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Aula 2 - Práticas Urbanísticas

Das reflexões teóricas do século XIX aos planos e


projetos do século XX
Professora Liza Andrade
EUROPA - final do século XIX
As grandes cidades dos países
desenvolvidos passaram por problemas
urbanos locais no final do século XIX:
 superpopulação,
 pobreza,
 problemas com saúde, canalizações
de esgoto a céu aberto
 detritos e resíduos próximos às
moradias.

Os riscos à saúde e às
desigualdades sociais
levaram à busca por
melhores condições de
vida, por meio de vários
modelos higienistas de
Paises em desenvolvimento – final do século Reforma Urbana
XX e início do século XXI
DIFERENÇAS TEMPORAIS
 Países desenvolvidos - final do
século XIX, período pós-
industrial.
 Aumento da população urbana,
crescimento econômico, insalubridade,
escassez de moradias, falta de
saneamento, leis sanitárias.
 Países em desenvolvimento –
final do século XX – processo de
crescimento e explosão
demográfica.
 inchaço populacional nas grandes cidades
– pobreza: escassez de moradia, de
coleta de lixo, de rede de água e esgoto,
ruas estreitas que impedem a circulação
de ar e do sol, moradias amontoadas,
falta de espaços para lazer, poluição,
impactos sociais e ambientais.
DIFERENÇAS TEMPORAIS
Finais de Séculos – Visões para o futuro (Bursztyn , 2001)

XIX (início do século XX) XX (início do século XXI)

 Otimismo,  Pessimismo,
 Forte crença no papel da ciência e  Desencanto no papel da ciência e
tecnologia na capacidade de tecnologia e consciência da
resolução dos problemas, necessidade de precaução,
 Estado como instância reguladora,  Mercado como instância
reguladora,
 Progresso como promotor de
riqueza,  Progresso como causador de
impactos ambientais,
 Forte crescimento econômico,
 Crescimento econômico lento,
 Interdependência de mercados e
complementariedade,  Globalização e exclusão de regiões
“desnecessárias”,
 Relativa paz entre os povos e
perspectiva de bem-estar.  Guerras e um mal-estar provocado
pelo agravamento de carências.
PRÁTICAS URBANÍSTICAS

Como os países
desenvolvidos
resolveram os
conflitos
socioambientais
locais refletidos no
desenho urbano?

Previsão para 2025, 80% da


população mundial viverá
nas cidades no mundo em
desenvolvimento.
(Gauzin-Müller, 2001 –
Banco Mundial).
POPULAÇÃO
Em 1900, 14% da população morava em
cidades, População de Londres em 1901 –
6,6 milhões.
 Na virada do século XIX, Londres, Paris, e
NY - metrópoles vibrantes.
As condições de moradia e de vida nas
cidades industriais européias eram muito Londres – final do século XIX
piores do que as existentes nas cidades
brasileiras na mesma época, isto porque no
ano de 1900 nenhuma cidade da América
Latina chegava a um milhão de habitantes.
 Final do século XX, passou para 50% da
população mundial morando em cidades.
Cidade do México - – final
do século XX
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A história do pensamento urbanístico antes da
Revolução Industrial:

 descrição superficial: pouca análise da


intenção subjacente aos planos e projetos
urbanos;

 tratam da cidade, geralmente, como produto


e processo de produção;

A maioria do autores reconhece a Revolução


Industrial como marco de origem do
pensamento urbanístico – abordagem reflexiva
e crítica da cidade com vistas a preparar
transformações por meio de projetos.

 A industrialização estimulou a reflexão sobre


a questão urbana - nova profissão de
urbanista, correspondente também a nova
ordem social.
MARCO HISTÓRICO: REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
 Aumento da população nas cidades – 75%
Londres – 2,5 milhões de habitantes. Vielas
Europa
estreitas sem iluminação e ventilação- adequadas
século XIX
– insalubridade -– doenças – epidemias.

 1848/1850 – é aprovada a lei que permite a


intervenção do Estado para Reformas em áreas
insalubres.

 Leis Sanitárias – Propostas de Realizações


Urbanas baseadas: ferrovia e leis sanitárias
Pensadores Humanitários – dirigentes
municipais, homens da Igreja, médicos higienistas
– denunciam o estado de deterioração física e
moral em que vive o proletariado urbano

 1848 – Manifesto comunista – Marx e Engels


 1853 - Reforma de Paris – Haussman
 1854 – Plano de Cerdá para Barcelona

Os riscos à saúde e às desigualdades sociais levaram à busca por


melhores condições de vida, por meio de vários modelos
higienistas de Reforma Urbana
DA DESORDEM À ORDEM
A situação precária dos
trabalhadores nas fábricas – baixos
salários e prolongamento do nº de
horas de trabalho juntamente com a
miséria nas cidades,

Burgueses Filantrópicos:
pensadores políticos e humanitários

A leitura da cidade sob o impacto da


industrialização - mascarada por
“posturas idealistas” – a exceção de
Marx e Engels.

Proposição de novas ordens: a lógica


da nova ordem social não foi entendida,
mas interpretada como uma desordem
e permanecem na teoria e na prática
sobre a cidade até nossos dias.
NOVA ORDEM
Modelo Progressista
Contempla o futuro com otimismo – mas é descritivo, abrindo
caminho aos métodos quantitativos. Espaços para a “Comuna”
amplamente abertos com vastas áreas verdes, lazer, jardinagem,
educação. (Owen, Fourier, Richardson, Cabet, Proudhon)

Modelo Culturalista
Nostálgico do passado, é polêmico, crítico, normativo e político.
condenam o desaparecimento da unidade orgânica da cidade, a
bela totalidade perdida. (Ruskin, Willian Morris)

Sem modelo – explicação da questão urbana por outros


procedimentos. Acreditam que só através de uma reforma social e
política que o proletariado conseguirá resolver a “crise do
alojamento”.

Antiurbanismo americano– simbiose das duas tendências acima

Françoise Choay; Leonardo Benévolo, Ervin Gallantay e Maria Elaine Kolhsdorf


PRÉ-URBANISTAS – Françoise Choay
Pensadores políticos e humanitários

Pensadores Políticos – Marx, Engels - acreditam que


só através de uma reforma social e política que o
proletariado conseguirá resolver a “crise do alojamento”.
Marx e Engels – 1848 - (pré-urbanistas - sem modelo)
 A grande cidade industrial:
moradia como “covil”, miséria
– superpopulação –
proletarização,
materialismo dialético (a tarefa
surge onde há condições
materiais) –
 papel histórico da cidade
(apenas um aspecto particular)
– desequilíbrio demográfico –
cidade/campo.
PRÉ-URBANISTAS – Françoise Choay
Pensadores políticos e humanitários

Marx e Engels – 1848


 Manifesto do Partido
Comunista
“...A burguesia submeteu o campo à cidade.
Criou grandes centros urbanos; aumentou
prodigiosamente a população das cidades em
relação à dos campos e, com isso, arrancou
uma grande parte da população do
embrutecimento da vida rural.
Do mesmo modo que subordinou o campo à
cidade, os países bárbaros ou semi bárbaros
aos países civilizados, subordinou os povos
camponeses aos povos burgueses, o Oriente
ao Ocidente...”
PRÉ-URBANISTAS – Françoise Choay
Pensadores políticos e humanitários
Engels – 1872 – o problema da habitação/Sociologia
Urbana
Os edifícios alinhados de construção barata sem ventilação
e por vezes uma “cave” também usada como habitação.
Cada casa habitada por várias famílias: três ou
quatro quartos e uma cozinha.
Ruas sem pavimentos, sem sistema de
esgotos, de modo que os lixos domésticos e os
excrementos se acumulam constantemente.
 Insalubridade - ausência de instalações
sanitárias em muitos edifícios (pesquisa em
Manchester revelou que havia um aparelho
sanitários para 212 pessoas, 1843 – 1844)
 ausência total de mobiliário, presença de
animais (cães e cavalos) nas habitações.
PRÉ-URBANISTAS – Françoise Choay
Pensadores políticos e humanitários

 Engels – 1872
A questão do alojamento
 Como a burguesia resolve o problema da moradia?
 “COTTAGE SYSTEM” - habitação dos operários, característico
das zonas rurais (casas alugadas) permite ao industrial, por um
lado, realizar maior lucro à custa de cada operário (uma vez que
parte do ordenado regressa ao seu bolso ou nem chega a sair)
forte dependência (em caso de greve, o patrão pode desalojar os
empregados). Conjuntos Habitacionais construídos junto às
fábricas (burgueses filantropos) Pré-Urbanismo Progressista.
 "TRUCK SYSTEM” - O patrão paga uma parte ou a totalidade do
salário do operário em géneros, sendo estes quase sempre de má
qualidade e de preço superior ao do mercado.
INGLATERRA - 2a metade do século XIX

Burgueses Filantrópicos:
pensadores políticos e
humanitários (higienistas)

Preocupação com a situação


precária dos trabalhadores nas
fábricas – baixos salários e
prolongamento do nº de horas de
trabalho juntamente com a miséria
nas cidades,

Empreendimentos particulares
eficientes
Conjuntos habitacionais auto-
suficientes junto à indústria e ao
campo – privilegiando o as áreas
verdes.
PRÉ-URBANISMO
Utopistas desenvolveram pensamentos com
reflexão sistematizada (conceituações) que iriam
embasar a prática urbanista. Não realizaram
projetos construídos.

Abordagem multidisciplinar (médicos,


sanitaristas, filósofos, escritores, arquitetos e
empresários).

Françoise Choay; Leonardo Benévolo, Ervin Gallantay e Maria Elaine Kolhsdorf


PRÉ-URBANISMO PROGRESSISTA
Ciência, Tecnologia e Indústria - resolver problemas
da relação dos homens com o meio e entre si.
Características:
1.Indivíduo-tipo: capaz de tipificar as necessidades
sociais, os lugares e a estrutura urbana;
2. A ciência e a técnica são racionalismos: resolvem
os problemas da relação entre o ser humano e a
natureza – eficácia da modernidade;
3.Corte na história e a cidade e seu espaço são
conceitos universais e atemporais.
4.Caracterizava a cidade a partir das noções de
eficácia, produtividade e ordem - produção e
reprodução da força de trabalho. As demais funções
separam-se do cotidiano (cultura e lazer).
5. A circulação é separada do ambiente construído,
células auto-suficientes com tipificação de atividades
e segregação em zonas
PRÉ-URBANISMO PROGRESSISTA
Ciência, Tecnologia e Indústria - resolver problemas
da relação dos homens com o meio e entre si.
Características:
1.Indivíduo-tipo: capaz de tipificar as necessidades
sociais, os lugares e a estrutura urbana;
2. A ciência e a técnica são racionalismos: resolvem
os problemas da relação entre o ser humano e a
natureza – eficácia da modernidade;
3.Corte na história e a cidade e seu espaço são
conceitos universais e atemporais.
4.Caracterizava a cidade a partir das noções de
eficácia, produtividade e ordem - produção e
reprodução da força de trabalho. As demais funções
separam-se do cotidiano (cultura e lazer).
5. A circulação é separada do ambiente construído,
células auto-suficientes com tipificação de atividades
e segregação em zonas

Françoise Choay; Leonardo Benévolo, Ervin Gallantay e Maria Elaine Kolhsdorf


Modelo Progressista

Espaços para a “Comuna”


amplamente abertos com
vastas áreas verdes,
lazer, jardinagem,
educação –
Acreditam na ciência e na
tecnologia para resolver
problemas colocados pela
relação dos homens com
o meio e entre si.

Owen, Fourier, Richardson,


Cabet, Proudhon (críticas a
cidade industrial)
New Lanark - Robert Owen 1817,
Socialistas utópicos - Modelo Progressista
Reformas Sociais dentro da Comuna harmonia e cooperação
 Redução da jornada de

trabalho, melhoramento do
habitat e escolaridade
obrigatória
 Pioneiro do socialismo e
cooperativismo, “vila
modelo” – Comunidade
Auto-suficiente.
 População 1200 hab.
 Indústria e produção
agrícola (1200 acres).
New Lanark - Robert Owen 1817,
Socialistas utópicos - Modelo Progressista

Parte Central –
habitação e
serviços
comunitários
permeados pela
natureza.
New Lanark - Robert Owen 1817,
 Planejamento
controlado
 O excedente poderia
ser negociado
livremente
 trabalho empregado
como termo de
comparação
monetária.
Charles Fourier - França - 1822
Socialistas utópicos - Modelo Progressista
Falanstério

Palácio Social - falange


 Unidades de forma comunal para 1600 pessoas – ao redor 400
hectares para agricultura e pastagens. Dormitórios, refeitórios,
biblioteca, igreja, bolsa de valores, teatro, torre de controle, ruas-
galerias
Charles Fourier - França - 1822
Socialistas utópicos - Modelo Progressista
Falanstério
Charles Fourier - França - 1822
Socialistas utópicos - Modelo Progressista
Falanstério
Charles Fourier - França - 1822
Socialistas utópicos - Modelo Progressista
Falanstério
Jean Baptiste Godin – França, 1859
Modelo progressista - Familistério

Coloca em prática as idéias de Fourier no familistério em Guise


próximo ao seu empreendimento.
Jean Baptiste Godin – França, 1859
Modelo progressista -
Familistério
 Alojamento para famílias em aptos.
instalados nos três edifícios.
 Serviço coletivo, lojas – galerias
cobertas (não andar mais que 600m)
 Atenção ao ensino, jardinagem -
jardins
 Em 1880 os trabalhadores
educados e dirigentes passam a
gerir a cooperativa formada por
Godin para dar continuidade ao
funcionamento da Fundição.
Jean Baptiste Godin – França, 1859
James Silk Buckingham, 1849
O Plano de Victória:
 4.100 hectares – 1000 para a cidade e o
restante para a agricultura.
 Sistema complexo de casas concêntricas de
unidades enfileiradas com torres, colunatas,
parques e fontes.
 Quadra externa com 1000 casas, quadra
menor dentro contendo uma arcada de lojas e
a quadra central contendo edifícios públicos e
mais casas.
 Avenidas radiais – ( influenciou Howard nos
diagramas radiais).
 Linhas de árvores até o centro,
 Aumentar o padrão de saúde e conforto de
todos os trabalhadores Aspectos políticos e
técnicos relacionados.
Titus Salt -1851

Saltaire
Próximo a Bradford

“Aburguesamento” da colônia
de Owen e Fourier –
Duplamente utópica
Cidade modelo para 3000
operários
Parque, hospital, escolas,
banheiros públicos, biblioteca,
cafés
Canalização de água e esgoto,
iluminação a gás
Titus Salt -1851
Titus Salt -1851
Titus Salt -1851
George Cadbury 1879
Bourniville
 Moradias próximas à industria com
jardins individuais, (50 a 410
hectares) no final 3500 moradias.
 ampla área para espaços públicos
abertos, parques, campos de lazer e
playground.
Vantagens empregatícias: tratamento
médico, seguro desemprego e
participação nos lucros.
George Cadbury 1879
Bourniville
 lojas, escolas, igrejas, colégio,
espaço para artes e artesanato.
Willian H. Lever - 1887

 Port Sunlight –
 Os irmãos Lever custearam
toda a implantação (56 – 230
acres): terra, casas, escolas,
instituições, clubes, parques,
jardins, áreas de lazer e
sistema viário.
 Propriedade compartilhada.
 1ª idéia de “superblock”com
seu jardim e construções
individuais.
 Howard foi um estudante dos
esforços de Cadbury e Lever
p/ propor sua própria teoria.
Willian H. Lever - 1887
 Port Sunlight –
Willian H. Lever - 1887
 Port Sunlight –
Arturo Soria y Mata , 1880

Uma única rua de 500m


de largura e sem limites
de comprimento
Arturo Soria y Mata , 1880

Uma única rua de 500m


de largura e sem limites
de comprimento
PRÉ- URBANISMO CULTURALISTA
Pessimismo : a industrialização desintegrou a unidade
orgânica que as cidades tiveram durante a história.
Imitação das formas dos antigos espaços, regras de
configuração espaciais.
Características:
1.O ponto de partida não é o indivíduo, mas o grupo e o
conjunto da cidade, onde cada elemento não é insubstituível.
2. Crítica aos demais pensamentos urbanísticos e o
desenvolvimento de estudos de História, Artes e Arqueologia
para a formulação de seu modelo de cidade.
3. Inicialmente, a visão é crítica e politizada – posteriormente
exclusivamente estética.
4. Permite que as funções de lazer e cultura se integrem no
cotidiano dos indivíduos, evita o zoneamento monofuncional.
5. Circulação integrada ao conjunto construído, rua é o
elemento fundamental de interação social e cultural
JOHN RUSKIN, 1849

Escritor, crítico de arte, sociólogo

A conservação da arquitetura do
passado, como expressão de arte e
cultura –

Compreensão da a relação
existente entre os estilos
arquitetônicos e as técnicas
construtivas como a resultante do
fruto do trabalho de determinada
cultura

A história dessas construções como


o veículo de comunicação dos
processos de desenvolvimento
cultural.
Willian Morris, 1860
Modelo Culturalista
Movimento Arts & Crafts
 Associa a produção mecânica ao sistema capitalista.

 A favor da produção artesanal da idade média – mestres e


artesãos.
Willian Morris, 1860
Modelo Culturalista
Movimento Arts & Crafts
 A cidade medieval – pequeno porte
ligada diretamente ao ambiente
rural – relações de produção mais
equilibrada.
 Luta pela formação de
agrupamentos urbanos de pequeno
porte ligados à natureza em
contraste às cidades industriais.
 Conflito da sociedade: socialistas
(comunidades) e individualistas
(indivíduo).
 Howard – síntese conciliadora =
vida municipal e preservação do
auto-respeito e da confiança em si
mesmo.
George Cadbury 1879
Bourniville
 Moradias próximas à industria com
jardins individuais, (50 a 410
hectares) no final 3500 moradias.
 ampla área para espaços públicos
abertos, parques, campos de lazer e
playground.
 Vantagens empregatícias:
tratamento médico, seguro
desemprego e participação nos
lucros.

 lojas, escolas, igrejas, colégio,


espaço para artes e artesanato.
Willian H. Lever - 1887
 Port Sunlight –
 Os irmãos Lever custearam
toda a implantação (56 – 230
acres): terra, casas, escolas,
instituições, clubes, parques,
jardins, áreas de lazer e
sistema viário.
 Propriedade compartilhada.
 1ª idéia de “superblock”com
seu jardim e construções
individuais.
 Howard foi um estudante dos
esforços de Cadbury e Lever
p/ propor seu próprio modelo.
Port Sunlight
URBANISMO
Urbanismo é unidisciplinar, especializado e
limitado ao espaço físico da cidade (apenas
arquitetos e mais tarde engenheiros).

É despolitizado e tem pretensões científicas


(classificatória, descritiva e quantitativa).

Os urbanistas são práticos, pois sempre


executam planos e projetos (frações urbanas,
bairros ou cidades novas).

Françoise Choay; Leonardo Benévolo, Ervin Gallantay e Maria Elaine Kolhsdorf


URBANISMO CULTURALISTA
Restringiu-se a Inglaterra, mas a
influência de Camillo Sitte, urbanista
austríaco é sensível na Alemanha e
Inglaterra.

Primeiras novas cidades inglesas,


alguns bairros no pós-guerra, cidades
turísticas no Mediterrâneo e a
influência nos EUA.

Princípios ideológicos: a totalidade da


aglomeração urbana prevalece sobre
as partes e o conceito cultural de
cidade sobre a noção material da
cidade.

“Cada cidade ocupa o espaço de


modo particular e diferenciado”
Françoise Choay; Leonardo Benévolo, Ervin Gallantay e Maria Elaine Kolhsdorf
CAMILLO SITTE (1889)
Conhecimento na área da historia
medieval e renascentista - criação do seu
conceito de cidade perfeita. Cria polêmica
contra as transformações de Viena e o
planejamento de
Ringstrasse segundo princípios de
Haussmann.

Com raízes na Áustria, uma sociedade que


lutava para viver com a cultura artesã, ele
valoriza o artista e a aparência do espaço
como um todo.

“Somente estudando as obras de nossos


predecessores poderemos reformar a
organização banal de nossas grandes
cidades”.
Contra as transformações de Viena e
planejamento do Ringstrasse segundo princípios
do Barão Georges-Eugène Haussmann.
Ebenezer Howard (1850 a 1928)
Uma síntese inglesa do século XIX
Os ideais
 Municipalidade – na Cidade-Jardim o solo é
socializado, mas não é propriedade do governo
Central.
 Idéias de cooperativismo.
 Idéia de colônias balanceadas, mistura de classes
– comunidades auto-suficiente.
 Posição moderada entre o liberalismo e o
socialismo – contra o Estado Inglês e a atuação do
Estado socialista controlador.
 Terra agrícola adquirida pela comunidade.
 Empréstimo amortizado por meio de cotas de
participação de menor valor.
 Lucro Revertido para comunidade.
 Cotas de participação.
Casamento
Cidade-Jardim - Howard 1898 Cidade-Campo
Os três Imãs
 “Cada cidade pode ser considerada como um
imã, cada pessoa como uma agulha”.
 O que fazer para tornar o campo mais atraente ?
Os três Imãs
 “Casamento Cidade-Campo:
 beleza da natureza,
 campos e parques de fácil acesso,
 aluguéis baixos,
 oportunidades p/ empreendimentos,
 ar e água pura,
 residências com jardins individuais, boa
Tendência na
drenagem,
vertente do
 liberdade e oportunidades sociais, entretenimento, Desenvolvime
nto Urbano
 afluxo de capital, Sustentável
 cooperação,
Diagramas de Howard- 1898
Cidade-Jardim - Howard 1898
Diagrama- Alguns princípios,
 Cidade-Campo (vantagens de ambas)
 Transporte (sistema eficiente)
 Tamanho limitado (32.000 hab)
 Domínio da terra pela Cooperativa
 Controle de planejamento (estabelecimento
Diagramas de Howard- 1898
de densidades)
 Bairros ( 6 partes iguais)
 Espacialidade (amplos espaços públicos)
 Empreendimento industrial
 Dispersão das cidades
Associação da Cidade-Jardim Companhia
Pioneira Limitada c/ Lever e Cadbury - 1902
Cidade-Jardim - Howard 1898
Cidade Circular divida em 6
setores
 6 bulevares arborizados com
36m de largura que se irradiam
do parque Central até a ferrovia
 5 avenidas concêntricas – a 3ª -
Grande Avenida de 128 m por 4,8
Km, baseada na Anenue Pounch
de Paris
 Cuidados Sanitários junto a
trama urbana
Diagramas de Howard- 1898
 Criação de belos jardins,
Pomares estramuros
Preocupação de Howard: Alojar a
baixo custo além da alta
qualidade ambiental.
Cidade-Jardim - Howard 1898
Constelação de Cidades

 6 cidades de 32.000 hab


envolvidas por um cinturão verde
interligadas entre si e com a
Cidade Central (Centro Cultural)
de 58.000 hab por meio de
ferrovia e rodovias – total de
250.000 hab.

 Premonição do futuro plano de


Londres, com a reconstrução
após a 2ª Guerra e a construção
de cidades novas.

Diagramas de Howard- 1898


Cidade-Jardim - Letchworth 1903
Modelo Culturalista
Arquitetos: Raymond
Unwin e Barry Parker –
inter-relacionamento
entre espaços urbanos e
rurais, segue o
pensamento de Camillo
Sitte (cidades
medievais).
 Continuidade de
espaços verdes.
 atenção para a
arquitetura das
habitações operárias.
Cidade-Jardim - Letchworth 1903
Cidade-Jardim - Letchworth 1903
Modelo Culturalista
Arquitetos: Raymond Unwin e Barry
Parker –
Propriedade inicial: 1.567 hectares
e em 1949, 1885 hectares – 2.812
acres p/ área urbana (1.152 há)
com uma população de 33.000
hab.
 Cinturão agrícola.
Cidade-Jardim - Letchworth 1903
Cidade-Jardim - Welwyn - 1920

15 Km de Lethworth
Ousadia de Howard – Empréstimos
Arquiteto Louis de Soissons.

 Cidade dividida em duas partes no sentido


norte-sul pela ferrovia que liga Londres ao
Norte e ramificações no sentido leste-oeste.
Acompanha a topografia.
 Arquitetura Georgiana.
Cidade-Jardim - Welwyn - 1920
casas com jardins
fronteiriços.

 no centro das quadras


jardins coletivos.

 cul de sac.

 paisagismo bem disposto.

 grupos de 50 a 100 casas


econômicas.
Cidade-Jardim - Welwyn - 1920
Clarence Stein, 1928
 Radburn – EUA –
 Sintonia com as idéias de Howard
(Visitas as Cidades-Jardins).

 7.500 pessoas.

 Separação de pedestres e veículos com


acesso à escola, playground, centro
comunitário, administração através de
caminhos cortando os parques
(unidades de vizinhança).

 “Superblocks”, cul de sac.

 Não tem indústria apesar de projetada.

 Não manteve o cinturão verde.

 A partir dessa época expande-se os


subúrbios-jardim nos EUA (sem
conteúdo social)
Cidade-Jardim – Plano de Goiânia – Setor Sul

Atílio Correia Lima - 1933

Armando de Godoy - 1936


Cidade-Jardim – Plano de Goiânia – Setor Sul
Michael Corbett – EUA, 1973
Village Homes - Davis –
Califórnia
Apesar do efeito de
suburbanização nos EUA -
Subúrbios-Jardins
Evolução dos princípios das
Cidades-Jardins
Exemplo de desenvolvimento
sustentável aplicado ao desenho
urbano
Preocupações com a escassez
dos recursos naturais – energia,
água e alimentos.
Michael Corbett – EUA, 1973
Michael Corbett – EUA, 1973
Village Homes - Davis – Califórnia
Cidade-Jardim – Inglaterra - 1903 Village Homes – EUA- 1973

Cidade-Campo – proximidade com Agricultura próxima às casas


terras agrícolas
Tamanho limitado por cinturão Tamanho controlado por cinturão verde com
agrícola árvores frutíferas

Transporte público – cidades Preocupações com transporte não


interligadas pela ferrovia motorizado – pedestre e bicicleta –
proximidade com a Universidade da Califórnia
Cooperativismo – Companhia Cooperativismo – Companhia de Village
Pioneira Limitada – Associação da Homes
Cidade-Jardim

Mistura de classes sociais – Tamanhos diferentes para as habitações


habitações diferenciadas

Indústria Pequenas empresas

Centros Comerciais Pequeno comércio local

Desenho orgânico - ruas em cul- Desenho orgânico - ruas em cul-de-sac –


de-sac adaptação as curvas de nível

Acessibilidade aos espaços verdes Acessibilidade aos espaços verdes para


para pedestres pedestres

Recursos Naturais - Recursos Naturais – coleta seletiva e


reaproveitamento de resíduos em reaproveitamento de resíduos nas hortas
terras agrícolas

Drenagem Natural

Energia - solar e redução do uso de


automóveis
Bioclimatismo -Orientação solar para as
casas
NOVO URBANISMO – CNU - 1993
 Aumento de densidade em relação
aos subúrbios,
 Incentivo ao uso múltiplo (comércio
e residência na mesma quadra, por
exemplo) e
 Zoneamento flexível, permitindo
que alguns dos percursos sejam
feitos a pé, com a intenção de
diminuir a degradação ambiental
local e planetária e,
 ao mesmo tempo, promover mais
interações de vizinhança, transporte
público eficiente e, por fim, a volta do
grid de ruas, em substituição aos cul-
de-sac.
Andrés Duany, Peter Calthorpe, Robert Fishman,
Robert Campbell , Douglas Kelbaugh e Scott
Campbell, entre outros.
URBANISMO SUSTENTÁVEL EUROPEU - 1993
Condomínio de
Ecolônia – Holanda
(1991-1993)
As ruas foram projetadas
para serem espaços
públicos de convivência
como nas cidades antigas
da Europa - pedestres,
bicicletas, carros e
brincadeiras de crianças.
URBANISMO PROGRESSISTA
Base de origem francesa do urbanismo: tornou-se a corrente
dominante na Europa , polemizou com os culturalistas ingleses,
austríacos e alemães e difundiu-se nas Américas e no norte da
África.

Influenciado pelo Cubismo, contra o Art Noveau e a decoração e


a favor das formas puras, a otimização tecnológica e da
industrialização.

Primeira geração de arquitetos racionalistas: Tony Garnier e


Bénoit-Levy.

A segunda geração de arquitetos racionalistas internacionalizou-


se e fundamentou os CIAMs, Carta de Atenas. Marcou o
urbanismo progressista pela união da arquitetura e urbanismo
Le Corbusier e Walter Gropius, os construtivistas russos.

A terceira geração racionalista: tecnotopia e futurismo - Hérnard


CIDADE INDUSTRIAL – TONY GARNIER - 1917

Projetada para 35000


habitantes, a cidade industrial
antecipava alguns princípios
da Carta de Atenas do CIAM
de 1933. As grandes cidades
do futuro teriam que se basear
na indústria.

A proposta era, sobretudo de


uma cidade socialista sem
muros ou propriedade privada,
onde todas as áreas não
construídas eram parques
públicos.
CARTA DE ATENAS 1933
 Categorização rígida das funções urbanas com a separação de
cada uma delas em seu domínio territorial – o zoneamento.
 Princípios da Carta de Atenas
 O zoneamento e o plano, com densidades
razoáveis, a partir de quatro funções chaves,
cada uma com sua autonomia: habitar,
trabalhar, lazer e circulação.

 Apesar das separações por usos, as áreas


destinadas ao lazer ou áreas verdes
permeiam as cidades modernistas projetadas
- como no caso de Brasília.

 Exige construções altas, afastadas umas das


outras, isoladas no verde e na luz, com a
abolição da rua, e exige que os imóveis
sejam implantados longe dos fluxos de
circulação.
LE CORBUSIER
 Cidade Contemporânea –
 3 milhões de habitantes:
separação entre usos, altas
densidades, grande áreas
livres, unidades de vizinhança,
separação entre veículos.
LE CORBUSIER
 Vila Radiese
RELATÓRIO DO PLANO PILOTO – LÚCIO COSTA (1957)

Fonte : Veríssimo, Mônica - Bacia do Lago Paranoá como área do Entorno do


Conjunto Urbanístico e Paisagístico
RELATÓRIO DO PLANO PILOTO – LÚCIO COSTA (1957)
PALMAS – TO - 1989

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