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Sociologia

da
Educação
2008
Trabalho realizado no âmbito da cadeira de Sociologia da Marisa
Educação inserida no curso de Educação Social regime Pós- Cimenta
Laboral. Nº. 080143005
1. Podemos afirmar que a sociologia é uma “ciência com particular propensão para a
reflexividade” pois segundo António Firmino da Costa esta ciência além de
questionar os feitos sociais também se questiona a ela própria. Querendo dizer com
isto que para além de analisar a sociedade (grupos ou indivíduos), analisa como
poderá aprofundar o seu estudo e se este é o mais correcto tanto durante o processo
como nas conclusões retiradas. Os procedimentos elaborados pelos sociólogos giram
à volta do contexto social pois é na sociedade que vão buscar as respostas para os
fenómenos que eventualmente se apresentam. É então importante ir ao centro da
questão e examinar as relações sociais e o que daí deriva interpretando-a, contudo é
não menos necessário proceder à análise do contexto social em si pois uma vez
inserido no quotidiano torna-se familiar e deixa de ser focado. Cabe ao sociólogo
compreender e especificar as muitas divergências da sociedade, expondo o porquê de
tais intercções entre grupos e indivíduos e seus modos de vida.

2. As diferenças encontradas no relacionamento entre ciências sociais e senso comum


são variadas. A primeira grande diferença é da universalidade da ciência perante o
individualismo do senso comum. Enquanto que nas mais vastas ciências existentes se
procura uma explicação generalizada dos factos em que são feitas investigações, no
senso comum o saber é subjectivo pois consiste na opinião de cada indivíduo, na sua
experiência de vida. Assim conclui-se que enquanto nas ciências sociais existe um
saber aprofundado quanto ao que se descobre e se convive, no senso comum o saber
é superficial pois não é importante saber as causas para determinado acontecimento.
Outro ponto em que se distinguem é na precisão dos factos pois na ciência o rigor
pervalece à maneira “imperfeita”, inexacta do senso comum, onde não há um sentido
crítico em que se reflecte no que se acredita nem no que se aprendeu induzindo
muitas vezes o indivíduo a erro, algo que já não é tão fácil de acontecer na ciência
visto que nesta tudo é reflectido, pensado e analisado criticamente tanto no geral
como nas próprias ideias de cada cientista. (Mesmo que a ciência erre nas suas
conclusões pode sempre reverter os resultados e corrigi-los, no conhecimento prático
tal não acontece).

3. A educação é um fenómeno social que nos importa a todos. Começando por salientar
o que se passa nos grupos sociais que se mantêm e acentuam ao longo do tempo com
a escolarização. Tal acontece pois existe uma grande desigualdade entre grupos
favorecidos e desfavorecidos. Ora se levarmos em conta que os grupos favorecidos
tem maior facilidade a aceder aos recursos escolares, entende-se o porquê destes
terem mais sucesso ao longo do percurso. Por outro lado, os grupos sociais
desfavorecidos que não têm tanta facilidade e não se adequando às estratégias
impostas acabam por obter menores resultados em parte por a escola não permitir
que todos tenham o mesmo nível de escolarização. Voltando aos grupos favorecidos
é de salientar toda a instrução dada pelo meio onde estes estão inseridos pois desde
cedo é incutido o dever de ser bem sucedido e para que isso aconteça, têm de recorrer
à educação escolar e com isso projectam a sua vida a longo prazo. Pelo contrário, os
grupos mais desfavorecidos já não têm essa visão pois são de longe mais limitados
em relação a projectos. Estes resignam-se ao que sempre conheceram, às suas
frustrações e tensões do meio onde se inserem. Os códigos linguísticos são também
um factor importante já que se compararmos uma criança saída de famílias que usam
frequentemente um código elaborado com uma criança onde o uso de linguagem é
popular e muitas vezes incorrecto verificamos que a que tem uma familiaridade com
os códigos de linguagem insere-se facilmente na escola e obtém bons resultados. O
mesmo não se pode dizer da criança que não lida com tais códigos no dia a dia,
sendo mais complicado de atingir resultados positivos e mesmo níveis superiores de
educação. A escola, tentando de forma errada dar uma educação para todos, atenua
as diferenças entre grupos e dificulta o progresso dos que não podem fazer face aos
obstáculos escolares. Por outro lado, continua a dar importância ao sucesso
individual de cada um e não a um todo o que também não favorece o seu papel,
contudo ao abranger toda a população tenta formar novas gerações para que estas não
passem pelos mesmos problemas antes batalhados pelos seus pais. (Como vimos,
algo também sem muito sucesso).

4. A instituição escolar tem funções que abrangem a sociedade. Esta certifica, educa,
socializa, protege e actua. Comecemos pela função social. É sabido que a escola é
ponto de encontro para vários sectores da sociedade e é aí que se constroém relações
ocorrendo interacção entre indivíduos. Nessa interacção é formada a sua inserção
pois ao se relacionarem com outros, moldam-se aos seus costumes e ideias sendo
depositado o respeito mútuo e regras sociais. O indivíduo então apto para começar
um percurso escolar desenvolve capacidades de cooperação, participação, disputa
entre outras que o possibilitam a ser bem sucedido futuramente. Outra função
importante colocada pela escola é a política. A instituição escolar é vista como um
serviço obrigatório que tem como principal objectivo diminuir as diferenças
apresentadas pela sociedade e também o de preparar o indivíduo para actuar perante
a mesma utilizando os conhecimentos obtidos ao longo de toda a sua instrução. É
cada vez mais valorizado a flexibilidade do homem face ao mundo e a sua
participação nele lutando pelas suas opiniões, necessidades próprias e de outrém, em
suma lutando pelo seu lugar na sociedade. Contudo não são apenas estas duas as
funções da instituição escolar, tendo a função educativa lugar cativo neste leque. A
importância da educação do homem é fundamental. É necessário reconstruir o seu
modo de pensar e os seus conhecimentos para que este se sinta capacitado a lidar
com adversidades propostas ao longo da sua vida. É papel da escola formar de
maneira consistente novos valores permitindo ao aluno/indivíduo um ensinamento
dado por profissionais de educação, ensinamento esse que se foi aprofundando e
modificando à medida que os tempos mudavam para que o acompanhamento fosse
real e não antigo. (Os professores tiveram de estudar cada vez mais, aumentando a
sua instrução escolar e sabedoria.). Todas estas funções habilitam o indivíduo a
colocar-se no mundo e a ser independente.

5. Define-se por processo de socialização “...processo pelo qual ao longo da vida a


pessoa humana aprende e interioriza os elementos socio-culturais do seu meio, os
integra na estrutura da sua personalidade sob a influência de experiências de agentes
sociais significativos e se adapta assim ao ambiente social em que se deve viver.”
(ROCHER, Guy). Por outras palavras, no meio envolvente de cada indivíduo este
tem de se adaptar a outros seres de modo a conviver com eles e assim desenvolver a
personalidade consoante as experiências por que passa. Existem três aspectos
fundamentais da socialização: a aquisição da cultura, a integração da cultura na
personalidade e a adaptação ao ambiente social. Desde que nascemos até que
morremos somos confrontados com uma série de valores, costumes e rotinas que
vamos absorvendo e transformando que se intensificam em determinadas faixas
etárias por períodos mais ou menos longos. Ao indivíduo é deixada a
responsabilidade de se socializar perante novas fases da vida, de mudança ou
reinserção em sociedade, tendo por exemplo de saber planear uma boa reforma, ter
uma poupança para qualquer eventualidade e até mesmo para construir família. No
que diz respeito à integração da cultura na personalidade podemos afirmar que para
além de nos definirmos enquanto pessoas com a aquisição da cultura, há que saber
integrá-la em nós próprios de maneira a ser mais fácil um entendimento na
sociedade, para que os nossos comportamentos se adequem ao meio onde estamos
inseridos e se somos vistos claramente pelos outros e não diferencialmente. Por
último e não menos importante é colocada a questão da adaptação ao ambiente social
em que nos inserimos num meio, num grupo onde a nível biológico, afectivo e do
pensamento somos comuns uns aos outros, onde as parecenças são reconheciveis e é
isso que nos coloca num determinado meio social. Por exemplo, a nível biológico é
fácil de entender quando determinado indivíduo é dum ou outro país devido aos seus
gestos, à sua maneira de agir e até hábitos distintos de outras culturas e grupos.
Querendo dizer com isto que cada indivíduo se insere no seu meio onde foi educado,
onde se encaixa com maior facilidade adaptando-se à maneira de sentir,pensar e agir
dos Outros que o rodeiam e que o respeitam e fazem sentir respeitado.
Bibliografia

ROCHER, Guy. Sociologia Geral. Tradução: Ana Ravara. Editorial Presença, Lisboa
1971

COSTA, António Firmino da. O que é a Sociologia. Editorial Quimera, 2007

BENAVENTE, Ana, António da Costa, Fernando Machado, Manuela Neves. Do outro


lado da Escola. Editorial Rolim, Lisboa 1987

PINTO, Conceição Alves. Sociologia da Escola. Editora McGRAW-HILL DE


PORTUGAL, Setembro 1999

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