quando se imagina que Amílcar está assentado na
ficção romanesca, eis que surge com In(ter)venções,
poesia, Ed. do Autor, Recife, 2000, de tal sorte singu-
lar que leva crítico do porte de Caio Porfírio Carneiro
a proclamar: “É que ele não se prende a fórmulas e
se expande e se fecha conforme – para além do tema
– lhe dita a magia criadora do momento”. E Sebas-
tião Vila Nova arremata: “Amílcar é motivo, com a
sua prosa e a sua poesia, de orgulho para quem é do
Recife, de Pernambuco, do Nordeste, do Brasil”.
Para mim, que convivi décadas com Amílcar, como
colega de trabalho, como amigo, como admirador,
considero-o verdadeiro artista da palavra, na prosa
ou na poesia. O jornalista Amílcar enfoca qualquer
tema com natural desenvoltura; enquanto escritor,
com um bonito estilo requintado, mergulha fundo na
alma humana na busca de respostas às grandes ques-
tões da transcendentalidade.
Bibliografia: O sexo poupado, 1974, e O inconverso, con-
tos, 1975, Editora Universitária, Recife; A morte do papa,
Ed. Soma, SP, 1979; Os doze caminhos, rom., Ed. Clube
do Livro, SP, 1981; Os olhos da insônia, Ed. Universitá-
ria da UFPE, Recife, 1982; A trama da inocência, nov.,
Ed. Soma, SP, 1983; Cartas ao espelho, rom., Fundarpe,
Recife, 1989; O baú e a serpente, rom., 2. ed., 1995; Doze
janeiros e um dezembro, contos, Fundarpe, 1994; Os ar-
recifes nunca silenciam, contos, Coleção de Livros Aca-
dêmicos, Ed. Comunicarte, Recife, 1996; O mistério de
Olin, nov., Edições Bagaço, Recife, 2005.
Dória Matos participa das coletâneas O urbanismo na li-
teratura: contistas de Pernambuco, Ed. Livros do Mun-
do Inteiro, Rio de Janeiro, 1976; e Contos de Pernambu-
716
co, Ed. Massangana/Fundaj, Recife, 1988, organizadas
por Cyl Gallindo. Tem verbete na Enciclopédia de lite-
ratura brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de
Souza, 2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
717
em Direito Empresarial e Eleitoral, notadamente nas
áreas de consultoria, planejamento e contencioso tri-
butário e comercial, como também em Direito Públi-
co e Direito do Entretenimento. Associado a Noronha
Advogados, com atuação em diversos países. Cofun-
dador do Instituto de Direito Privado da Faculdade
de Direito do Recife; Membro e Sócio Benemérito da
UBE-PE; Conselheiro da AIP; Palestrante Honorário
da Escola Ruy Antunes da OAB-PE, na cadeira de Di-
reito Eleitoral; foi Conselheiro Titular da 1ª Câmara
do 2º Conselho de Contribuintes da Receita Federal;
autor de artigos jurídicos e literários publicados em
periódicos, revistas e jornais; detentor da comenda
“Dom Quixote” da revista Cidadania e Justiça.
Membro das Academias Pernambucana de Letras, e
de Artes e Letras de Pernambuco.
Antônio foi um dos fundadores do Instituto Maxi-
miano Campos (IMC), depositário do acervo literário
e artístico do escritor Maximiano Campos, seu pai,
prematuramente falecido, e também promotor e di-
vulgador da Cultura pernambucana e nordestina.
O IMC apresenta uma lista considerável de lança
mentos de livros de outros escritores e produção dele
próprio, como a coletânea Pernambuco, terra da poesia:
um painel da poesia pernambucana dos séculos XVI
ao XXI, organizada pelo próprio Antônio Campos
e por Cláudia Cordeiro, IMC/Escrituras, SP, 2005, à
qual se junta esta Panorâmica do conto em Pernambuco,
lançada em 2007 e que agora aparece em 2ª edição.
Também são promovidos concursos, como o de con-
tos, que classificou dez novos escritores de diferentes
Estados e resultou no livro O talento com as palavras,
organizado pelo IMC/Edições Bagaço, 2006.
Além disso, o IMC realiza eventos culturais, como
participação com a “Casa das Letras” no I Festival de
Literatura de Garanhuns, 2006.
718
Antônio Campos assinou contrato para realizar, através
do IMC, a Fliporto – Festa Literária Internacional de
Olinda/PE. Sob a sua curadoria, a Fliporto aconteceu
em Porto de Galinhas, onde foi debatido o tema a Inte-
gração Cultural da América Latina; seguidos da Cultu-
ra Africana, da Cultura Hispânica e agora, neste ano de
2010, em novo cenário, enfocar a Cultura Judaica.
Presidente do Instituto Maximiano Campos (IMC),
sociedade civil voltada para a valorização da cultura
brasileira, especialmente dos valores literários, com
ampla atuação em Pernambuco e na região nordesti-
na, já apoiou a publicação de mais de 100 livros, cujas
atividades podem ser visualizadas no site abaixo.
Como escritor, além dos livros, Antônio Campos é ar-
ticulista, com coluna no Jornal do Brasil, RJ, e colabora-
dor dos jornais locais e conferencista, contista e poeta.
Estou consciente das dificuldades de reduzir uma
nota biográfica de Antônio Campos. Dizer o quê do
mentor, do dínamo de todos esses acontecimentos?
Antônio não limita sua atuação a Pernambuco, pois,
como foi noticiado, ele, acompanhado de Arnaldo
Niskier, Ivo Pitanguy, Gilberto Freyre Neto, visitou
Estocolmo para falar para acadêmicos suecos sobre o
nosso país: “O Brasil, que é um país mestiço, marca-
do pela mistura de raças, deve ser motivo de estudos
quanto à tolerância e ao convívio entre raças e cultu-
ras, quase uma ‘democracia racial’”. E conclui: “Resis-
tir contra a tentação fácil da xenofobia e do racismo
de toda espécie. Diálogo é a palavra-chave do mundo
contemporâneo: entre artes, etnias, religiões, cultu-
ras”. Visitar a Academia Sueca de Letras equivale a
dizer: O Brasil existe e tem escritores.
Antônio Campos traz de berço, no sangue, na alma,
o gosto pela Literatura e pelas Artes transmitido pelo
seu pai, o escritor Maximiano Campos. Assim como,
a marca da luta, do desbravamento, da transformação
do meio em que vive, herança de uma das maiores fi-
719
guras política deste país, seu avô Miguel Arraes. Sen-
do este um bem de família, não podemos deixar de
citar a figura do irmão, governador Eduardo Campos,
nem a obra que está realizando em Pernambuco.
Bibliografia: Mensagens, seleta de artigos, publicado
pelas Edições Bagaço, com 2ª edição, Recife, 2002;
Pense S.A., acerca de planejamento estratégico e me-
lhoria organizacional, Edições Bagaço, Recife, 2002; O
grande portal, seleta de artigos e ensaios, Edições Baga-
ço, Recife, 2003; Direito eleitoral – Eleições 2004, Edi-
ções Bagaço, Recife, 2004; A arte de advogar, Edições
Bagaço, Recife, 2004; Viver é resistir, Edições Bagaço,
Recife, 2005; Pernambuco, terra da poesia, Coletânea,
em parceria com Cláudia Cordeiro, Editora Escrituras,
SP, 2005; Território da palavra, Edições Bagaço, Recife,
2006; Panorâmica do conto em Pernambuco, em parceria
com Cyl Gallindo, Editora Escrituras, SP, 2007; Portal
de sonhos, poesias, Editora Escrituras, SP, 2008; [Em]
Canto – A voz do poema – leitura de Antônio Campos,
poesia CD, Atração Fonográfica/IMC, s.d.; Clarice Lis-
pector – uma geografia fundadora, palestra proferida
na APL, quando da comemoração do Dia Internacio-
nal da Mulher, 25.03.2010; Carpe Diem Edições e Pro-
duções, Recife, 2010; A reinvenção do livro, conferência
proferida na UBE-PE, em comemoração do Dia Inter-
nacional do Livro, 23.04.2010, Carpe Diem Edições
e Produções, Recife, 2010; Diálogos culturais no mun-
do pós-moderno, realizado em Estocolmo, março, 2010,
Carpe Diem Edições e Produções, Recife, 2010.
www.imcbr.org.br | www.antoniocampos.com.br
720
políticas, seu pai foi assassinado e a família, em 1942,
muda-se para o Recife. Matriculado no Ginásio Per-
nambucano, Ariano estuda também música e pintura.
Dois anos depois, no Colégio Oswaldo Cruz, publica
seu primeiro poema. Em 1946, entra na Faculdade de
Direito, onde encontra um grupo de atores, pintores,
romancistas, entre os quais Hermilo Borba Filho, com
quem fundam o Teatro do Estudante de Pernambuco
e anos depois fundam o Teatro Popular do Nordeste.
Diplomado em Filosofia e Direito, advogado, profes-
sor, ensaísta, poeta, teatrólogo, romancista, conferen-
cista, encanta o Brasil com as suas aulas-espetáculos.
Membro da ABL e das Academias Pernambucana e
Paraibana de Letras.
Casado comZélia de Andrade Lima, o casal tem seis
filhos: Joaquim, Maria, Manuel, Isabel, Mariana e
Ana, família ampliada, hoje, com muitos netos.
Escreveu diversas peças teatrais, encenadas, ou trans
formadas em filmes ou programas especiais da tele-
visão, além de lhe renderem muitos prêmios e fama
internacional, com destaque para O santo e a porca, A
pena e a lei, O casamento suspeitoso, Farsa da boa preguiça
e a mais divulgada de todas Auto da Compadecida.
Ao assumir o Departamento de Extensão Cultural da
UFPE, convoca os principais compositores do Recife
para juntos procurarem uma música erudita nor-
destina. Além de músicos, aderiram à convocatória
poetas, escritores, teatrólogos, pintores, gravuristas,
resultando no lançamento, no Recife, do Movimento
Armorial, em 1970, que mudou o rumo dos ventos na
cultura nordestina. Sem esquecer a contribuição que
oferece nos cargos ocupados em órgãos municipal,
estadual e federal, como atualmente é o secretário de
Cultura do Estado de Pernambuco.
É autor de um dos maiores romances brasileiros, o
Romance d’A pedra do reino, cuja primeira edição data
de 1971, trazendo o prefácio de Rachel de Queiroz e
721
posfácio de Maximiano Campos, onde afirmam, res-
pectivamente:
Rachel: “Picaresco o livro é – ou antes, o elemento picares-
co existe grandemente no romance, ou tratado, ou obra, ou
simplesmente livro – sei lá como é que diga! Porque depois de
pronto A pedra do reino transcende disso tudo, e é romance,
é odisseia, é poema, é epopeia, é sátira, é apocalipse”...
Ao que na mesma obra Maximiano Campos acrescen-
ta: “Isto faz desse livro de Suassuna um romance dentro
do qual existem outros romances, formando um mural onde
estivessem retratados o sertão e o mundo em cores fortes e re-
ais, apesar de todos os sonhos e loucuras de que está repleto.
Quaderna é uma espécie de Quixote que, não se contentando
em viver as suas aventuras, resolvesse também contá-la”.
Não busquei o que se disse de outras edições de A pedra
do reino. Preocupei-me apenas em transcrever a opi-
nião daqueles que apareceram na sua primeira edição,
Rachel e Maximiano, que são taxativos em classificar
a obra de Ariano como épica, no nível da Odisseia, de
Homero; da Divina comédia, de Dante; do Dom Quixote,
de Cervantes; de Guerra e paz, de Tolstói.
De minha parte, registro que estava na fila do lança-
mento para comprar o livro, quando Ariano pediu-me
para sair, porque o meu exemplar já estava oferecido
em sua casa. Saí e, dias depois, fui buscar o prometido,
com esta dedicatória: “Para Cyl Gallindo, que, como poe
ta, tem direito a ganhar o livro, o abraço cordial de Ariano
Suassuna. Recife, 31.1.72”. Aqui guardo este troféu.
Bibliografia – teatro – Uma mulher vestida de sol, 1947;
Cantam as harpas de Sião ou O desertor de princesa, 1948;
Os homens de barro, 1949; Auto de João da Cruz, 1950;
Torturas de um coração, 1951; O arco desolado, 1952; O
castigo da soberba, 1953; Auto da Compadecida, 1955; O
casamento suspeitoso, 1957; O santo e a porca, 1957; O
homem da vaca e o poder da fortuna, 1958; A pena e a lei,
1959; Farsa da boa preguiça, 1960; A caseira e a Catari-
na, 1962; As conchambranças de Quaderna, 1987.
722
Romance – Romance d’A pedra do reino e o Príncipe do
sangue do vai-e-volta, 1971. O rei degolado, 1976. A his-
tória de amor de Fernando e Isaura e A história de amor de
Romeu e Julieta, 1996. Ainda tem O movimento armorial,
poesia, 1974; Iniciação à estética, teoria literária, 1975,
e Seleta em prosa e verso, antologia, organizada por Sil-
viano Santiago, 1975, e poemas, 1999.
Deixo de mencionar as muitas edições de cada uma
dessas obras, assim como artigos, entrevistas e ensaios
publicados tanto no Brasil como no exterior, onde
Ariano tem obras traduzidas para alemão, francês,
espanhol, inglês, italiano, polonês, etc.
Ariano participa da Pernambuco, terra da poesia, organi-
zada por Antônio Campos e Cláudia Cordeiro, IMC/
Escrituras, SP, 2006, e tem verbete em vários dicioná-
rios e enciclopédias, a exemplo da Enciclopédia de Lite-
ratura Brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de
Souza, 2. ed., Global Editora, Fundação Biblioteca Na-
cional ABL – Academia Brasileira de Letras, SP, 2001.
724
quem não ouviu Ascenso dizer, contar, declamar, re-
zar, cuspir, dançar, arrotar os seus poemas, não pode
fazer ideia das virtudes verbais neles contidas, do mo-
vimento lírico que lhes imprime o autor”. Pelo fato de
também sermos amigos, Bandeira fustigava-me por
não conhecer Stelinha e Ascenso, embora vivesse a
declamar os seus versos em noites literomusicais pelo
Ministério da Educação e Cultura, Automóvel Clube,
Pen Clube do Brasil e outros lugares do Rio de Ja-
neiro. Redimi-me do pecado ao visitar o Recife, em
1964, e ir à residência do casal, onde ganhei autogra-
fados o livro Catimbó e outros poemas, Liv. José Olympio
Editora, 1963, e o disco duplo: Ascenso Ferreira – 64
poemas escolhidos e 3 histórias populares, oferecidos
com “carinhosa homenagem do poeta do povo”. As-
censo colaborou com jornais e revistas do Brasil e foi
líder inconteste nos meios literários do Recife, como
registra Souza Barros, no seu A década de 20, em Per-
nambuco, 1972, ensaio enfocando especialmente o
Café Lafayete.
De volta para o Recife, os laços de amizade amplia-
ram e perdurou até os últimos instantes do poeta e
de dona Stela Griz. Dias depois, escrevi o poema “As-
censão de Ascenso”, publicado na revista Letras, da
FNFi, Rio, 1965, como apêndice de um Ensaio sobre
Ascenso Ferreira do professor Clécio Quesado.
Muito há o que se dizer da trajetória de vida de As-
censo Ferreira, de sua original poesia, que mereceu
estudos de expoentes como Manuel Bandeira, Sérgio
Milliet, Mário de Andrade, Luís da Câmara Cascudo,
Roger Bastide, Luiz Luna, Souza Barros, João Ribeiro,
Tristão de Athayde e muitos outros e ainda hoje des-
perta críticos e estudiosos da Literatura Brasileira.
Aqui devo acrescentar o empenho de Jessiva Sabino
e Juareiz Correya, no sentido de conservar, promover
e divulgar a obra do autor de Cana caiana, em que o
poeta prefere cantar o gênio da raça, não o de Rui
725
Barbosa, mas aquela mulatinha chocolate, fazendo
passo do siricongado, na terça-feira de carnaval.
Uma das ternas referências do poeta era quando fa-
lava da filha Maria Luísa, nascida em 1948, fruto do
relacionamento com Maria de Lourdes, a quem co-
nheci anos depois.
Bibliografia: Catimbó, 1918; Cana caiana, 1939; Poesias,
1951; Poemas, 1922/1953; Xenhenhém, 1953; Catimbó e
outros poemas, 1963; Eu voltarei ao sol da primavera, edi-
ção póstuma, org. Jessiva Sabino e Juareiz Correya,
1985; Maracatu, presépio e pastoris, ensaios, 1986; Bum-
ba meu boi – ensaios folclóricos, 1986.
Ascenso Ferreira tem verbete na Enciclopédia de literatu-
ra brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Sou-
za, 2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
726
Sociais e Econômicas, RJ; presidente da Associação
Brasileira de Imprensa; sócio benemérito do Instituto
Histórico e Geográfico do Brasil; do Instituto Históri-
co Arqueológico e Geográfico de PE; Doutor Honoris
Causa pela UPE; membro do Pen Clube; da Academia
de Ciências de Lisboa, Portugal; da Fundação Getúlio
Vargas e da ABL, 1937, da qual foi secretário-geral, di-
retor da Revista da Biblioteca e presidente.
Esta é uma biografia difícil de ser resumida pelo que
Barbosa Lima foi como homem e como cidadão nos
seus 102 anos de existência ativa e lúcida. Barbosa
Lima Sobrinho é um nome que enobrece Pernambu-
co e engrandece a Cultura Brasileira.
Bibliografia: A árvore do bem e do mal, ensaios, confe-
rências e contos, Gráfica do Jornal do Brasil, 1926.
Desse livro, que se encontra reservado em espaço pró-
prio na Biblioteca do Estado, extraímos o conto parti-
cipante desta Antologia. Pernambuco e o rio São Francis-
co, hist., 1929; A Bahia e o rio São Francisco, hist., 1931;
A ação da imprensa na primeira constituinte, hist., 1934;
O vendedor de discursos, ensaio, 1935; O centenário da
chegada de Nassau e o sentido das comemorações pernam-
bucanas, hist., 1936; Recepção na ABL, discurso, 1938;
Recepção de Carneiro Leão na Academia, discurso, 1946;
O devassamento do Piauí, hist., 1946; A verdade sobre a
Revolução de Outubro, hist., 1946; A Revolução Praieira,
hist., 1949; A comarca do rio São Francisco, hist., 1950;
A questão ortográfica e os compromissos do Brasil, filologia,
1953; Artur Jaceguai, hist., 1955; A língua portuguesa e
a unidade do Brasil, filologia, 1958; Os precursores do
conto no Brasil, introdução da antologia, 1960; Desde
quando somos nacionalistas, hist., 1963; Alexandre José
Barbosa Lima, hist., 1963; Capistrano de Abreu, s.d.; Pre-
sença de Alberto Torres, hist., 1968; Oliveira Lima, obras,
1971; Pernambuco: da Independência à Confederação
do Equador, hist., 1979. Além de muitas outras obras
sobre Política, Economia, Administração, Direito,
727
conferências, ensaios, discursos e combativos artigos,
que escreveu até as vésperas de sua morte.
Barbosa Lima Sobrinho tem verbete na Enciclopédia de
literatura brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de
Souza, 2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
728
o trabalho “Estradas do Mar”, conquistou o 1º lugar
no III Concurso de Contos Um Livro é um Amigo, em
Coimbra, Portugal. Com o livro Arquitetura da luz, foi
uma das premiadas em 2001 no concurso Prêmios Li-
terários Cidade do Recife, promovido pela FCCR. Esta
obra foi publicada em 2004, pela Editora Baraúna, PE.
Bartyra Soares pertence à Alane e à UBE-PE.
Bibliografia: Enigma, poesia, 1976; Sombras consolida-
das, poesias, 1980; O primeiro quadrante, poesia, 1985;
No rosto do tempo, poesia, 1987; Da permanência e da
temporalidade, um tempo de Catende, ensaio, 1987; Vere-
dictos, poesia, 1995; Estrela em trânsito, poesia, 1997;
Arquitetura da luz, poesia, 2004. Oratório da paixão,
poema dramático escrito em parceria com Maria do
Carmo Barreto Campello de Melo, foi encenado di-
versas vezes na capital e no interior do Estado; Silên-
cio das velas vivas, contos, Editora Novo Horizonte,
Recife, 2008.
729
Ferreira de Poesia pelo poema Flamboiã do Recife; em
2007 foi concedido ao livro infantil-juvenil Voo da fe-
licidade o Prêmio Elita Ferreira de Literatura Infantil
da Academia Pernambucana de Letras, editado pela
Edições Bagaço; em 2010, organizou o livro Antologia
poética do poeta Geraldino Brasil ao qual foi concedi-
do o prêmio do Sistema de Incentivo à Cultura (SIC)
da Prefeitura do Recife, que também recebeu edições
em braille (produzido pela Biblioteca Pública do Es-
tado – PE) e livro falado (através do Programa VIVO
Voluntário – Instituto VIVO).
Outro prêmio de destaque que coube a Beatriz é ter
nascido filha do poeta e pensador Geraldino Brasil.
Isso lhe garante um princípio de poesia, de literatu-
ra, vindo do berço.
Em 2010, o livro Voo da felicidade foi adotado pela Rede
Municipal do Recife e faz parte do acervo – Pacote Ma-
nuel Bandeira, 2010 – que inclui 58 títulos de litera-
tura e didáticos. Essa iniciativa faz parte do Programa
Manuel Bandeira de Formação de Leitores.
730
tação e astronomia. Disputou e conquistou taças em
torneios de xadrez. Elaborou esquemas matemáticos
para ganhar na Loteria Esportiva e fez os 13 pontos
em cerca de sessenta (60) apostas. Com isso, tornou-
se empresário e se distanciou da Literatura por mais
de 25 anos. Mesmo assim, escreveu, organizou e pu-
blicou livros, exceto Futuros congelados e A semente, pela
sua editora ED-Micro. Por essa mesma editora, Beni-
to já organizou e publicou oito antologias de poesia
e conto. A fortuna crítica de Benito Araújo envolve
expressivos nomes da Literatura, como Osman Lins,
Mário Hélio, Dirceu Rabelo e outros.
Bibliografia: Futuros congelados, rom., 1956, depoi-
mentos de Osman Lins, Olímpio Bonald Neto e
outros; A semente, fábula, 1982, 2000, 2002 e 2003.
Prefácio de Flávio Chaves e 36 depoimentos de escri-
tores, artistas e religiosos; Via-Láctea, poemas, 1995,
Menção Honrosa em concurso nacional; em 2001,
com prefácio de Dirceu Rabelo; 7 Temas para estórias
de felinos e fantasmas, 1995; Do Coliseu à Torre Eiffel,
uma leve maratona, 1995; Beco da fome, fábula. Parti-
cipou do 18º Salão de Livros em Paris, 1998. Prefácios
de Edmir Domingues, Mário Hélio e Vital Corrêa de
Araújo, em 2005; Fábula marinha, em versos, 1999;
Mintaka, ficção juvenil, 2001; Larissa e a gata Mimosa,
2002; O turfista, rom., 2003, com prefácio de Mário
Márcio. Prêmio Vânia Souto Carvalho, da Academia
Pernambucana de Letras; Retalhos, poesia e prosa,
2004. Publicou ainda a Trilogia do Beco da Fome, 2006,
e O mundo além do quintal, fábula, em 2009, ambos
pela ED-Micro, Recife.
731
foi publicada em antologias no Brasil, em Portugal
e na Espanha (Galícia). Na condição de ensaísta, é
considerado um dos maiores conhecedores da obra
do escritor Ariano Suassuna. Com um detalhe: C. N.
na mesma linha do Mestre, já revela um profundo co-
nhecimento. Seu conto é um exemplo, mergulhando
na Odisseia traz descendentes de Zeus para abrilhan-
tarem a sua narrativa, ao embalo do canto do rouxi-
nol, nesta segunda edição.
Seu trabalho no campo da crítica inclui a seleção e
organização dos poemas de Ariano Suassuna, para a
editora universitária da UFPE, poemas, 1999; dois
ensaios do mesmo autor, para a editora José Olym-
pio, Almanaque armorial, Rio, 2008; da poesia reunida
de Paulo de Tarso Correia de Melo, para a editora
universitária da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, Talhe rupestre, UFRN, 2008; e a organização
do álbum iconográfico Portal da memória, 2005, publi-
cado pelo Senado Federal por ocasião do cinquente-
nário da UFRN.
Bibliografia: No campo do ensaio, publicou, entre
outros, A ilha Baratária e a ilha Brasil, UFRN, Natal,
1996; O pai, o exílio e o reino: a poesia armorial de
Ariano Suassuna, UFPE, Recife, 1999; O quinto nai-
pe do baralho, Artelivro, Recife, 2002. No campo da
prosa de ficção, publicou Honorato, o bom-deveras, Ba-
gaço, Recife, 1998; e Vida de Quaderna e Simão, Arte-
livro, UFPE, Recife, 2003). Estreou na poesia com O
homem só e outros poemas, edição do autor, Natal, 1993;
seguindo-se: Canudos: poema dos quinhentos, UFC,
1999; Nóstos, Bagaço, Recife, 2002; Poeta em Londres,
Bagaço Recife, 2005; De mãos dadas aos caboclos, Baga-
ço, Recife, 2008; e O cangaço na poesia brasileira – reu-
nindo a produção de poetas eruditos sobre o tema,
Escrituras, São Paulo, 2009.
732
CARLOS Severiano CAVALCANTI, (“O teco-teco”),
nasceu em Campina Grande/PB (31.07.1936). Ra-
dicado no Recife há 45 anos. Bacharel em Relações
Públicas e Comunicação Social pela Escola Superior
de Relações Públicas de Pernambuco, Esurp. Poeta,
declamador, palestrante, contista.
Integra instituições culturais como: Instituto Históri-
co de Olinda; Sociedade dos Poetas Vivos de Olinda;
Academia de Artes, Letras e Ciências de Olinda (pre-
sidente); Academia Olindense de Letras; Academia
Recifense de Letras; Alane, Sobrames, União Brasi-
leira de Trovadores (UBT) e UBE-PE.
Participa das seguintes coletâneas de poesias e con-
tos: Poetas vivos de Olinda; Letras e Artes da Alane.
Colabora com as revistas: Oficina de Letras da Sobra-
mes e Revista Letras e Artes, da Alane, e tem poemas
publicados em Francachela, Revista Internacional de
Literatura e Arte, dirigida por José E. Kameniecki,
Buenos Aires, Argentina.
Bibliografia: Caminhos da vida, Edições Bagaço, Recife,
1997; Prêmio “De Lyra e César”, de poesias, da Acade-
mia Pernambucana de Letras, 2000; Reflexos de terra e
sol, CEPE, Recife, 2001; Sertanidade, Gráfica Fac-Form,
Recife, 2004, Menção Honrosa da Academia Pernam-
bucana de Letras, ano 2006, e Tema de Mestrado em
Língua Portuguesa: O popular e o erudito na poesia bra-
sileira na UFPE; nome de mesa na Festa Literária de
Paraty, RJ, 2007. Sertanidade foi também editado em
linguagem Braille pelo Instituto São Manoel para es-
tudantes invisuais da cidade do Porto, Portugal, 2010.
Seus poemas foram gravados em DVD, com ilustra-
ções elaboradas por estudantes das escolas Rodrigues
de Freitas, Porto, e Diogo Bernardes de Ponta da Bar-
ca, ambas ao Norte de Portugal.
Técnicas de metrificação poética, Recife, 2007, em par-
ceria com Salete Rêgo Barros e Terezinha Acioli; Na
ponta da língua, guia do escritor, Novo Estilo, Recife,
733
2008; A gênese do tempo, poesias – Menção Honrosa do
Prêmio Edmir Domingues, da APL; Histórias sertane-
jas, contos, Edições Edificantes, Recife, 2009; Tresafio,
motes e glosas, Editoração Eletrônica e Impressão,
Recife, em parceria com Paulo Camelo e Rosa Lia Di-
nelli; Trovalizando a redondilha, trovas; e Retrospectivas,
crônicas, inéditos. Carlos, Telma Brilhante e Lourdes
Nicácio e Silva organizaram a antologia Paisagem da
memória, com trabalhos de 73 autores, lançada re-
centemente no Recife pela Novo Horizonte e, como
afirma a jornalista Raphaela Nicácio, “é livro que traz
inquietantes e brandas lembranças”.
734
nasceu para o mundo no Recife. No Recife ela perdeu
o olhar da inocência.”
Para mim, e creio que também para psicólogos e psica-
nalistas, o homem psicológico forma-se até os 10 anos
de idade. É exatamente por isso que são considerados
pernambucanos escritores como Clarice, Graciliano
Ramos, Cláudio Aguiar, Ariano Suassuna e muitos ou-
tros de formação intelectual pernambucana.
Aos 19 anos, casa-se com o diplomata Mauri Gurgel
Valente, e passa a residir no exterior por muitos anos,
até voltar para o Brasil e se fixar no Rio de Janeiro.
A escritora Clarice Lispector, que viveu sua infância
no Recife, e que tem admiradores em todo o mun-
do, vai ganhar uma fotobiografia. A professora Nádia
Gotiblib, da USP, prepara-se para o lançamento. A
publicação reúne 600 imagens colhidas durante anos
de trabalho. Alguns cliques serão da escultura que
a homenageia na Praça Maciel Pinheiro, no Recife,
feitos pelo jornalista e fotógrafo Marcus Prado, a pe-
dido da autora. Clarice é a grande homenageada na
Fliporto-2010.
Bibliografia: Perto do coração selvagem, rom., 1944; O
lustre, rom., 1946; A cidade sitiada, rom., 1949; Alguns
contos, 1953; Laços de família, contos, 1960; A maçã no
escuro, rom., 1961; A legião estrangeira, contos e crôni-
cas, 1964; A paixão segundo G. H., rom., 1964; A mulher
que matou os peixes, 1968; Uma aprendizagem ou O livro
dos prazeres, rom., 1969; Felicidade clandestina, con-
tos, 1971; A imitação da rosa, contos, 1973; Água viva,
prosa, 1973; Lazos de família, contos, Ed. Argentina,
1973; A via-crúcis do corpo, contos, 1974; Onde estives-
te de noite?, contos, 1974; De corpo inteiro, entrevista,
1975; Visão do esplendor, crônicas, 1975; Seleta, con-
tos, rom., 1975; Contos escolhidos, 1976; A hora da estre-
la, rom., 1977; Para não esquecer, crônicas póstumas,
1978; Um sopro de vida, prosa póstuma, 1978; A bela e
a fera, contos póstumos, 1979; A descoberta do mundo,
735
crônicas, 1984. Clarice participa de centenas de an-
tologias e motivou milhares de críticos e estudiosos
a escreverem sobre sua obra, no Brasil e no exterior,
sempre apontada como uma das altas expressões da
Literatura Brasileira.
Clarice Lispector tem verbete na Enciclopédia de lite-
ratura brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de
Souza, 2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
736
nal de Dramaturgia do Governo de Goiás, 1977, 3ª ed.
2002; Antes que a guerra acabe, drama, 1985. Prêmio de
Teatro Valdemar de Oliveira, promovido pelo Gov. de
PE, 1982; Brincantes do Belo Monte, auto. Prêmio de
Teatro Hermilo Borba Filho, 1981, promovido pela
UFPE e Funarte; Os espanhóis no Brasil, ensaio, 1991;
Literatura e emigração, ensaio, com José Rodrigues de
Paiva, 2001; Teatro de Franklin Távora, ensaio, Coleção
Dramaturgos do Brasil, vol. VI, org. Cláudio Aguiar,
2003; Franklin Távora e o seu tempo, biog., Coleção Afrâ-
nio Peixoto, vol. 72, da ABL, 2005; O comedor de sonhos,
narrativas, 2007; Medidas & circunstâncias – Cervantes,
Padre Vieira, Unamuno, Euclides e outros, 2008; O monó-
culo & o calidoscópio – Gilberto Freyre, escritor, 2010.
Obras publicadas no exterior: Viento del Nordeste: Home-
naje Internacional al Escritor Brasileño Cláudio Aguiar.
Cátedra de Poética Fray Luis de León, Universidade
Pontifícia de Salamanca, Espanha, 1995; Complainte
nocturne, L’Harmattan, Paris, 2005. (Edição francesa de
Caldeirão, traduzido por Gaby Kirsch e introdução de
Sylvie Debs); A volta de Emanuel, rom., Editora Vagrius,
Moscou, 2006. (Traduzido por Natália Konstantinova).
Cláudio tem verbete na Enciclopédia de literatura bra-
sileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza, 2.
ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
737
Prefeitura da Cidade de Delmiro Gouveia, AL, 1996,
nos 80 anos de falecimento de Delmiro Gouveia;
Menção Honrosa no Concurso de Causos CHESF 50
Anos, 1998; Menção Honrosa do Prêmio Eugênio
Coimbra Júnior, de Poesia, no Concurso Literário
Cidade do Recife, Conselho Municipal de Cultura,
2005; Menção Honrosa, Prêmio Edmir Domingues,
de Poesia, no Concurso Literário da APL, 2005; 1º
lugar: no 3º Concurso de Contos Luís Jardim, 2005,
Biblioteca Popular de Casa Amarela, com o conto “A
dama do paço”, que faz parte desta Coletânea; um
dos 10 vencedores do Concurso Literário Menção
Joaquim Cardozo, 2005 do Clube de Engenharia de
Pernambuco, 2005; 3º Lugar no Concurso Literário
Josepha Máximo Ferreira, 2005, UBE-PE.
Bibliografia: Pra não morrer de amor, poesia, 1990; É
eterno, mas é preciso, poesia, 1992; Crônicas do encontro,
1994; Umareru, instantâneos de Natal, haicais, 2001;
Haicai ao Recife, fotos e haicais, 2002; Máscara em
haicai, pesquisa, fotos e haicais, 2005; 365 Haicais de
sol e chuva, poesia, 2006; Prêmio Eugênio Coimbra
Júnior e Prêmio Edmir Domingues, 2005; no prelo:
100 Tancas de amor amado, poesia, 2006.
738
Durante o mandato de governador, ficou conhecido
como administrador que cumpriu seu compromisso
com a inclusão social, transformando em lei o que es-
creveu nos 20 livros que publicou. Entre as diversas
soluções criativas para combater a pobreza imaginada
pelo professor Cristovam e implantadas pelo governa-
dor Cristovam, a mais conhecida no Brasil e no exte-
rior é o Bolsa-Escola, responsável por uma revolução
na educação e na luta pela erradicação da pobreza.
De 1999 a 2002, Cristovam Buarque dividiu seu tempo
entre a UnB, seus escritos e a organização não governa-
mental Missão Criança, criada por ele para promover
o Bolsa-Escola, ideia que mantém mais de mil famílias
com bolsa escola financiada com recursos privados.
Assumiu o Ministério da Educação em janeiro de 2003
e permaneceu no cargo até janeiro de 2004. Nos treze
meses em que atuou como ministro, disseminou a no-
ção de que a educação não é mero serviço ou direito
assistencial, e sim a única maneira de construir um
país moderno, solidário e eficiente.
Ao longo de sua carreira, Cristovam publicou mais de
20 livros e colaborou por mais de 20 anos com jor-
nais e revistas de larga circulação. Também trabalhou
como consultor de diversos organismos nacionais e
internacionais do sistema das Nações Unidas. Foi
presidente do Conselho da Universidade para a Paz
das Nações Unidas, membro do Conselho Presiden-
cial que elaborou a proposta de Constituição (Cons-
tituinte, 1987) e integrante da Comissão Presidencial
para a Alimentação, dirigida por Betinho. Em Bra-
sília, Cristovam sempre esteve presente e prestigiou
a Casa de Pernambuco, como amigo, aconselhando,
dando sugestões.
Ao receber exemplar da primeira edição deste Panorâ-
mica..., o senador Cristovam Buarque honrou os seus
organizadores com as seguintes palavras: “O livro ficou
ótimo. Não sei se o meu conto está à altura. Sugiro um
739
lançamento em Brasília, com frevo e tudo, para a co-
munidade recifense. Abraços, C. B. Estendendo-se um
pouco mais, declarou: “Gostei do seu conto. É uma obra de
ficção e um ensaio sobre o casamento e a vida (morte)”.
Bibliografia: Sinandá, rom., 1981; Ressurreição do ge-
neral Sanchez, Astrícia, rom., Editora Civilização Bra-
sileira, 1984; A eleição do ditador: uma conspiração
perpétua, rom., Paz e Terra, 1988; A segunda abolição,
Paz e Terra, 1999; A fronteira do futuro: o projeto da
UnB, 1989; A desordem do progresso, 1990; O colapso da
modernidade, 1991; A revolução na esquerda e invenção
do Brasil, 1992; Os deuses subterrâneos, 1994; Admirável
mundo atual, Geração Editorial, 2001; Os tigres assusta-
dos: uma viagem pelas fronteiras dos séculos, viagem,
1999; Um livro de perguntas, Garamond, 2004. Várias
obras de Economia e Política. Cristovam Buarque
conquistou o Prêmio Jabuti de 1995 e tem verbete
na Enciclopédia de literatura brasileira, de Afrânio Cou-
tinho e J. Galante de Souza, 2. ed., Global Editora,
FBN/ABL, SP, 2001.
740
Gallindo privou e priva da amizade de grandes no-
mes da Literatura Brasileira, como Manuel Bandeira,
Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes,
Gilberto Freyre, Mauro Mota, Nélida Piñon, Anderson
Braga Horta, José Santiago Naud e muitos outros.
Atualmente representa no Brasil a Francachela, Re-
vista Internacional de Literatura e Arte, editada na
Argentina, e é diretor da Coleção Integração Cultural
Latino-Americana (CICLA) destinada a tradução e
publicação de obra de autores brasileiros contempo-
râneos, na Argentina, e faz parte do Conselho Edito-
rial da revista Encontro, do GPL, PE.
Proferiu conferências em mais de uma dezena de uni-
versidades de norte a sul do país, e instituições outras
como a Casa de Cultura Euclides da Cunha, São José
do Rio Pardo, SP, durante dez anos, da qual recebeu
placa comemorativa pelos 100 anos de publicação de
Os sertões; e nos I, II, III Congresso Nacional de Es-
critores em Pernambuco. Foi agraciado com inúmeras
placas de entidades culturais. A 18.11.2004 recebeu o
título de Cidadão do Recife e a Medalha José Mariano,
concedidos pela Câmara Municipal do Recife, sob pro-
posta do Vereador Paulo Dantas.
Bibliografia: Agenda poética do Recife: antologia dos no-
víssimos, prefácio de Joaquim Cardozo, coordenada
pela Editora de Brasília, 1968; A conservação do grito-
gesto, poesia, Imprensa Universitária, UFPE, 1971, Prê-
mio de Poesias da APL; As galinhas do coronel, contos,
Recife, 1974; Prêmio Revista Equipe, Recife; O urba-
nismo na literatura: contistas de Pernambuco, antologia,
Ed. Livros do Mundo Inteiro, Rio de Janeiro, 1976;
Um morto coberto de razão, contos, Livraria Francisco
Alves Editora, Rio de Janeiro, 1985. Prêmio de Fic-
ção da APL; Contos de Pernambuco, antologia, org. Cyl
Gallindo, Ed. Massangana/Fundaj, Recife, 1988; Livro
para minha idade/O menino e o peixe, infanto-juvenil, em
parceria com sua filha Guajassy – Casa de Pernambuco
741
– Centro Gráfico do Senado Federal, Brasília, 1989;
Quanto pesa a alma de um homem – Quanto pesa a alma de
uma mulher, contos, Edições Bagaço, Recife, 1994; Os
movimentos, poesia, Fundarpe, Recife, 1996; 20 Poemas
escolhidos – Por Waldemar Lopes, Ed. Livros de Ami-
gos, Recife, 1999; Cadeira de Dinah, Discurso de posse
na Academia de Letras do Brasil, Editora Comunicar-
te, Recife, 1999; Em defesa da língua portuguesa, ensaio,
Edição da ARL, 2000; Milagre no jardim da casa-grande,
conto, B & B Projetos Culturais, Recife, 2003; De como
descobri que não existo, contos, CEPE, 2007, traduzido
para o espanhol por Jorge Ariel Madrazo, Editorial
Francachela, Buenos Aires, 2007.
Gallindo escreveu prefácios e apresentações de deze-
nas de obras de outros escritores, entre as quais Ca-
nudos e outros temas, de Euclides da Cunha, 2ª 3ª e
4ª edições do Senado Federal, Brasília, 1992, 2002,
2003, em comemoração aos 90 e aos 100 anos de
publicação de Os sertões. Escreveu ainda artigos, re-
portagens, críticas, crônicas, entrevistas, poesias e
contos publicados em antologias, jornais e revistas
de diversos Estados do Brasil, e no exterior, onde foi
traduzido, respectivamente, para espanhol, alemão e
francês, em Francachela, Argentina; Xicóatl, Áustria;
Rampa, Colômbia; Poésie du Brésil, org. Lourdes Sar-
mento, França; e Prismal, org. Regina Igel, University
of Maryland, Estados Unidos.
Gallindo participa da coletânea Pernambuco, terra
da poesia, org. Antônio Campos e Cláudia Cordeiro,
IMC/Escrituras Editora, SP, 2005, e tem verbete na
Enciclopédia de literatura brasileira, de Afrânio Cou-
tinho e J. Galante de Souza, 2. ed., Global Editora,
FBN/ABL, SP, 2001.
742
Elétrica e em Jornalismo. Professor, agricultor, fotó-
grafo, produtor de audiovisuais, ator e diretor teatral,
radialista, ficcionista. Reside em Brasília, DF, desde
1983, onde trabalha na imprensa local. Faz parte da
diretoria do Sindicato dos Jornalistas do DF. É as-
sessor parlamentar, atuando com meio ambiente e
democratização da comunicação. Durante oito anos
produziu e apresentou o programa Canta Nordeste de
música e informações, na Rádio Cultura FM, Brasília.
Tem artigos publicados em diversos jornais e revis-
tas impressas ou eletrônicas sobre meio ambiente e
comunicação (rádios comunitárias). Foi repórter do
Jornal da Semana Inteira (Brasília), e da Folha do Meio
Ambiente (Brasília). Foi roteirista e repórter no vídeo
Brasília, mistério e magia.
Brasília é centro místico do Brasil, berço do Vale do
Amanhecer, A Cidade Eclética, afora terreiros de um-
banda, centros espíritas, sinagogas, pagodes, igrejas e
templos de tudo que é religião do mundo. Dioclécio
fez-se porta-voz desse universo na imprensa do Distri-
to Federal. O que já produziu de reportagens, vídeos,
livros e fotografias dá um museu. Realiza seminários,
encontros, missas, cultos e todo tipo de manifestações
religiosas que se possa imaginar. E casa, batiza, dá
extrema-unção, consagra, perdoa, amaldiçoa, exorci-
za, desce espírito, sobe, vira e mexe. É magistral o seu
trabalho como roteirista e repórter no vídeo Brasília,
mistério e magia, no qual se tem uma amostra genuína
de que a sua especialidade é a multiplicidade de ações.
Foi assim que o encontrei e ficamos amigos.
Comigo, agnóstico confesso, Dioclécio sofreu para
me convencer sobre a existência dos poderes sobre-
naturais. Compareci a tudo o que promoveu e me
convidou, socialmente.
Hoje, Dioclécio trata-me de “poeta e doido, como
eu”. Tem sete livros publicados de forma indepen-
dente, abordando múltiplos temas:
743
Bibliografia: Roteiro mágico de Brasília, reportagens,
vol. I, 1986, e II, 1989; A máfia dos agrotóxicos e a agri-
cultura ecológica, ecologia, 1995; Ladrões de natureza
– uma reflexão sobre a biotecnologia e o futuro do planeta,
ecologia, 1998; O diabo modernista, contos, 1992; Gente
sobrenatural,contos, 1996; Trilha apaixonada e bem-humo-
rada do que é e de como fazer rádios comunitárias, na inten-
ção de mudar o mundo, 2001, 1. ed. e 2. ed.,comunicação,
2004; O diabo modernista, contos, Brasília, 1992; e Gen-
te sobrenatural, contos, Brasília, 1996; Meio ambiente: a
máfia dos agrotóxicos e a agricultura ecológica, 1995,
e Ladrões de natureza: uma reflexão sobre a biotecnolo-
gia e o futuro do planeta, 1998. Os dois em parceria
com Sebastião Pinheiro; Vida e obra do acaso, crônicas,
Casa das Musas, Brasília, 2010.
744
É membro da Academia de Artes e Letras de Pernam-
buco; da Academia de Letras e Artes do Nordeste
Brasileiro; da Academia Recifense de Letras (ARL);
da Sociedade de Médicos Escritores, da qual também
é colaboradora; da Academia de Artes, Letras e Ciên-
cias de Olinda; da AIP e da UBE-PE, da qual partici-
pa da Diretoria.
A quem desejar conhecer Djanira Silva, já que o es-
paço aqui é resumido, recomendo ler De dentro do co-
ração, Edições Edificantes, Recife, 2010. A obra, orga-
nizada por Edvaldo Arlégo para homenagear a escri-
tora nos festejos dos 80 anos, reúne 90 depoimentos
saídos do coração para enaltecer essa menina sabida
de mais da conta.
Bibliografia: Em ponto morto, poesia, 1980; A magia
da serra, crônicas, 1996; Maldição do serviço domésti-
co, contos e crônicas, 1998; Olho do girassol, contos e
crônicas, 1999; Memórias do vento, crônicas e contos,
2004; Pecados de areia, crônicas memorialistas, 2005;
Do quintal para o mundo, crônicas, 2006. Deixe de ser
besta, narrativas, 2006; A morte cega, narrativas, 2009.
Participa de várias antologias e revistas culturais.
745
e Menção Honrosa do Prêmio Joaquim Cardozo, do
Clube de Engenharia de Pernambuco, 2005. É mem-
bro da diretoria da Alane e da UBE-PE. Faz parte do
Café Literário de Pernambuco.
746
de do Bem e no aqui e agora, por isso vive de forma
intensa o momento presente. Eis a razão do seu terrí-
vel medo da morte.
Everaldo é campeão em concursos literários, em nível
nacional e internacional. Pertence à Academia Bra-
sileira de Literatura Infantil e Juvenil-SP; à Alane; e
também à UBE-SP.
Bibliografia: O menino dos óculos de aro de metal, nov.,
1977; Fissuras, poesia, 1978; A hora anterior, nov.,
1979; Os olhos do túnel, nov., 1979; Autópsia, ando,
nov., 1980; Desordem, contos, 1980; Pião na unha e
outras estórias, contos, 1981; O homem e as barbas do
homem, contos, 1982; As sete taças da ira, nov., 1982;
Camas separadas, poesia, 1982; Adriana e outras estórias
mentirosas, contos, 1982; Os brinquedos de agora, con-
tos, 1982; A reviravolta, contos, 1982; O canto de sal,
nov., 1984; Do jeito que os inocentes e as pessoas senti-
mentais fazem, contos, 1986; O circo dos horrores, contos,
1987; Maurício de Nassau: feitos e farsas, ensaio, 1989;
O incêndio no conjunto vazio, rom., 1990; O segredo do
pincel mágico, infanto-juvenil, 1998; O vulcão submerso,
nov., 1998; A justiça dos assassinos, nov., 1998; A insônia
do mar, poesia, 1999; Tabocas e casa forte: dois gritos
de liberdade, ensaio, 1999; Ler e revisar, ensaio, 2000;
Contos descontados, ficção, 2000; A noite é circular, rom.,
2001; Conversa de menino, contos, 2001; Deus não per-
doa os pecadores, contos, 2001; O terral, nov., 2002; Os
pecados de Deus, histórias, 2003; Contos mal-entendidos,
ficção, 2003; Estórias sem rancor, ficção, 2004; A oficina
do medo, rom., 2004; P Salvador, rom., 2005; Eu, tam-
bém?, contos, 2005; Um tempo – sim. Outro – não, nov.,
2006; Depois eu conto, histórias, 2007.
Everaldo tem verbete na Enciclopédia de literatura bra-
sileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza, 2.
ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
747
FÁTIMA de Andrade QUINTAS, Maria de, (“De pro-
fundis”), nasceu no Recife/PE (28.02.1944). Diplomada
em Ciências Sociais pela UFPE, fez pós-graduação em
Antropologia Cultural, pelo Instituto de Ciências So-
ciais e Política Ultramarina, Lisboa, Portugal; mestra-
do em Antropologia Cultural, pela UFPE e pós-gradu-
ação em Museologia, pelo Museu das Janelas Verdes,
Lisboa, Portugal. Professora de História do Brasil, de
Antropologia Cultural. Pesquisadora da Fundaj, onde
exerceu a função de diretora do Departamento de An-
tropologia; coordenadora do Fórum Permanente Fa-
mília & Gênero; pesquisadora e secretária executiva
do Núcleo de Estudos Freyrianos e coordenadora do
Grupo de Trabalho Gilberto Freyre e a Contempora-
neidade, da Fundação Gilberto Freyre; superintenden-
te adjunta do Seminário de Tropicologia; articulista do
Jornal do Commercio; coordenadora da Oficina Literária
Clarice Lispector do Centro Cultural Brasil-Espanha;
escritora, articulista, contista, romancista. Faz parte da
APL, ARL, Sobrames e UBE-PE.
Assinale-se que Fátima Quintas tece com versatili-
dade e talento os fios das obras de Gilberto Freyre
e Clarice Lispector, sendo ela própria dona de uma
original linguagem atual e bela, tanto numa simples
crônica como nas obras de maior fôlego, como o ro-
mance, por exemplo.
Bibliografia: Sexo e marginalidade: estudo sobre a sexua
lidade feminina em camadas de baixa renda, 1987; O
cotidiano em Gilberto Freyre, org. 1992; Mulher negra:
preconceito, sexualidade e imaginário, org. 1995; O
negro: identidade e cidadania, org. 1995; Manifesto re-
gionalista, Gilberto Freyre, org. 1996; De névoas e bru-
mas, 1999; A obra em tempos vários, org. 1999; A mulher
e a família no final do século XX, 2000; Novo mundo nos
trópicos, org. 2001; Frevo no pé, 2001; Prece confessional,
2002; Segredos da velha arca, 2003; Evocações e interpre-
tações de Gilberto Freyre, org. 2004; O silêncio das horas,
748
2004; Oficina literária Clarice Lispector, org. 2005; As
melhores frases de Casa-grande & senzala: a obra-prima
de Gilberto Freyre, 2005. Opúsculos: Educação sexual:
um olhar adiante, 1992; Discurso de posse para a Aca-
demia Pernambucana de Letras, 2003; A ilustre casa dos
fantasmas, rom., 2007, e mais dezenas de artigos pu-
blicados no Jornal do Commercio.
749
Bibliografia: A banda, rot., 1969; Se essa rua fosse minha,
rot., 1970; Memória do mar sublevado, poesia, 1973; O
rei póstumo, teatro, 1974; Simetria terrível ou mecânica
de João Câmara, 1974; Escuriais rústicos, rot. 1975; Ca-
chaça uma mitologia popular, rot., 1975; Arquitetura ru-
ral nordestina, rot., 1975; Brennand sumário da oficina
pelo artista, rot., 1977; Saideira, rot., 1977; Bumba meu
boi da vida, rot., 1977; Cinema ou televisão, pensamento e
prática em torno, ensaio; Leilão sem pena, poesia, 1980;
Leilão sem pena, rot., 1980; Econométrica, poesia, 1982;
A senda da surata, nov., 1990; Aspades, ETs etc., ficção,
1997; A cabeça no fundo do entulho, rom., 1998; A múmia
do rosto dourado do Rio de Janeiro, rom., 2001; O grau
Graumann, rom., 2002; Armada América, contos, 2003.
Fernando Monteiro participa da coletânea Pernam
buco, terra da poesia, org. Antônio Campos e Cláudia
Cordeiro, IMC/Escrituras Editora, SP, 2005, e tem
verbete na Enciclopédia de literatura brasileira, de Afrâ-
nio Coutinho e J. Galante de Souza, 2. ed., Global
Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
750
Bibliografia: Os instrumentos do tempo, poesia, 1958;
Em redor do A, poesia, 1968; Os fantasmas da gaveta,
contos, 1968; O umbigo do anjo, contos, 1999.
Fernando Pessoa Ferreira tem verbete na Enciclopédia
de literatura brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante
de Souza, 2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
751
Na sua fortuna crítica, Flávio Chaves conta com no-
mes como Alberto da Cunha Melo, Mário Hélio, César
Leal, Lucila Nogueira e outros de expressão nacional.
Bibliografia: Digitais de um coração, 1983; Ofício de exis-
tir, 1985; Vocabulário das sombras, 1990; Alvoroço do in-
visível, 1992; Aragem do subterrâneo, 1994; Território da
lembrança, 1999; todos de poesias. Tem inédito Lua
azul, poesia, e Rosto no escuro, romance.
Participa, entre outras, das seguintes antologias: Ál-
bum do Recife: 450 anos de fundação da Cidade do
Recife, PCR, 1987; Poesia viva do Recife, 1996; Poésie
du Brésil, org. Lourdes Sarmento, edição bilíngue da
Vericuetos – Chemins, Paris, 1997; Mormaço e sargaço,
1998; Poemas de sal e sol, 1999; Amor nos trópicos, 2000;
Água nos trópicos, 2000; Fauna e flora nos trópicos, 2002,
org. Beatriz Alcântara e Lourdes Sarmento; I e II An-
tologias de poetas nordestinos, 1998 e 1999; e Antologia de
academias de poetas nordestinos, 2000.
752
gráfico Brasileiro; IH-SP; IH de Olinda; IH de Goiana;
IH de Igarassu; IH de Petrópolis; IH-MG; IH-PB e IH-
RN; Instituto de História, Etnologia e Folclore de Tu-
cumán, Argentina; International Society of Historians,
de Chicago, USA; foi um dos fundadores da UBE-PE.
Flávio Guerra foi o presidente (fundador) do Con
selho Municipal de Cultura do Recife, ao lado dos
conselheiros escritores Olímpio Bonald e Cyl Gallin-
do, maestros Nelson Ferreira e Mário Câncio, teatró-
logo José Carlos Cavalcanti Borges; artista plástico
Wilton de Souza e o professor Alfredo Schmauch.
Prêmio Joaquim Nabuco da ABL; Prêmio Joaquim
Nabuco da APL; Prêmios Literários Cidade do Recife
e Prêmio Pero Vaz de Caminha, Portugal.
Bibliografia: Pernambuco e a comarca do S. Francisco e
Os caminhos do São Francisco, hist., 1951; A questão reli-
giosa do II Império brasileiro, hist. 1953; Arrecifes de São
Miguel, hist. 1954; Lucena: um estadista de Pernambu-
co (Prêmio da APL), hist., 1958; Um programa de silos
e armazéns, ens., 1959; O último capitão-general, rom.,
1962 e 1972; História colonial do Nordeste, 1963 e 1966;
A guerra da restauração, 1964; Rondon: o sertanista,
biogr., 1965; Idos do velho açúcar, hist., 1966; História
de Pernambuco, dois vols., 1966; Vinte anos de atividades,
memória, 1966; De Friburgo ao Campo das Princesas,
biogr., 1967; Atualidades de 1817, hist., 1968; Alguns
documentos de arquivos portugueses de interesse para a his-
tória de Pernambuco, hist., 1969; Velhas igrejas e subúrbios
históricos, hist., 1969; Evolução Histórica de Pernam-
buco, ensaio, 1970; Crônicas do velho Recife, 1972.
Flávio Guerra participa da antologia O urbanismo na
literatura: contistas de Pernambuco, org. Cyl Gallindo,
Ed. Livros do Mundo Inteiro, Rio de Janeiro, 1976,
e tem verbete na Enciclopédia de literatura brasileira, de
Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza, 2. ed., Glo-
bal Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
753
FRANCISCO Austerliano BANDEIRA DE MELLO,
(“Crônica de uma tarde de domingo”), nasceu no
Recife/PE (29.04.1936). Bacharel em Direito, advo-
gado, jornalista, poeta, contista. Entre as diversas
funções públicas que exerceu ressaltam-se a de presi-
dente da Empetur, secretário de Turismo, Cultura e
Esportes de Pernambuco, em dois governos consecu-
tivos. Foi colunista político e literário dos jornais do
Recife e, atualmente, publica um artigo por semana
no Jornal do Commercio.
Recebeu prêmios de poesia da revista Cigarra, do Jor-
nal de Letras e do Estado de PE. É presidente do Con-
selho Deliberativo do Instituto Frei Caneca, membro
da UBE-PE e da APL.
Bibliografia: O pássaro Narciso, poesia, 1959, Prêmio de
Poesia do Estado de PE; A máquina de Orfeu e o sol amar-
go, poesia, 1961; Poemas didáticos, 1968; Convergências:
cadernos de procura I, crônicas e ensaios, 1994; Através
da vidraça: cadernos de procura II, crônicas e ensaios,
1997; Livro de sonetos, 1999; Baú de espelhos, 2000.
Bandeira de Mello participa de diversas antologias,
como Poésie du Brésil, coletânea bilíngue, org. Lourdes
Sarmento, Paris, 1997; O urbanismo na literatura: con-
tistas de Pernambuco, org. Cyl Gallindo, Ed. Livros do
Mundo Inteiro, Rio de Janeiro, 1976, e Pernambuco,
terra da poesia, org. Antônio Campos e Cláudia Cor-
deiro, IMC, 2005, e tem verbete na Enciclopédia de li-
teratura brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de
Souza, 2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
754
Aos 13 anos, foi mandado para um internato no
Recife, do qual se lembraria como uma verdadeira
prisão. Aos 18, comprou, em sociedade, um colégio
para meninas pobres em Olinda/PE. Posteriormente,
trabalhou como professor particular de Português e
Matemática, o que o levou à casa da aluna Alexina
Lins Crêspo, com quem se casou.
Em 1934, na Faculdade de Direito do Recife, conhe-
ceu a primeira prisão na vigência do Estado Novo,
acusado de trocar correspondência com um amigo
sobre ideias marxistas. Graduou-se aos 24 anos.
Ao deixar a faculdade, Julião já alimentava a ideia de
dedicar-se à causa da Reforma Agrária, atuando como
advogado de camponeses. Causa a que se dedicou quan-
do deputado estadual, eleito para duas legislaturas.
Em 1954, moradores do Engenho Galileia, em Vitó-
ria de Santo Antão, PE, o procuraram para auxiliá-lo
na criação de uma entidade, que passou a se chamar
Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Per-
nambuco, embrião da primeira Liga Camponesa, que
deu origem a muitas outras, em vários Estados brasi-
leiros, assim como à criação de sindicatos rurais.
Em julho de 1957, conseguiu a desapropriação do Enge-
nho Galileia, cujas terras foram divididas entre os cam-
poneses ali residentes, no que se considera o primeiro
ato formal de Reforma Agrária na América Latina.
Em 1962, chegou à Câmara Federal, de onde conti-
nuou a defender os pobres do campo através de ações
já então conhecidas nacional e internacionalmente.
Sua atuação à frente das Ligas Camponesas, assim
como sua defesa da Revolução Cubana e outras po-
sições similares contribuíram para torná-lo alvo fácil
da ira de latifundiários e de outras categorias sociais,
entre elas as Forças Armadas, o que lhe valeu ameaças
de morte, de sequestro, atentados contra a sua vida e
dos familiares. Após o golpe militar de 1º de abril de
1964, seguiram-se a cassação de seu mandato de de-
755
putado federal, a clandestinidade, a prisão e o exílio.
Como exilado, viveu 15 anos na cidade de Cuernava-
ca, capital do Estado de Morelos, no México, em cuja
zona rural muitos dos camponeses, já idosos, haviam
combatido ao lado de Emiliano Zapata. Com eles, Ju-
lião desenvolveu uma interessante pesquisa mediante
entrevistas cujas gravações estão preservadas.
Anistiado, Julião regressou ao Brasil em 1979. Rein-
tegrou-se à vida política na Executiva Nacional do
Partido Trabalhista Brasileiro, que havia ajudado a
fundar ainda no exílio, e que passou a ser denomina-
do de Partido Democrático Trabalhista (PDT).
Em 1995, voltou ao México, onde, sobrevivendo de
maneira extremamente modesta, escrevia suas me-
mórias, que intitulou Utopias de um homem desarmado,
que não concluiu devido ao seu falecimento. Seu cor-
po foi cremado, e suas cinzas permanecem naquele
país, aguardando o retorno desse novo desterro. No
entanto, a sua memória está viva no coração de quan-
tos, como eu, viveram os tenebrosos dias da ditadura,
alentados na esperança de retorno de Julião e len-
do Até quarta, Isabela, carta, escrita na prisão para sua
filha recém-nascida, mas repleta de lições éticas de
cidadania a quem se propusesse lutar pelo seu país e
pela dignidade humana.
Julião podia ter realizado uma grande obra, mas ele
próprio justifica a produção de apenas três livros: “Eu ti-
nha certas pretensões literárias, que abandonei para me
dedicar exclusivamente ao problema do camponês”.
Mesmo assim, resumir biografias de pessoas na es-
tatura de Francisco Julião, Barbosa Lima Sobrinho,
Graciliano Ramos é um martírio, por isso encerro
esta nota com um agradecimento a Anatailde Julião,
que cedeu o trabalho do seu pai para engrandecer e
constar desta coletânea.
Bibliografia: Até quarta, Isabela, carta-testamento, Edi-
tora Vozes, 1986; Cachaça, contos, prefácio de Gilber-
756
to Freyre, Editora Universitária, UFPE, 2005; Irmão
Juazeiro, romance.
757
lizada, destacando-se estudos de Osman Lins, Manuel
de Souza Barros, Wilson Martins, e outros.
Gastão de Holanda participa da coletânea O urbanis-
mo na literatura: contistas de Pernambuco, antologia,
org. Cyl Gallindo, Ed. Livros do Mundo Inteiro, Rio
de Janeiro, 1976, e tem verbete na Enciclopédia de lite-
ratura brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de
Souza, 2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
758
particular. Contista e poeta, participa, desde 2003, da
Oficina de Criação Literária de Raimundo Carrero
e foi incluída nas antologias de conto do grupo em
2004/2005, Edições Bagaço.
Conquistou Menção Honrosa no concurso promovido
pela Biblioteca Pública dos Afogados, Recife. Seu conto
“Aracy” classificou-se em 5º lugar no Concurso de Con-
tos de 2005, da Prefeitura de Cordeiro, JR; constando
de antologia organizada por Jacques Ribemboim. Em
2006, Gerusa angariou o 3º lugar de poesia no Con-
curso Literário da Fliporto, Porto de Galinhas, PE, e
arrebatou o 1º lugar no Prêmio Maximiano Campos,
promovido pelo IMC, organizado por Leila Teixei-
ra, que resultou na coletânea O talento com as palavras,
Apresentação de Antônio Campos e Prefácio de Luiz
Carlos Monteiro, Edições Bagaço, Recife, 2006.
759
indicando os nomes de Sebastião Barreto Campelo e
do professor Vamireh Chacon, respectivamente, para
a execução dos trabalhos. Anos depois, saiu o perfil
de Gilberto Freyre, mas com os nomes de outros idea-
lizadores. No entanto, Fernando Freyre declarou-me:
“Eu vi de quem foi a ideia”. Um terceiro momento
marcante deu-se quando promovi o encontro de Gil-
berto Freyre com Cristiano Cordeiro, um dos nove a
fundar o Partido Comunista Brasileiro, na década de
1920. Não posso omitir que trabalhei no IJNPS, onde
me relacionei com Gilberto Freyre e, por meio dele,
conheci outros grandes nomes da cultura brasileira.
Bibliografia: Casa-grande & senzala, ensaio, 1933; Ar-
tigos de jornal, 1934; Guia prático, histórico e sentimen-
tal da cidade do Recife, 1934; Nordeste, ensaio, 1937;
Conferências na Europa, 1938; Assucar, receitas, 1939;
Olinda: 2º Guia prático, histórico e sentimental de ci-
dade brasileira, 1939; O mundo que o português criou,
ensaio, 1940; Um engenheiro francês no Brasil, 1940;
Região e tradição, 1941; Ingleses, 1942; Problemas bra-
sileiros de antropologia, 1943; Na Bahia em 1943, 1944;
Perfil de Euclydes e outros perfis, 1944; Sociologia, ensaio,
1945; Interpretação do Brasil, ensaio, 1947; Ingleses no
Brasil, ensaio, 1948; Quase política, 9 discursos e 1 con-
ferência, 1950; Aventura e rotina, ensaio, 1953; Ordem
e progresso, ensaio, 1959; A propósito de frades, ensaio,
1959; O velho Félix e suas “Memórias de um Cavalcanti”,
1959; Uma política transnacional de cultura para o Brasil
de hoje, 1960; Arte, ciência e trópico, 1962; Talvez poesia,
1962; Vida, forma e cor, 1962; O escravo nos anúncios de
jornais do século XIX, 1963; Dona Sinhá e seu filho pa-
dre, seminovela, 1964; Retalhos de jornais velhos, 1964;
Vida social no Brasil nos meados do século XIX, 1964;
Seis conferências em busca de um leitor, 1965; O Recife,
sim! Recife, não!, 1967; Brasis, Brasil e Brasília, 1968;
Oliveira Lima, don Quixote gordo, 1968; Nós e a cultu-
ra germânica, 1971; Além do apenas moderno, 1973; A
760
presença do açúcar na formação brasileira, 1975; O outro
amor do doutor Paulo, seminovela, 1977; Heróis e vilões
no romance brasileiro, 1979; Poesia reunida, 1980; Modos
de homem & modas de mulher, 1987; Três histórias mais ou
menos inventadas, 2003.
Gilberto Freyre participa de Pernambuco, terra da poe-
sia, org. Antônio Campos e Cláudia Cordeiro, IMC/
Escrituras Editora, SP, 2005; de Contos de Pernambuco,
antologia, org. Cyl Gallindo, Ed. Massangana/Fundaj,
Recife, 1988, e tem verbete na Enciclopédia de literatura
brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza,
2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
761
Bibliografia: Noturno sem música, rom., 1956; Jutaí me-
nino, 1968; Emissários do diabo, rom., 1968; O defunto
aventureiro, contos, 1974; O mar existe, nov., A noite dos
abraçados, nov., 1975; Os olhos da treva, rom., 1975; Os
que foram lutando, contos, 1976; O anjo do quarto dia,
rom., 1981; Os pardais estão voltando, rom., 1983; Mor-
te ao invasor, contos, 1984; A inocente farsa da vingança,
contos, 1991; Espaço terrestre, rom., 1983; Enquanto o
rio dorme, nov., 1993; Cecília entre os leões, rom., 1994;
Neblinas e serenos, nov., 1994; A lenda dos cem, rom.,
1995; Morcego negro, rom., 1998; Vingança de desvalido,
rom., 2001; Onde dormem os sonhos, contos, 2003.
Gilvan Lemos participa de O urbanismo na literatura:
contistas de Pernambuco, antologia, Ed. Livros do
Mundo Inteiro, Rio de Janeiro, 1976, e Contos de Per-
nambuco, antologia, Ed. Massangana/Fundaj, Recife,
1988, ambas org. Cyl Gallindo, e muitas outras, além
de citações em dicionários da Língua Portuguesa e
tem verbete na Enciclopédia de literatura brasileira, de
Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza, 2. ed., Global
Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
762
intitulada Buíque – geografia literária de Graciliano Ra-
mos. Aqui mesmo, trazemos a extraordinária figura de
Clarice Lispector a dizer com todas as letras que não
é do Recife por apenas dois meses, mas seu coração,
sua formação intelectual é recifense. Afora Clarice, a
humanidade está fadada de saber que a formação mo-
ral de um indivíduo se faz até os dez anos de idade. O
livro Infância de Graciliano revela cabalmente que Buí
que está gravada em sua alma e sai num processo de
lembra-esquece. Seus críticos encontram essa herança
psicológica em todos os demais livros.
Ao participar da Semana Euclidiana para os festejos
dos 100 anos de publicação de Os sertões, de Euclides
da Cunha, São José do Rio Pardo, SP, encontrei o es-
critor tradutor holandês August Willemsen (recente-
mente falecido). Uma calorosa simpatia nos uniu e se
ampliou com sua esposa Janna McCurdy. Soube que
estava ali por ser o tradutor de Euclides da Cunha,
como o era também de Drummond, de Guimarães
Rosa e de mais algumas grandes expressões da Lite-
ratura Brasileira. Tradutor de Graciliano, que livros?
Esclarecido, vi que faltava Infância e logo fiz a cobran-
ça, revelando-lhe que eu era de Buíque. Claro que
Infância estava nos seus planos de tradução, mas pre-
cisava de uma edição atualizada e de alguma ajuda
para termos regionalistas. A Editora Record ofereceu
os dois exemplares e a tradução está concluída.
Ao visitar a Holanda, em julho de 2010, encontrei
nas livrarias o livro Infância, traduzido por August
Willemsen, publicado pela editora Arbeiderspers, sob
o título Kinderjaren. Fato que eu desconhecia, devido
ao falecimento prematuro do meu amigo tradutor.
Buíque instituiu a Biblioteca Graciliano Ramos, e
muitas coisas acontecerão para festejar o autor de Vi-
das secas buiquense.
Esgotar o assunto Graciliano Ramos numa simples
nota, nem com o poder de síntese e a precisão do
763
mestre, conseguiria. Limito-me, pois, a registrar es-
ses fatos novos, que justificam por si só a divisão da
glória de naturalidade de um dos mais expressivos
nomes da Literatura Brasileira, entre Quebrangulo,
AL, e Buíque, PE.
Bibliografia: Caetés, rom., 1933; São Bernardo, rom.,
1934; Angústia, rom., 1936; Vidas secas, rom., 1938; A
terra dos meninos pelados, conto infanto-juvenil, 1939;
Infância, memórias; 1945; Insônia, contos, 1947; Memó-
rias do cárcere, 1953; Viagem – impressões sobre a Tche-
co-Eslováquia e a URSS, 1954; Contos e novelas, coletâ-
nea dos melhores contos de todo o Brasil, dividido por
regiões, 1957; Linhas tortas, crônicas, 1962; Alexandre
e outros heróis – “Histórias de Alexandre”, “A terra dos
meninos pelados” e “Pequena história da república”,
1962; Viventes das Alagoas, crônicas, 1975; Cartas – cor-
respondências íntimas, 1980; O estribo de prata, conto
infanto-juvenil, 1984; Dois relatórios ao governador de
Alagoas, na comemoração dos 100 anos de nascimento
de Graciliano Ramos, apresentação de José E. Min-
dlin, 1992. (Foram estes relatórios que revelaram a A.
Frederico Schmidt o escritor Graciliano).
Graciliano Ramos tem verbete na Enciclopédia de li-
teratura brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante
de Souza, 2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001,
e tem obras traduzidas para os seguintes idiomas:
alemão, búlgaro, dinamarquês, espanhol, finlandês,
flamengo, francês, húngaro, holandês, russo, inglês,
italiano, polonês, romeno, tcheco, turco.
764
dirige o Teatro de Ópera do Recife; dois anos depois,
com Ariano Suassuna, fundou o Teatro do Estudante
de Pernambuco – TEP. Em 1961, com Ariano e Paulo
Freire, fundou o Movimento de Cultura Popular, que
ganhou todo o Brasil através da UNE.
Hermilo, ao lado de J. J. Veiga, é a expressão mais
forte da literatura fantástica do país, sem arredar, em
nenhum momento, das raízes culturais do Nordeste,
com todas as suas verdades.
Tenho inúmeras lembranças da sua amizade, de sua
maneira de incentivar o jovem na vida literária, tra-
tando-o de igual para igual, do seu jeito de laçar meu
pescoço, juntar sua cabeça à minha, para fazer per-
guntas de cunho obsceno. Ele sabia, antecipadamen-
te, qual seria o efeito; ríamos disso. Conservo esse ca-
rinho, esse respeito à sua memória através de sua mu-
lher, a atriz Leda Alves, detentora do seu patrimônio
cultural. Por designação de Esmaragdo Marroquim,
cobri o falecimento de Hermilo Borba para o Jornal
do Commercio e agora, convidado por Leda, participo
da comissão de comemoração dos 90 anos de nasci-
mento deste autor.
Bibliografia: Soldados em retaguarda, comédia, com Wal-
demar de Oliveira, 1945; Duas conferências, 1947; Auto
da mula do padre, teatro, 1948; História do teatro, ensaio,
1950; Teatro, 1952; Electra no circo, teatro, 1953; A barca
de ouro, teatro, 1953; Agá, rom., e Os caminhos da soli-
dão, rom. 1957; Diálogo do encenador, teatro, 1964; Sol
das almas, rom., 1964; Um paroquiano inevitável, teatro,
1965; Espetáculos populares do Nordeste, folclore, 1966;
Apresentação do bumba meu boi, folclore, 1967; A donzela
Joana, teatro, 1966; Fisionomia e espírito do mamulengo,
1966; Um cavalheiro da segunda decadência, rom., 1968;
Margens das lembranças, rom., 1968; A porteira do mundo,
rom., 1968; Henry Miller – vida e obra, ensaio, 1968; O
cavalo da noite, rom., 1969; Sobrados e mucambos, teatro,
1971; Deus no pasto, rom., 1971; O general está pintando,
765
nov., 1973; Sete dias a cavalo, contos, 1975; As meninas do
sobrado, contos, 1976; O cavalo da noite, rom., 1976. Tem
obras traduzidas para o francês, espanhol e inglês.
Hermilo participa da coletânea Contos de Pernambu-
co, org. Cyl Gallindo, Ed. Massangana/Fundaj, Recife,
1988, e tem verbete na Enciclopédia de literatura brasi-
leira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza, 2.
ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
766
IRAN GAMA de Araújo, José, (“O rosário”), nasceu
no Recife/PE (25.09.1943). Diplomou-se em Direito.
Funcionário público, poeta, contista, artista plásti-
co. Com Vital Corrêa de Araújo e Paulo Bandeira da
Cruz, Iran Gama criou o movimento Poetas da Rua do
Imperador, para dinamizar a cultura, cujo resultado
foi o livro com a mesma denominação do movimen-
to, organizado por Eduardo Freyre de Magalhães e os
organizadores do movimento. Iran, que iniciou sua
carreira literária no Suplemento Literário do Jornal
do Commercio, criou e editou os jornais Cultura e Tempo
e Fandango, jornal alternativo de poesia.
Bibliografia: Canto mural, poesia, 1975; Fragmentário,
poesia, 1982; Rota sigma, nov., 1983.
Iran Gama tem verbete na Enciclopédia de literatura
brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza,
2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001, e partici-
pa da coletânea Contos de Pernambuco, org. Cyl Gallin-
do, Ed. Massangana/Fundaj, Recife, 1988.
767
nomia Ambiental pela University College London.
Retornando ao Brasil, atuou como Assessor Especial
do Ministro do Meio Ambiente, em Brasília, DF, en-
tre 1995 e 1997. Durante esse período, representou
oficialmente o Brasil junto às Nações Unidas, Nova
Iorque; OEA, Santiago do Chile, OCDE, Paris, e em
cidades como Londres, Washington, Santiago, Viena,
Halifax, México, Luanda, Oslo, Portsmouth etc. Foi,
ainda, relator oficial dos encontros internacionais
acerca do tema “Padrões de Produção e Consumo
Sustentáveis”, nas cidades de Seul, na Coreia do Sul,
e Brasília.
Em 1997, foi nomeado membro da Comissão Nacio-
nal de População e Desenvolvimento, ligada direta-
mente à Presidência da República.
Publicou inúmeros artigos, ensaios, crônicas, contos,
etc. Desde 1990, colabora como articulista nos jornais
Diario de Pernambuco, Jornal do Commercio, Correio Bra-
ziliense e Folha de S.Paulo. Dentre os trabalhos publica-
dos como autor ou organizador, destacam-se:
Bibliografia: Mudando os padrões de produção e consumo,
1997; Nordeste independente, 2002; Em defesa do livro
pernambucano, 2005; Economia da pesca sustentável no
Brasil, 2006 e O fim da velhice e a superação bem-humo-
rada de um conceito, 2006.
768
Leitor voraz desde criança, sempre destacou Jacob
Wasserman como um dos autores que mais o impres-
sionaram na juventude. De outro lado, seu interesse
pela pintura foi despertado pelo grande físico Mario
Schenberg, tendo sido o primeiro no Recife a criar
uma galeria de arte, a qual foi inaugurada com uma
exposição de Wellington Virgolino, do qual se tornou
amigo próximo, sempre rodeados de artistas, como
José Cláudio, Montez Magno, Luciano Pinheiro, João
Câmara, Corbiniano Lins e outros.
Ainda nos anos 1970, dá início a um processo de re-
clusão voluntária, insuficiente, contudo, para impedi-
lo de frequentar a famosa livraria Livro 7, ou de afas-
tá-lo do convívio de intelectuais como Tarcísio Perei-
ra, Cyl Gallindo, Celso Marconi, Fernando Spencer,
Renato Carneiro Campos e Tomás Seixas.
Em 1973, foi publicado seu primeiro romance, Re-
dondel, cujo prefácio é uma carta de Cyl Gallindo para
Luiz Luna e a respectiva resposta, que incendiaram a
curiosidade do escritor editor Moacir Lopes, e o le-
vou a imprimir o livro sem vacilação. Dez anos de-
pois, publica o seu segundo livro.
Atualmente, compartilha seu tempo entre a família e
seu gabinete de trabalho, em sua sala de estar, escre-
vendo sem parar, sempre ao som de seus antigos dis-
cos de 33 e 78 rpm, ocasionalmente um ou outro CD,
da música clássica à popular, além das velhas canções
em iídiche.
Bibliografia: Redondel, rom., Ed. Cátedra, Rio de Ja-
neiro, 1973; Agonia da imagem, rom., Editora Guara-
rapes, Recife, 1983; tem inédito outro romance.
769
os quais, latim, grego, hebraico, chinês, e japonês; tra-
duzia muitos deles) e Literatura; desenhista, poeta,
contista. Como o próprio poeta ressaltava: “Criei-me
no bairro do Zumbi”, zona oeste da cidade. Estudou
no Ginásio Pernambucano, onde conheceu Benedito
Monteiro e fundaram o jornal cultural O Arrabalde. Aos
17 anos, trabalhou no Jornal do Commercio como cari-
caturista. Frequentava o Café Lafayette e fez amizade
com José Maria Albuquerque Melo, Ascenso Ferreira,
Souza Barros. Em 1924, a Revista do Norte, da qual
dois anos depois se torna um dos diretores, publica o
seu primeiro poema: “As Alvarengas”.
Expulso de Pernambuco, por perseguição política no
Governo de Agamenon Magalhães, transfere-se para
o Rio de Janeiro em 1939, indo trabalhar no SPHAN,
ao lado de Rodrigo de Andrade, Lúcio Costa e Burle
Marx. Convidado por Oscar Niemeyer, fez os cálcu-
los para o conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte/
MG. Em 1956, Niemeyer convida Joaquim Cardozo
para fazer os cálculos de estrutura na construção de
Brasília, o que resulta em prédios como os do Con-
gresso Nacional, do Itamaraty, da Catedral de Brasí-
lia, do Ministério da Justiça, e outros, considerados
verdadeiras obras de arte arquitetônicas.
Fui apresentado ao poeta por Luiz Luna na década de
1960. Tornei-me visitante habitual do seu escritório
no Rio de Janeiro. Foi ele quem prefaciou o meu pri-
meiro trabalho, organizado em 1965: Agenda poética
do Recife: antologia dos novíssimos. Senti o respeito
que lhe devotavam Manuel Bandeira, Carlos Drum-
mond de Andrade, Rubem Braga, Cristiano Cordei-
ro e tantos outros importantes intelectuais brasilei-
ros, que o tratavam de Mestre. Ao ser eleito para o
Instituto Histórico e Geográfico do distrito Federal
(IHGDF), na década de 1980, disseram-me o nome
do patrono da cadeira que eu deveria ocupar, na Ins-
tituição. Por carta, pedi a substituição pelo nome de
770
Joaquim Cardozo, “especialmente por ser ele, ao lado
de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, o terceiro nome
mais importante na construção da Capital Federal”.
Proposta aceita. Era propósito meu também reveren-
ciar o intelectual e a figura humana de Cardozo, cujo
único pecado que praticou foi o de ser exagerada-
mente “humilde e frágil”, no dizer de Evandro Lins
e Silva. Vinha-me à mente a famigerada condenação
pela (in)justiça mineira no acidente do Pavilhão da
Gameleira, sobre o qual me enviou o Poeta um ex-
tenso relatório. Pessoalmente, disse-me ter sido uma
condenação política, para acobertar “a perfídia e a as-
túcia de adversários sem escrúpulos”, ainda Evandro
Lins. Indagado se Niemeyer não se manifestou em
sua defesa, o poeta, triste, muito triste, respondeu:
“Não! Fica na retaguarda, nem contra nem a favor”. A
tristeza desse fato definhou e acompanhou Joaquim
Cardozo ao túmulo.
Joaquim faleceu, mas deixou sua obra, sua memória,
sua estatura moral, seu exemplo de dignidade huma-
na, que ninguém jamais sepultará. Sempre existirão
pessoas sensíveis para prestigiar Joaquim Cardozo,
como Maria da Paz Ribeiro Dantas, que já escreveu
O mito e a ciência na poesia de Joaquim Cardozo; Joaquim
Cardozo: ensaio biográfico e Joaquim Cardozo: contem-
porâneo do futuro; e Everardo Norões que preparou
para a Editora Nova Aguilar as Obras completas de Joa-
quim Cardozo, na qual define o poeta como “Homem
Universo”.
Bibliografia: Poemas, 1947; Prelúdio e elegia de uma
despedida, 1952; O signo estrelado, 1960; O coronel de
Macambira, 1963; Mundos paralelos, 1970; Poesias com-
pletas, 1971, (reúne livros anteriores a Mundos parale-
los); De uma noite de festa, 1971; Os anjos e os demônios
de Deus, 1973; O capataz de Salema, Antônio Conselheiro
e Marechal boi de carro, teatro, 1975; e Um livro aceso e
nove canções sombrias, edição póstuma, titulada e pu-
771
blicada por Audálio Alves, 1975; Um livro aceso, 1981;
Poemas selecionados, org. César Leal, 1996; Obras com-
pletas, preparada por Everardo Norões, no prelo da
Ed. Nova Aguilar/Ed. Massangana, lançamento pre-
visto para 2007.
Joaquim Cardozo participa das coletâneas Contos de
Pernambuco, org. Cyl Gallindo, Ed. Massangana/Fun-
daj, Recife, 1988; e Pernambuco, terra da poesia, org.
Antônio Campos e Cláudia Cordeiro, IMC/Escrituras
Editora, SP, 2005, e tem verbete na Enciclopédia de lite-
ratura brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de
Souza, 2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
772
membro da APL. É também um dos fundadores do
Teatro de Amadores de Pernambuco. Participou do
primeiro elenco do TAP, estreando no Teatro de Santa
Isabel em 1941. Em seguida, atuou em diversas peças,
todas sob a direção de Valdemar de Oliveira, o ideali-
zador do TAP. Trabalhou como ator nos filmes Riacho
do sangue (1966) e A Compadecida (1969), baseado na
peça homônima de Ariano Suassuna, ambos produzi-
dos em Pernambuco pela Aurora Duarte produções.
Conquistou prêmios de contos e teatro estaduais e na-
cionais, entre os quais, o Prêmio Dom Casmurro, 1939;
da Secretaria de Educação de Pernambuco, 1955; da
Escola de Belas Artes, 1960; da UBE-PE, 1964; França
Júnior, SP; Cláudio de Souza, 1970; Recife de Huma-
nidades, 1975; Menção Honrosa no Concurso Orlan-
do Dantas, do Diário de Notícias, 1957.
Entre as suas peças, classificadas por ele como co-
médias municipais, destacam-se: Acima do bem-querer,
Figuras de gente e O eclipse; de maus costumes, Meu
querido ladrão, As urnas vão rolar, Tempestade de água
benta e Pé de vento, esta premiada pela Escola de Be-
las Artes de Pernambuco, em 1960, e com o Prêmio
Silvino Lopes, patrocinado pela UBE-PE, 1964. Sob
o título de comédias adaptadas estão O caso do colar,
baseada no conto de Maupassant, O adereço, Fogo mor-
to, do romance de José Lins do Rego, Casa-grande &
senzala, de Gilberto Freyre e A flor e o fruto, baseada no
romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, pela
qual obteve o Prêmio Cláudio de Souza, de Teatro,
da ABL, em 1970. Outra peça muito importante e de
grande repercussão nos meios literários do país foi A
comédia de Balzac, sobre o romancista francês.
Bibliografia: Neblina, contos, 1940; Padrão G, contos,
1948; Contos vários, 1975, Prêmio do G-PE; Contos do
céu e da terra, 1978; Os assassinos, contos, 1980; Acima
do bem-querer, teatro, 1964; Tempestade em água benta,
teatro, 1964; Mão de moça e Pé de vento, teatro, 1965;
773
Casa-grande e & senzala, teatro, tentativa de uma co-
média de costumes do século XVIII, como se fosse
dramatização da obra de Gilberto Freyre, 1970; A flor
e o fruto, teatro, segundo o romance Dom Casmurro, de
Machado de Assis, 1971.
Cavalcanti Borges participa das coletâneas O urba-
nismo na literatura: contistas de Pernambuco, org. Cyl
Gallindo, Ed. Livros do Mundo Inteiro, Rio de Janei-
ro, 1976; Antologia de contos de escritores novos e con-
tos e novelas, org. Graciliano Ramos, 1957; Panorama
do conto brasileiro, org. R. Magalhães Júnior, 1959; e
ModernBrazilian short stories, com tradução de William
L. Grossman, USA; e tem verbete na Enciclopédia de li-
teratura brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de
Souza, 2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
774
Jornal do Commercio, do Recife. Em 1962 arrebatou o
Prêmio Leirner de Arte Contemporânea para desenho.
Em 1969, iniciou o ciclo de grandes esculturas em gra-
nito, em Fazenda Nova, interior pernambucano, hoje
suas obras constituem o Parque das Esculturas, além
das inúmeras peças monumentais em Petrolina, Lagoa
Grande, Aracaju, Recife. Sendo que a sua maior obra,
de cunho social, encontra-se no pelotão de agricultores
e homens humildes que José Cláudio pacientemente
transformou em escultores, espalhados por esse Sertão
afora. Em meio às incontáveis capas de livros e ilustra-
ções, José Cláudio ilustrou o conto de Edilberto Couti-
nho, constante do livro por mim organizado: O urbanis-
mo na literatura: contistas de Pernambuco, 1976.
Mas nem só de artes plásticas vive o homem. José Cláu-
dio é tão escritor quanto artista plástico. Indomável na
escolha da temática, que a princípio tem como medula
a liberdade humana, suas narrativas contam as experi-
ências adquiridas nos caminhos do mundo, essenciais
às artes e aos artistas do pincel ou da caneta.
Bibliografia; Viagem de um jovem pintor à Bahia, 1965;
Ipojuca de Santo Cristo, 1965; Bem dentro, 1968 (obras que
formam a trilogia das suas “Memórias do Norte”). Os
dias de Uidá, 1995; Meu pai não viu a minha glória, crô-
nicas, 1995. José Cláudio ainda tem catálogos, artigos,
contos, críticas, publicadas em vários órgãos da impren-
sa nacional, especialmente no Suplemento Cultural do
Diário Oficial de PE, onde mantém uma coluna e de onde
tiramos o conto que participa desta Coletânea.
775
com a fundação de jornais e o Grêmio Literário Alberto
de Oliveira. Forma-se em Direito, exerce a profissão de
advogado por um curto período, chegando a ser pro-
curador do Instituto dos Bancários. Dedicou-se, a par-
tir de então, ao jornalismo como cronista social. Após
publicar o seu primeiro livro, os irmãos Elísio, João e
José Condé fundaram, em 1949, o Jornal de Letras, que
se tornou o meio de divulgação mais importante da Li-
teratura Brasileira, durante anos, tanto pelo elenco de
colaboradores, como pelo nível das notícias a cada edi-
ção. Com o crítico e conterrâneo Álvaro Lins, José Con-
dé dirigiu o Suplemento Literário do Correio da Manhã,
onde assinava as colunas “Vida Literária” e “Escritores
e Livros”. Conquistou os Prêmios Fábio Prado e Afon-
so Arinos da ABL. Trabalhos seus foram levados para
televisão, com grande sucesso de audiência, e para o
cinema, como é o caso de Um ramo para Luisa, 1965.
Fui amigo de Elísio, José Condé e a sua amada Luísa.
Trabalhei para o Jornal de Letras durante três anos,
como correspondente em Pernambuco; sei o peso e
o fascínio que a Cultura Nordestina exerciam sobre
suas almas, impondo-lhes hábitos e costumes, embo-
ra morassem há anos no Rio de Janeiro. Nas suas vi-
sitas ao Recife, algumas delas em companhia de Ênio
Silveira, tomamos memoráveis pileques nos barracos
das praias de Olinda.
Bibliografia: Caminhos na sombra, nov., 1945; Onda sel-
vagem, rom., 1950; Histórias da cidade morta, contos,
1951; Os dias antigos, nov., 1955; Um ramo para Luisa,
nov., 1959; Terra de Caruaru, rom., 1960; Vento do ama-
nhecer em Macambira, nov., 1962; Os sete pecados capi-
tais, nov., 1964; Os dez mandamentos, nov., 1965; Noite
contra noite, rom., 1965; Pensão Riso da Noite: Rua das
Mágoas (cerveja, sanfona e amor), nov., 1966; Como
uma tarde em dezembro, rom., 1969; Tempo vida solidão,
nov., 1971; edições póstumas: As chuvas, rom., 1972;
e Obras escolhidas, 1978.
776
José Condé participa de dicionários e da antologia O
urbanismo na literatura: contistas de Pernambuco, org.
Cyl Gallindo, Ed. Livros do Mundo Inteiro, Rio de Ja-
neiro, 1976. Tem verbete na Enciclopédia de literatura
brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza,
2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
777
Diário do Grande ABC, e chegou a ser incluído numa
antologia paulista, da série Poetas da Cidade. De volta
ao Nordeste, cheio de ideias e planos, publicou poe-
mas que trouxe na bagagem, escritos para chicotear o
mundo burguês, capitalista, desumano.
Em Palmares, fundou a Casa de Cultura Hermilo Bor-
ba Filho, da qual foi presidente. Organizou antologias
de poetas de Palmares, e promoveu a sua revolução
maior: reacendeu a obra de Ascenso Ferreira, há 18
anos amofumbada no baú do esquecimento. Inicial-
mente editou o livro Eu voltarei ao sol da primavera,
poemas parnasianos, organizado por Jessiva Sabino,
então diretora da Biblioteca de Palmares. Foi aplau-
dido pela sua obra e pelas suas ações, por Hermilo
Borba Filho, Pelópidas Soares, Mauro Mota, Geneton
Morais Neto, Jaci Bezerra e muitos outros escritores e
críticos. Radicou-se no Recife, fundou a revista Poesia
e a Nordestal Editora, continuou as edições das obras
de Ascenso Ferreira, e de tantos outros.
Em 2005, criou o projeto “Dia de Criação da Poesia”,
em que escritores fazem depoimentos sobre sua vida
e sua obra, com apoio da escritora Maria de Lour-
des Hortas, diretora do Departamento de Cultura do
GPL, PE/revista Encontro, que conta com Juareiz no
Conselho Editorial.
Bibliografia: [Sem título], poesia, 1971; Americanto
amar América, poesia, 1975; Um doido e a maldição da
lucidez, ficção, 1975; O amor é uma canção proibida, poe
sia, 1979; A clara história de Preta, O futuro presidente do
Brasil e Coração portátil, poesia, 1999. Vários livros de
poesias, contos e novela, inéditos.
Juareiz Correya participa da coletânea Pernambuco,
terra da poesia, org. Antônio Campos e Cláudia Cor-
deiro, IMC/Escrituras Editora, SP, 2005, e tem ver-
bete na Enciclopédia de literatura brasileira, de Afrânio
Coutinho e J. Galante de Souza, 2. ed., Global Edito-
ra, FBN/ABL, SP, 2001.
778
LADJANE BANDEIRA de Lira, Maria, (“Um gesto
ancestral”), nasceu em Nazaré da Mata/PE e faleceu
no Recife/PE (05.06.1927–24.03.1999). Artista plás-
tica, jornalista, teatróloga, poeta, crítica de arte, es-
critora. Juntamente com Hélio Feijó e Abelardo da
Hora, fundou, em 1948, a Sociedade de Arte Moder-
na do Recife (SAMR), que se tornou um movimen-
to de grandes transformações das artes plásticas, em
nosso Estado. A Literatura pernambucana também
deve muito a Ladjane, pelo seu trabalho, ao lado
de Esmaragdo Marroquim e Audálio Alves, no Su-
plemento Literário do Jornal do Commercio, que lhe
valeu, merecidamente, homenagens como “Persona-
lidade Cultural do Ano” em Pernambuco, de 1963 e
1967 e “Personalidade Cultural Nacional”, concedida
pelo Jornal de Letras, de Elísio Condé, Rio de Janeiro,
1972. Foi também contemplada, em 1981, com “Me-
dalha de Ouro” pela Academia de Artes e Ofícios, de
Parma, na Itália. Diversos prêmios foram instituídos
em sua homenagem.
Pertenceu às seguintes instituições: AIAP; SAMR;
AAPPE; ABCA; AIA; Academia de Ciências de Pernam-
buco; Alane; GPL; Fundaj e ao Pen Club do Brasil.
Seus trabalhos estão em diversas coleções particulares
do Brasil, Estados Unidos, Europa e Israel. Está ci-
tada em diversas publicações nacionais e internacio-
nais, a exemplo do Who is who in the world (Inglaterra
e Estados Unidos), Quem é quem, no Brasil; Art in Latin
America today (Luís A. Cunha – Washington), Profile of
the new brazilian art (Pietro Maria Bardi), Tesouro da
juventude, Dicionário crítico da pintura brasileira, Dicio-
nário brasileiro de artistas plásticos, Enciclopédia Delta
Laroussee várias outras publicações.
Hoje, sua família mantém, no Recife, sob a direção da
sobrinha Márcia Miranda Lira, o Instituto Cultural
Ladjane Bandeira.
www.ladjanebandeira.org.br.
779
Bibliografia: Cantigas, poesia, 1955; Viola do diabo, tea-
tro, Prêmio Vânia Carvalho, 1963, e Sammuel, 1964,
da APL, encenado em diversos teatros pernambucanos.
Tem inéditos livros de poesias, romances e contos. Lad-
jane participa da coletânea Contos de Pernambuco, org.
Cyl Gallindo, Ed. Massangana/Fundaj, Recife, 1988.
780
por uma delas o Award for Best Original Artwork, atri-
buído pela Arkansas High School Press Association.
Em 1975, estreou na imprensa pernambucana no
Jornal da Cidade sendo um dos fundadores da página
de humor O Papa-Figo no Jornal da Semana. Publi-
ca charge diariamente no Diario de Pernambuco desde
1977. Em 2001 criou e administra a empresa LHC
Associados, voltada para a Comunicação Especializa-
da, atendendo a empresas e órgãos da administração
pública e do setor privado.
Exposições individuais: 1994, Tondela, Portugal;
2001, Pindorama – A Outra História do Brasil, Ob-
servatório Cultural, Torre Malakoff, Recife; 2002,
Pindorama La Otra Historia de Brasil, Madri, Espa-
nha; 2002, La Risa de Brasil, Madri, Espanha; 2003,
Três Vezes Humor – Plaza Shopping, Recife. Além da
participação em quase uma centena de exposições co-
letivas sobre a Amazônia, o fim do século, em comba-
te à aids etc., realizadas no Recife, em São Paulo, em
Teresina, no Rio de Janeiro, e no exterior: Portugal,
Espanha, Alemanha, Itália, Bulgária e Turquia,
Prêmios: 1º Lugar no Concurso de Desenho de Humor
na Paraíba, 1976; 1º Lugar no Salão Internacional de
Humor de Piracicaba, São Paulo, 1977. 2º Lugar em
Charge no Salon Internacional de la Caricature de
Montreal, Canadá, 1983; 1º Lugar em Charge no Sa-
lão de Belo Horizonte, 1985; 1º Lugar em Charge no
Salon Internacional de la Caricature de Montreal, Ca-
nadá, 1985. Prêmio Imprensa no Salão Internacional
de Humor de Piracicaba, 1985; 1º Lugar no Concur-
so de Cartoons do Projeto CumpliCidades, Portugal,
1994. Prêmio HQ – Mix, melhor livro teórico – Hu-
mor Diário, 1997; Prêmio HQ – Mix como Curador
do melhor Festival de Humor – Festival Internacional
de Humor e Quadrinhos de Pernambuco – FIHQ-PE,
1999; Prêmio HQ – Mix pela melhor Minissérie na-
cional – Pindorama a outra História do Brasil, 2001;
781
Prêmio HQ – Mix como Curador do melhor Festival
de Humor – IV FIHQ-PE, 2002.
Criação e curadoria: Salão Nacional de Humor de
Pernambuco, 1983 e 1984. Festival de Humor do
Recife, 1986. Salão de Humor na Imprensa, 1991. O
Riso na Rua – Cartuns em Outdoor, 1995. Seminário
– Humor na Imprensa do Ano 2000, 1998. Festival In-
ternacional de Humor e Quadrinhos de Pernambuco,
1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005.
Um dos grandes momentos de Lailson Holanda
neste ano foi quando ele recebeu de Fernando Lira,
presidente da Fundaj, o primeiro exemplar do livro
Joaquim Nabuco – a voz da abolição, que conta, em qua-
drinhos, a história do abolicionista. O lançamento
da obra será no encerramento das atividades do Ano
Joaquim Nabuco. A obra destina-se à distribuição
gratuita nas escolas secundárias do Estado.
Bibliografia: O que vier eu traço, charges, 1981; Democra-
cia pra mim é grego, charges, 1983; Esta vida é um circo,
cartuns, 1989; Cartas de Pindorama, charges e quadri-
nhos, 1989; Humor diário, pesquisa histórica, 1997; Pin-
dorama: a outra história do Brasil (12 fascículos), 2001;
Retrato oficial: 25 anos de charges, 2002; Pindorama: a
outra história do Brasil, livro, 2004; Historia del humor
gráfico en el Brasil, Universidade de Alcalá, Espanha; O
livro do bom humor, 2005; e Lusíadas 2500, vol. I, uma
versão em quadrinhos da epopeia Os lusíadas, de Luís de
Camões, transposta para o século XXVI, Recife, 2006;
Joaquim Nabuco – a voz da abolição, história em quadri-
nhos, Editora Massangana, Fundaj, Recife, 2010.
www.lailson.com.br | lailson@lailson.com.br
782
e Frei Caneca, 1961–1962, conferidos pela Cia. de
Tecidos Paulista e pela Sanbra. Homenageada com a
Medalha de Bronze Comemorativa dos 125 anos do
GPL, PE, 1994, e em 2000 com a Medalha do Ses-
quicentenário também do GPL, PE. Recebeu o Tro-
féu “Prestígio e Dedicação” pelos relevantes serviços
prestados à comunidade portuguesa, por meio da Re-
vista Portugal. Agraciada no ano de 2000 com o Diplo-
ma “Personalidade Cultural da UBE-RJ”. Pela UBE-
PE, onde ocupou o cargo de diretora de Imprensa,
foi agraciada, por três períodos consecutivos, com o
troféu “Escritora de Portugal 2000”. Diretora social
do Gabinete Português de Leitura, 1999–2001. Dire-
tora secretária, 2001–2002, e vice-presidente, biênio
2003–2004. Vice-diretora de Comunicação do RHPB
desde 2004, foi condecorada por essa mesma institui-
ção com a Medalha de Prata dos 150 Anos do Real
Hospital Português em Pernambuco. Conselheira Edi-
torial da AIP. Membro do Conselho Deliberativo do
Gabinete Português de Leitura.
Produtora do Projeto “Retratos – a poesia feminina
contemporânea em Pernambuco”, 2004.
Bibliografia: Cantares da minha terra, 1962; Cristina,
1962; Mais um crime, 1996; Por onde correm os ventos,
1996; Eu e o profeta, 1998; Quem matou Rodolfo?, 1999;
Os dois Cristóvãos, 1999; Despertar de uma vida, 1999;
Emigrar foi preciso, 2000; Nas passagens desta vida, 2000;
Samuel – o judeu, 2000; Ensimesmando, 2000; Contos de
Laura, 2000; Filosofias de um guarda noturno, 2001;
Quem é Beatriz?, 2001; Os homens bons, 2002; Manuel,
o emigrante, 2003; D. Pedro, imperador do Brasil e rei de
Portugal, 2003; João Fernandes Vieira e a restauração per-
nambucana, 2004; A saga dos desencontros, 2005; Três
homens, três nomes, três ideais; cartas, 2005; e mais, iné-
ditos: Sala dos espíritos; A estrela do mar; Viver é começar
no dia a dia.
783
LEÔNIDAS CÂMARA, (“Franz Kafka voa de Zepe-
lim”), nasceu no Recife/PE (06.01.1933). Fez estudos
primários nesta cidade e secundários com os Maristas,
em João Pessoa. Diplomado em Direito pela UFPE e
em Letras Neolatinas pela Unicap. Advogado, profes-
sor, ensaísta contista, crítico literário.
Exerceu a função de diretor Administrativo da Justi-
ça Federal e de professor de Teoria da Literatura na
UFPE e Literatura Brasileira e Estética na Unicap, na
Faculdade de Filosofia do Recife e na Universidade
Federal Fluminense. Por diversas vezes substituiu Cé-
sar Leal na direção do Suplemento Cultural do Diario
de Pernambuco, e foi secretário de Redação da Revista
Ensaio, da Secretaria de Educação e Cultura de PE.
Em 1996, participou do simpósio organizado pela
Fundaj, quando da comemoração dos 60 anos do livro
Sobrados e mucambos, de Gilberto Freyre, com a pales-
tra: “Tempo e Imagem em Sobrados e mucambos”.
Bibliografia: A técnica narrativa na ficção de Graciliano
Ramos, ensaio, 1967; O princípio da autenticidade em seis
personagens à procura de um autor, ensaio, 1985; A poesia
de Manuel Bandeira, ensaio (reproduzido na Coleção
“Fortuna Crítica”, da Civilização Brasileira, 1980); Vi-
tória e derrota em Fernando Pessoa, ensaio, 1983; (publi-
cado nos “Cadernos de Literatura”, da Universidade
de Coimbra); Literaturas do Brasil e Portugal: limites de
comparação, ensaio, Coimbra, Portugal, 1983. Leôni-
das enfatiza nos seus dados que é filho do poeta João
Landelino Câmara e irmão do pintor João Câmara.
Leônidas Câmara participa das coletâneas O urbanis-
mo na literatura: contistas de Pernambuco, antologia,
Ed. Livros do Mundo Inteiro, Rio de Janeiro, 1976, e
Contos de Pernambuco, Ed. Massangana/Fundaj, Recife,
1988, organizadas por Cyl Gallindo.
784
Psicologia pela Unicap, atualmente faz mestrado em
Psicologia Clínica. Psicóloga, ensaísta, contista.
Num lançamento de livro da escritora Sara Erlich, na
Sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas,
aproximou-se de mim uma delicada jovem muito bo-
nita e entabulamos um diálogo descontraído. Descobri
que Liana é neta do meu amigo, o escritor José Ale-
xandre Ribemboim, pesquisador incansável da pre-
sença judaica em Pernambuco e, pelo lado Feldman,
neta de Luiz Sabat, comerciante vizinho da relojoaria
do meu pai, no Largo da Paz, Recife. As coincidências
nos deixaram à vontade e Liana não se fez de rogada
para indagar se eu podia ler um trabalho de sua au-
toria. Dias depois o recebi pelos correios: “Psicanálise
e Arte: uma relação terapêutica” – monografia para
conclusão do curso de Psicologia, supervisionada pela
professora Tereza Batista. Dei minha opinião, sincera
como sempre. Meses mais tarde, chega-me o trabalho
da menina, com essa declaração: “Tive a honra de re-
ceber a nota máxima”. De lá para cá, já li ensaios, crô-
nicas, contos, com cada observação sutilíssima sobre a
vida, que poucos velhinhos sabem fazer. Pelo jeito de
escrever, num quase estilo pronto, pela temática, pela
revelação de uma experiência milenar sedimentada
nesse espírito jovem, nada nos impede de dizer que
estamos diante de uma verdadeira escritora.
A Unicap, pela primeira vez na sua história, resolveu
publicar um volume com os melhores trabalhos de
suas alunas e encarregou o professor Janilton Andra-
de de cuidar dessa tarefa. No fim do ano, saiu Arte e
cultura: um diálogo sob múltiplos olhares, com a par-
ticipação de Liana R. Feldeman: Salvador Dali: o sur-
real em análise, ensaio, 2005, e mais nove colegas. A
escritora Maria de Lourdes Hortas, seguindo o exem-
plo da Unicap, publicou um conto de Liana na revista
Encontro, 2005, do Gabinete Português de Leitura.
785
LOURDES NICÁCIO da Silva, Maria de, (“Sobre-
viventes”), nasceu em Belém do São Francisco/PE
(13.09.1947). Poetisa, ficcionista, professora. Proprie
tária da Editora Novo Horizonte, com importantes
obras publicadas, de diversos autores. Mantém na in-
ternet, sob a responsabilidade da jornalista Raphaela
Nicácio, sua filha, o Portal do Escritor Pernambucano.
Fez curso de Letras na Paraíba e pós-graduação em
Pernambuco, além de outros cursos. Lecionou na Fa-
culdade de Formação de Professores de Belém do São
Francisco; na Escola Superior de Relações Públicas do
Estado de Pernambuco; na Fundação de Ensino Supe-
rior de Olinda e em outras escolas de seu município
de origem e do Recife. Coordenou diversos projetos
culturais, como o “Academia/Escolas” (da APL); “Gi-
násio Pernambucano: Seus Autores e Suas Obras” (do
Ginásio Pernambucano). Foi vice-coordenadora-geral
do “Primeiro Encontro de Cultura Recifense” (UFPE/
Nupec/ARL). Quando à disposição da Fundarpe,
atuou em projetos educativos e culturais da Casa de
Manuel Bandeira – Espaço Pasárgada.
Recebeu várias homenagens, Menção Honrosa no IV
Concurso Nacional e Internacional de Contos e Poe-
sias da Editora Valença, Rio de Janeiro. Membro da
UBE-PE e da ARL. 2010 tem sido um ano de consa-
gração para Lourdes Nicácio: Foi homenageada pela
UBE, na Livraria Cultura, com depoimentos de vá-
rios escritores a exaltar a escritora e a figura humana
dessa guerreira sertaneja e o seu livro Os dois mundos
de Madalena, em 5ª. edição, comemorativa do cente-
nário de Madalena, sua genitora. A obra é utilizada
em estudos, debates, pesquisa e encenações teatrais
nas escolas e universidades do estado. Afora sua con-
tribuição através da Editora Novo Horizonte.
Bibliografia: Cantos da ordem do sol, poesia, 1985; Rit-
mo das águas vivas, poesia, 1992; O rio Canabrava e os
homens, contos, 1994; Almeida Cunha, ensaio, 1996;
786
Ocultos na paisagem, poesia, 1998; Os dois mundos de
Madalena, rom., 1999, e 5ª. edição, 2010; João Suas-
suna de Melo Sobrinho: um educador exemplar, biogr.,
1999; Os rios e seus poetas, antologia, org. coautoria,
2003; Os caminhos da palavra, gramática e literatura,
2005. Tem trabalhos publicados em várias antologias,
em revistas e na internet.
787
Pertence ainda à Associação Internacional de Escrito-
res e Jornalistas, México; ao Centro de Estudos Ame-
ricanos de Fernando Pessoa, São Paulo; à UBE-PE e
UBE-RJ, à AIP; ao SinjoPE; ao Conrerp e ao Rotary
Club Encanta Moça (fundadora), Recife.
Bibliografia: Poemas do despertar, poesia, 1965; Explosão
das manhãs, poesia, 1973; Pequena história da telefonia em
Pernambuco, pesquisa, 1980; Primórdios da comunicação,
pesquisa, 1981; traduzido para o inglês; Janela, crôni-
cas, 1984; A palavra e as circunstâncias, ensaio, 1985; Ta-
tuagem da solidão, poesia, 1991; Sedução da arte em Vera
Bastos, ensaio biográfico, 1993; Vingt-cinq poèmesde pas-
sion, poesia, 1994; Alcides Lopes: nas estações do tem-
po, biogr., 1994; Poésie du Brésil – Panorama da poesia
brasileira, org., Paris, 1997; José de Souza Alencar: Alex: o
artesão da palavra, biogr., 1998; Amor nos trópicos, Água
nos trópicos, 2000 e Fauna e flora nos trópicos, 2002, em
parceria com Beatriz Alcântara; Olhos de Tigre, poesia,
2001 – Prêmio Dulce Chacon da APL e Prêmio Ale-
jandro Cabassa hors-concours da UBE-RJ; Guardiã das
horas, poesia, 2003; A poesia é eterna, em parceria, 2003;
7 Cartas e uma confissão de amor, prosa e poesia, 2004;
Rituales del deseo: Rituais do desejo, edição bilíngue:
espanhol-português, Editorial Francachela, Buenos
Aires, 2005; 50 Poemas escolhidos pela autora, Edições
Galo Branco, Rio, 2009. Afora dezenas de trabalhos
publicados, das 68 antologias, escreve em periódicos
do Brasil e do exterior.
Lourdes participa da coletânea Pernambuco, terra da
poesia, org. Antônio Campos e Cláudia Cordeiro,
IMC/Escrituras Editora, SP, 2005, e tem verbete na
Enciclopédia de literatura brasileira, de Afrânio Cou-
tinho e J. Galante de Souza, 2. ed., Global Editora,
FBN/ABL, SP, 2001.
788
em Jornalismo pela Unicap, 1988, inicialmente foi
correspondente “Voice of America”. Creio que foi nes-
sa época que se tornou amiga de Luiz Amaral, chefe do
setor Brasil na Voz da América. Foi ele quem nos apro-
ximou, tecendo elogios à Luce e ao seu talento. No
início dos anos 90, Luce passa a escrever nos jornais do
Recife e, hoje, assina no Diario de Pernambuco a coluna
“Diário Urbano”. Espaço que Luce sabe usar com ob-
jetividade. Para exemplificar, cito a conquista do Par-
que Dona Lindu, no bairro de Boa Viagem, Recife. Na
hora da entrega do Parque ao povo, as autoridades não
lhe negaram elogios pelos méritos de abraçar a causa,
pela defesa sistemática da causa. Seu medo, como de
toda a população, era de que surgissem os malditos
arranha-céus sombreando mais ainda a única praia da
cidade, sem esquecer o fato de que o Recife é uma ci-
dade pobre de área verde e livre.
Sem apresentações informais, conheci a Luce Pereira
escritora através de um dos seus contos publicado na
revista Entre Livros, Ano I, nº 9. Em seguida, veio o
lançamento do seu primeiro livro Essa febre que não
passa, em razão do qual a minha temperatura nunca
mais foi a mesma: graças ao vigor narrativo, de inteli-
gente tensão entre o Ser e o Não Ser. Mas ela é, como
uma deusa, forte e definida. A obra foi lançada no
Teatro de Santa Isabel, Recife, com leitura dos textos
por Matheus Nachtergaele.
Bibliografia: Essa febre que não passa, contos, 2006.
789
literário, acreditando que “escrever é uma forma de
tocar a eternidade”. Eternidade advinda das leituras,
das músicas, dos filmes e das danças que Lúcia colheu
“um pouco de cada um dos bons e belos momentos
que esses seres especiais me proporcionaram”, como
relata no seu último livro.
Bilbiografia: Pelos quartos da lua, 2000; Zigue-zague do
tempo, 2003; Antes que o juriti se mude, 2004; Miçangas
– textos escolhidos, 2006; Luzes do zodíaco, 2008; e On-
tem, ao entardecer... (lembranças do século passado),
2009. Participa das seguintes antologias de poesias,
crônicas e contos: Afluentes de versos, 1977; Agenda do
poeta, 1999 a 2008; Os rios e seus poetas, 2003; Cartas de
onze mulheres, 2004; O fim da velhice, 2006; Seleções do
século XXI, 2007; Antologia das águas, 2007; Vozes – a
crônica feminina contemporânea em Pernambuco, 2009; O
planeta feito quintal, 2009.
790
ros classificados no Concurso de Contos do IMC, que
resultou no livro O talento com as palavras, org. Leila
Teixeira, IMC/Edições Bagaço, 2006.
791
Funcionário público, teatrólogo, romancista, jorna
lista, cronista, contista, professor. Toda a sua vida vi-
veu entre o Recife e Olinda, cenário permanente da
sua obra romanesca, dividida em romances recifenses
e romances olindenses. Tanto nos romances como nos
contos, Varejão expressa profunda preocupação com
a sua terra natal, ressaltada nas descrições dos hábitos
e costumes, das cores, das festas, da fauna e da flora,
sem, contudo, abandonar o lado psicológico, captado
nos defeitos e nas virtudes do nordestino e aflorado
através das personagens.
Lucilo Varejão viajou duas ou três vezes à Europa, de-
morando-se, sobretudo, em Paris, especialmente para
aperfeiçoar as suas atividades de professor de francês
de vários colégios recifenses. Exerceu, ainda, o cargo
de jornalista, escrevendo principalmente para A Pro-
víncia, quando assinou uma coluna sobre pintura. Nes-
se mesmo jornal também atuaram Aníbal Fernandes e
Sílvio Rabelo, escritores de sua geração. Posteriormen-
te escreveu para o Diario de Pernambuco, Jornal do Com-
mercio e, finalmente, durante muito tempo, foi redator
de uma coluna no Diário da Noite, jornais sediados no
Recife. Foi membro efetivo da APL, sucedendo com
propriedade ao historiador F. A. Pereira da Costa.
Seguindo os caminhos do pai, no que diz respeito ao
amor pela terra e dedicação à Cultura, Lucilo Varejão
Filho, também acadêmico da APL, está desenvolvendo
um dos mais importantes trabalhos de documentação
da cultura pernambucana, sempre apontada como ri-
quíssimo celeiro de poesia, mas pobre na produção
romanesca. Através da Coleção “Os Velhos Mestres
do Romance Pernambucano”, Lucilo Filho organizou
e publicou romances dos seguintes autores: Teotônio
Freire, Carneiro Vilela, Manuel Arão, Faria Neves,
Mário Sette, Lucilo Varejão, Luiz Delgado e Nilo Pe-
reira. Como se pode ver, constam deste livro de três
Lucilos, o pai, o filho e o neto, o que significa que está
792
se formando no Estado uma dinastia dos Lucilo Vare-
jão, todos eles bons escritores, dignos e respeitados
em Pernambuco.
Bibliografia: O destino de Escolástica, rom., 1920; De
que morreu João Feital, rom., 1923; A mulher do pró-
ximo... e outras mulheres, contos, 1924; Adão, contos,
1924; Teia dos desejos, contos, 1924; Boa gente, contos,
1925; O lobo e a ovelha, rom., 1935; Passo errado, rom.,
1946; Visitação do amor, rom., 1958; e Sonata a qua-
tro mãos, com acompanhamento, 1962; Baile das más-
caras, contos, 2001; Paisagem e figura, crônica, 1956.
Teatro: Muralhas de Jericó, 1921; Nossos filhos, 1938; D.
João III, [s.d.]; O bom ladrão, [s.d.]; Golias, [s.d.]; Casa
de Gonçalo, [s.d.]; Beco das almas, 1976; Viagem de volta,
coisas do passado, autobiog., inédito.
Lucilo Varejão participa da coletânea org. Cyl Gallin-
do, Contos de Pernambuco, Ed. Massangana/Fundaj,
Recife, 1988, e tem verbete na Enciclopédia de litera-
tura brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de
Souza, 2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
793
Bibliografia: A alienação em Sartre, ensaio, 1967; Cha-
péu de palha, ensaio, 1991; Rimbaud: precursor da hu-
manidade, ensaio, 1992; Albert Camus: oitenta anos,
ensaio, 1993; Na rede pode, contos, 1993; Um escritor
atual, ensaio, 1994; Nossos poetas, nossos profetas, ensaio,
1994; De Mersault a Meursault, ensaio, 1994; Olinda e
vida literária, ensaio, 1996; Um século com Lucilo Varejão,
ensaio sobre o avô, 1997; 85 Anos de absurdo, ensaio,
1998; Tia Zezinha, ensaio, 1998; Janeiro e o absurdo,
1999; Amar é menos do que ter amado, ensaio, em par-
ceria com Cláudio Aguiar, 1999; Um novo humanismo,
ensaio, 2001; O conto literário, ensaio, 2002; Da Argélia
à França, ensaio, 2003; Britannicus, ensaio, 2003; Mais
que sete gatinhos, 2004; Da poesia ao drama em “A Casa de
Bernarda Alba”, de Federico García Lorca, ensaio, 2004;
Duas leituras: a morte feliz de Olga, ensaio, 2004; Fa-
lando de poesia, ensaio, 2005. Lucilo Neto tem artigos,
contos e ensaios publicados em diversas antologias.
795
LUÍS Inácio de Miranda JARDIM, (“O homem que
galopava”), nasceu em Garanhuns/PE e faleceu no
Rio de Janeiro/RJ (08.12.1901–01.01.1987). Cursou
apenas o Primeiro Grau. Aos 17 anos mudou-se para
o Recife, trabalhou no comércio, e dedicou-se aos li-
vros e ao desenho. Fez amizade com Gilberto Freyre,
o pintor Cícero Dias, o poeta Joaquim Cardozo, reco-
nhecido desenhista nos meios intelectuais da cidade.
Junto com esses amigos revolucionou os meios cultu-
rais da capital, com ideias que culminaram no Movi-
mento Regionalista do Recife.
Muda-se para o Rio de Janeiro em 1936 e, no ano se-
guinte, a convite da Sociedade Felipe de Oliveira, faz
exposição de quadros e passa a colaborar na impren-
sa carioca. Com a conquista do Prêmio Humberto de
Campos, concedido pela ABL, com o livro de contos
Maria Perigosa, atrai também a atenção da intelec-
tualidade do então Distrito Federal, principalmente
porque um dos membros da Comissão Julgadora é
o implacável Graciliano Ramos. E a cotação de Luís
Jardim sobe mais ainda quando se revela que seu li-
vro conquistou o Prêmio concorrendo, entre outros,
com Sagarana, de Guimarães Rosa.
Quer como desenhista, cujos bicos de pena estão
presentes em centenas de livros editados pela José
Olympio Editora, quer como escritor, Luís Jardim
deixou uma grande e expressiva obra, composta de
romances, contos, literatura infanto-juvenil. No ano
passado, Garanhuns realizou, sob o patronato do seu
filho ilustre Luís Jardim, o I Festival de Literatura,
reunindo mais de 600 participantes.
Bibliografia: Maria Perigosa, contos, 1938; O boi aruá,
lit. infantil, 1940, Prêmio de Lit. Infantil do Minis-
tério da Educação, 1937; Nala e Damayanti (poema
hindu), tradução, 1944; O tatu e o macaco, lit. infantil,
1940, traduzido para o inglês, com duas edições: uma
em Nova Iorque, outra em Wuscibsub; As confissões do
796
meu tio Gonzaga, rom., 1949; Isabel do sertão, teatro,
1959; Proezas do Menino Jesus, lit. infantil, 1968; As
aventuras do menino Chico de Assis, lit. infantil, 1971.
Luís Jardim, ilustrado por Brennand, faz parte do li-
vro O urbanismo na literatura: contistas de Pernambu-
co, antologia, org. Cyl Gallindo, Ed. Livros do Mundo
Inteiro, Rio de Janeiro, 1976; e tem verbete na En-
ciclopédia de literatura brasileira, de Afrânio Coutinho
e J. Galante de Souza, 2. ed., Global Editora, FBN/
ABL, SP, 2001.
797
“Os silêncios me levam ao inevitavelmente doloroso”.
E eu creio que já falei demais sobre esse discípulo do
guatemalteco Monterroso, roubando o direito de o
leitor saborear a realidade do autor. Atualmente está
com dois livros no prelo. Começou, enfim, a escrever
seu primeiro romance. Luiz Arraes é filho de uma das
maiores expressões políticas brasileiras: o governador
e estadista Miguel Arraes de Alencar. Sobre quem es-
creveu comovente biografia, revelando o homem/pai/
chefe de família amoroso e o político que deseja legar
esse traço humano à sociedade, ao mundo.
Bibliografia: Palavra por palavra, 1990; Rastejador,
1991; O desaparecido, 1997; O que faz um homem rir,
1998; Anotações para um livro de baixa ajuda, contos,
2005; Tentando entender Monterroso, contos, 2005; O re-
metente, 2005; O que faz um homem rir, contos, 2005; O
desaparecido, contos, 2005; Todo diálogo é possível: con-
versas com meu pai, Miguel Arraes, todos lançados
pela Editora 7 Letras, Rio de Janeiro. Tem ainda con-
tos publicados em revistas e blogs literários.
798
sobre A imprensa feminina e sobre Joaquim Cardozo
arrebatou o Prêmio Jordão Emerenciano, por duas
vezes, da mesma FCCR. O ensaio sobre Mauro Mota
foi premiado pela APL e pelas suas pesquisas e histó-
rias das mulheres recebeu o título Woman of the Year,
pelo American Biographical Institute.
Muito mais se teria a dizer sobre a autora, mas ao re-
clamar o resumo, resumidíssimo, dos dados forneci-
dos por ela mesma, Luzilá respondeu com ironia, di-
zendo que acrescentar dados seria demais “para esta
pobre marquesa”. No entanto, o título de Marquesa
da Literatura é o mínimo que se pode dar à autora de
Muito além do corpo, livro em que Luzilá unifica todo
o sentimento humano no amor, enfatiza a força inte-
rior da criatura e deixa o lado externo para os olhos,
como a face sem mistério. Ao ler esse livro, saltou-me
à memória o romance Djamiliá, do russo Tchinguiz
Aitmatov, que o poeta francês Louis Aragon conside-
rou “A mais bela história de amor do mundo”. Muito
além do corpo é isto, escrito em português!
Felizmente, no fim da carta ela nos alenta com sua
opinião sobre este trabalho: “O livro será representa-
tivo e ademais admiro muito o trabalho de Antônio
Campos, eficiente, discreto, ausente de igrejinhas: al-
guém que de fato ama a literatura”.
Bibliografia: O espaço do teu rosto, contos, 1981; O tem-
po sem remédio na farmácia, ensaio, 1982; Muito além do
corpo, rom., 1988; Dentro da vida: à margem da histó-
ria, ensaio, 1989; Em busca de Thargélia: poesia escrita
por mulheres em Pernambuco no segundo oitocentis-
mo, 1870–1920, ant. org., 1991; A fala roubada: cem
anos de imprensa feminina em Pernambuco, 1991;
Ênio Silveira, 1992; Os rios turvos, rom., 1993; A garça
mal ferida: a história de Anna Paes d’Altro no Brasil
holandês, rom., 1995; Humana, demasiadamente, hu-
mana, biogr., e Lou e Salomé, ensaios.
799
Luzilá tem verbete na Enciclopédia de literatura brasilei-
ra, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza, 2. ed.,
Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
800
na Operária. Voltou às ondas do rádio como produtor
e apresentador de programas de defesa de direitos
humanos, junto com o também jornalista e escritor
Urariano Mota.
Seus primeiros contos foram publicados pelo site
espanhol La Insignia (lainsignia.org). É um dos dez
agraciados do Concurso Osman Lins de Contos, de
2006. Participou do painel Leituras de Ficção, do IV
Festival Recifense de Literatura. Tem um romance
inédito: Marx e Ogum no Alto da Sé, saga de quatro
militantes com atividades clandestinas em Olinda.
801
sangria”, também consta das coletâneas 1 e 2, deno-
minadas “Asas da América – Frevo”. E tem músicas
gravadas por Teca Calazans, Zezé Motta, Ney Mato-
grosso e Elba Ramalho.
Foi editor do Caderno Cultura do Jornal do Commercio e
é um dos editores da revista Continente Multicultural.
Bibliografia: Voo subterrâneo, poesia, Edições Bagaço,
1986; Narrativas, contos, 1992; Memorial, memórias,
1996; Brilho, poesia, 1996; Canto de Sol e de Lua, poe-
sia; Palavra clara, 1998; A superfície do silêncio, 2002; e
Caligrafia, 2003.
Marco Polo Participa da coletânea Pernambuco, terra
da poesia, org. Antônio Campos e Cláudia Cordeiro,
IMC/Escrituras Editora, SP, 2005. Tem verbete no
Dicionário biobibliográfico de poetas pernambucanos, org.
Lamartine Morais, 1993.
802
da Educação e Cultura); chefe da 4ª Superintendência
Regional da Secretaria de Cultura da Presidência da
República e secretário executivo do MinC, tendo por
diversas vezes substituído o ministro Antônio Houaiss.
Pertenceu aos Conselhos Federal de Cultura e Nacional
de Política Cultural. É conselheiro e, atualmente, presi-
dente do Conselho Estadual de Cultura de PE e do Con-
selho Municipal de Cultura do Recife. Além de Íxion,
tem outros livros adaptados para o teatro. Foi agraciado
com os seguintes Prêmios nacionais, por obras isoladas
e pelo conjunto de suas obras: Recife de Humanidades,
1971; Fernando Chinaglia, 1979; Láurea “altamente
recomendável para o jovem/1980”, Luiza Cláudio de
Souza, 1980; Mário de Andrade, 1983; Jorge de Lima,
1983; Carlos Pena Filho, 1983; Ass. Paulista dos Críticos
de Arte, 1985; Olavo Bilac, 1985; Leandro Gomes de
Barros, 1996. Participa de duas dezenas de antologias
e seis dicionários de Literatura; além de dissertações,
teses de pós-graduação sobre a sua obra, mereceu en-
saios, críticas e referências nos mais destacados veículos
da mídia brasileira e do exterior, especialmente reco-
nhecendo a importância para a Literatura do continen-
te do épico Latinomérica. Coincidindo com os analistas
deste livro, especialmente Eduardo Portela que diz que
“Quando tantos haviam decretado a morte da épica, a
poesia obstinada de Marcus Accioly nos mostrou que se
tratava de um assassinato prematuro, despropositado.
Esta é a nossa América, para a qual a nova épica de
Marcus Accioly, enraizada e vital, pede passagem”. Na
Francachela, nº 27, depois de mostrar os novos rumos da
humanidade com o aparecimento da Odisseia, da Divina
comédia, de Os lusíadas, afirmei que “Latinomérica, essa
junção de América Latina com Homero, não é só um
poema épico de que a Literatura Brasileira necessitava,
como, para mim, é uma obra clássica, pelo que se apre-
senta de modelar na linguagem, na forma e no ritmo”.
Quanto aos novos rumos, aguardemos, pois o livro saiu
803
da fornalha recentemente. Os efeitos virão, disso estou
certo, e colocarão Marcus como um dos maiores poetas
do continente.
Bibliografia: Todos os livros de poesia: Cancionei-
ro, 1968; Nordestinados, 1971; Xilografia, 1974; Sísifo,
1976; Poética: pré-manifesto ou anteprojeto do realis-
mo épico, 1977; Íxion, 1978; Ó(de)Itabira, 1980; Guria-
tã: um cordel para menino, 1980; Narciso, 1984; Érato:
69 poemas eróticos e uma ode ao vinho, 1990; O jogo
dos bichos, 1990; Latinomérica, 2001. DaguerreÓtipos, so-
netos, Escrituras, 2008.
Mais nove livros inéditos, dos quais Um ato de cordel
para Canudos, o qual faço questão de citar pelo simples
fato de ser a obra que mais cobro do amigo poeta, a
fim de o levar a São José do Rio Pardo, SP, onde há um
século se festeja a obra de Euclides da Cunha. É a festa
cívica da cidade, da qual participei durante dez anos.
Marcus Accioly participa da coletânea Pernambuco, ter-
ra da poesia, org. Antônio Campos e Cláudia Cordei-
ro, IMC/Escrituras Editora, SP, 2005, e tem verbete
na Enciclopédia de literatura brasileira, de Afrânio Cou-
tinho e J. Galante de Souza, 2. ed., Global Editora,
FBN/ABL, SP, 2001.
804
de Oliveira e passou a frequentar bibliotecas públicas,
especialmente a da Encruzilhada, onde, com amigas
do bairro, fez um “jornalzinho” e aí passou a publi-
car as suas peças que eram representadas pelo mesmo
grupo. Além de prefácios e apresentações de livros
de outros autores, Margarida publica frequentemente
artigos na imprensa pernambucana.
Ao nos encontrarmos num evento cultural, a amiga
indaga-me o que ando fazendo. Contei-lhe desta mis-
são que me conferiu Antônio Campos para o IMC,
e indaguei: “Quem sabe a Desembargadora não tira
da gaveta um conto e abrilhanta a nossa coletânea?”
“Quem sabe!” – respondeu-me. O resultado está aí
com “O Retrato e as Flores”. E muito mais virá quan-
do Margarida, casada, três filhos, avó de Anna Clara,
de talento sobejamente comprovado nos meios cultu-
rais brasileiros, baixar a guarda dos inúmeros afazeres
e ceder lugar ao seu espírito artístico e clarividente,
para que nos revele o muito que sabe dos poderes,
das artes e da vida.
805
Lourdes Hortas detém vários prêmios, entre os quais,
o do Secretariado Nacional de Informação, Lisboa,
pelo livro Aromas da infância, 1964; Prêmio Fernando
Chinaglia, UBE-RJ, para o romance Diário das chu-
vas; Prêmio Mauro Mota (Fundarpe) para Outro cor-
po, poesia, 1988; Prêmio Jorge de Lima, da Acade-
mia Mineira de Letras, para Fonte de pássaros, poesia,
2001; Prêmio José Cabaça da UBE-RJ, para o roman-
ce Caixa de retratos, 2004.
Fez parte do conselho editorial do jornal literário Cul-
tura & Tempo (1981–1983) e da revista Pirata Edições
(1983–1984). Diretora da revista Encontro, do Gabine-
te Português de Leitura de Pernambuco (1991–1997;
2005–2006), épocas em que desempenhou o cargo de
diretora Cultural da referida instituição.
Foi coordenadora das Galerias de Arte Belo Belo, no
Recife e em Braga, Portugal, de 1989 a 1995, época
em que divulgou as artes plásticas pernambucanas.
Atualmente, como artista plástica, faz parte do Ate-
lier 167, no Recife.
Bibliografia: Aromas da infância, poesia, 1965; Relógio
d’água, poesia, 1965; Fio de lã, poesia, 1979; Giestas,
poesia, 1980; Flauta e gesto, poesia, 1983; Outro corpo,
poesia, 1989; Adeus aldeia, rom., 1990; Recado de Eva,
poesia, 1990; Dança das heras, poesia, 1995; Diário das
chuvas, rom., 1995; Fonte de pássaros, poesia, 1999; Caixa
de retratos, rom., 2003. Organizou as antologias de poe
sia: Palavra de mulher, poesia, 1979; A cor da onda por
dentro, 1981; Poetas portugueses contemporâneos, 1985.
Tradução: Caja de retratos para o espanhol por Jorge
Ariel Madrazo e Cecília B. Madrazo, publicado pela
CICLA, Editorial Francachela, coordenada por José
Kameniecki e dirigida por Cyl Gallindo, Buenos Ai-
res, Argentina, 2008; Rumor de vento, poesias, Pana-
mérica Nordestal Editora, Recife, 2009.
Lourdes Hortas participa da coletânea Pernambuco,
terra da poesia, org. Antônio Campos e Cláudia Cor-
806
deiro, IMC/Escrituras Editora, SP, 2005, e tem ver-
bete na Enciclopédia de literatura brasileira, de Afrânio
Coutinho e J. Galante de Souza, 2. ed., Global Edito-
ra, FBN/ABL, SP, 2001.
807
italiano com raízes nordestinas. Diplomada em Le-
tras Neolatinas e Orientação Educacional pela UFPE.
Poeta e também contista. Foi professora, técnica em
Programação Educacional da Sudene, com curso de
especialização no exterior.
Lúcia conquistou diversos prêmios, entre os quais, o 1º
lugar com Destinos e dragrões, Conselho Municipal de
Cultura da Cidade do Recife, 1978; 2º lugar com Corcéis
da espreitada noite, do 8º Concurso Nacional de Poesia,
Fac. Integradas Augusto Motta, RJ, 1980; e Menção
Honrosa no Concurso Literário do CMC, Recife, 1973.
Lúcia Chiappetta foi a única mulher a participar da
Agenda poética do Recife: antologia dos novíssimos, org.
Cyl Gallindo, 1965, com orelha de Audálio Alves e
depoimentos de Pessoa de Moraes, Mauro Mota e
Aguinaldo Silva. Além da particularidade da presen-
ça de Lúcia no livro, que pela primeira vez reunia
dez poetas e dez desenhistas daquela que mais tarde
veio a ser classificada de Geração 65, o livro trouxe
o prefácio de Joaquim Cardozo, agora incluído por
Everardo Norões nas suas Obras completas. O mestre,
que traçou um perfil futuro para cada participante,
disse: “Lúcia Chiappetta: é a poetisa do grupo; poeti-
sa e não poeta como querem alguns... Chiappetta es-
creve versos sempre confrontando os dois princípios:
o YANG e o YIN, como Ângela Aymerich e Carmem
Conde ou, mais recentemente, a portuguesa Natércia
Freire, e a galega Luz Pozo Garza“.
Bibliografia: Destinos e dragões, poesia, 1978; Corcéis
da espreitada noite, poesia, 1980; A colheita do silêncio,
poesia, 2004.
Maria Lúcia participa das antologias: Águas nos trópi-
cos e Fauna e flora nos trópicos, org. Beatriz Alcântara e
Lourdes Sarmento, 2000 e 2002. Além de outras, com
poesias e contos. Tem verbete na Enciclopédia de lite-
ratura brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de
Souza, 2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
808
MÁRIO MÁRCIO de Almeida Santos, (“Luna”), nas-
ceu no Recife/PE (22.08.1927). Passou a infância em
Bom Jardim e Garanhuns/PE. Diplomado em Direito
e em Filosofia pela UFPE. Tem mestrado em História
e é doutor e livre-docente em Filosofia Política pela
UFPE, com a tese “Nascimento Feitosa e a Revolução
de 1884”, considerada “a primeira das quatro melho-
res apresentada, até aquela data”, no referido curso.
Doutor em Filosofia Política, aprovado com distinção
pela tese: O stalinismo. Tem 235 artigos sobre Política,
História e Filosofia, publicados no Jornal do Commercio
entre 1973–1978. Professor, escritor, crítico literário,
teatrólogo, filósofo. Ele não posa como tal, mas a sua
figura serena, observadora, sábia, assim como seus es-
critos, denuncia que a vida de Mário Márcio é pauta-
da fundamentalmente pela filosofia. Ele é um filósofo
dos nossos tempos.
Mário Márcio faz parte da APL, UBE-PE, Sobrames-
PE, Instituto Histórico de Olinda, Academia Olin-
dense de Letras, Associação dos Amigos do Arquivo
Público Estadual Jordão Emerenciano, Sócio Corres-
pondente da Academia Paraibana de Letras.
Foi agraciado com as seguintes comendas: Grau de
Comendador da Ordem do Mérito dos Guararapes,
Governo de Pernambuco, 1986; Museu da Cidade do
Recife, 1999, outorgou-lhe o título de “História Viva
do Recife”; ganhou a Medalha Marechal Trompo-
wsky, Exército Brasileiro, 2003; Medalha Pinto Fer-
reira, Sopece, 2000; Medalha Centenário, da APL,
2001; Medalha do Sesquicentenário, da Biblioteca
Pública do Estado de Pernambuco; Diploma Mauro
Mota, Conselho Estadual de Cultura, 2006.
Bibliografia: Nascimento Feitosa e a Revolução de 1848,
ensaio, Ed. Universitária da UFPE, 1978; O stalinis-
mo, ensaio, Ed. Universitária da UFPE, 1978; As car-
neiradas, revista Clio, Mestrado UFPE, ensaio, 1980;
809
A setembrizada, revista Clio, 1988; Um mito chamado
Olga, ensaio, Sobrames-PE, Prêmio Guilherme Mon-
tenegro, 2004; Noções de metodologia, filosofia, 1991; O
aprendiz de alquimia, ensaio fil., Editora Tempo Brasi-
leiro, 1995; Um homem contra o Império: vida e lutas de
Antônio Borges da Fonseca, ensaio, Fundarpe. Prêmio
Joel Pontes, 1993; e Prêmio Othon Bezerra de Melo,
da APL, 1995; Anatomia de uma tragédia: a hecatombe
de Garanhuns, CEPE, Prêmio Othon B. de Melo, da
APL, 1993; O mito do martírio de Galileu e outros mitos,
ensaio, Ed. Lume, 2006; As sete colunas da sabedoria, fil.,
Lume Edições, 2004. Crítica literária: A grande poesia
de Edmir Domingues, Ed. Bagaço, 1997; Dr. Marcolino,
Ed. Bagaço, 1997; Vida e luta de Aurino Dantas, Ed. Ba-
gaço, 2001; O voo dos carcarás, Ed. Bagaço, 2002; A poe
sia de Paulo Cardoso, Ed. Micro, 2002; De poetas e de poe-
sia, Ed. Micro, 2004; A arte literária de José Nivaldo, Ed.
Bagaço, 2005; A poesia de Waldemar Lopes, Comunigraf
Editora, 2006; Quarentena, rom., Ed. Bagaço, 1999;
Diário de um hipocondríaco, contos, Ed. Bagaço, 1999;
A face oculta, rom., Ed. Micro, 2004; Sob o signo de Alde-
barã, rom., Ed. Micro, 2004; Iniciação, teatro, peça em
seis quadros e um introito, Ed. Micro, 2004; Honestas
traições: comédia em três atos, Ed. Micro, 2004; O livro
dos meus livros, antologia, Ed. Lume, 2005.
810
ao lado de Luzinette Laporte, Paulo Gervais e uns pou-
cos mais, desfrutando elevado conceito de escritor.
Bibliografia: A Suíça Pernambucana, rom., 2002; A ma-
drugada dos anjos, rom., 2003.
811
Mário Sette, antecedeu a José Américo de Almeida na
regionalização da literatura, com A bagaceira. Crono-
logicamente isso é uma verdade.
Mário Sette viveu a infância e a juventude meio con-
turbadas; morou em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Apesar de injustiçado e perseguido chegou à direção
dos Correios e Telégrafos em Maceió, onde morou
quatro anos, separado do Recife. Morou também em
Caruaru. Aliás, ao escolher este conto, que é da fase
dos escritos de Caruaru, Leonardo Dantas Silva foi
quem, em conversa, me revelou que ele havia sido es-
crito em homenagem ao seu tio Adolpho Silva Filho,
“narra o início do seu romance na Bahia com minha
tia, Carmozina Fernandes Silva“.
Este é o pernambucaníssimo Mário Sette que, no leito
de morte, no Rio de Janeiro, adquiriu forças para pe-
dir à mãe e ao filho Hoel Sette: “No São João Batista,
não!” “No São João Batista, não!” E hoje repousa no
Cemitério de Santo Amaro, no Recife, como era a sua
vontade.
Foi professor de História do Brasil em educandários
recifenses, e na Faculdade de Filosofia do Recife. Via-
jou pela Europa sem dificuldades, pois dominava a
língua francesa. E foi escritor renomado, ganhador
do Prêmio de romance da ABL, com o livro O vigia
da casa-grande.
Bibliografia: Ao clarão dos obuses, contos, 1918; Rosas
e espinhos, contos, 1919; O palanquim dourado, rom.,
1921; Senhora de engenho, rom., 1921; A filha de dona
Sinhá, rom., 1923; O vigia da casa-grande, rom., 1924;
Sombras de baraúnas e João Inácio, contos, 1927; Seu
Candinho da farmácia, rom.; As contas do terço, rom.,
1929; A mulher do meu amigo, nov., 1933; Os Azevedos
do Poço; Anquinhas e Bernardas; Por onde os avós pas-
saram e Barcas de vapor antecederam Arruar: história
pitoresca do Recife Antigo, crônicas, 1948–1949 e
1978; Didáticos: Velhos azulejos e Terra pernambucana,
812
coleção de episódios históricos, bravuras, lendas, fol-
clore, década de 1920.
Mário Sette participa da coletânea O urbanismo na li-
teratura: contistas de Pernambuco, org. Cyl Gallindo,
Ed. Livros do Mundo Inteiro, Rio de Janeiro, 1976.
813
o berço da pátria: passeio histórico e sentimental pela
nação pernambucana, Edições Bagaço, Recife, 2008.
mmelo@senado.gov.br .
814
do, com uma biobibliografia de Mauro Mota, que for-
nece maiores detalhes sobre suas inúmeras atividades
intelectuais e executivas, distinções, honrarias, associa-
ções a que pertenceu. Mauro é patrono da Cadeira nº
XXXV, da Academia de Letras do Brasil, Brasília/DF,
atualmente ocupada pelo poeta João Carlos Taveira.
Trabalhei com Mauro Mota no IJNPS, tendo como
colega o seu filho e também poeta Maurício Mota,
criando verdadeiros laços de amizade, ampliada mais
tarde para a família, com destaque especial para sua
esposa, a pintora Marly, por quem ainda hoje perdu-
ra com a mesma fraternidade e admiração. Isto não
é privilégio devotado a alguém, é um traço marcante
da família.
Bibliografia: poesias: Elegias, 1952; A tecelã, 1956; Os
epitáfios, 1959; O galo e o cata-vento, 1962; Canto ao meio,
1964; Antologia poética; 1968; Poemas inéditos; separata
de Cahiers du Monde Hispanique et Luso-Brésilien,
1970; Itinerário; 1975; Pernambucânia ou cantos da co-
marca e da memória, 1979; Pernambucânia dois, 1980;
Antologia em verso e prosa, 1982; prosa: No roteiro do
Cariri, 1952; São João do Nordeste, 1952; Cajueiro nor-
destino; e Recife, província literária precursora, 1954;
Itinerário da escola 1956; Cadeira vinte; e Paisagem das
secas, 1958; Estrela de pedra e capitão de fandango, 1960;
Geografia literária e imagens do Nordeste; 1961; Fitofobia
e dietas; 1962; Terra e gente; 1963; A casa: habitação
rural, 1964; História em rótulos de cigarro; 1965; Quem
foi Delmiro Gouveia?, 1967; O criador de passarinhos; O
pátio vermelho; Votos e ex-votos, 1968; Os bichos na fala da
gente, 1969; Amor no Recife, O navegante Gilberto Amado,
discurso de posse e recepção na Academia Brasileira de Le-
tras, 1970; Pernambuco sim, 1972; Cara e c’roa; Igarassu
e a Escolinha de Arte; A gênese de “Casa-grande & senza-
la”, 1974; Virtudes e virtualidades, 1974; Modas e mo-
dos; 1975; Diário de um soldado da Companhia das Índias
Ocidentais; 1976; Gervásio Fioravanti; Manuel Bandeira;
815
Mercados e feira; 1978; Igarassu, outra civilização, 1980;
A estrela de pedra e outros ensaios nordestinos, 1981; For-
talezas de Pernambuco; Do banco de Amintas à cadeira da
Academia, 1982; Barão de Chocolate & companhia; 1983,
Alfinetes e bombons, 1984.
Mauro Mota participa das antologias O urbanismo na
literatura: contistas de Pernambuco, org. Cyl Gallindo,
Ed. Livros do Mundo Inteiro, Rio de Janeiro, 1976;
Pernambuco, terra da poesia, org. Antônio Campos e
Cláudia Cordeiro, IMC/Escrituras Editora, SP, 2005,
e tem verbete na Enciclopédia de literatura brasileira, de
Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza, 2. ed., Glo-
bal Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
816
seu idealizador, dispensavam atenção muito especial
aos jovens poetas e escritores. Maximiano Campos já
era o destaque, pelas crônicas e artigos publicados no
Jornal do Commercio e pela vocação para a narrativa,
fato comprovado com a produção do romance Sem
lei nem rei. Seu jeito introspectivo, observador, formal,
não o distanciava do grupo. Ao contrário, ele fazia
questão de estar no meio, com seu sorriso maroto
para os momentos hílares.
No correr dos anos, Maximiano foi secretário de Tu-
rismo, Cultura e Esportes de Pernambuco, na gestão
do Governador Miguel Arraes, 1987–1998, período
em que desenvolveu a política de interiorização da
Cultura, com projetos como Trem da Cultura; Festival
de Cantadores Populares, afora concursos literários
de diversos gêneros e categorias. Republicou autores
de relevância cultural como Deolindo Tavares e As-
censo Ferreira. Pela brilhante atuação como escritor
e como gestor público, recebeu a Medalha do Mérito
da Fundaj, por “relevantes serviços prestados à Cul-
tura Brasileira” especialmente como superintenden-
te do Instituto de Documentação da própria Fundaj;
Medalha Rodrigo de Melo Franco de Andrade “por
relevantes serviços prestados ao Patrimônio Artístico
e Histórico Brasileiro”. Para coroar o reconhecimento
que a Cultura Pernambucana lhe devota, afora a for-
tuna crítica que é extensa com nomes como Gilberto
Freyre, Ariano Suassuna, Raimundo Carrero e outros,
seu filho, o também escritor Antônio Campos, fun-
dou o IMC, com finalidades de preservar a obra do
pai e promover e divulgar a Cultura de Pernambuco,
por todo o Brasil e também pelo exterior.
Impossível citar tudo o que já foi escrito sobre Maxi-
miano desde o início de sua carreira de escritor até o
presente. Também não posso omitir a publicação da
Revista de Cultura e História, de Vitória de Santo Antão,
817
sob a batuta de Marcus Prado, pela narrativa feita sobre
o quadro dramático do escritor, a partir do golpe de
militar de 1964, quando exercia a função de Oficial de
Gabinete do Governo de Miguel Arraes, seu futuro so-
gro. Em agosto de 1964, casa-se com Ana Lúcia Arraes
de Alencar numa capela da Base Aérea do Recife, para
cuja cerimônia o Governador foi trazido sob escolta e
sem permissão de pronunciar uma única palavra. Um
ano depois nasce o filho Eduardo e o casal refugia-se na
fazenda Três Marias, em Vitória. Aí, sempre velado, es-
creve poemas e prepara-se para concluir o bacharelato
em Direito. Em 1968, nasce o segundo filho, Antônio
Campos, ele publica Sem lei nem rei, romance.
O outro fato que detalha toda a sua existência, foi
a publicação do livro Para ler Maximiano Campos, de
Luiz Carlos Monteiro, Edições Bagaço, 2008.
Bibliografia: Sem lei nem rei, rom., 1968; As embosca-
das da sorte, contos, 1971; As sementes do tempo, contos,
1972; As feras mortas, contos, 1975; O major Façanha,
nov., 1975; A loucura imaginosa, nov., 1985; Cartas aos
amigos, ensaios, 2002; Do amor e outras loucuras, poesia,
2003; Os cassacos, nov., 2003; Na estrada, contos, 2005.
Maximiano Campos participa das coletâneas O urba-
nismo na literatura: contistas de Pernambuco, Ed. Li-
vros do Mundo Inteiro, Rio de Janeiro, 1976; Contos
de Pernambuco, Ed. Massangana/Fundaj, Recife, 1988,
organizadas por Cyl Gallindo; e de Pernambuco, terra
da poesia, org. Antônio Campos e Cláudia Cordeiro,
IMC/Escrituras Editora, SP, 2005. Tem verbete na En-
ciclopédia de literatura brasileira, de Afrânio Coutinho
e J. Galante de Souza, 2. ed., Global Editora, FBN/
ABL, SP, 2001.
818
Natural. Romancista, poeta, teatrólogo, jornalista,
crítico literário, conferencista, professor, orador, en-
saísta, memorialista, contista, inventor e político. De-
putado federal por Pernambuco, abolicionista e repu-
blicano, e membro fundador da ABL.
“Pelo volume de títulos, parece o dono do mundo,
não?” Quem indaga e simultaneamente nos dá a
resposta é o poeta mineiro Anderson Braga Hortas,
uma das maiores expressões da Literatura Brasileira
Contemporânea, que se dispôs a elaborar um ensaio
sobre a figura do nosso conterrâneo Medeiros e Albu-
querque, o qual inaugura seu estudo com este título:
“Medeiros e Albuquerque – Ou o dono do mundo”,
para logo adiante justificar:
“Não, amigos, não vamos falar de um grande indus-
trial, de um megainvestidor, nem de algum rico her-
deiro de lendárias fortunas. Medeiros e Albuquerque
merece o epíteto de dono do mundo ou, talvez me-
lhor, dono da vida não por ter sido senhor de fabuloso
patrimônio ou mirabolantes contas bancárias, mas tão
só pela inteligência e liberdade de espírito, pela cul-
tura e coragem de viver, pela atuação no mundo das
letras e no mundo dos fatos, na política e na educação,
cheio sempre de combatividade e de alegria”.
É lamentável não podermos transcrever todo o traba-
lho do Anderson, tão rico de informações, tão analí-
tico, esclarecedor da personalidade marcante que foi
para Pernambuco e para o Brasil, o escritor Medeiros e
Albuquerque, o primeiro contista pernambucano. Fato
este que enfatizei no livro O urbanismo na literatura.
Começou suas atividades de pedagogo no Recife.
Transferiu-se para o Rio de Janeiro, estudou no Colé-
gio Pedro II, dessa cidade, e na Escola Acadêmica, de
Lisboa, Portugal. Notabilizou-se como pedagogo, foi
vice-diretor do Ginásio Nacional, presidiu o Conser-
vatório Dramático, lecionou no 2.º grau e na Escola
Nacional de Belas Artes, foi nomeado diretor-geral
819
da Instrução Pública do Distrito Federal. É autor do
Hino da República.
Deputado Federal por Pernambuco por duas vezes,
atuou na oposição, teve de refugiar-se, também por
duas vezes, na Embaixada do Chile e do Peru e viver
em Paris de 1912 a 1916.
Como deputado, coube-lhe a iniciativa de propor a Lei
nº 493, de 1898, a primeira a definir e garantir os di-
reitos autorais para obras impressas literárias, científi-
cas e artísticas. Ele próprio comenta parte da sua atua-
ção: “Eu fiz votar a primeira lei sobre direitos autorais,
a primeira lei sobre expulsão de estrangeiros, fui quem
apresentou o primeiro projeto sobre acidentes do tra-
balho, propus a criação do Ministério da Instrução Pú-
blica, tive numerosas outras iniciativas. Mas o regime
presidencial é uma miséria: o poder do presidente ab-
sorve todos os outros. Por fim, me convenci de que o
melhor meio de fazer triunfar certas ideias era sugeri-
las a amigos do Governo, que as apresentavam como
suas e as faziam passar”. É uma pena ele não ter vivido
nos tempos atuais, quando tudo é diferente.
No terreno das invenções, Medeiros e Albuquerque
criou um “cinema estereoscópico” e uma “máquina de
escrever para cifrar e decifrar textos” patenteados na
França e, finalmente, em 1911, diz ele: “eu li a descri-
ção dos motores de aviões”. “Neles se produzem ex-
plosões de gases, que impelem os pistões dos motores
e é esse movimento que é aproveitado para fazer girar
as hélices”. “Eu perguntara: Para que motor?”
Acudiu-lhe a ideia de que seria possível suprimir os
motores: fazer com que as explosões dos gases moves-
sem diretamente a hélice. Em 1918, interrogou-se: E
para que hélice?
Como se pode ver, se Santos Dummont tivesse ouvido
Medeiros e Albuquerque, em vez do 14 Bis, a aviação
já teria começado com o avião a jato.
Jornalista renomado, abolicionista e republicano his-
820
tórico, Medeiros e Albuquerque fundou O Fígaro e O
Clarim, foi diretor de A Tarde e colaborador da Gazeta
de São Paulo e de outros jornais do Rio de Janeiro.
Como comentarista político ou crítico literário, eletri-
zava os leitores e dominava a opinião pública na sua
época, dizem, inclusive, que foi ele a chave que abriu
as portas da Academia.
Um dos fundadores da ABL, da qual ocupou a Secre-
taria-Geral até 1917. Fez parte da Comissão do Dicio-
nário, participou dos debates e redigiu a primeira re-
forma ortográfica, aprovada em 1907, e ainda propôs
o fardão à Academia. Usou vários pseudônimos. E foi
no memorialismo que mais brilhou.
Bibliografia: Pecados e canções da decadência, poesia,
1889; Diálogos de cidades, poesia, 1889; Um homem
prático, contos, 1884; Mãe tapuia, contos, 1900; Poe-
sias, 1994; Contos escolhidos, 1907; Em voz alta, confer.,
1909; O escândalo, teatro, 1909; Pontos de vista, ensaios,
1913; Literatura alheia, trad., 1914; O silêncio é de ouro,
confer., 1916; O perigo americano, confer., 1919; Mar-
ta, rom., 1920; O mistério, rom., com Afrânio Peixoto,
Coelho Neto e Viriato Correia, 1920; Páginas de crí-
tica, crítica, 1920; Fim, poesia, 1922; Graves e fúteis,
diversos, 1922; Teatro… Meu e dos outros, 1923; Lau-
ra, rom., 1923; Poemas sem versos; 1924; O assassino do
general, contos, 1926; A arte de conquistar as mulheres,
1931; Se eu fosse Sherlock Holmes, contos, 1932; O um-
bigo de Adão, contos, 1932; Laura, rom., 1933; Quan-
do eu falava de amor, poesia, 1933; Homens e cousas da
Academia, 1934; Surpresas, contos, 1934; Pensamentos,
1935; Pequena história da literatura brasileira, 1919; Re-
talhos e bisalhos, poesia completa de Pedro II, 1932.
Medeiros e Albuquerque participa das coletâneas O
urbanismo na literatura: contistas de Pernambuco, org.
Cyl Gallindo, Ed. Livros do Mundo Inteiro, Rio de Ja-
neiro, 1976; Pernambuco, terra da poesia, org. Antônio
821
Campos e Cláudia Cordeiro, IMC/Escrituras Editora,
SP, 2005; e tem verbete na Enciclopédia de literatura
brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza,
2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
822
Micheliny escreve desde os dez anos de idade. Seus
trabalhos foram publicados no Jornal do Commercio,
Cadernos Populares, O Pão, Cult, Poesia Sempre e Conti-
nente Multicultural. Participou da mostra EXPoesia, em
Vila do Conde, Portugal, e da antologia Na virada do
século – Poesia e invenção do Brasil. Estreou como con-
tista na revista L’Ordinaire Latino American, da Univer-
sidade de Toulouse II-Le Mirail, França.
No mesmo espaço de tempo, Micheliny migrou para
São Paulo, onde se casou e produziu seu maior poe
ma: “Nina”, que se encontra, na íntegra, no blog
<www.oquartodenina.zip.net>.
Bibliografia: Geografia íntima do deserto e O observador
e o nada, 2003. Micheliny participa da coletânea Per-
nambuco, terra da poesia, org. Antônio Campos e Cláu-
dia Cordeiro, IMC/Escrituras Editora, SP, 2005.
823
se está traduzindo. Em outras palavras: traduzir é
recriar uma obra num determinado idioma sem fe-
rir as suas qualidades na língua original. Não estou
afirmando que todas as traduções feitas no Brasil são
ruins, embora as livraria estejam abarrotadas de lixos
traduzidos. Refiro-me, aqui, às obras estruturais da
Literatura Universal. A ABL confirmou minhas defi-
nições sobre o trabalho de Milton Lins concedendo-
lhe o prêmio de tradutor do ano de 2010.
Bibliografia: Prestação de contas, contos, 1993; Recon-
tando histórias, 1995; O sino escarlate, 1996, prêmio
de ficção da APL; Livro preto, anotações de viagem, e
ABC, contos, 1997.
Traduções: Rimbaud – em metro e rima, UPE, 1998; Es-
pólio poético de André Chénier, Ed. do tradutor, 2002, e
Pequenas traduções de grandes poetas, vol. 1, 2006, vol.
2, 2007, e Alcoóis, poemas, de Guillaume Apollinaire,
Edições Bagaço, 2008.
824
ticipou, como convidado, das Bienais da Bahia; Valpa-
raíso, Chile, e de Havana, Cuba. E ainda de Salões de
poesia no México, Portugal, Austrália e Croácia.
Traduziu poesias de expressivos nomes da Literatura
Universal, como Rimbaud, Baudelaire, Verlaine, W.
B. Yeats, Hölderlin, entre outros.
Bibliografia: Floemas, poesia, 1978; Narkosis, poesia,
1979–1981; Pequenos sucessos, poesia, 1981; Dentro da
caixa, cinza, poesia; 1980; As estações visionárias, poesia,
1962; Divân de Casa Forte, poesia, 1992; Notassons: nota-
ções musicais e visuais aleatórias; Câmara escura, poesia,
2002; A véspera metálica, poesia, 2005; e mais uma deze-
na de livros inéditos, e muitos contos produzidos.
Montez Magno participa da coletânea Pernambuco,
terra da poesia, org. Antônio Campos e Cláudia Cor-
deiro, IMC/Escrituras Editora, SP, 2005, e tem ver-
bete na Enciclopédia de literatura brasileira, de Afrânio
Coutinho e J. Galante de Souza, 2. ed., Global Edito-
ra, FBN/ABL, SP, 2001.
825
nos meios literários, graças ao suplemento Autores e
Livros. Desse suplemento, Múcio Leão colheu sub-
sídios para a vastíssima obra crítico-historiográfica,
composta de onze volumes, com o mesmo título do
suplemento, publicada a partir de 1950. E contribuiu
para sua eleição na ABL, à qual prestou também ines-
timáveis serviços.
Bibliografia: Ensaios contemporâneos, crítica, 1923; Te-
souro recôndito, poesia, 1926; A promessa inútil e outros
contos, 1928; No fim do caminho, rom., 1930; Prêmio de
pureza, contos, 1931; Castigada, rom., 1934; João Ri-
beiro, crítica, 1934; Os países inexistentes, poesia, 1941;
Poesias completas, de Raimundo Correia, org. e pref.,
1948; Poesias, 1949; Nabuco, estudo crítico, 1950;
Emoção e harmonia, ensaio, 1952; Crítica de João Ribeiro,
org. e pref., 1952–1961; O romance de Machado de Assis,
In: ABL, ed. Curso de Romance, 1952; Os modernos,
1952; O frade estrangeiro e outros escritos, de Carlos de
Laet, org. e pref., 1953; Lindolfo Rocha, crítica com
outros, 1953; A poesia brasileira na época colonial, In:
ABL, ed. Curso de Poesia, 1954; João Ribeiro, ensaio
bibliog., 1954; José de Alencar, biogr., 1955; Salvador
de Mendonça, ensaio bibliog., 1955; A crítica de Araripe
Júnior, In: ABL, ed. Curso de Crítica, 1956; O contista
Machado de Assis, In: ABL, ed. Curso de Conto; 1958;
João Ribeiro, trechos escolhidos, org., 1960; Autores e
livros, 11 vols. 1941–1950.
Múcio Leão participa da coletânea O urbanismo na li-
teratura: contistas de Pernambuco, org. Cyl Gallindo,
Ed. Livros do Mundo Inteiro, Rio de Janeiro, 1976;
Pernambuco, terra da poesia, org. Antônio Campos e
Cláudia Cordeiro, IMC/Escrituras Editora, SP, 2005,
e tem verbete na Enciclopédia de literatura brasileira, de
Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza, 2. ed., Glo-
bal Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
826
NELSON Falcão RODRIGUES, (“A dama do lota-
ção”), nasceu no Recife/PE e faleceu no Rio de Janei-
ro/RJ (23.08.1912–21.12.1980). Jornalista, cronista
esportivo, romancista, contista, dramaturgo. Seu pai,
Mário Rodrigues, jornalista e ex-deputado federal,
para se livrar de perseguições políticas, mudou-se
com a família para o Rio de Janeiro, então Distrito
Federal, quando Nelson ainda era criança, indo resi-
dir na zona norte da cidade. Mário Rodrigues empre-
ga-se no Correio da Manhã. Deixa este jornal e funda
A Manhã, que não prosperou, e então ele funda A Crí-
tica, ambos jornais sensacionalistas. Nelson, aos treze
anos de idade, seguiu com seus irmãos Milton, Mário
Filho e Roberto para trabalhar na redação do novo
jornal. Ali, o jovem Nelson presencia o assassinato de
seu irmão Roberto. Esse fato, somado a uma tubercu-
lose, contraída em seguida, deixariam marcas para
sempre na sua personalidade e na sua obra. Em 1942,
estreou a primeira de suas peças, A mulher sem pecado.
No ano seguinte, Zbigniew Ziembinski montou, no
Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Vestido de noiva
– “texto fragmentário apresenta ações simultâneas
em tempos diferentes e a coexistência de três planos
(realidade, memória e alucinação)”. Nelson alcançou
fama e passou a ser considerado pela crítica o funda-
dor do moderno teatro brasileiro.
Ao chegar ao Rio de Janeiro, em 1958, habituei-me
a ler no jornal Última Hora a coluna “A vida como ela
é”, de Nelson Rodrigues. Virou vício. Tornei-me fã do
autor. Sentimento que se converteu em ódio, após o
golpe militar, tão defendido pelo autor de Beijo no as-
falto. Anos depois, soube que Nelson Filho era um ati-
vista de esquerda. Até aí, tudo bem. Mas no momento
em que Nelson Rodrigues declarou que na sua casa
podiam conviver pessoas de pensamentos diferentes,
ele continuaria de direita, o filho de esquerda, porque
se praticava a democracia, voltei a admirar, respeitar
827
e a assistir a peças, filmes, tudo que fora produzido
pelo grande escritor brasileiro. Meu problema não é
alguém pensar diferente de mim, é que interfira à
força na ideologia de alguém. Se o filho tem pensa-
mento próprio, contrário ao do pai, é prova cabal de
que nessa família se praticou a liberdade de pensa-
mento e de expressão.
Além do teatro, do romance, do conto, Nelson Rodri-
gues foi um cronista esportivo dos mais conceituados
da imprensa brasileira, campo que nada me diz, por
ser apático a essa indústria.
Bibliografia: Peças: A mulher sem pecado, 1941; Vesti-
do de noiva, 1943; Álbum de família, 1946; Anjo negro,
1947; Senhora dos afogados, 1947; Doroteia, 1949; Val-
sa nº 6, 1951; A falecida, 1953; Perdoa-me por me traí-
res, 1957; Viúva, porém honesta, 1957; Os sete gatinhos,
1958; Boca de ouro, 1959; O beijo no asfalto, 1960; Otto
Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária, 1962; Toda
nudez será castigada, 1965; Anti-Nelson Rodrigues, 1973;
A serpente; 1978. Romances: Meu destino é pecar, 1944;
Escravas do amor; 1944; Minha vida, 1944; Núpcias de
fogo; 1948; A mulher que amou demais, 1949; O homem
proibido, 1959; A mentira, 1953; Asfalto selvagem, 1959
(também conhecido como Engraçadinha); O casamen-
to, 1966. Contos: Cem contos escolhidos: A vida como ela
é..., 1972; Elas gostam de apanhar, 1974; A vida como ela
é: O homem fiel e outros contos, 1992; A dama do lota-
ção e outros contos e crônicas, 1992; A coroa de orquídeas,
1992. Crônicas: Memórias de Nelson Rodrigues, 1967; O
óbvio ululante: primeiras confissões, 1968; A cabra va-
dia, 1970; O reacionário: memórias e confissões, 1977;
O remador de Ben-Hur, 1992; A cabra vadia: novas con-
fissões, 1992; A pátria sem chuteiras: novas crônicas de
futebol, 1992; A menina sem estrela, memórias, 1992; À
sombra das chuteiras imortais: crônicas de futebol, 1992;
A mulher do próximo, 1992. Telenovelas: TV Rio: So-
nho de amor, 1963; O desconhecido, 1964; TV Globo: O
828
homem proibido, 1982. Filmes: Somos dois, 1950; Meu
destino é pecar, 1952; Mulheres e milhões, 1961; Boca de
ouro, 1963; Meu nome é Pelé, 1963; Bonitinha, mas ordi-
nária, 1963; Asfalto selvagem, 1964; A falecida, 1965; O
beijo, 1966; Engraçadinha depois dos trinta, 1966; Toda
nudez será castigada, 1973; O casamento, 1975; A dama
do lotação, 1978; Os sete gatinhos, 1980; O beijo no asfal-
to, 1980; Bonitinha, mas ordinária, 1980; Álbum de famí-
lia, 1981; Engraçadinha; 1981; Perdoa-me por me traíres,
1983; Boca de ouro; 1990; Vestido de noiva; 2006.
Nelson Rodrigues tem verbete na Enciclopédia de lite-
ratura brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de
Souza, 2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
829
senvolvimento Turístico (Cicatur, OEA, México, em
1974); pós-graduado em Jornalismo Político pela
Unicap na década de 1980; curso de Artes Plásticas,
na Escola Livre da Ribeira. Poeta, ensaísta, articulista,
conferencista, professor, pintor, contista.
É membro da APL, do Instituto Histórico de Olinda
e de Goiana. Foi presidente da UBE-PE. É sócio fun-
dador do Centro de Estudos de História Municipal,
da Fiam; da Academia Olindense de Letras; da con-
gênere do Recife; da Alane e da Sociedade dos Poetas
Vivos de Olinda. É vice-presidente da Comissão Na-
cional do Folclore e membro do Conselho da AIP.
Militou como advogado trabalhista e civil e procura-
dor autárquico federal. Foi membro do CEC-PE e de
órgãos congêneres de Olinda e do Recife, consultor
de Cultura e Turismo da Empetur. Fez parte do Con-
selho de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda,
do Conselho Editorial da Fundarpe, da Comissão In-
ternacional das Organizações de Festivais Folclóricos
da Unesco; foi presidente da FCCR entre 1994/1995
e representou as instituições literárias de Pernambuco
no Conselho da Lei de Incentivo à Cultura do Gover-
no do Estado de Pernambuco. É pintor, participou do
Movimento de Artes da Ribeira, Olinda, na década
de 1960, com várias exposições e obras em coleções
particulares, estando incluído no Álbum editado pelo
governo estadual: intitulado por José Cláudio Artistas
de Pernambuco, 1982. É professor fundador do curso
de Turismo da Unicap. Dirigiu, quando era ainda es-
tudante, o Olinda Jornal e colabora nos jornais da re-
gião desde a década de 1950. Está citado no Dicioná-
rio biobibliográfico de poetas pernambucanos, Fundarpe,
1993; na Bibliografia pernambucana do folclore, 1999.
É detentor da Comenda da Ordem dos Guararapes
do Estado de Pernambuco e de vários prêmios literá-
rios, entre os quais, o de Contos, conferido pela Se-
cretaria de Educação e Cultura do Estado de Pernam-
830
buco, 1957; o de Poesia, da UBE-PE, em 1966; o de
Ensaio, da APL, 1976, e o de Antropologia Cultural,
da Fundaj, 1990.
Bibliografia: Contos: Um negro volta ao mangue, 1957;
O homem que devia ter morrido há três anos, 1966; Uma
noite no castelo, 1985; A loba e os faisões, 1992; Seresta em
tempo de caju, 1996; Antologia do conto nordestino e con-
temporâneo, 1998; e Antologia do conto nordestino 2000;
Antologia contistas no 3º milênio, 2002; Uma lembrança
de flor: contos olindenses, 2003; Antologia de história
curtas, 2006. Poesia: Dura e breve história da Ilha do
Maruim, 1971; Da lúcida visão do homem de pouca fé,
1965; Tríptico: vida, paixão e canto, 1968; Hinapino,
1974; Estudo de cor na zona da mata sul pernambucana,
1976; Cantoria, 1980; Poética olindense, 1981; Balada
bacamarteira no Alto do Bom Jesus, 1983; Praxis amandi,
1984; O livro da poesia de Olímpio Bonald Neto, 1990;
Sangue e sonhos reinventados, 2003. Antropologia cul-
tural: Os bacamarteiros, 1965; Bacamarte, pólvora e povo,
1976; Palco e palanque, 1963/88; Apresentação da Via-
sacra do mestre Nosa, 1969; Folclore, 1975; O homem
da meia-noite, 1978; A arte do entalhe, tradição artísti-
ca olindense, 1985; Os caboclos de lança, 1987/1978;
Turismo, folclore e artesanato, 1982; Gigantes foliões em
Pernambuco, 1992; Modernismo e integralismo: A ideo-
logia dos anos trinta, 1996; Culinária popular, turismo
e região, 1998. Ensaios literários, técnicos e didáticos:
Guias turísticos de: Olinda, Nova Jerusalém, Itamara-
cá e PE-2, 1973; Introdução ao estudo do turismo, 1975;
Turismo e trópico, 1977; O verbo e a voz, em colabora-
ção com Nelson Saldanha, 1981; Aspectos turísticos de
Pernambuco, em colaboração com Marinalva Coelho,
1983; Potencial turístico do Nordeste, em coautoria com
Zenaide Bonald Pedrosa, 1986; e Elementos do plano e
do projeto em turismo, 1999.
Olímpio Bonald participa, entre quase uma centena
de outras, das coletâneas Pernambuco, terra da poesia,
831
org. Antônio Campos e Cláudia Cordeiro, IMC/Escri-
turas Editora, SP, 2005; O urbanismo na literatura: con-
tistas de Pernambuco, org. Cyl Gallindo, Ed. Livros
do Mundo Inteiro, Rio de Janeiro, 1976; e tem ver-
bete na Enciclopédia de literatura brasileira, de Afrânio
Coutinho e J. Galante de Souza, 2. ed., Global Edito-
ra, FBN/ABL, SP, 2001.
832
solicitei autorização sua para incluir um dos seus tra-
balhos. Osman respondeu-me que não era de partici-
par de empreendimentos dessa natureza, “conquanto,
acho a sua ideia simpática e concordei com a inclusão
de um trabalho meu”. Pessoalmente, ele completou
que a ideia de estudar o urbanismo numa literatura,
tida como essencialmente ruralista, “é tema de semi-
nários e teses nas universidades”.
Bibliografia: O visitante, rom., 1955; Os gestos, contos,
Prêmio Monteiro Lobato, SP, 1957; O fiel e a pedra,
rom., 1961; Lisbela e o prisioneiro, teatro, 1961, levado
ao cinema; A idade dos homens, teatro, 1963; Marinheiro
de primeira viagem, relato de viagem, 1963; Nove no-
vena, narrativas, 1966; Um mundo estagnado, ensaio,
1966; Capa-verde e o Natal, teatro infantil, 1967; Guer-
ra do Cansa-Cavalo, teatro infantil, 1967; Avalovara,
rom., 1973; Guerra sem testemunhas, ensaio, 1974, so-
bre o escritor, sua condição e a realidade social; Santa,
automóvel e soldado, teatro, 1975; Lima Barreto e o espaço
romanesco, ensaio, 1976; A rainha dos cárceres da Grécia,
rom., 1976; Do ideal e da glória: problemas inculturais
brasileiros, ensaio, 1977; La paz existe?, relato de via-
gem, 1977; A missa do galo: variação sobre o mesmo
tema, antologia, da qual foi o organizador, 1977; O
diabo na noite de natal, infantil, 1977; Casos especiais de
Osman Lins, contos, 1978; Evangelhos na taba: outros
problemas inculturais brasileiros, ensaio, 1979; Osman
Lins: uma biografia literária, biog., 1988; A ilha no es-
paço, org. Telenia Hill; Relato de Santa Joana Carolina,
teatro, 1991, teatralização de Maria José de Carvalho,
pref. de Julieta de Godoy Ladeira.
Osman Lins participa das coletâneas: O urbanismo
na literatura: contistas de Pernambuco, Ed. Livros do
Mundo Inteiro, Rio de Janeiro, 1976; e Contos de Per-
nambuco, Ed. Massangana/Fundaj, Recife, 1988, orga-
nizadas por Cyl Gallindo, e tem verbete na Enciclopédia
833
de literatura brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante
de Souza, 2. ed., Global Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
834
PELÓPIDAS SOARES, (“A grande reta”), nasceu
em Catende/PE e faleceu no Recife/PE (27.03.1922–
10.05.2007). Comerciante, político, poeta, teatrólo-
go, contista.
Embora sua vocação literária tenha se manifestado
desde cedo, ingressou no comércio e na política, dei-
xando as letras para as horas vagas. Ocupou em duas
legislaturas o cargo de presidente da Câmara Muni-
cipal de Catende.
Como comerciante, presidiu o Sindicato de Comércio
Varejista e, decorrente dessa atividade, foi eleito presi-
dente da Federação do Comércio Varejista de Pernam-
buco e presidente do Senac-PE, ocupou várias funções
na CNC-RJ e CNC/RJ/DF. Foi conselheiro do SESC-PE,
do Sebrae e da ACP, e vogal da Junta Comercial-PE.
Essas múltiplas atividades levaram-no a dizer, em tom
de brincadeira, que, dividindo-se tanto, não consegue
ser bom em nada... Mas Pelópidas conseguiu ser bom
cidadão, esposo, pai (Bartyra Soares, presente neste
livro, que o diga), amigo e um excelente intelectual,
campeão de conquista de prêmios e de honrarias ga-
nhas. Entre outras láureas e homenagens, recebeu o
troféu “Cultura Viva de Pernambuco” da (Fundarpe),
o título de Sócio Honorário da Sobrames-PE, a meda-
lha de Colaborador Emérito do Exército, a Medalha
João Alfredo de Oliveira, na categoria Mérito Judiciá-
rio, do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, a
Medalha de Ouro Mérito Judiciário Desembargador
Joaquim Nunes Machado, do TJPE-PE. O Conselho
Deliberativo do Senac-PE denominou de Pelópidas
Soares, o prédio do seu Centro Administrativo. Em
sua cidade fundou colégios, clubes culturais e recrea-
tivos, bibliotecas e revistas, ao tempo em que publica-
va artigos, contos e poemas em jornais do interior e
da capital e em outros Estados brasileiros.
Foi membro da APL, da Alane e da UBE-PE. Tem poe
mas traduzidos para o espanhol por Gaston Figueira,
835
do Uruguai, e por Leopoldo Gaston Oliver, de Porto
Rico. Foi detentor de onze prêmios literários.
Bibliografia: A outra e outros, contos, 1976, Prêmio Othon
Bezerra de Melo, da APL, 1972; Cordão dos bichos, con-
tos, 1980, Prêmio Cidade do Recife, do Conselho Mu-
nicipal de Cultura, 1974; Alaursa, contos, 1998; A nau
do cata-vento, 2004; Outro sol se levanta, rom., 2007.
Pelópidas Soares participa, entre outras, das seguin-
tes antologias: O urbanismo na literatura: contistas de
Pernambuco, org. Cyl Gallindo, Ed. Livros do Mundo
Inteiro, Rio de Janeiro, 1976; Nova literatura brasilei-
ra, vol. II, 1987; Seleta de autores pernambucanos, 1990;
Conto nordestino e contemporâneo, 1999; Poemas de sal e
sol, 2000; Conto nordestino – ano 2000, 2004.
836
Bibliografia: José de Castro: um pintor de Pernambuco,
no virar do século XX, ensaio, 1984; O 2º quadrante,
contos, com participação de Ana Maria César, Zil-
da Crisóstomo e Ana Maria Feitosa, 1986; Foi assim,
contos 1989; Pelos caminhos da cirurgia plástica, ensaio,
1994; Foi mesmo, contos, 1997.
837
de areia e Quincas Berro d’Água; James C. Hunter, Ru-
bem Braga, Zé da Luz, Brasil caboclo, e Cyl Gallindo,
“pela exatidão com que define as diferenças compor-
tamentais entre homens e mulheres”.
838
trata-se da “Oficina de Carrero”, que funciona nas
dependências da Livraria Jaqueira. Repetida diaria-
mente na CBN, programa de Aldo Vilela. É um tra-
balho de oficina, na qual Raimundo ministra aulas de
Literatura, desmistifica o processo criativo baseado
no “dom de Deus”, na “inspiração divina” e mostra
que escrever é um trabalho como outro qualquer, que
exige disciplina e empenho. E conclui: “Não há gran-
de obra literária, por melhor que seja, sem que o au-
tor apresente uma ampla visão do mundo, capaz de
gerar discussão e debates”. Hoje já existem centenas
de pessoas que perderam o “acanhamento” ou a “ver-
gonha”, jogaram-se sobre o papel e passaram a pro-
duzir suas próprias obras, ou simplesmente tiraram o
que estava engavetado e começaram a publicar livros.
A isso eu chamo de “o milagre da multiplicação de
Raimundo Carrero“, num país de analfabetos, como
o Brasil. Mas esse sertanejo salgueirense não fica por
aí, ele arrebatou o Prêmio São Paulo de Literatura-
2010, com o livro Minha alma é irmã de Deus, Editora
Record. Ao seu lado estava como estreante Edney Sil-
vestre com o livro Se eu fechar os olhos agora.
Carrero chega a 2010, arrebatando o Prêmio de Es-
critor do Ano, do Governo de São Paulo.
Bibliografia: Anticrime, teatro, 1971; A história de Bernarda
Soledade, rom., 1975; As sementes do sol – o semeador, rom.,
1981; A dupla face do baralho, rom., 1984; Viagem no ven-
tre da baleia, rom., 1986; Sombra severa, rom., 1986, Prê-
mio GPE; O senhor dos sonhos, rom., 1986; Maçã agreste,
rom., 1989; A inocência vem das sombras, rom., O pequeno
pai do tempo, nov., Somos pedras que se consomem, rom.,
1995; As sombrias ruínas da alma, contos, 1999; Minha
alma é irmã de Deus, Editora Record, SP, 2010.
839
contista, professora, crítica literária. Na Alane, ocupa
a cadeira 533, é secretária-geral da UBT-Recife, inte-
grante da diretoria da UBE-PE, membro da Socieda-
de dos Poetas Vivos de Olinda.
Seu livro Policroísmo poético foi apresentado por Carlos
Severiano Cavalcanti e Vital Corrêa, que proclama:
“Alguns escritores tornam-se uma civilização como
Gilberto Freyre; outros, onde se inclui Rosa Lia Di-
nelli, são uma escola. Escola de sensibilidade, ímpeto
e beleza de expressão, de ritmo e cor melodiosa, ele-
mentos que ela transmite às palavras que engendram
engenhosamente seus poemas”.
Bibliografia: Policroísmo poético, poesia, Comunigraf
Editora, Recife, 2005; Individual poético e instituição
transfigurante, no prelo. Tem participação em 17 an-
tologias.
840
Bibliografia: Tilico no meio da rua, [s. d.]; A batalha dos
mamulengos, infantil, 2004; As aventuras de um guia-
mirim, [s.d.]; Os segredos do mar tenebroso, [s. d.]; todos
publicados pela Edições Bagaço, Recife.
Rubem Rocha participa de diversas antologias nacio-
nais.
841
Da união, tiveram três filhas. A Fliporto de 2008 ho-
menageou Sérgio com Painel, do qual participaram,
além de Lucila e as filhas Marina, Natália e Alme-
nara, os escritores Lucilo Varejão Neto, José Mário
Rodrigues, Ângelo Monteiro e Cyl Gallindo.
Bibliografia: Murais da morte, poesia, ilustrado por
Vicente do Rego Monteiro; 1968; Irene, rom., 1975;
Sinfonia, poesia, 1990; Cantos da definitiva primavera,
poesia, 1998. Deixou inéditos romances, novelas e
poemas e uma monografia sobre Osman Lins.
Sérgio Albuquerque participa da coletânea Pernam-
buco, terra da poesia, org. Antônio Campos e Cláudia
Cordeiro, IMC/Escrituras Editora, SP, 2005, e tem
verbete na Enciclopédia de literatura brasileira, de Afrâ-
nio Coutinho e J. Galante de Souza, 2. ed., Global
Editora, FBN/ABL, SP, 2001.
842
TELMA de Figueiredo BRILHANTE, (“O voo”), nas-
ceu em Crato/CE (18.10.1941). Diplomada em Letras,
com especialização em Língua Portuguesa e Litera-
tura Brasileira, pela UFPE. Poetisa, crítica literária,
contista, professora. Iniciou-se no magistério em sua
cidade natal e continuou em Pernambuco, para onde
se mudou em 1966.
Embora escreva desde a adolescência, veio a publicar
seu primeiro livro Contos chão depois de se aposentar,
vitorioso no Concurso de Contos UBE, sendo indica-
do para publicação pela CEPE, PE, 1999. O segun-
do livro de ficção, Aflição de pássaro, recebeu Menção
Honrosa da APL, em 2005. Conto da terra arrebatou
o 1º lugar no Concurso Luís Jardim, promovido pela
Biblioteca do bairro de Casa Amarela, com apoio da
Prefeitura do Recife.
É correspondente da revista A Província, CE, e pu-
blicou trabalhos em alguns jornais e revistas, como
Letras e Artes, da Alane; Literatura Brasileira, Ed.
Scortecci, SP, 2006; e da antologia Oficina de Letras,
da Sobrames-PE, 2004.
Telma foi eleita para a Alane, substituindo o poeta
Waldemar Lopes, na cadeira 7. Também faz parte da
UBE-PE, da Sociedade dos Poetas Vivos de Olinda, do
Grupo Literário Celina de Holanda, da Associação do
Café Literário de Pernambuco e do Projeto Quarta às
Quatro, da UBE-PE, onde é diretora do Núcleo de Li-
teratura infanto-juvenil. Atuou no Fórum em Defesa
do Livro Pernambucano, Fundaj, 2004; do II Festival
Recifense de Literatura, PE, 2004; da V Bienal Inter-
nacional do Livro em Pernambuco, 2005; do Fórum
de Leitura – Biblioteca do bairro dos Afogados, 2005;
III Festival Recifense de Literatura, 2006; I Festival
de Literatura de Garanhuns, PE, 2006. Telma, Carlos
Severiano Cavalcanti e Lourdes Nicácio organizaram
a antologia Paisagem da memória, com 73 participantes
843
de diferentes localidades do país, Ed. Novo Horizon-
tes, Recife, 2010.
Tem trabalhos publicados em Francachela, Revista In-
ternacional de Literatura e Arte, editada na Argenti-
na, 2005.
Bibliografia: Contos chão, contos, 1999; Destino do pla-
neta Terra, infanto-juvenil, 2003; Aflição de pássaro,
contos, 2004; Pequeno pescador, infanto-juvenil, 2005;
Arabela e o camaleão infanto-juvenil, 2005; Magia do
instante, 2006, Sendas do Oriente, poesias, Ed. Novo
Horizonte, 2009.
Tem verbete no Dicionário crítico de escritoras brasileiras,
org. Nelly Novaes Coelho, Ed. Escrituras, SP, 2002,
e em mais de 30 antologias de poesias e contos, em
Pernambuco e no Ceará.
844
No radialismo, Urariano começou no “Sábado Som”,
da Rádio Capibaribe, junto com Rui Sarinho, Marco
Albertim, Mariana Arraes, fizeram o “Viramundo”.
Mudou-se para a Rádio Tamandaré e fez o programa
“Violência Zero”, sob o patrocínio do Ministério da
Justiça. Na mesma emissora realizou o “Acorda Cam-
ponês”, que se tornou líder de audiência, pelos co-
mentários da semana e boas crônicas apresentadas.
“Do meu trabalho na internet”, diz Urariano, “desta-
caria um texto sobre o assassinato do brasileiro Jean
Charles de Menezes, que corre o mundo, em portu-
guês, espanhol, inglês e em italiano. Outro, sobre o
violonista Canhoto da Paraíba, divulgado pela Rede
Globo de Televisão, sem nenhuma solicitação”, e com-
plementa “mas gerou uma pensão do Governo, que
hoje suaviza o sofrimento desse gênio.” E acrescenta:
“parti para publicar fora das nossas fronteiras, porque
em Pernambuco não me dão mais nenhum espaço”. E
conclui com ironia: “deve ser porque os editores locais
são mais exigentes que os europeus”. A escritora Inês
Oludé, presente nesta Panorâmica, diretora da revista
Brasil na Europa, da qual Urariano é um dos colabo-
radores, diz que “ele é sim do nosso lado, fazia parte
dos estudantes rebeldes de Pernambuco, que lutavam
contra a ditadura e, ainda hoje, não usa panos quentes
para dizer suas verdades sendo, por isso, esquecido”.
Bibliografia: Os corações futuristas, rom., Edições Bagaço,
Recife, 2000; apontado pela crítica como “o mais im-
portante livro lançado no Brasil, depois de 1985”.
845
no IBGE como auxiliar e chegou a dirigir a Diretoria
de Levantamentos Estatísticos. Lecionou na PUC-Rio
e trabalhou na OEA/Cienes – Centro Interamericano
de Enseñanza de Estadística, Santiago, Chile, como
professor de Técnicas Estatísticas. Em 1968, ingres-
sou no Centro Latino-Americano de Demografia
(Celade), das Nações Unidas, vinculado à Cepal. No
Celade, fundou e dirigiu a revista Notas de Población
e exerceu o cargo de diretor-assistente, 1973 e 1980,
ano em que se aposentou e voltou para o Brasil; resi-
de em Teresópolis, RJ.
Bibliografia: Pedaços de vida: relembranças, 1995; Mé-
todo y técnicas de encuesta, Celade, Santiago do Chile,
1978; Lunfardo nas letras de tango, 1998; Manuel Be-
larmino e outras histórias, contos e crônicas, 1999; Vere-
das, contos, crônicas e ensaio, 2005. Organizou o livro
As histórias de Trancoso, justificando por que divulgar
Gonçalo Trancoso, baseado numa obra adquirida por
acaso, em Portugal.
846
encenado pelo grupo Marcus Siqueira Produções Ar-
tísticas, sob o título de Por amor… Eu me aniquilo.
Prefaciou ou apresentou vários livros de escritores e po-
etas pernambucanos. Foi até pouco tempo supervisor
do Espaço Pasárgada, Casa do Poeta Manuel Bandeira,
desde 2001. Coordenou o Prêmio Manuel Bandeira,
2005, que resultou na publicação do livro Aprendiz de
poeta, reunindo os 50 melhores poemas, iniciativa da
Secretaria de Educação e Cultura do Estado, PE.
Há cinco anos, é o editor do jornal Ribalta, do Sindi-
cato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diver-
sões no Estado de Pernambuco.
847
res José Paulo Cavalcanti e Marcus Accioly, com capa
do pintor João Câmara, a retratar a Ponte Maurício
de Nassau, no Recife. Assim como organizou o livro
Miguel Arraes: pensamento e ação política, com par-
ticipação de Raimundo Carrero, Juareiz Correya, e
dos jornalistas Jair Pereira e Ricardo Leitão, Editora
Topbooks, Rio de janeiro, 1997.
Bibliografia: O inferno dos bons, contos, Editora Inojo-
sa, Recife, 1990.
848
Ao lado de Paulo Bandeira da Cruz e Iran Gama, Vi-
tal foi um dos idealizadores dos movimentos Poetas
da Rua do Imperador, Geração do Pátio, Clube dos
13 e Quarta às Quatro. Este último, atualmente sob a
coordenação de Geraldo Ferraz, talvez seja o mais im-
portante de todos: consiste em reuniões de escritores
para debates e leitura dos seus próprios trabalhos, o
que tem revelado surpreendentes valores de todas as
idades, além do congraçamento e da promoção social
resultantes desses eventos. Válido para revelação de
valores literários, para congraçamento social, e até
mesmo como terapia ocupacional.
É pouco enquadrar o espírito hiperativo de Vital Cor-
rêa de Araújo como simplesmente poeta, quando ele se
expõe como elemento de vanguarda e com uma trans-
formação da linguagem poética que, sem dúvida, se
projeta para tempos imprevisíveis. No prefácio do seu
último livro Só às paredes confesso, pelo qual a APL lhe
outorgou o Prêmio de Poesia Edmir Domingues, 2006,
o professor e crítico canadense Sebastien Joachim afir-
ma que “o trabalho de Vital assemelha-se aos de Bau-
delaire, Rimbaud e Mallarmé, pelo confronto dos va-
lores morais dos nossos dias”, no que recebe o aval de
Cláudio Veras Toledo, quando justifica: “V.C.A., como
poeta, no meu modo de sentir e no âmbito do meu
conhecimento poético, usufruente solícito da poesia
que sou, deu o salto de qualidade que, em definitivo,
também o distancia, por léguas e metáforas, de todas
as gerações após o modernismo de 22”.
O poeta conquistou importantes prêmios, entre os
quais: Jornal da Cidade de Bauru, SP, 1975; Otoniel
Menezes, RN, 1976; Escrita da Poesia Falada, SP, 1983;
Prêmio Nacional de Poesia e Poeta Chagas Freitas, SP,
1983; Bandepe Valor Pernambucano, 2002; Eugênio
Coimbra Jr., PE; Escrita, SP; Academia Pernambuca-
na de Letras; Edson Régis, do PEN Clube, PE. Como
narrador, o seu conto dá por si só o recado.
849
Bibliografia: Título provisório, 1978; Poemas com endere-
ço, 1980; A cimitarra e o lume, 1981; Burocracial, 1983;
Cesta pernambucana, 1986; Coração de areia, 1994; 50
Poemas escolhidos – pelo autor, 2004 e Só às paredes con-
fesso, 2006, todos de poesias. Tem ainda inéditos li-
vros de poesia em igual quantidade.
Vital Corrêa participa da coletânea Pernambuco, terra
da poesia, org. Antônio Campos e Cláudia Cordeiro,
IMC/Escrituras Editora, SP, 2005, e tem verbete na
Enciclopédia de literatura brasileira, de Afrânio Cou-
tinho e J. Galante de Souza, 2. ed., Global Editora,
FBN/ABL, SP, 2001.
850
dera um privilegiado por ter duas pátrias: Arcoverde
e Pesqueira, cidade adotiva. Tudo que escreve é in-
fluenciado por essas duas mães. É bancário, trabalhou
30 anos no Banco do Nordeste (BNB). Foi cronista
diário da Rádio Jornal de Pesqueira, por 20 anos, mi-
grando para a Rádio Urubá FM, na mesma cidade,
onde está até o presente. É colaborador permanente
do Jornal de Arcoverde e do Pesqueira Notícias. Tem dois
livros publicados: Baú de Arcoverde e Combate popular
(Crônicas pesqueirenses) e inédito Recuerdos de Ca-
naã, romance, à espera de um editor. William Porto
assegura não ter nenhuma vaidade e nem veleidades,
mas tem consciência de que é um modesto jornalista
matuto. (Com muita honra.)
Quem leu Esses repórteres, de Luiz Amaral, que traça um
rigoroso perfil da imprensa e dos seus profissionais no
Brasil, entende a importância desses “jornalistas ma-
tutos”, na defesa da liberdade, da dignidade e dos mí-
nimos direitos que restam às gentes interioranas. Para
mim, que conheço e sou leitor assíduo de William Por-
to, tanto no Jornal de Arcoverde como no Pesqueira Notí-
cias, presto-me de testemunha da sua bravura, do seu
combate incansável, não contra pessoas, mas contra
um irracional sistema anacrônico que nos governa há
séculos. William Porto é daqueles cidadãos que moti-
varam Euclides da Cunha a declarar que “o sertanejo
é antes de tudo um forte”, pela bravura com que, ao
lado de Enaldo Cândido e Francisco Neves, defende a
verdadeira nacionalidade. Li também o seu “catatau”,
como ele diz, Recuerdos de Canaã, que é indiscutivel-
mente romance, pela sua condição de ficção, pontilha-
do de poesia, mas é também uma obra antropológica,
pelo que revela da História de um povo reprimido,
esmagado, sofrido, que a história dos poderosos não
enxerga. Foi fácil ser socialista de Copacabana para
se exilar numa embaixada, depois voltar ao país e se
eleger deputado, senador. Mas aqueles que viveram
851
no interior, que só tiveram as caatingas de macambira
e facheiros para se refugiar ou se tornaram sacos de
pancadas, a exemplo de Gregório Bezerra, ou não fo-
ram reconhecidos. William Porto conta-nos essa triste
realidade no seu romance.
Bibliografia: Baú de Arcoverde, crônicas, 1986, e Com-
bate popular, crônicas pesqueirenses, 1987.
852
da em Farmácia (UFPE), Direito e Pedagogia pela
Universidade Federal Fluminense, na qual lecionou
Química e por onde se aposentou.
É membro correspondente da Academia Petropolita-
na de Poesia Raul de Leoni, da Associação Nordestina
de Arte de Educadores e da UBE-PE.
Zenilda participa de várias antologias de poesias e
contos, entre elas a coletânea Contos de oficina 3, 2005,
fruto do trabalho da Oficina de Raimundo Carrero.
853
ra e fez curso de Extensão em Literatura com a profes-
sora e escritora Luzilá Gonçalves Ferreira, participante
desta Coletânea. Também fez curso de Poesia, ministra-
do pelo poeta Marcus Accioly, na UFPE. Nessa mesma
Universidade participou do curso “Lendo e conviven-
do com poetas pernambucanos”, na UnATI/UFPE.
O conto de Zuyla conduziu-me à juventude, na escola
secundária, a ler o soneto “A Esmola”, do cantagalense
Correia de Azevedo e, como se o tempo tivesse parado
no campo social, reencontro-o adaptado a uma narra-
tiva dos dias atuais, mas com toda a força dramática
daquela época. Mudara de gênero, do cenário de uma
escadaria para os sinais de trânsito das grandes cida-
des. Bem elaborado o trabalho de Zuyla.
É sócia efetiva da UBT – Seção Recife; da UBE-PE,
da Sociedade dos Poetas Vivos de Olinda e do Grupo
Literário Celina de Holanda.
Bibliografia: Com os olhos do amor, poesia, Ed. Novo
Estilo, 1993, Prêmio Dante Milano, da Biblioteca
Pública de Niterói, RJ; Ser tão sertão, memórias, Ed.
Edificante, Recife, 2003; apresentação de Antônio
Corrêa de Oliveira e Olímpio Bonald Neto, prefácio
de Nicolino Limongi; Uma face da vida de Bandeira,
ensaio, ed. particular, 2006; A força da Terra, rom., no
prelo da Ed. Novo Estilo.
Zuyla participa das antologias Afluentes poéticas; Cami-
nhos das palavras; Poesia e vida; Canta Sertão, I, II e III;
Antologias dos poetas vivos de Olinda; Os rios e seus poetas,
entre outras.
854
855
856
Abreviaturas e Siglas
858
OCDE - Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OEA - Organização dos Estados Americanos
org. - organização
pref. - prefácio
PUC - Pontifícia Universidade Católica
rom. - romance
SAMR - Sociedade de Arte Moderna do Recife
Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
Senac - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SESC - Serviço Social do Comércio
SinjoPE - Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco
Sobrames - Sociedade Brasileira de Médicos Escritores
SPHAN - Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Sudene - Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
TAP - Teatro de Amadores de Pernambuco
TEP - Teatro do Estudante de Pernambuco
TJPE - Tribunal de Justiça de Pernambuco
trad. - tradução
UBE - União Brasileira de Escritores
UBT - União Brasileira de Trovadores
UFPB - Universidade Federal da Paraíba
UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
UFRO - Universidade Federal de Roraima
UnATI - Universidade aberta à Terceira Idade
UnB - Universidade de Brasília
UNE - União Nacional dos Estudantes
Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciênciae a Cultura
Unicap - Universidade Católica de Pernambuco
UPE - Universidade de Pernambuco
USP - Universidade de São Paulo
859
860
Índice Onomástico
862
Capiba 22, 802 Cláudia Cordeiro 10, 14,
Carlos de Laet 826 718, 720, 723, 724,
Carlos Drummond de 742, 750, 754, 761,
Andrade 15, 16, 728, 772, 777, 778, 788,
741, 763, 770, 797 802, 804, 807, 816,
Carlos Garcia 750 818, 822, 823, 825,
Carlos Heitor Cony 16 826, 832, 834, 842,
Carlos Newton 13 850
Carlos Newton Júnior 5, Cláudio Aguiar 5, 10, 133,
121, 731, 732 735, 736, 737, 794
Carlos Pena Filho 750, 803 Cláudio Veras Toledo 849
Carlos Severiano Cavalcanti Clécio Quesado 725
5, 126, 127, 734, 843 Cloves Marques 5, 138, 139,
Carmem Conde 808 141, 737
Carmozina Fernandes Silva Coelho Neto 821
812 Corbiniano Lins 22, 769
Carneiro Vilela 792 Correia de Azevedo 854
Carybé 774 Cristiano Cordeiro 760, 770
Cassiano Ricardo 825 Cristiano Martins 823
Castro Alves 10, 22 Cristovam Buarque 5, 143,
Caymmi 22 738, 739, 740
Cecília B. Madrazo 806 Curt Meyer-Clason 800
Cecília Meireles 15, 717 Cussy de Almeida 17, 22,
Celina de Holanda 842 802
Celso Marconi 769 Cyane 712
César Leal 10, 723, 752, Cyl Gallindo 6, 11, 13, 154,
772, 784, 801 710, 713, 717, 720,
Chico Buarque de Holanda 722, 724, 740, 741,
822 742, 746, 753, 754,
Cícero Dias 21, 796, 824 758, 761, 762, 766,
Cícero Romão Batista, Padre 767, 769, 772, 774,
20 777, 780, 784, 793,
Clarice Lispector 5, 11, 14, 797, 801, 806, 808,
129, 726, 734, 735, 813, 816, 818, 821,
736, 748, 763 826, 832, 833, 836,
838, 841, 842, 846
863
D Euclides da Cunha 11, 20,
23, 24, 742, 762, 763,
Dalton Trevisan 16
804, 851
Damião, Frei 21
Evaldo Cabral de Mello 19
Dante Alighieri 722, 823
Evaldo Donato 834
Darcy Ribeiro 18
Evandro Lins e Silva 771
Décio Pignatari 822
Everaldo Moreira Véras 6,
Deolindo Tavares 817
184, 746, 747
Di Cavalcanti 774, 824
Everardo Norões 771, 772,
Dila 21, 22
808, 814
Dioclécio Luz 6, 163, 165,
167, 169, 742, 743
Dirceu Rabelo 731
Djanira Silva 6, 170, 171, F
744, 745
Faria Neves 792
Fátima Quintas 6, 190, 191,
193, 748
E Fausto Cunha 844
Felix de Athayde 750
Edilberto Coutinho 775
Fernando Chinaglia 803
Edmir Domingues 731,
Fernando Freyre 760
750, 849
Fernando Lira 782
Edna Alcântara 6, 173, 745
Fernando Monteiro 6, 194,
Edney Silvestre 839
195, 197, 199, 749,
Eduardo Campos 720, 818
750
Eduardo Freyre de Magal-
Fernando Pessoa Ferreira 6,
hães 767
200, 201, 203, 205,
Eduardo Lucena 6, 175,
207, 209, 750, 751
746
Fernando Py 710
Eduardo Portela 711, 803
Fernando Sabino 844
Edvaldo Arlégo 745
Fernando Spencer 769
Elba Ramalho 802
Ferreira Gullar 22
Elísio Condé 775, 776, 779
Flávio Chaves 6, 211, 731,
Emiliano Zapata 756
751, 752
Enaldo Cândido 822, 851
Flávio Guerra 6, 217, 219,
Ênio Silveira 776
221, 752, 753
Erico Verissimo 15
Floro Bartolomeu 21
Esmaragdo Marroquim
715, 751, 765, 779
864
Francisco Bandeira de Mello Gilberto Mendonça Telles
6, 223, 754 14
Francisco Brennand 22 Gilvan Lemos 6, 22, 270,
Francisco Julião 6, 233, 235, 271, 273, 275, 277,
237, 239, 754, 755, 279, 281, 761, 762
756 Gilvan Samico 774
Francisco Neves 851 Gladstone Vieira Belo 801
Franklin Távora 10, 22 Gonçalo Trancoso 846
Frans Post 19 Gonçalves Dias 22
Franz Kafka 6 Graciliano Ramos 6, 11, 14,
17, 22, 282, 283, 285,
287, 289, 735, 756,
762, 763, 764, 774,
G 796, 811
Gaby Kirsch 737 Gregório Bezerra 852
Gastão de Holanda 6, 241, Guajassy Gallindo 837
243, 245, 247, 249, Guilherme Wanderley 714
251, 253, 757, 758 Guillaume Apollinaire 824
Gaston Figueira 835 Guimarães Rosa 23, 24,
Geneton Morais Neto 778 762, 763, 796
Georg Marcgrave 19 Guita Charifker 774, 852
Geraldino Brasil 730
Geraldo Falcão 6, 254, 255,
257, 259, 758
H
Geraldo Ferraz 849, 852
Germano Coelho 852 Hélio Feijó 779
Gerusa Leal 6, 261, 758, Hermilo Borba Filho 6, 22,
759 291, 721, 726, 764,
Gianni Brusamolino 824 765, 766, 778, 838,
Gilberto Freyre 6, 14, 18, 840, 844
22, 24, 264, 265, 267, Hilda Hilst 512
269, 710, 724, 741, Hildeberto Barbosa Filho
748, 749, 757, 759, 14
760, 761, 773, 774, Hiroito 18
784, 796, 816, 817, Hoel Sette 812
840, 841 Hölderlin 825
Gilberto Freyre Neto 719 Homero 722, 803
Gilberto Gil 22
865
Hugo Vaz 6, 293, 295, 297, J. Galante de Souza 711,
299, 301, 766 717, 723, 724, 726,
728, 736, 737, 740,
742, 747, 750, 751,
753, 754, 758, 761,
I 762, 764, 766, 767,
Inês Oludé 845 772, 774, 777, 778,
Iran Gama 6, 303, 305, 788, 793, 797, 800,
307, 309, 311, 313, 804, 807, 808, 816,
315, 767, 849 818, 822, 825, 826,
Ivo Pitanguy 719 829, 832, 834, 842,
850
J. J. Veiga 765
João Alexandre Barbosa
J 801
Jaci Bezerra 724, 778, 801, João Cabral de Melo Neto
805, 848 22
Jacob Wasserman 769 João Câmara 769, 784
Jacques Leenhardt 841 João Carlos Taveira 815
Jacques Ribemboim 6, 316, João Condé 776
317, 714, 759, 767 João Ferreira de Lima 21
Jair Pereira 848 João Landelino Câmara 784
James C. Hunter 838 João Marques 810
James Joyce 823 João Paulo II 18
Janilton Andrade 785 João Ribeiro 725
Janna McCurdy 763 João Suassuna 720, 787
Jayme Torban 6, 319, 768 Joaquim Cardozo 6, 14,
J. Baptista Chabot 16 324, 325, 327, 329,
J. Borges 21, 22 331, 333, 741, 769,
Jean Charles de Menezes 770, 771, 772, 796,
845 799, 801, 808, 841,
Jenner Augusto 774 846
Jessiva Sabino 725, 726, Joaquim Nabuco 802
778 Joaquim Nunes Machado
835
Johann Wolfgang von
Goethe 418
Jorge Amado 22, 837
866
Jorge Ariel Madrazo 710, Julieta de Godoy Ladeira
742, 806 832, 833
Jorge de Lima 22, 803 Júlio Alcino de Oliveira 805
Jorge Luis Borges 848
José Alexandre Ribemboim
785
José Almagro 824 L
José Américo de Almeida Ladjane Bandeira 6, 357,
22, 812 359, 361, 363, 715,
José Antônio Gonsalves de 779, 780
Mello 19, 22 Lailson de Holanda Caval-
José Carlos Cavalcanti Borg- canti 6, 364, 367, 369,
es 6, 334, 335, 337, 371, 780, 782
339, 341, 753, 772 Lamartine Morais 802
José Cláudio 6, 342, 769, Laura Areias 6, 372, 373,
774, 775, 801, 830 782
José Condé 6, 16, 345, 347, Laurênio de Melo 757
775, 776, 777 Leandro Gomes de Barros
José de Alencar 22 803
José E. Mindlin 764 Leandro Tocantins 18
José Kameniecki 710, 733, Leda Alves 765
806 Lêdo Ivo 23
José Lins do Rego 10, 22, Leila Teixeira 759, 791
773 Leonardo Dantas Silva 812
José Maria Albuquerque Leônidas Câmara 6, 375,
Melo 770 784
José Mário Rodrigues 842 Leon Tolstói 722
José Paulo Cavalcanti 848 Leopoldo Gaston Oliver
José Rodrigues de Paiva 6, 836
349, 351, 737, 777 Lia de Itamaracá 22
José Santiago Naud 741 Liana Ribemboim Feldman
José Veríssimo 18 7, 15, 395, 397, 784,
Josué de Castro 18 785
Juareiz Correya 6, 353, 355, Lívio Abramo 774
725, 726, 777, 778, Louis Aragon 799
848 Lourdes Nicácio 7, 399,
Judith de Jong Andrade 401, 734, 786, 795,
Oliveira 20 842, 843
Juliana Fonseca 795
867
Lourdes Sarmento 7, 402, Luiz Arraes 7, 449, 451,
728, 742, 752, 754, 797, 798
787, 788, 808, 834 Luiz Berto 22
Lourdinha Galindo 822 Luiz Carlos Monteiro 759,
Luce Pereira 7, 407, 409, 818
788, 789 Luiz Delgado 792, 832
Lúcia Cardoso 7, 411, 789, Luiz Gonzaga 22
790 Luiz Luna 725, 769, 770
Lúcia Moura 7, 415, 417, Luiz Sabat 785
790 Lula Côrtes 780
Luciano Pinheiro 769 Luzilá Gonçalves Ferreira
Luciene Freitas 7, 418, 419, 7, 452, 798, 799, 800,
791 829, 854
Lucila Nogueira 745, 752, Luzinette Laporte 811
841, 842 Luz Pozo Garza 808
Lucilo Varejão 7, 420, 423,
791, 792, 793, 794
Lucilo Varejão Filho 792
Lucilo Varejão Neto 7, 425, M
427, 793, 794, 842 Machado de Assis 15, 16,
Lúcio Costa 770, 771 392, 773, 774
Lúcio Ferreira 7, 428, 429, Magalhães Júnior 811
794 Majela Colares 7, 459, 461,
Luís A. Cunha 779 463, 800
Luís André Negrão 7, 430, Mallarmé 849
431, 433, 795 Manoel Camilo dos Santos
Luisa Osdoba 711 21
Luís da Câmara Cascudo Manoel de Barros 822
22, 715, 725, 816 Manuel Arão 792
Luís de Camões 782 Manuel Bandeira 15, 17,
Luis Fernando Verissimo 21, 22, 724, 725, 741,
837 770
Luís Jardim 7, 434, 435, Manuel de Souza Barros
437, 439, 441, 443, 758
445, 447, 796, 797, Márcia Miranda Lira 779
843 Marco Albertim 7, 465, 467,
Luiza Cláudio de Souza 803 469, 800, 845
Luiz Amaral 789, 851
Luiz André Negrão 15
868
Marco Polo Guimarães 7, Mario Schenberg 769
470, 471, 801, 802 Mário Sette 7, 515, 517,
Marcus Accioly 7, 22, 472, 792, 811, 812, 813,
803, 804, 838, 848, 832
854 Marly Mota 815
Marcus Prado 735, 818 Martha de Hollanda Caval-
Margarida Cantarelli 7, 11, canti 791
477, 479, 481, 804, Matheus Nachtergaele 789
805 Maurício de Nassau 19
Maria Aparecida Ribeiro Maurício Melo Júnior 7,
734 519, 813
Maria da Paz Ribeiro Dantas Maurício Mota 815, 816
771 Mauri Gurgel Valente 735
Maria de Lourdes Hortas 7, Mauro Mota 7, 14, 525,
482, 483, 485, 777, 741, 778, 799, 808,
778, 785, 805, 853 814, 815, 816, 832,
Maria do Carmo Barreto 841, 846
Campello de Melo 22, Maximiano Campos 7, 9,
710, 729 10, 11, 14, 22, 535,
Maria Inêz Oludé 7, 487, 537, 539, 541, 543,
807 545, 718, 719, 722,
Maria José de Carvalho 833 816, 817, 818, 838,
Maria Lúcia Chiappetta 7, 841, 848
498, 807, 808 Medeiros e Albuquerque
Mariana Arraes 845 7, 15, 547, 549, 551,
Maria Pereira 842 553, 555, 557, 559,
Marinalva Coelho 831 561, 818, 819, 820,
Mário Câncio 753 821
Mário Cravo 774 Micheliny Verunschk 7,
Mário de Andrade 16, 725, 562, 822, 823
803 Miguel Arraes 14, 720,
Mário Hélio 731, 752 798, 817, 818, 847,
Mário Márcio 7, 502, 731, 848
809 Miguel de Cervantes 722
Mário Rodrigues 827 Millôr Fernandes 844
Mário Rodrigues do Nas- Milton Lins 7, 566, 567,
cimento 7, 512, 810, 569, 713, 823, 824
829 Moacir Lopes 769
Monteiro Lobato 16, 811
869
Montez Magno 7, 571, 573, Olbiano Silveira 837
575, 577, 579, 581, Olímpio Bonald Neto 8,
769, 824, 825 599, 601, 603, 710,
Múcio Leão 7, 583, 585, 713, 731, 753, 829,
587, 825, 826 831, 852, 854
Murilo Mendes 824 Orlando da Costa Ferreira
757
Oscar Niemeyer 770, 771
Osman Lins 8, 14, 22, 605,
N 607, 609, 730, 731,
Nádia Gotiblib 735 758, 832, 833, 842
Nascimento Feitosa 809 Oswald de Andrade 15, 16
Natália Konstantinova 737
Natércia Freire 808
Nélida Piñon 741
P
Nelly Novaes Coelho 844
Nelson Chaves 18 Pablo Cattaneo 711
Nelson Ferreira 22, 753 Pablo Gallindo 837
Nelson Filho 827 Pablo Marcyl Bruyns Gallin-
Nelson Rodrigues 7, 589, do 20
591, 593, 827, 828, Padre Vieira 713
829 Paulo Bandeira da Cruz
Nelson Saldanha 831 767, 849
Nestor Accioly 802 Paulo Caldas 8, 610, 611,
Ney Matogrosso 802 613, 615, 834
Nicolino Limongi 854 Paulo Camelo 734
Nilo Pereira 792 Paulo de Tarso Correia de
Nivaldo Tenório 8, 595, Melo 732
597, 810, 829 Paulo Freire 765
Norma Pérez Martín 711 Paulo Gervais 811, 829
Nosa 22 Pelópidas Soares 8, 617,
619, 621, 778, 835,
836
Pereira da Costa, F. A. 792
O Perseu Lemos 8, 622, 623,
Odete Pena Coelho 832 625, 627, 629, 836
Odylo Costa Filho 838 Pessoa de Moraes 14, 808,
Olavo Bilac 15, 803 846
870
Picasso 21 Rui Facó 21
Pietro Galindo 8, 15, 630, Rui Sarinho 845
631, 837 R. W. Emerson 15
Pietro Maria Bardi 779
Portinari 16
S
Salete Rêgo Barros 733
R
Santiago Ramón y Cajal
Rachel de Queiroz 22, 721, 133
722 Santo Agostinho 571
Raimundo Carrero 8, 9, 22, Santos Dummont 820
633, 729, 745, 790, Sara Erlich 785
797, 810, 817, 829, Schneider Carpeggiani 734
838, 839, 842, 848 Sebastião Barreto Campelo
Raimundo Correia 826 760
Raphaela Nicácio 734, 786 Sebastião Pinheiro 744
Raul Bopp 16 Sebastião Vila Nova 716
Raul Pompéia 10, 15 Sebastien Joachim 745, 849
Regina Igel 742, 832 Sérgio Milliet 725
Renato Carneiro Campos Sérgio Moacir de Albuquer-
769, 816, 847 que 8, 652, 653, 655,
Reynaldo Fonseca 774 816, 841, 842
Ribeiro Couto 825 Si Cabral 8, 656, 657, 842
Ricardo Leitão 848 Sílvia Pontual 724
Rimbaud 644, 794, 825, 849 Sílvio Rabelo 792
Rodrigo de Andrade 770 Silvio Romero 10
Roger Bastide 725 Sílvio Soares 816, 841
Rolland Barthes 841 Simões Lopes Neto 15, 811
Ronaldo Correia de Brito Sivuca 22
829 Sônia Lessa 814
Rosa Lia Dinelli 8, 638, 639, Souza Barros 725, 770
641, 643, 713, 734, Stanislaw Ponte Preta 844
839, 840 Stela Griz 725
Rubem Braga 770, 838 Sylvie Debs 737
Rubem Rocha Filho 8, 644,
840, 841
Rui Barbosa 726
871
T Vanja Carneiro Campos 8,
675, 847, 848
Tarcísio Meira César 801,
Verlaine 825
816
Verônica Nery 8, 681, 683,
Tarcísio Pereira 769
848
Tatiane Bastos Lins de Melo
Vicente do Rego Monteiro
795
21, 816, 842
Tchinguiz Aitmatov 799
Vinicius de Moraes 741, 824
Teca Calazans 802
Viriato Correia 821
Telenia Hill 833
Vital Corrêa de Araújo 8,
Telma de Figueiredo Bril-
685, 687, 731, 767,
hante 8, 659, 734, 843
840, 848, 849, 850,
Teotônio Freire 792
852
Tereza Batista 785
Vitalino 22
Terezinha Acioli 733
Thiago de Mello 18
Tiago Amorim 841
Tobias Barreto 10 W
Tomás Seixas 769
Tom Jobim 21 Waldemar Lopes 742, 843
Tristão de Athayde 725 Waldenio Porto 714, 810
Wellington Virgolino 769
William Ferrer 8, 688, 850
William L. Grossman 774
U William Piso 19
William Porto 8, 691, 693,
Ulysses Pernambucano de
695, 851, 852
Melo Sobrinho 772
Wilson Martins 758
Urariano Mota 8, 661, 663,
Wilton de Souza 753
665, 801, 844, 845
Y
V
Yeats, W. B. 825
Valdecir Freire Lopes 8,
667, 669, 845
Valdemar de Oliveira 773
Valdi Coutinho 8, 671, 846 Z
Vamireh Chacon 22, 760
Zbigniew Ziembinski 827
872
Zé da Luz 838
Zélia de Andrade Lima 13,
721
Zenaide Bonald Pedrosa 831
Zenaide Pedrosa 8, 696,
697, 852
Zenilda Pinheiro Borges
Santiago 8, 699, 701,
853
Zezé Motta 802
Zilda Crisóstomo 837
Zuleide Duarte 8, 703, 853
Zuyla Cartaxo 8, 707, 853,
854
873
874
Ficha técnica - 1ª edição
Organizadores
Antônio Campos | Cyl Gallindo
Editor
Raimundo Gadelha
Coordenação editorial
Camile Mendrot
Digitação
Iraneide Gomes
Revisão de texto
Vanessa Santos Spagnul | Antonio Paulo Benatti
Editoração eletrônica
Ingrid Velasques
Impressão
Gráfica Edições Loyola
875
Este livro foi composto e editado eletronicamente na fonte New Baskerville,
com tiragem de 1.500 exemplares.
Impressão em papel Chamois Fine Dunas, 67g/m², para o miolo e
Triplex, 250g/m², para a capa.
Produzido pela Gráfica Santa Marta.
João Pessoa, Brasil, outubro de 2010.
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