Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DESENVOLVIMENTO
ORIENTAÇÃO MATURACIONISTA
ORIENTAÇÃO BEHAVIORISTA
ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA
ORIENTAÇÃO ETOLÓGICA
ORIENTAÇÃO COGNITIVO-CONSTRUTIVISTA
J. Piaget (1896-1980)
ORIENTAÇÃO SISTÉMICA
Bateson (1952)
1
BREVE PANORÂMICA HISTÓRICA
1. ORIENTAÇÃO MATURACIONISTA
Stanley Hall, pioneiro no estudo científico das crianças, procura investigar “os conteúdos das
mentes das crianças”, usando uma nova técnica de pesquisa, o questionário ( 1891). Cria o
primeiro laboratório de estudos consagrados à criança.
Estes estudos visavam proporcionar “normas” comportamentais, semelhantes às que se usam para o peso e
altura, para determinar se o crescimento é normal. Conduziram às primeiras descrições exaustivas, identificando
características comportamentais para cada idade. Constituiram também a base da avaliação quantitativa do
desenvolvimento.
O ponto de vista maturacionista sofreu um declínio, em proveito das orientações que colocam
o acento na importância dos estímulos externos (aprendizagem, características físicas e
psicológicas do meio).
2
A consideração do papel preponderante da hereditariedade volta a surgir em cena nos anos
70, com o “nativismo”, que refere a existência, desde o nscimento, de capacidades complexas.
Ex: Chomsky (O Modelo proposto por Chomsky consiste na existência biológica de um
Dispositivo para a Aquisição da Linguagem, o LAD ( Language Aquisition Device) Este
dispositivo funcionaria como um computador que recebe uma série de imputs, ou seja, dados
linguísticos, provenientes do meio ambiente. Ao receber esses dados o LAD cria um sistema
gramatical que lhe permite: Prever que sequências de palavras serão sentenças gramaticais;
distinguir os aspectos da fala que são importantes do ponto de vista gramatical (número,
género, etc).
Bower (estudos sobre competências cognitivas do bebé). A rapidez com que certas actividades
complexas são adquiridas pela criança, faz supor a intervenção de um equipamento
neurofisiológico complexo, destinado ao tratamento de informações específicas (como o
reconhecimento da voz e do rosto da mãe, desde o 1º mês, dos cheiros, das disposições
emocionais). Admite-se hoje, contudo, que estas capacidades precoces são possíveis graças à
existência de estruturas que, elas sim, são inatas (detecção do movimento, constâncias
perceptivas). Demonstrou-se também que o comportamento do bebé pode avançar graças ao
treino, o que mostra que a experiência é, portanto, um factor fundamental.
2. ORIENTAÇÃO BEHAVIORISTA
R = f (E) R = f (S)
Situação (conjunto de estímulos) - conjunto de excitações( internas ou externas).
que agem sobre o organismo
“nós somos o que fazemos e o que fazemos é o que o meio nos faz fazer”
Procura-se pois o estudo o mais objectivo possível, baseado numa observação rigorosa dos
comportamentos. O ponto de vista predominante nesta época é fortemente ambientalista.
R = f (S P)
ou seja:
4
3. ORIENTAÇÂO PSICANALÍTICA
A teoria psicanalítica nasce, não da observação directa, mas de uma “reconstrução”, a partir de
pacientes adultos. Freud desenvolve, a partir da experiência clínica, uma Teoria sobre o
psiquismo humano e o seu desenvolvimento.
Desenvolvimento pulsional.
A pulsão é o motor de toda a actividade psíquica, uma espécie de “erupção” energética e motora, que faz com que
o organismo tenda para uma finalidade. Ex : Pulsões de vida - EROS - (Pulsões sexuais; pulsões de auto-
conservação), pulsões de morte - THANATOS ( pulsões agressivas e de autodestruição).
Um acontecimento pode constituir uma falha no desenvolvimento, mas ter consequência diferentes, consoante os
indivíduos e a sua história , tomar portanto sentidos diferentes.
Os acontecimentos vividos durante a infância (dos quais não guardamos necessáriamente uma recordação, pois
foram recalcados no inconsciente (amnésia infantil), determinam o funcionamento psíquico do adulto.
A Teoria Psicanalítica chama a atenção para o papel das experiências e relações interpessoais durante a infância,
no interior da familia, e em particular com a mãe ( estudos sobre a relação precoce mãe-bebé), como jogando um
papel decisivo na percepção do mundo e de si próprio. Os adultos revivem por seu lado na relação com a criança
certas experiências do seu pasado infantil ( mecanismos de projecção).
Atribui um lugar central à noção de conflito, entre forças ou desejos opostos (abordagem
dinâmica)
Seja entre o indivíduo e o meio seja no interior do individuo. Para Freud os fenómenos psíquicos resultam de uma
relação de forças entre desejos opostos ou contraditórios.
5
Representação
do aparelho psíquico,
considerado como um sistema.
Uma área Inconsciente, muito mais vasta, cheia de impulsos e tendências, das quais não
podemos directamente ter consciência, mas que influenciam em profundidade os nossos
comportamentos e pensamentos.
Estas tendências e impulsos são considerados inatos e instintivos, movidos pela busca de uma
satisfação imediata (a fome, a sede, a satisfação sexual). Muitas vezes, entram em conflito com
as diferentes formas de comportamento socialmente aprovadas e transmitidas, o que tem por
efeito a tensão (conflito) existente entre as duas áreas em causa, quer dizer, entre a pressão do
Inconsciente, em busca de satisfação das suas pulsões, por um lado, e, por outro lado, a parte
da mente consciente, racional e socializada, que contem uma instância crítica que proíbe a
satisfação dessses desejos.
Não podemos observar directamente os desejos inconscientes, mas podemos observar como
actuam e se manifestam, de modo indirecto, no nosso comportamento através dos “lapsos”,
dos sonhos e dos sintomas.
6
modelo estrutural ( 2ª tópica)
O Isso - É a menos acessível das instâncias psíquicas e, em certo sentido, o reservatório da energia psíquica. É o
lugar das pulsões e dos desejos, que nascem connosco: os nossos impulsos sexuais e agressivos, bem como os
instintos inatos ligados às nossas necessidades básicas de alimento, de água, de calor, etc. Estas exigências
biológicas são, em larga medida, inconscientes, e não levam em conta a realidade (o Isso rege-se pelo principio
do prazer). Estas exigências entram muitas vezes em conflito com as exigências que a sociedade nos faz: se
fossemos na totalidade e apenas o “isso”, a nossa existência no mundo seria problemática. Estes desejos e
tendências são, em parte, recalcados.
O Eu - A segunda parte do nosso aparelho psíquico, o Eu, resulta de um diferenciação progressiva do Isso, em
contacto com a realidade. Começa a desenvolver-se ao longo dos primeiros dias,e, depois, das semanas e meses
que se seguem ao nascimento, à medida que a criança começa a perceber o mundo exterior e a adaptar-se a ele (
rege-se pelo principio da realidade) : a criança começa a aprender como pode, por exemplo, chamar a atenção da
mãe, ou a lembrar-se que, quando vê a mãe, vai ser confortada. Esta parte do aparelho mental, cada vez mais
racional, organizada e sintonizada com o mundo, a que chamamos o Eu, comporta a capacidade de pensarmos
racionalmente, de prevermos, de anteciparmos e de recordarmos, sendo simultâneamente o lugar da consciência
mas também de manifestações inconscientes (os mecanismos de defesa)
O supereu - É a terceira instância do sistema tripartido. Desenvolve-se a partir do Eu, à medida que a criança
pequena incorpora as regras dos seus pais e da sociedade. Forma-se por interiorização do “Ideal do Eu ” ( modelo
idealizado do Eu : “ tu deves fazer...”) e dos interditos parentais e sociais ( ex: “tu não deves fazer…”) e está na
origem da consciência moral. O seu poder resulta da sua capacidade de gerar a culpabilidade e os sentimentos
desagradáveis que a esta se associam e pode ditar, assim, a forma como nos comportamos e os nossos
pensamentos. Embora o Supereu possa ajudar o indivíduo a observar as regras e as leis fundamentais da sociedade
em que vive, também pode revelar-se a parte mais poderosa e mais destrutiva da sua personalidade.
7
Outros conceitos fundamentais da Teoria Psicanalítica
Pulsão
A pulsão é o motor de toda a actividade psíquica, uma espécie de “erupção” energética e motora que faz com que
o organismo tenda para uma finalidade. Cada pulsão pode caracterizar-se pelo seu fim (a satisfação conseguida
pelo abaixamento da tensão), a sua fonte (o lugar onde ela se manifesta e a energia que aí se encontra) e o seu
objecto ( que vai satisfazê-la). Se as pulsões que regem o comportamento humano são idênticas em todos os
indíviduos, os objectos que permitem a sua satisfação são variáveis e individuais.
Libido
Energia derivada das pulsões sexuais, que se vai repartir diferentemente, à medida que a criança se vai
desenvolvendo: desenvolvimento libidinal. A libido investe-se no próprio indivíduo (narcÍsismo) ou nos objectos
externos ( libido objectal).
Sexualidade
É aqui tomada no sentido lato do prazer associado à satisfação das pulsões. A fonte das pulsões é essencialmete
corporal e a maturação do corpo determina a maturação das pulsões. Assim, o bebé que satisfaz a fome,
mamando, satisfaz um prazer oral associado á satisfação libidinal desta necessidade.
É o lugar (a fonte da pulsão) e o objecto de investimento das pulsões que é determinante para a constituição
destas fases. Freud distingue dois períodos essenciais:
.Pré-genital (desde o inicio da vida, com a sucessão das zonas erógenas predominantes: oral,
anal, fálica.
As etapas do desenvolvimento psico-sexual sucedem-se de forma progressiva, deixando traços, a partir dos quais
pontos de fixação são susceptíveis de se cristalizar e de dar posteriormente lugar a regressões.
8
4. ORIENTAÇÃO ETOLÓGICA
Harlow ( 1905/1995)
Bowlby (1907/1990)
9
5- ORIENTAÇÃO COGNITIVO-CONSTRUTIVISTA
J. Piaget (1896-1980)
Conceitos-chave
O conhecimento seria uma resultante da interacção entre o sujeito (que conhece) e o objecto
(que é conhecido). O conhecimento é uma “contrução”.
O sujeito toma parte activa na elaboração das estruturas que lhe permitem conhecer o
mundo e o objecto.
Objecto e sujeito constroem-se, para Piaget, paralelamente.O sujeito não é uma tábua rasa
onde a objectividade exterior deixaria marcas, tão pouco nasce com a capacidade de pensar o
mundo e se pensar. Essa capacidade constrói-se .
A adaptação do organismo ao meio faz-se graças a dois mecanismos principais, que regem as
trocas incessantes que se estabelecem entre o idivíduo e o seu meio: os mecanismos de
Assimilação e os mecanismos de Acomodação. Estes conceitos são transportados por Piaget
para o campo da “Adaptação Mental”, considerada como um prolongamento da adaptação
biológica, em que as trocas constantes entre o organismo e o meio adquirem uma
complexidade crescente.
A Inteligência, tal como a vida é Adaptação.
10
Tal como o organismo assimila o meio , o incorpora e se tranforma sob a sua pressão, ou a ele
se acomoda, também a inteligência assimila os dados da experiência às suas estruturas
(esquemas motores ou conceitos ) e modifica-as continuamente para as adequar aos novos
dados da experiência, acomodando-se.
A Assimilação, que consiste na integração no organismo dos elementos que lhe são
exteriores, faz-se graças aos “esquemas”.
Os primeiros esquemas, no bebé, são esquemas reflexos e, depois, esquemas de acção, através
dos quais a criança vai generalizando os seus comportamentos a vários objectos ou situações.
Os esquemas elementares vão-se modificando e diversificando, à medida das experiências que
a criança vai fazendo no mundo e com o mundo. Estes esquemas tornam-se mais gerais (uma
espécie de conceito categorial), mais numerosos (aplicam-se a um número cada vez maior e
mais diversificado de objectos) e mais flexíveis e móveis (coordenam-se com outros
esquemas, permitindo a resolução de problemas práticos).
Assimilação funcional ou reprodutora- que corresponde à necessidade de repetição de uma acção e que contribui
para consolidar o esquema correspondente a essa acção.
Assimilação recognitiva - corresponde à discriminação dos diferentes objectos aos quais é aplicado um esquema,
verificando por exemplo que a sucção ( o mesmo esquema) de diferentes objectos (seio, biberon, dedo,
brinquedo) não produz o mesmo efeito. Permite, então, ao bebé, ir discriminando e distinguindo os objectos do
mundo que habita.
Assimilação recíproca - corresponde ao processo pelo qual cada esquema se torna capaz de integrar e assimilar o
dominio de um outro esquema. Por exemplo, quando se estabelece a assimilação recíproca da visão e da
preensão, o bebé torna-se capaz de agarrar o que vê e ver o que agarra
Mas esta integração nem sempre é possível, pois os objectos e situações encontradas nem
sempre são directamente assimiláveis pelo organismo, que deverá, então, modificar-se
(modificar os seus esquemas), se quer ter êxito nessa integração.
11
Este processo de transformação é designado por Acomodação e corresponde às modificações
do organismo, necessárias para uma adaptação ao meio.
Uma planta proveniente de outro país tem que se adaptar ao novo terreno, ao clima, etc. Algo
de muito semelhante ocorreria no plano da inteligência. Diz-se então que há acomodação
quando, após a assimilação aos esquemas do sujeito, a inteligência modifica estes esquemas
para os ajustar aos novos dados. Ex: esquema de preensão - perante objectos mais volumosos
ou a água, terá que se adaptar, por exemplo, utilizando as duas mãos, colocando-as em concha,
etc. Desde que esta acomodação seja feita, isso permitirá alargar o campo de experiências e
aumenta a probabildade de conhecer novos e diferentes objectos
Piaget
12
No plano biológico, um organismo diz-se adaptado, se as trocas entre este
organismo e o seu meio favorecem o seu funcionamento.
É claro que este “equlíbrio” nunca é verdadeiramente alcançado, pois estamos perante trocas
incessantes entre um individuo em desenvolvimento e um meio ambiente, ele mesmo, em
permanente mudança. Poderemos assim falar de “equilibrações sucessivas”.
Para que haja desenvovimento/progressão, é necessário que haja uma certa regularidade nas
experiências do sujeito, que lhe permitam prever e antecipar os acontecimentos e, ao mesmo
tempo, uma perturbação/mudança que provoque um certo desiquilíbrio, que conduzirá á
procura de um novo equilíbrio (equilibração majorante).
13
ESTÁDIOS
Cada estádio seria caracterizado por uma “estrutura de conjunto”, que corresponde a um
degrau de equilibração, degraus que se sucedem numa ordem constante, mesmo se a idade
de acesso a cada estádio possa variar um pouco sob a influência do meio ( a idade é uma
referência e não uma norma absoluta), asim como varia o “caminho” de cada indivíduo
dentro de cada estádio.
No primeiro momento do desenvolvimento cognitivo, o bebé, em vez de utilizar palavras ou conceitos, vai
socorrer-se de percepções e movimentos, que organiza em esquemas de acção, através dos quais interpreta e
intervem sobre o real. Daí, Piaget ter chamado a esta forma de inteligência “inteligência prática”. São estes actos
inteligentes? Sim, pois que um meio (instrumento) é coordenado a um fim, fixado de antemão, e porque é preciso
compreender préviamente a situação, a relação entre os dados da situação, para descobrir os instrumentos
capazes de solucionar o problema.
Durante este estádio desenvolvem-se e coordenam-se as capacidades sensoriais e motoras do bebé. No final do 2º
ano, a criança torna-se capaz de “manipulações em pensamento” ( asseguradas pelas representações mentais
nascentes) e não só apenas na acção.
Assistimos pois a uma “interiorização” da acção.
As aquisições principais estão relacionadas com a função semiótica ou simbólica, que permite a linguagem verbal,
o desenho, o jogo simbólico. A criança torna-se capaz de exprimir um significado com a ajuda de um significante
dele diferenciado.
A criança permanece ainda, contudo, centrada no seu próprio ponto de vista, tendo dificuldade em imaginar que
este não seja o único possível (egocentrismo intelectual e social). A forma de raciocinio é fundamentalmente a
“intuição”.
A criança torna-se, agora, capaz de levar em consideração outros “pontos de vista”, os raciocinios são mais
objectivos, é capaz de efectuar operações mentais, interiorizadas e reversíveis. Pode regressar, num raciocínio, ao
ponto de partida pela operação inversa e perceber que uma modificação de uma propriedade de um objecto não
afecta, necessáriamente, todas as propriedades possiveis, que há certas propriedades que se mantêm constantes
ou invariantes. As operações mentais coordenam-se em sistemas de conjunto. Dizem, contudo, respeito ao
material concreto e familiar, que serve de base ao raciocínio, que está ainda muito dependente dos conteúdos aos
quais se aplica.
Capaz agora de raciocinar, não apenas sobre um material concreto, mas sobre um material mais abstracto, como
proposições verbais ou signos algébricos, o pensamento atinge a formalização. A forma do raciocínio pode
dissociar-se do conteúdo ao qual se aplica. A lógica é formal, hipotético-dedutiva, capaz de formular hipóteses e
submetê-las a verificação.
14
6- ORIENTAÇÃO PSICO-SOCIAL (HISTÓRICO-CULTURAL)
O desenvolvimento começaria por uma sociabilidade estreita com o ambiente humano do qual
o bebé está totalmente dependente.Não podendo subsistir por si próprio, precisa do outro,
como intermediário, para conseguir a satisfação das suas necessidades. É, então, primeiro para
este outro que se viram todas as suas atitudes e toda a sua atenção.
O estudo da evolução da criança não pode ser então separado do estudo do meio no qual ela
cresce.
Os estádios que Wallon identifica no desenvolvimento dão conta desta “alternância” entre
inteligência e afectividade, relação ao outro e construção de uma identidade própria.
15
Também Vigotsky (1934) chamaria a atenção para o facto de que
Em primeiro plano está, pois, o contexto social, no interior do qual ocorre o desenvolvimento
das funções psíquicas superiores (atenção, raciocinio, memória).
Os progressos que a criança faz são, em primeiro lugar, na interacção com o outro, antes de os
interiorizar e deles poder dispor de forma autónoma. Primeiro interpessoais, os processos são
transformados em processos intrapessoais.
“No desenvolvimento cultural da criança, toda a função aparece duas vezes: num primeiro
tempo ao nível social e num segundo tempo ao nível individual, num primeiro tempo entre
pessoas (interpsicologia) e num segundo tempo no interior da própria criança
(intrapsicologia)”
Cada criança nasce numa cultura particular, e vai construir-se nesta especifícidade contextual.
As funções psíquicas que vai construir e desenvolver, são tributárias dos instrumentos e dos
signos produzidos e utilizados pelos adultos da sua cultura. A capacidade de criar sistemas
semióticos (como a linguagem) caracteriza a espécie humana. É a apropriação pela criança
destes sistemas que lhe permite o seu desenvolvimento. O papel dos adultos (pais ou
educadores) que envolvem a criança, torna-se pois primordial. É a eles que cabe serem os
mediadores da cultura e acompanharem o crescimento e envolvimento nas novas
aprendizagens. São eles que “seleccionam” as propostas de aprendizagem.
A “aprendizagem precede o desenvolvimento”
16
Vigotsky fala-nos de dois tipos de competências:
É nesta zona que se situam as aprendizagens que podem ser integradas pela criança. Abaixo
disso, demasiado simples, não constituem realmente aprendizagem e não interferem no seu
desenvolvimento; acima, demasiado complexas, não podem ser interiorizadas pela criança e
também não contribuem pra o seu desenvolvimento.
17
7- ORIENTAÇÃO SISTÉMICA
Bateson (1952)
Se a visão “analítica” visa a decomposição do fenómeno nas suas partes elementares e o estudo das suas
propriedades, partindo do simples para o complexo, a visão “sintética” procura pensar a totalidade, na sua
estrutura e na sua diâmica, agarrar o conjunto das relações significativas que religam os elementos em interacção.
Antecedentes: teorias económicas (séc.XIX), cibernética ( noções de feed-back e de retroacção - para controlar
uma acção orientada para uma finalidade a circulação das informações necessárias deve formar um laço no qual o
organismo avalia os efeitos da sua acção e corrige o seu comportamento futuro utilizando as performances
passadas), estudo do sistema nervoso, computador, informática, inteligência artificial, robótica.
Os sistemas humanos são, em geral, Sistemas Abertos (sistemas que comunicam de uma forma
constante com o seu ambiente).